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Coluna do Rixxa Jr.

TOP 10 SAMBARIO - AUTO-HOMENAGENS

A Imperatriz Leopoldinense dedica o ano de 2009 a contar a história de Ramos, bairro que lhe serviu de berço. Ao falar da localidade, fala também de sua trajetória e história no mundo do samba e do carnaval. E o Top 10 Sambario lista dez momentos em que escolas de samba fizeram auto-homenagens nos desfiles na Marquês de Sapucaí.

10º lugar – Unidos da Ponte – “Em azul e branco meu coração se deixou levar” (2001)

O samba de Mazinho, Luizinho, Veludinho e Ambrósio reproduz momentos de sucesso na trajetória da azul e branco de São João de Meriti. Trechos de versos lembram “As excelências e seus carnavais” (1981), “O casamento de Dona Baratinha” (1982) e “E eles verão a Deus” (1983).

Assim na sutileza do pincel
Sonhei um mundo em forma de aquarela
A noite mostrou seus encantos
A baratinha se tornou mais bela
Louvei a natureza e o amor
Lembrei artistas imortais

9º lugar – Lins Imperial – “Primavera é tempo de saudade - Tributo a Zinco e Caxambu” (1988)

A Lins levou para a avenida uma homenagem cheia de lirismo a dois de seus fundadores, os sambistas Jones Machado (Zinco), e Darcy Knuth Machado (Caxambu). Como curiosidade, a dupla é autora do samba “Inferno Verde”, – da escola de samba Filhos do Deserto, antecessora da Lins – gravado por Martinho da Vila no disco “Samba Enredo”, de 1980. O samba é um dos mais populares da escola e conquistou o Estandarte de Ouro para os compositores Celso, Lima, Pezão, Ernandes e Marinho. Dois anos antes, em 1986, a verde e rosa de Lins de Vasconcellos também já tinha contado sua história, de uma maneira mais explícita, com o enredo “Por um lugar ao sol”.

Oh! Caxambu, um flamboyant
Que te contempla a soluçar
A madrugada não exala pelo ar
O perfume da sedução lara, laiá
Zinco são suas lágrimas
Estrelas do infinito

8º lugar – Estação Primeira de Mangueira – “Verde que te quero rosa... semente viva do samba” (1983)

Se em 1978, a Mangueira decantou seu cinquentenário de fundação, em 1983, a verde rosa resolveu homenagear um de seus maiores bambas, o compositor Angenor de Oliveira, o Cartola (1908-1980), que, junto com Carlos Cachaça (1902-1999), criou o Bloco dos Arengueiros, cujo núcleo em 1928 fundou a Estação Primeira. O samba, de autoria dos niteroienses Heraldo Faria e Flavinho Machado (com Geraldo das Neves fechando a parceria) também fazia menção aos quatro últimos títulos da Mangueira até então: “Reminiscências do Rio Antigo” (1961), “O mundo encantado de Monteiro Lobato” (1967), “Samba, festa de um povo” (1968) e “Lendas do Abaeté” (1973). 

E a semente cresceu formosa
Deu Mangueira verde

De manga rosa

7º) Unidos de Vila Isabel – “Muito prazer! Isabel de Bragança e Drumond Rosa da Silva, mas pode me chamar de Vila” (1994)

Em 1994, a Vila Isabel contou a história do bairro desde os primórdios e da sua própria história no enredo "Muito prazer! Isabel de Bragança Drummond Rosa da Silva, mas pode me chamar de Vila". Várias personalidades foram homenageadas: Noel Rosa, o compositor Paulo Brasão, o bamba Martinho da Vila e “Seu China”, um dos fundadores da escola. O defile foi muito emocionante e vibrante, um dos grandes momentos da Vila na década de 90. O belo samba de André Diniz, Evandro Bocal e Vilani Silva “Bombril” foi, com justiça, merecedor do Estandarte de Ouro daquele carnaval. 

Vou cantando...
Os meus encantos vou mostrar
Muito prazer, eu sou a musa, sou a fonte
Deixa meu feitiço te levar
 

6º lugar – Unidos do Campinho – “Passa, passa tempo” (1992)

A escola foi fundada em 1987, a partir da união de vários blocos nascidos no Morro do Campinho, em Madureira. A trajetória da Unidos do Campinho (cujo símbolo era um gavião, um contraponto às conterrâneas Portela, com sua águia, e à Tradição, com seu condor), foi efêmera e meteórica. Em 1992, apenas cinco anos depois de ter se tornado escola de samba, já desfilava na Marquês de Sapucaí, no Grupo A, com o enredo “Passa, passa tempo”. Naquele ano, a agremiação fez um desfile desastroso, porém, apresentou um belo samba enredo. No primeiro refrão, os autores Valdir Broa, Adilson Bispo e Zé Roberto (estes dois últimos conhecidos por compor vários sambas cantados por Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Jovelina Pérola Negra e Grupo Fundo de Quintal) fizeram uma escalada dos primeiros enredos e títulos conquistados pela escola, como “Carioca da Gema” (1989), “Histórias do Arco da Velha” (1990) e “Sonho dourado de Axuí” (1991). A Campinho encerrou suas atividades em 1996. 

Sou carioca da gema
Vivi no arco da velha
Sonhei com Axuí
Campinho marque seu tempo
Não pode haver contra-tempo
Na Sapucaí
 

5º lugar - Império Serrano – “Império Serrano, um ato de amor” (1993)

Com uma parceria de responsa (Arlindo Cruz, Aluísio Machado, Acyr Marques e Bicalho), o samba enredo da Império Serrano em 1993 foi digno de um “carteiraço”, na mesma linha que Beto Sem Braço adotou no carnaval anterior, com “Fala Serrinha, a voz do samba sou eu mesmo sim senhor”. Pelo segundo ano consecutivo, a escola da Serrinha amargava a permanência no Grupo A. Com o enredo “Império, um ato de amor”, a verde e branco contou sua história de glórias. Na letra do belo hino, o “menino de 47” centrou forças principalmente na recordação de três sambas: “Aquarela Brasileira”, “Alô, alô, taí Carmem Miranda” e “Bumbum paticumbum prugurundum”. O samba foi merecedor – com justiça – de mais um Estandarte de Ouro em sua história.

Meu coração
É emoção que se repete
É muito amor
Essa paixão é Carnaval
Eu sou um menino de 47
Imperial

4º lugar - Mocidade Independente de Padre Miguel – “Vira, virou, a Mocidade chegou” (1990)

A Mocidade contou esplendidamente a história de Padre Miguel, da Vila Vintém, relembrou o início de sua história, quando uma bateria animava um time de futebol, até se transformar em uma escola de samba e relembrou seus carnavais antológicos. O samba de Toco, Jorginho Medeiros e Tiãozinho da Mocidade ajudou a embalar um desfile tecnicamente perfeito e emocionante.

A vira virou, vira virou
A Mocidade chegou
Virando nas viradas dessa vida
Um elo, uma canção de amor

3º lugar – Acadêmicos do Salgueiro – “Tem que se tirar da cabeça aquilo que não se tem no bolso - Tributo a Fernando Pamplona” (1986) 

O título do enredo é uma das célebres frases criadas pelo carnavalesco Fernando Pamplona, carnavalesco que comandou toda uma geração de profissionais que fundaram as bases do carnaval moderno. No carnaval de 1986, o Salgueiro prestou uma homenagem ao artista e relembrou os 12 enredos que Pamplona idealizou para o Salgueiro. Só quem não gostou da idéia foi o próprio Fernando Pamplona, que ameaçou, inclusive, entrar na justiça contra a escola. Naquele ano, Pamplona não desfilou e trabalhou como comentarista pela Rede Manchete e da cabine de transmissão acompanhou, emocionado, a homenagem. A missão dos compositores Jorge Melodia, Paulo Emílio, Bicho de Pena e Marcelo Lessa – em tentar resumir 12 carnavais em uma letra de samba – foi árdua, mas o resultado ficou bacana.

Vamos gingá, camará
Vamos ginga
Tira da cabeça
O que do bolso não dá

2º lugar - Portela – “Tributo à vaidade” (1991)

O título do enredo foi inspirado na última fantasia com que Evandro Castro Lima (1920-1985) desfilou. A escola abordou os motivos que levam o ser humano a desejar ser admirado e homenageado. E a Portela enumerou suas razões para se sentir vaidosa: as cores azul e branco, o “canto mais bonito”, por ser “celeiro de bambas”, por ser a “Majestade do samba”, por ter uma Velha Guarda “formosa e faceira”, além dos 21 carnavais conquistados. A obra de Carlinhos Madureira, Café da Portela e Iran Silva rendeu à escola o merecido Estandarte de Ouro em samba enredo.  

O meu azul
Veio lá do infinito
O meu canto é mais bonito
Salve Oswaldo Cruz e Madureira
Me chamam celeiro de bamba
A Majestade do samba
Da velha guarda formosa e faceira

1º lugar – União da Ilha do Governador – “Bom, bonito e barato” (1980)

No final da década de 1970, a União da Ilha do Governador era o extremo oposto da Beija-Flor. Enquanto a escola de Nilópolis vinha com carnavais repletos de “luxo e riqueza”, a tricolor insulana mostrava “simplicidade e beleza” em desfiles leves e animados, visual colorido e enredos abstratos, mas de fácil comunicação popular. E em 1980, a Ilha apresentou um breve resumo de sua trajetória, apresentando a sua receita de se fazer um carnaval “bom, bonito e barato”. A escola relembrou sua madrinha Portela e os carnavais até então recentes e que chamaram a atenção do público e da mídia especializada: “Nos confins de Vila Monte (1975), “Poemas de máscaras e sonhos” (1976), “Domingo” (1977), “O amanhã” (1978) e “O que será?” (1979). O samba (excelente) caiu na boca do povo e ajudou na empolgação dos componentes. Obra-prima de Robertinho Devagar, Jorge Ferreira e Edinho Capeta, até hoje um dos mais lembrados da história da União da Ilha e do carnaval carioca. 

Sou a comunicação
Não tenho luxo e nem riqueza
Há simplicidade e beleza
Na festa do seu coração
Muito bom
O meu bonito é barato
Da simpatia, o retrato

Do povo no carnaval

Rixxa Jr.

rixxajr@yahoo.com.br