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Coluna "Quesito Bateria"

DA BATUCADA À BARULHADA
por Ewerton Fintelman

Que bateria é perfeita? Obviamente você vai citar as tradicionais que você já conhece e que não vou repetir. Mas que bateria é perfeita? Nenhuma. Como assim? Simples. Não há como dar um show na avenida sem uma longa e suada temporada de ensaios. Parafraseando Cazuza, faz parte do “nosso” show.

Errar é totalmente normal... na quadra (risos). No desfile acaba sendo um tanto comprometedor e chato. E é freqüente.

Primeiramente vamos por níveis. Grupo Especial, começando, é obviamente o nível mais qualificado das baterias. O processo é muito seletivo e os ensaios são muito intensos, além da alta cobrança dos diretores. Mesmo assim, acontecem erros daqueles de enfartar um Mestre. Vamos lembrar alguns deles...

Pra mim, o cúmulo é Acadêmicos da Rocinha 2006. A bateria passou incrivelmente desafinada. Surdos totalmente iguais. 1ª, 2ª, 3ª idênticas, caixas emboladíssimas. Não havia harmonia no toque dos instrumentos. Aí você deve estar falando aí: “foi culpa da chuva”. Sugiro que ouça Império Serrano 2008 ao vivo a apure a bateria (Para quem não sabe, houve muita chuva no desfile do Império, porém, a bateria passou soberana e perfeita). Só isso.

É uma grande mancada. Acredito que a chuva tenha atrapalhado sim, mas isso não é motivo pra passar tão desafinado assim.

Enfim, não fosse o Boi da Ilha, a Rocinha teria um dos erros mais mirabolantes dos últimos anos. A bateria foi fazer uma bossa, no mesmo ano, 2006, reeditando “O Amanhã”, e não sei o que houve, tudo embolou e a bateria teve que parar. Até um roqueiro punk, que nada entende de samba e sequer o ouve, saberia apontar o tamanho do erro. Foi absurdo. Para uma escola de Grupo de Acesso B, não é digno um erro tamanho.

Há de se entender que pouquíssimas escolas têm bateria própria. Ritmista toca em várias escolas. O “cara lá” que toca tamborim na Mocidade Independente de Padre Miguel, no acesso toca na São Clemente, no acesso B toca na Corações Unidos do Amarelinho, por exemplo. Até em mais de uma por grupo. Normal. Voltando ao assunto do Boi da Ilha, não se pode culpar os ritmistas. O Mestre? Talvez, mas não é justo. O erro, na minha visão pode ter sido duas opções. Uma que é tentar fazer algo além da capacidade de uma Escola do Acesso B, outra pode ter sido erro de comunicação entre os diretores na hora da execução da bossa. É impossível fazer uma bossa complicada numa Escola do Acesso B, pois a dedicação dos ritmistas e as suas freqüências em ensaios é muito menor.

Falando em Grupo B, vamos falar do que rolou em 2008 no Acesso B. Começamos o desfile com a Curicica. Nada de mais, passou bem apenas. Logo após, tive o grande desprazer de ver a passagem da Mocidade de Vicente de Carvalho, na qual toquei tamborim. A bateria é ruim e passou muito mal. As caixas se chocavam com tamborins, que inclusive tocavam fora de sintonia com a marcação. Não me arrependi de ter tocado, pois na minha opinião, vale mais dar o sangue a quem sofre hemorragia. A Escola é muito empenhada na causa e se Deus quiser vai voltar melhor ano que vem na Intendente Magalhães. Prosseguindo o desfile, tivemos uma grata surpresa no Arranco. Suingue puro. Bateria passou num andamento rápido, e me agradou na interação com o samba, principalmente.

A bateria da União de Jacarepaguá e Unidos de Lucas passaram. Apenas passaram sem destaque. Fizeram seus trabalhos, cometeram alguns erros não muito grotescos. No geral, foi bom.

Em seguida, a Inocentes de Belford Roxo, campeã do Grupo B passou bem. A bateria precisa de uns acertos, coisa que eu tenho certeza que acontecerá, pois a Inocentes é uma escola que cresce absurdamente a cada ano. Conseqüentemente, vai vir gente boa pra batucar por lá.

A Alegria da Zona Sul se prejudicou, principalmente pela afinação dos surdos. Passou mediana, mas não cometeu muitos erros de execução.

A Paraíso do Tuiuti é uma escola que tem um bom chão e uma boa bateria. Passou certinha. Apenas certinha.

Tive uma grata surpresa com a Independente da Praça da Bandeira. Bateria passou muito bem e não cometeu praticamente nenhum erro.

A Unidos de Padre Miguel também passou relativamente bem. Apenas a afinação da segunda estava um pouco grave mais que o normal.

As escolas que seguiram, Sereno de Campo Grande e Vizinha faladeira não surpreenderam e fizeram passagens técnicas. A Vizinha, a bateria mais esperada da noite não levou o bi do título de melhor bateria do B.

A Tradição passou e só. Com aquele defeito de sempre nos tamborins. Não só a bateria, como a escola passou muito abalada com essa queda brusca da escola.

Encerrando os desfiles, lá vem Boi da Ilha. Logo pensei, lá vem bomba. Queimei feio minha língua. Perfeita, melhor bateria do dia pra mim. Precisa levada, afinação perfeita, levou o samba muito bem. Boi da Ilha me surpreendeu por todos os lados.

E em pleno fim de Junho, começam os ensaios das baterias. Escolha a sua e vá batucar. Não há nada melhor.

Até a próxima, um grande abraço!

Ewerton Fintelmann
etho_vp@globo.com

Bruno Guedes
bruno_guedes1986@yahoo.com.br