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SAMBAS DE NORTE A SUL, LITERALMENTE: MANAUS E PORTO ALEGRE 5 de fevereiro de 2009, nº 23, ano VI
Porto Alegre - Link pra download http://www.4shared.com/file/169867718/7c221885/Carnaval_de_Porto_Alegre_2010_.html Crédito:
Blog Só Carnaval de POA O CD dos sambas enredo começou a ser comercializado bem antes
do Natal, na primeira semana de dezembro de IMPERADORES DO SAMBA – A atual campeã do carnaval porto-alegrense
traz um samba competente, bem construído e bom de cantar. Melodia vibrante, pra
cima e de clima alto astral, sob medida para o estilo descolado do intérprete
Vinícius Machado. Todas as gírias das “tribos” mencionadas pelo enredo estão na
letra. Os refrões são o melhor exemplo do estilo arrasta-povo. Detalhe para a
introdução com a citação instrumental de Black
or white, de Michael Jackson, pelo cavaquinho. NOTA 8,8. IMPÉRIO DA ZONA
NORTE
– Apesar de
toda a polêmica envolvendo a escolha do samba enredo, quando
vários
compositores retiraram suas obras em protesto à mudança
– ainda com a disputa
correndo – da letra no samba que viria a ser o escolhido,
“É o amor... meu
coração Imperiano pulsa de emoção”
é fácil de ser cantado, é muito bem
construído
e tem um embalo gostoso. O intérprete Sandro Ferraz está
muito à vontade em
cantar este samba, que tem variações melódicas
interessantes. O refrão
principal é fortíssimo. Detalhe para a pegada firme da
bateria do mestre Sandro
Gravador. NOTA 9,3 ESTADO MAIOR DA
RESTINGA – Confesso
que, ao escutar este samba, ainda na versão dos compositores, pouco depois de
ter vencido a disputa na Tinga, eu não dava nada pela obra. Sinceramente,
achava o samba muito ruim. No entanto, a composição cresceu muito no CD, após
levar um banho de estúdio. O jovem intérprete Renan Ludwig – que fisicamente
lembra Wander Pires no início da carreira – , um dos mais promissores da nova
geração, defende com vigor o samba. Ficou muito rico melodicamente o trecho O leão, o guardião da harmonia/ Dragão,
filhos de folclores lendários... NOTA 8 IMPERATRIZ DONA
LEOPOLDINA – A
letra é um compilado das músicas mais populares da Enamorada do Samba Beth
Carvalho que, infelizmente, por problemas de saúde, não vai desfilar no Porto
Seco. A primeira parte do samba é mais suingada, ótima para dizer no pé. O
segundo refrão tem variações interessantes, citando sucessos de Beth, como “Vou
festejar”, “Coisinha do pai”, “Firme e forte” e “1800 colinas”. A segunda parte
é um pouco mais travada, mas não compromete o todo da obra. NOTA 8,5 BAMBAS DA ORGIA – Para não ter erro, a direção da
escola azul e branca preferiu encomendar o samba ao mesmo grupo de compositores
da belíssima obra do ano passado. O resultado foi um samba correto, porém, sem
a mesma inspiração que baixou ao falar de Clara Nunes em 2009. Um enredo sobre
dança e com citação dos 70 anos da escola merecia uma obra menos burocrática. Destaque
para a evolução de Leandro da Águia como intérprete. NOTA 8. UNIÃO DA VILA DO
IAPI – A União da
Vila vem apresentando nos últimos anos sambas classudos, com apelo popular e
extremamente bem construídos. Para falar do cinquentenário de Brasília, o Trem
da Alegria escolheu um sambaço, que causaria inveja a muita escola consagrada
do Rio de Janeiro. O intérprete Kauby se adaptou bem ao estilo da escola, que
terá ainda na avenida, o auxílio luxuoso do puxador carioca Nego. O refrão
principal tem tudo para balançar as arquibancadas do Porto Seco. Detalhe para
os acordes da ópera O Guarani, de Carlos Gomes, na introdução do samba, já que
a música é a trilha sonora do programa radiofônico A Voz do Brasil, quando o
locutor anunciava, com voz solene: Em Brasília, 19 horas. NOTA 9 UNIDOS DE VILA
ISABEL – Para
falar do estado de Mato Grosso do Sul, a azul e branco de Viamão vem com um
samba certinho, cadenciado e correto, porém, sem a inspiração que marcou alguns
carnavais da entidade, principalmente na década de 1990. Na verdade, o samba é,
até certo ponto, sonolento. Enfim, “funcional”
é a palavra-chave. A interpretação do experiente Aryzinho também é burocrática.
O trecho “Eu sou da Vila e ninguém vai me
segurar” é muito manjado e quase todas as escolas já utilizaram deste
recurso, de dizer, no refrão do samba que “ninguém vai me segurar”. NOTA 7,5 ACADÊMICOS DE
GRAVATAÍ – Cuidado
com a onça negra! Ela aparece de mansinho, ninguém dá nada por ela e, quando se
vê, a escola de cores vermelha, preta e branca abocanha um ótimo resultado nos
desfiles, muitas vezes até retornando no Sábado das Campeãs. O enredo, que fala
sobre espelhos, é ótimo e inédito PROTEGIDOS DA
PRINCESA ISABEL –
Um dos melhores sambas da safra 2010 do Grupo Especial de Porto Alegre, com uma
melodia bem construída e inteligente. Levado por Cezinha, é um samba que mantém
um bom nível o tempo todo, e tem momentos diferenciados no final da primeira
parte e no excelente refrão do meio. Na segunda parte, a tonalidade da música aumenta
para maior, na citação da cidade de Novo Hamburgo até desembocar no excelente
refrão principal, que é uma declaração de amor à própria Protegidos e à cidade
de “Nóia”, como é carinhosamente chamada a Capital Nacional do Calçado. Na
gravação, a bateria dá um show de swing e de sustentação de ritmo. Ouro puro! NOTA
9,5 ACADÊMICOS DE
NITERÓI – Na sequência
do CD, mais um sambaço! A obra tem, a meu ver, o melhor refrão do ano, falando
de negritude e sobre o orgulho de ser afro-descendente. O tom é menor, mas nem
por isso torna a obra melancólica ou depressiva. É um samba bem digno e
vibrante, apesar da segunda parte apresentar uma ligeira queda, principalmente
na questão da poesia, com problema de métrica e rima. Os últimos versos
poderiam ser mais poéticos, mas, no conjunto, a obra se salva. Ótima
interpretação de Lu Astral. NOTA 9,2 EMBAIXADORES DO
RITMO – Taí um enredo
que tinha tudo para ser épico: uma escola tradicional da cidade, como a
Embaixadores do Ritmo, que completa 60 anos em 2010, revive seus carnavais mais
marcantes. No entanto, a escola resolveu enumerar os festejos previstos no
calendário (festa junina, procissões religiosas, Natal, Dia das Crianças,
Semana da Pátria). A segunda parte deveria elencar os carnavais mais famosos,
mas parece referir-se a carnavais obscuros. Para a condução do samba, a bordô e
branco apostou nos Dois Tenores: Paulinho Mocidade (importado especialmente do
Rio), e Farelo, que comanda o microfone da escola há mais de uma década. No
entanto, é o intérprete carioca que aparece em primeiro plano na gravação do
CD, conduzindo praticamente sozinho a primeira passada do samba. NOTA 8,4 ACADEMIA DE SAMBA PRAIANA
– Para o seu jubileu de ouro, a
verde e rosa homenageia o tradicional Theatro São Pedro. A letra
é recheada de
clichês do universo artístico (“bravo”,
“aplausos”, “ato”, “descortina”,
“ribalta”,
“abrem-se as cortinas”), mas é bem construída
e adequada ao tema. No CD, quem
canta é Zinho Melodia, que foi demitido no início do ano.
Na avenida, o samba
será ouvido nas vozes de Vander Salles (apoio da escola que foi
alçado à
condição de cantor principal) e do carioca Ciganerey
(puxador do Arranco do
Engenho de Dentro e apoio da Estação Primeira de
Mangueira), e que desde 2008 é
coautor do samba dos Bambas da Orgia. No ano passado, a Praiana
também fez um
troca-troca de intérpretes antes do carnaval: Maurício
– hoje na Academia Samba
Puro, escola do Grupo de Acesso – gravou o samba no CD, mas foi
demitido logo
em seguida porque a escola anunciou para o posto o carioca Preto
Jóia (que
chegou a cantar em vários ensaios na quadra), dispensado poucas
semanas antes
do desfile. Na hora do desfile, quem segurou a onda mesmo foi Sandrinho
Gessé,
hoje no apoio do carro de som da Restinga. NOTA 9 IMPÉRIO DO SOL –
A escola de São Leopoldo vai
apresentar a história de uma rainha africana que, segundo o
enredo, veio
escravizada ao Brasil, mas que trouxe e difundiu os ideais do
candomblé no país.
Alguém aí lembrou da história de Agotime (Beija
Flor 2001)? Sob o ponto de
vista técnico, o samba “Um cântico de
louvação à Otampé Ojarô”
é uma bela obra.
No entanto, no CD, mesmo recebendo um arranjo suntuoso, o samba ficou
frio, não
emociona, não é genuíno. Será que por ser
composto por autores alheios à escola?
A obra tem cara de samba padronizado, desses que se escuta e passa
batido nas
escolas do Grupo de Acesso do Rio de Janeiro. Apesar destes detalhes,
Joel
Alves solta o gogó com correção. NOTA 9,3. TRIBO OS COMANCHES – As tribos carnavalescas são
exclusividade do carnaval de Porto Alegre. A campeoníssima Os Comanches, que
conquistou duas vezes o anel de “doutora em carnaval” por ter vencido cinco
vezes consecutivas o concurso de tribos, conta mais uma vez o Descobrimento do
Brasil. Desta vez, a nação comancheira fala sobre “A primeira missa na Ilha de
Santa Cruz”. O hino (não é samba enredo) tem melodia tem variações
interessantes e a voz do intérprete Nilton garante vigor às belas harmonias.
NOTA 9. Manaus - Link para os sambas A safra
2010 do carnaval de Manaus foi bastante criticada pelos foliões manauaras.
Alguns, mais afoitos, chegaram a declarar que esta é a pior safra desde muitos
anos, o que trata-se de um exagero, certamente! O CD com a versão oficial dos
sambas traz as oito escolas do Grupo Especial. Destaque para os sambas da
Mocidade Independente de Aparecida, Unidos de Alvorada e Mocidade do Coroado.
NOTA DA GRAVAÇÃO: 8,5 A GRANDE FAMÍLIA – A atual campeã do carnaval
manauara vai exaltar o trabalho que é feito pela Defensoria Pública, que presta
assistência jurídica às pessoas que não podem pagar pelos serviços de um
advogado. O samba é correto, mas mesmo homenageando um órgão público poderia
ser menos burocrático (com o perdão do trocadilho). NOTA 8,5. REINO UNIDO DA
LIBERDADE – Dez
anos sem vencer o desfile do carnaval de Manaus, a Reino Unido da Liberdade está
decidida a recuperar o título em MOCIDADE
INDEPENDENTE DE APARECIDA – A balzaquiana Pareca faz apologia às várias nuances do verde, a cor
do seu pavilhão. O samba, composto por três sambistas de fora da escola, é
muito bem construído, melodia gostosa de cantar e vibrante. No CD, a bateria dá
um show de ritmo, sustentação e bossas. NOTA 9,6 UNIDOS DO ALVORADA – Em VITÓRIA RÉGIA – A verde e rosa da Praça 14 de
Janeiro levará para o Sambódromo o enredo “Abram Alas para a nossa Academia! 90
anos imortalizando o pensamento”, em que homenageia os escritores e
intelectuais da Academia Amazonense de Letras. O samba, em tom menor, poderia
ser menos melancólico e mais vibrante, o que pode deixar o desfile da escola um
pouco arrastado. O intérprete Alzier tem uma voz potente, lembrando o estilo do
paulistano Daniel Collête. NOTA 8,5 SEM COMPROMISSO – Além das cores (amarelo e
preto) serem as mesmas, as iniciais do nome serem as mesmas (S e C), a Sem
Compromisso escolheu um samba cuja melodia do refrão principal é muito parecida
com a da São Clemente de BALAKU-BLAKU – A vermelho e branca levará para
a avenida o tema que versa sobre a tecnologia digital com enfoque nos
surgimento e necessidade dos meios de comunicações até a Internet, no qual afirma
“Se não comunicou, dançou” (hummm...já escutei isso em 1987, no Rio de Janeiro).
O samba é descritivo e recheado de clichês do internetês. A interpretação de
Frank da Mocidade é cheia de afetações e vibratos, parecendo que o cantor se
esquece que tem que alavancar o canto da escola e não cantar sozinho. NOTA 6,5 MOCIDADE
INDEPENDENTE DO COROADO – O samba da Coroado é tido e havido como o melhor da safra 2010. No
entanto, de saída, eu já torço o nariz para os sambas-merchan. Para me
conquistar, o samba patrocinado tem que ser MUITO BOM. A obra, apesar da letra
extensa, não esmorece. O enredo visa o setor primário, que versa sobre a
agricultura, piscicultura, agropecuária, dentre outros, e pode render boas
soluções em alegorias e fantasias. Bela interpretação do puxador Vandinho. NOTA
9,2. Rixxa Jr. rixxajr@yahoo.com.br |
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