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Especial Carnaval de Santos 2018 - por Rodrigo Vilela
Primeiro lugar, que saudade! Depois de
21 anos na fila, a União Imperial quebra o rodízio entre X9 e Unidos dos Morros
(que perdurava desde 2011) e novamente é a dona do lugar mais alto do pódio do
Carnaval de Santos. Após algumas temporadas boas, regulares e fracas (mas nunca
triunfante) e brigando contra o rebaixamento nos dois últimos anos, enfim um
desfile à altura da verde e rosa do Marapé. A
conquista da União - e o fim da espera - coroou de forma positiva um carnaval
que tinha tudo pra ser um fracasso. A começar pela manutenção das tendas ao
invés de arquibancadas. Claro, o
prefeito, os secretários e todos os aspones envolvidos declararam ser um
sucesso. É o preço que se paga por uma terrível gestão municipal, mas isso é
papo para outra hora.
Bom, com a
lambança consumada - e depois de um susto com o atelier da X9 (desfile na foto acima), que foi furtado
semanas antes do desfile - e potencializada devido ao atraso na entrega da
verba, não restou outra alternativa às escolas: irem à luta, com criatividade e
samba no pé. E, ao
menos nessa parte, Santos mostrou que nesses quesitos ainda merece o respeito
de toda a sua história. Mais uma
vez, desfiles antecipados em uma semana - a melhor das medidas ao meu ver - com
os Grupos 1 e Acesso na sexta e o Especial no sábado. Todas as 17 escolas de
samba foram avaliadas por 27 julgadores, sendo três responsáveis para cada um
dos nove quesitos. Das três notas por quesito, que variaram de 8 a 10, a menor
foi descartada. E a União
adentrou a Passarela Dráusio da Cruz, na Zona Noroeste, disposta a deixar pra
trás as últimas posições dos anos anteriores. E conseguiu! Ela se
apresentou com 1.300 componentes para defender o enredo "N’kisi samba
kalunga, a saga do meu batuque", tendo mais uma vez Scheila Carvalho (acima) à
frente da bateria, e faturou merecidamente os 180 pontos, empatada com a X9,
que trouxe para a Passarela o tema 'Armorial, a nobreza da arte nordestina do
Carnaval", porém com apenas duas notas diferentes de 10 (que foram
descartadas), contra cinco da maior campeã.
A terceira
colocada foi a Unidos dos Morros (acima), que reeditou o enredo de 1986 "O
bem-me-quer, mal-me-quer dos grandes amores" e se coloca de vez como uma
das grandes do Carnaval santista.
O nono título
da União Imperial (acima) causou uma reação, no mínimo, curiosa na Apuração, ocorrida
no Teatro Municipal, onde os dirigentes não tiveram, digamos, força pra
comemorar. Apenas choravam copiosamente: "Não tenho palavras pra explicar
o quanto eu estou emocionado de ver que o meu bairro de novo está em
festa", disse Luiz Alberto Martins, presidente da escola. Aliás, que
festa. A terça-feira foi pequena... As duas
notas a se lamentar, pela tradição, foram o rebaixamento da Brasil, escola com
11 títulos (e que já foi campeã em São Paulo, inclusive) e que encara pela
segunda vez o Grupo de Acesso ao lado de outra grande campeã.
A Padre
Paulo (acima), com seus sete triunfos, não conseguiu o título da segundona, que ficou
com a Mocidade Dependente do Samba e seu enredo "'Sansakroma... a luz da
raça, resistência e cultura", que foi para a avenida com 1.200
componentes, 14 alas e 120 ritmistas. Mas deu uma boa resposta a quem cravou a
queda para o terceiro grupo da agremiação do Estuário, que sofreu com brigas
internas, falta de dinheiro e uma chuva digna de Noé em seu desfile. Aliás, a
única escola que desfilou do início ao fim com chuva. Terceiro
grupo, aliás, que recebe a Bandeirantes do Saboó, rebaixada do Acesso. E que
viu a Unidos da Zona Noroeste, com o enredo "Com frio ou calor sentido o
perfume de uma flor. Deixem as folhas caírem e meu galo sempre será um
vencedor! Meu planeta e as quatro estações", 700 integrantes, 6 alas e 100
ritmistas.
Como eu
sempre faço quando escrevo sobre o Carnaval daqui, penso que as coisas só
mudarão de vez pra melhor quando a Liga assumir, de fato, o controle da festa.
A falta de dinheiro é desculpa das mais esfarrapadas, de uma gestão que está
pouco se importando com a festa. Não é
difícil. A própria rua do Sambódromo abriga o prédio da Secretaria de Cultura,
então não se trata de região largada. É perfeitamente possível a construção de
arquibancadas (mesmo que de um lado apenas) definitivas, frisas melhores
planejadas, cabines para rádios e TVs... e que não deixem um intervalo de mais
de 15 minutos entre uma escola e outra só porque a TV que transmite os desfiles
quer inflar o próprio ego, se "auto-puxando o saco" e de políticos da
região.
Muito do
que se deve melhorar são pontos que não necessitam de grana absurda. Basta boa
vontade para trazer o Carnaval de Santos e as escolas (que merecem todos os
aplausos pela superação) de volta ao patamar que merecem. Para que,
ao final da festa, apenas a festa da campeã seja o principal assunto. Parabéns,
União!! "Sou verde e rosa... doa a quem doer..."!
Fotos: Prefeitura de Santos, Jornal A Tribuna e G1 Santos Rodrigo
Vilela atua na parte técnica da Record TV Santos, é radialista da
web-rádio Show do Esporte e produtor e debatedor do Carnaval
Show na mesma rádio (todas as quartas, às 20h) |
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