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Sambas da década de 40 Aqui serão analisados os sambas datados entre 1941 e 1950. Se você conhece sambas antigos e quer comentá-los, escreva um texto sobre cada um e envie para sambariobr@yahoo.com.br , que iremos publicá-lo neste espaço. CONFERÊNCIA DE SÃO FRANCISCO - PAZ UNIVERSAL (Prazer da Serrinha - 1946) - Este samba marca um momento crucial no carnaval carioca. A Prazer da Serrinha era presidida por Alfredo Costa, que determinava os rumos da escola, comandando tudo com mão de ferro. Em 1946, a escola escolheu o samba de Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola. Trata-se daquele que talvez seja o primeiro samba-enredo da história. A Portela já tinha feito alguns carnavais temáticos, mas "Conferência de São Francisco" seria a primeira vez que uma escola contaria uma história. Para quem não sabe, a Conferência de São Francisco serviu para a criação da Organização da Nações Unidas - a ONU. Entretanto, na hora do desfile, o presidente resolveu obrigar a comunidade a cantar um samba de terreiro, o que gerou uma revolta geral. Por conta disso, Sebastião de Oliveira, o Molequinho, e seus amigos, resolveram fundar uma nova escola. Em março de 1947, surge o Império Serrano, com uma filosofia nova, diferente: a democracia. No mesmo ano, as outras escolas já passam a desenvolver sambas de enredo - a Mangueira, por exemplo, apresenta o belo "Brasil, Ciências e Artes". A história dos desfiles começa a mudar. E o marco inicial é este samba, que apesar de não ter servido ao desfile, entrou para a história. Com relação aos comentários: julgá-lo, sessenta anos depois, é complicado. Em 1946, a realidade era outra. O próprio gênero "samba-enredo" inexistia. Não existiam muitas referências; as fórmulas de composição ainda não tinham sido desenvolvidas por milhares de compositores ao longo dos anos; não havia clichês para se apoiar. Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola praticamente partiram do zero. E mesmo assim, temos um belo samba, iniciado por uma "lá iá lá ia", que acabou se tornando constante nos sambas que se seguiram. A melodia é bem diferente do que estamos acostumados a ouvir, apesar da idéia de sustentação do tom ser mais presente do que a da viariação. É visível a intenção dos compositores de fazer uma obra que servisse perfeitamente para o canto de centenas de pessoas. A letra é bem simples, mas longe de ser simplória. As rimas são inteligentes, como "latina/Argentina" "interferência/conferência". É bem curta, para facilitar a memorização. Enfim, é um samba bem interessante e tem de ser ouvido com uma mentalidade diferente de quem ouve o CD das escolas de samba deste ano. A faixa pode ser encontrada na voz do próprio Mano Décio da Viola, no disco "O Legendário Mano Décio da Viola". NOTA DO SAMBA: 8,8 (João Marcos). Clique aqui para ver a letra do samba CIÊNCIA
E ARTE (Mangueira - 1947) - A autoria deste samba é ninguém mais
que Agenor de Oliveira e Carlos Moreira de Castro, ou melhor
dizendo, Cartola e Carlos Cachaça. A obra aborda um tema
bastante complexo, parecendo ser de difícil leitura. Porém, um
enredo complexo não é problema nenhum para esta dupla. A letra
é de uma simplicidade de dar inveja a qualquer compositor. Uma
melodia leve como uma pluma. A leveza e simplicidade foram o
ponto exato para consagrar o vice-campeonato da escola. E a parte
"Quero neste pobre enredo / Revivê-los glorificando os
nomes teus / Levá-los ao pantheon / Dos grandes imortais / Pois
merecem muito mais" é um primor! Muito bonito mesmo,
um dos melhores dos anos 40 e da história da escola! Pouco tempo
atrás, li um artigo falando um pouco da vida do grande físico
brasileiro César Lattes, o homenageado do enredo, junto com
Pedro Américo. Nele, constava que César já esteve perto de
ganhar o prêmio Nobel, mas na verdade nunca o ganhou. Porém
disse que o maior prêmio que poderia ter ganho não era o Nobel,
mas uma manifestação popular: este samba-enredo! Não é comum
que cientistas saiam por aí recebendo homenagens de músicos
populares. Ainda mais no Brasil, um país onde a física padece
de desconhecimento e falta de incentivos. O enredo de 1947 teve
sua razão de ser. Ele não partiu, espontaneamente, da vontade
dos sambistas, mas pelo fato de seu nome correr o mundo após ele
ter descoberto e provado a existência da partícula méson pi (e
eu sei lá o que é isso!). Só sei que o samba é lindo (ah,
isso é sim)! O samba sempre emocionou o cientista, assim como
emociona qualquer um que o ouça, inclusive eu. Foi gravado pelo
próprio Cartola no LP "Cartola 70 Anos", de 1979. Em
1997, Gilberto Gil o regravou no álbum "Quanta" e
recebeu o prêmio Grammy na categoria World Music. Tenho ambas
regravações, sendo a de Gil muito mais lírica e animada. NOTA DO SAMBA: 10
(Gabriel Carin). Clique aqui para ver a letra do samba |
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