“Sinto/ um nó na garganta/ solidão se agiganta/
dentro de mim/ o meu interior/ está sentindo a falta/ de
você amor/ sou passageiro no barco da vida/ procurando
uma saída/ para não viver assim/ tão só/ na minha
cabana/ tão só/ sem você minha cigana (...)”
Esta música, “Minha Cigana”,
foi um tremendo de execução nas rádios em 1986, na voz
de Silas de Andrade. O cantor, desconhecido para o
público de fora do Rio de Janeiro, no entanto, já foi
puxador de uma das mais tradicionais escolas de samba.
Silas Paula da Fonseca, nascido no
subúrbio de Vaz Lobo (RJ), em 22 de agosto de 1944,
sempre apreciou participar das rodas de samba, reuniões
de sambistas, que aconteciam em seu bairro e em
Madureira.
Foi
assim, ouvindo e admirando grandes nomes da nossa poesia
popular, como Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola,
Aloísio Machado, Antonio Damasceno, Malaquias e outros,
que começou a compor e a cantar. Incentivado por amigos,
em 1966, e após ser sabatinado pelos bambas já citados,
conseguiu ingressar, na ala dos compositores do G.R.E.S.
Império Serrano, onde por sua pouca idade (contava
apenas 22 anos e era o componente mais jovem da ala) e
modéstia, seus companheiros o chamavam carinhosamente de
Silinhas ou Silas II ( em alusão ao já então famoso,
Silas de Oliveira).
Suas
músicas, na quadra, foram notadas pela diretoria da
escola e convidado para, junto com Antonio Damasceno,
tornar-se o puxador de samba ou “crooner”
oficial da verde e branca de Madureira, função que
exerceu de 1966 a 1970. Nesse período, cantou os sambas
“Glórias e graças da Bahia”, “São
Paulo, chapadão de glórias”, “Pernambuco, o
Leão do Norte”, “Heróis da Liberdade” e
“Arte em tom maior”. Em alguns desses
carnavais, dividiu a condução dos sambas com Jorge
Goulart. Silas de Andrade precedeu Roberto Ribeiro e
Marlene como intérpretes da escola da Serrinha.
Depois
da experiência de cantar sambas na avenida, Silas partiu
para a carreira musical. Na década de 70, integrou o
grupo de samba Os Pagodeiros do Ritmo como solista,
ritmista e compositor, tendo gravado, com o grupo, dois
discos independentes. Nos anos 80, já em carreira solo e
com o nome consolidado no circuito independente do Rio de
Janeiro, participou do disco “Sambas e Pagodes no
Botequim do Império Vol.1”, pela gravadora
Continental, em 1984. O LP reuniu vários artistas, que
vinham se destacando, nos meios musicais, com produções
independentes, entre eles, Nei Lopes (Salgueiro), Carlão
Elegante (Unidos de Lucas) e Marinho da Muda (Império da
Tijuca). Nesse vinil, Silas foi lançado, com o nome
artístico de Silas de Andrade.
Graças
à boa repercussão desse trabalho, seguida gravou seu
primeiro disco solo, “Fruto da Raiz”, que
incluía composições de Monarco, Ratinho, Nei Lopes e
Wilson Moreira, Franco e Arlindo Cruz, Dida e Dedé da
Portela, além do megassucesso “Minha Cigana”.
Os autores do hit, Neném do Cavaco, Iran Silva e
Carlinhos Madureira, venceram várias disputas na
Portela.
Silas
de Andrade ainda goza de grande prestígio entre os
imperianos. O retorno à ala dos compositores só não
aconteceu por impedimentos profissionais. A explosão
comercial de um gênero de música, diferente daquela a
que se acostumara, levou Silas de Andrade a dedicar-se,
por algum tempo, apenas aos seus estudos e composições
musicais. Consciente de que, passada a euforia desse tipo
de música, os sambistas de raiz sempre retomariam o seu
espaço, Silas de Andrade preparou sem pressa e sem
pressões, seu primeiro CD, uma coletânea de
composições dos dois discos anteriormente lançados em
vinil. Em 2004, lançou um trabalho com canções
inéditas, “Mudança dos Ventos”.
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