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Coluna do Rixxa Jr.

FALTAM SEIS MESES PARA O CARNAVAL... VIVA! CHEGOU O CARNAVAL! 

Estamos ainda no mês de setembro e mesmo faltando quase meio ano para o carnaval (não esqueçam! Será entre os dias 25 a 28 de fevereiro de 2006), há quem diga que esta é a parte mais divertida. Esperar pela festa é muitas vezes melhor do que participar da própria. Para nós, carnavalescos e apaixonados, o ano se divide em dois períodos: o período carnavalesco propriamente dito (os quatro dias de folia) e o período pré-carnavalesco (os demais 361 dias).

Os concursos de samba enredo são os que mais atiçam a nação carnavalesca. Acompanhar as eliminatórias, ouvir e "baixar" os sambas pela Internet nos sites das escolas e nos endereços eletrônicos especializados em carnaval, debater, comentar e apostar quais serão as obras que representarão as entidades na passarela do samba são o passatempo predileto nessa época, a verdadeira cereja do bolo. Devido ao cronograma proposto pela Liesa, em função da gravação do CD oficial, as finais dos concursos do Grupo Especial precisam acontecer até o início da segunda quinzena de outubro para que o disco seja lançado em dezembro (tradicionalmente, há uma festa de lançamento no dia 2 de dezembro, quando é comemorado o Dia Nacional do Samba).

Como sou um ávido devorador dos sambas que participam das eliminatórias (escuto tudo o que posso), resolvi dar o meu pitaco sobre os hinos do Grupo Especial - categoria em que a maioria das obras está disponível - e revelar também os meus favoritos. Depois, a gente confere se algum ou nenhum estará na Sapucaí.

SALGUEIRO - Meu favorito é a parceria formada por Tiãozinho do Salgueiro, Abs, Leonel e Luizinho Professor. Estes dois últimos foram autores dos sambas de 2002 e 2003 no Salgueiro. Leonel é um tradicional ganhador na Vila. O samba tem os ingredientes necessários para uma escola que irá abrir o desfile, na noite de domingo: animação, letra fácil de cantar, bela poesia e comunicação com o público. Os sambas da parceria de Dudu Botelho e da parceria de Bello do Andaraí também são muito bons.

ROCINHA - Maravilhosa a safra da Rocinha para este ano, bem diferente da pisada na bola de 1997 quando estreou no Grupo Especial. O enredo "Felicidade não tem preço" sugere sambas leves e bem humorados, mas os sambistas Fernando Canguru, Marquinhos do 14, Moacyr Alves, Marcos Carvalho e Denis Porto fizeram uma obra lírica, a meu ver, comparável ao inesquecível "Pra não dizer que não falei em flores" de 1992.

IMPERATRIZ - Após a polêmica envolvendo o Estado de Santa Catarina que não fechou o patrocínio para o carnaval verde e branco, a escola confirmou que irá mesmo apresentar a saga de Giuseppe e Anita Garibaldi. Os sambas são ótimos, mas atenção especial para a composição de Di Andrade, Tadeu Pittanga, Ciganerey, Di Minas e Paulo Garcia. Uma maravilha. É um pouco diferente do estilo dos hinos da escola de Ramos que geralmente traz sambas com uma bossa diferente, mas esse é clássico e vibrante.

CAPRICHOSOS - Confesso que escutei poucos concorrentes na Caprichosos, até porque poucos foram disponibilizados na Internet. Gostei do samba de Magrão e Cadu. Apesar de ser um enredo patrocinado e exaltando um Estado (nada contra a simpática população capixaba), o samba não resultou numa coisa chata e didática. Ficou leve, alegre e pra cima, bem do jeito que nos acostumamos a ver a escola de Pilares.

VILA ISABEL - Ao contrário do ano passado, cuja safra na disputa era acima da média de todo o Grupo Especial, esse ano os compositores meio que perderam a mão. O tema "Soy loco por ti América" não proporcionou boas obras e ainda tinha o agravante de alguns sambas terem que misturar palavras em "portunhol" e exaltar Simon Bolívar, um personagem de relevância histórica, mas distante da realidade brasileira. A tão aguardada parceria entre os geniais Martinho da Vila e Luiz Carlos da Vila resultou um samba que pode não ser antológico, mas que é melhor do que muita coisa apresentada por aí.

GRANDE RIO - A sempre fértil e inspiradora Amazônia resultou numa ótima safra na escola de Duque de Caxias. A parceria de Cláudio Russo, Zé Luiz, Leleco e Isaac resultou num magnífico samba. Aliás, Cláudio Russo está se tornando craque em sambas exaltando o "Inferno Verde", já que foi um dos autores do samba que a Beija-Flor levou para a Sapucaí em 2004. Lembram do "água/ que lava minh'alma/ ao matar a sede/ da população"?

BEIJA-FLOR (fico entre 2) - A escola de Nilópolis vem sofrendo de um mal desde 1998. De lá pra cá, os sambas têm o "estilo Caruana". Letras longas, harmonias pesadas, tristes, invocando sofrimento, em tom menor e obras com concepções melódicas parecidas entre si. Da safra para 2006, para falar de Poços de Caldas, não escutei nenhum concorrente da cidade mineira, mas destaco os belos sambas de Aloisio Villar, Sergio Aguiar, Menor e Jackson Braga e a composição de Sidney de Pilares, Jorginho Moreira, Zequinha do Cavaco e Marquinhos. Duas belas obras que se sobressaem na verdadeira mesmice que se tornou a disputa na BF.

PORTO DA PEDRA - Pra mim, é, sem dúvida, a parceria de Ivan Professor, Dico e Jair PQD. Como eu gostaria que esse samba ganhasse! A escola de São Gonçalo pode mostrar que é capaz de produzir sambas muito bons, apesar de ter apelado para uma reedição de um samba da União da Ilha no ano passado. O samba em destaque tem uma melodia leve, envolvente, dois bons refrões e passagens harmônicas inteligentes. Feito sob medida para uma escola que vai abrir a segunda noite do Especial.

MANGUEIRA (fico entre 2) - A safra da manga também é muito boa. Como os meus favoritos - três sambas que lembravam muito as obras clássicas da verde e rosa dos anos 70 - foram desclassificados logo no início, simpatizei logo em seguida com a composição de Bizuca, J. Tadeu e Alberto Hamed (um samba também com cara de Mangueira, de levada mais rápida) e o samba de Henrique Gomes, Gilson Bernini e Cosminho. Este segundo, um pouco mais ousado, com mudanças melódicas interessantes, com a letra um pouco mais extensa do que o habitual, mas com a tradição dos morros Tengo-Tengo, Santo Antônio e Chalé.

VIRADOURO - Uma boa alternativa para quebrar a hegemonia de sete anos da Família Clarão da Lua. A obra de Jorge Lambreta, Carlinhos Rio Bonito, Dona Dirce, Damião Alves e Sérgio Fonseca é um senhor sambão, com jeito de escola vibrante e nota máxima na apuração.

MOCIDADE - A escola de Padre Miguel está devendo um belo samba nesta primeira década do século 21. Os medonhos hinos apresentados nos recentes carnavais não condizem com a história da verde e branco da Vila Vintém. Este ano, a safra é boa, a ala de compositores parece ter acertado a mão. E a parceria de Dico da Viola, Mauro Dias e Moleque Silveira gerou um lindíssimo e inspirado samba.

UNIDOS DA TIJUCA - Para mim, é a disputa mais difícil. Três obras estão em iguldades de condições de representar a escola do Borel. O samba de Beto do Pandeiro, Douglas, Paulo Ribeiro e Clark é muito bom, lembra um pouco o estilo alegre da União da Ilha dos saudosos anos 80. Na mesma esteira, Gilmar L. Silva, Jaci Inspiração, Gilberth de Castro e Serginho Machado produziram um samba leve, alegre, vibrante e pra cima. Já Alexandre Alegria, Adalto Magalha e Fernando Boca de Mel compuseram um samba mais lírico e com ousadias lingüísticas, inserindo na letra, com inteligência, termos como "gran finale", "frenesi" e "Mozart".

IMPÉRIO SERRANO (também fico entre 2) - Some um enredo tão rico e inspirador como "Império do Divino", no qual retrata a fé e as festas religiosas do povo brasileiro à mais fértil e criativa das alas de compositores das escolas de samba... Só poderia resultar em biscoito fino. Selecionei dois sambas belos, porém, com estilos antagônicos: Paulo Samara, Maurinho, Luizinho, João do Violão, Renê F. Andrade e Niltaldo optaram por um samba leve, melodia delicada, e letra curta e fácil de cantar. Já a composição de Carlinhos da Paz, Paulinho Valença, Karlinhos Madureira, Luiz Carlos, Alexandre Roberto e Do Canto é um samba para emocionar o componente e o público nas arquibancadas. O hino tem a harmonia mais carregada e pesada (há muito tempo a Serrinha não apresentava um samba desse naipe). Na gravação que circula na Internet, a interpretação do ex-puxador imperiano Carlinhos da Paz indica que ele merece, no mínimo, acompanhar o titular Nego no carro de som.

PORTELA - O carnaval da Portela de 2005 foi cercado de polêmica, desde a escolha do enredo e do samba enredo até o desastroso desfile em que a escola entrou na avenida com o seu abre-alas incompleto e sem a tradicionalíssima Velha Guarda. Para 2006, a escola de Madureira apresenta uma boa safra de sambas (pelo menos os que estão disponíveis na Internet). Vários baluartes estão na disputa. Eu destaco o samba de Darcy Maravilha, J. Rocha e Noquinha. Um samba gostoso de cantar e que deve ser gostoso de desfilar também. Um bom exemplo de que um samba um pouco mais rápido não se transforma em marchinha. Me lembra um pouco o samba de 1990.


Esses têm a minha torcida... E vocês??

Rixxa Jr.

rixxajr@yahoo.com.br