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Coluna "Quesito Bateria"

AQUECENDO OS TAMBORINS
por Bruno Guedes

Sexta-feira chuvosa, faltam poucos minutos para as 19 horas do dia 5 de dezembro: vão começar os ensaios técnicos.

Como falei na edição anterior, são nesses ensaios que os Mestres, diretores de bateria e ritmistas testam tudo o que foi feito ao longo de mais ou menos seis meses na quadra. Então vamos ao que de melhor ocorreu ensse mês de dezembro, na Sapucaí...
 
Beija-Flor:

Uma das baterias mais competentes e que nessa década só perdeu apenas dois décimos, mais uma vez mostrou o porque de tanto reconhecimento. Com uma afinação perfeita, a bateria começou o ensaio com um andamento um pouco a frente, já testado emq uadra pelo Mestre Paulinho devido ao samba mais "pra cima". Neguinho da Beija-Flor começou cantando e ficou apenas 15 minutos. Com a passagem do microfone para seus auxiliares, o andamento caiu e foi o mesmo até o final. Num desfile oficial, provalmente fosse penalizada. Mas nada que tirasse o brilho do primeiro teste na Avenida para o próximo carnaval.

Duas paradinhas foram ensaiadas, uma na cabeça do samba e outra no final da segunda parte. A última, com um grau de dificuldade alto, haja vista que é uma "pergunta-resposta" entre instrumentos, mais precisamente tamborins e cozinha (Caixas, repiques e surdos). Ainda falta um maior encaixe com os intérpretes, mas que só pode ser feito com mais tempo para ensaio.

De resto, a bateria veio muito bem.
 
Império Serrano:

O andamento de costume, muita cadência e manutenção de ritmo. Preparou uma bossa muito legal, que causa um efeito interessante.

Uma coisa me deixou curioso, pelo segundo ano consecutivo o naipe de tamborim vem atrás da bateria e, com um número reduzido. Foram apenas duas fileiras. Mesmo assim ouve grande destaque para os mesmos.

Os já tradicionais agogôs deram um swing gostoso ao samba. Átila está com a bateria na mão.
 
Mangueira:

Uma das minhas baterias preferidas voltou ao rumo certo. Andamento perfeito e uma cadência impressionante. As caixas estão mais fortes, com mais destaque e com isso, uma levada bem característica da Velha Manga. Os tamborins fazem um desenho que funciona muito bem no samba.

Única coisa que não gosto é a Mangueira fazendo paradinha. A LIESA e o Júri pede novidade e criatividade, mas será que, tocar com apenas um surdo já não é novidade? Só ela toca assim...

Bateria muito boa.
 
Vila Isabel:

Outra bateria que trouxe um andamento mais lento. Muito ousada, apresentou diversas paradinhas. Com destaque para uma que simula uma Valsa.

As caixas, característica da Vila, estavam com uma sustentação excelente. Também trouxe a sua outra característica de ter uma bateria pesada, com bastantes surdos, o que ajudou demais no ritmo dos componentes, que não podem contar com o sistema de som da Sapucaí.

Bela apresentação.
 
Unidos da Tijuca:

Também trouxe um andamento mais "pra trás". Com paradinhas interessantes, ousadas e bem executadas, Mestre Casagrande preferiu ajudar a escola a cantar o samba. Está muito mais firme que no ano passado. As caixas com a pegada de sempre e os tamborins com bom entrosamento. Aliás, o desenho está muito bem encaixado no samba, sem muita firula, ajudando a bela obra tijucana a crescer.

Um belo momento do ensaio foi a apresentação da bateria...
 
Mocidade:

Está um pouco acelerada, ajudando a dar um gás no samba que tem uma melodia um pouco arrastada. Mas está recueprando o prestígio de antes. Pra mim, o grande destaque foi o naipe de tamborins, sem dúvidas. A Aline levará para 2009 um desenho com a cara da escola, ficou perfeito no encaixe do samba. Teve muita sustentação por parte das caixas e das marcações (Surdos). Também esteve muito firme.
 
Salgueiro:

Ousadia. Talvez essa palavra resuma o ensaio técnico da Furiosa. Muitas paradinhas e um andamento próximo do que já começa a ficar perfeito. Estava mais lenta que nos outros anos. Só não gosto dos tamborins no meio da bateria. Acho que abafa demais o naipe e um pouco distante dos chocalhos, o que pode ser perigoso em caso de desencontro. Mas isso não ocorreu, pelo contrário, houve bastante ritmo por parte de ambos. As marcações tem uma afinação diferente das demais, o que se torna uma identidade da escola.
 
Renascer:

Está diferente. Mais segura, mais precisa nas paradinhas e mais lenta. Teve uma apresentação muito boa. Destaque para a paradinha da cabeça do samba, enorme e com boa execução. Também há que se destacar o entrosamento com o carro de som da escola.
 
Portela:

Como nos últimos 3 carnavais, bastante cadênciada e com um andamento muito bom. Os tamborins fizeram um desenho de extrema dificuldade.
Também executou uma bossa muito legal, com precisão.
 
Imperatriz:

Um show. A melhor apresentação de uma bateria na temporada de ensaios, até agora. Muito swing e um andamento que se não é lento, também não traz correria. Tem a melhor paradinha que vi até agora, que vai do refrão final até metade da primeira parte.

É a típica bateria que mostra um conjunto excelente. Se ano passado eu saí da Sapucaí com a certeza que tinha visto uma bateria nota 40, com a apresentação de sábado vi uma abteria Estandarte de Ouro. É manter a humildade e o trabalho, que os resultados aparecerão com certeza.
 
São Clemente:

Como eu vim na bateria, não posso falar muito. Mas senti um pouco mais lenta, o que fez o samba crescer, já que tem uma melodia e letra excelente.

Paradinhas muito legais e de efeito.
 
Grande Rio:

Perfeita. Só isso... Não há o que se falar da bateria da escola caxiense. Não fez nenhuma paradinha, mas nem por isso apagou o brilho da maior bateria da década. Certamente estará presente no dia do desfile. Ouve-se todos os naipes e com uma segurança impressionante.

Como citei num fórum da Internet, assistir e ouvir a bateria da Grande Rio é presenciar uma página da história do samba.

Ewerton Fintelmann
etho_vp@globo.com

Bruno Guedes
bruno_guedes1986@yahoo.com.br