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Samba Paulistano
   
3 de março de 2020, nº 38
O QUE O CARNAVAL DE SÃO PAULO IRÁ LEVAR DO ANHEMBI EM 2020
por Bruno Malta

Com o fim dos desfiles, é hora do nosso, já tradicional, balanço geral de como foi o ano no Anhembi e suas já conhecidas surpresas. Pelo terceiro ano em quatro, a campeã é inédita, mas, dessa vez, sem pontuação máxima. Além do ineditismo da vencedora, o ano tem como destaques, o “renascimento” da Mocidade Alegre, o Barroca Zona Sul se mantendo na elite após retornar ao Especial, os acessos de Vai-Vai e Acadêmicos do Tucuruvi ao Grupo Especial em 2021 e o inédito rebaixamento da Nenê de Vila Matilde ao Grupo de Acesso II. Sem mais delongas, é hora de relembrar as apresentações do Carnaval de São Paulo.

Carnaval 2020 marca mais uma conquista inédita: Águia de Ouro foi a campeã pela primeira vez. (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Mais uma vez, o pré-Carnaval foi resumido na pergunta: Quem seria capaz de superar a atual campeã Mancha Verde? A alviverde, após o lindo desfile campeão em 2019, teria como enredo um versículo bíblico que serviria como proposta para mostrar como o homem poderia construir um mundo melhor. A vice-campeã e sempre favorita Dragões da Real falaria sobre o Riso, a Roseira, após o terceiro lugar, decidiu pela a relação do homem com a modernidade como tema, já a Vila Maria apostaria em mais um enredo sobre um país, sendo a China a escolhida. Seguindo a linha da escola do Jardim Japão, a Império de Casa Verde faria uma homenagem ao Líbano.

Outros temas eram a sabedoria e sua influência para o bem e para o mal no Águia de Ouro, a cidade de Atibaia no Tatuapé, as Yabás e sua importância para um mundo melhor da Mocidade Alegre, os grandes amores nos Gaviões da Fiel, os ritmos e a louvação ao samba da X-9 Paulistana, a história de Dom Sebastião do Colorado do Brás e uma exaltação aos feitos dos principais negros da história da Tom Maior. Por fim, Pérola Negra e Barroca Zona Sul que contariam na avenida os ciganos e Tereza de Benguela, respectivamente.

Os desfiles de sexta-feira

Abrindo os desfiles de Sexta-feira, o Barroca Zona Sul voltava a elite após quinze anos de afastamento. Da escola que se apresentou em 2005 para a que retornou a elite em 2020, muita coisa mudou, mas o Barroquinha, símbolo e mascote, ficou firme e forte e foi o destaque da abertura. A passagem da verde e rosa foi bem simpática e, de certo modo, criou algum favoritismo para a permanência. O início foi oscilante. Se a comissão de frente não chamou a atenção positiva e contou com problemas de acabamento no tripé, o espetacular casal foi um dos grandes destaques. Lenita Magrini, após um ano de afastamento, brilhou no Anhembi e se recuperou da estreia turbulenta pela Independente em 2018 se provando como uma das mais talentosas da nova geração. Já a evolução começou bem correta, mas piorou após o recuo da bateria. Por vezes, o andamento se acelerou e em outras vezes, ficou completamente parada. Era um problema.

Nos quesitos musicais, a harmonia ficou devendo. A primeira metade foi bastante correta e empolgante, fazendo, inclusive, a arquibancada se levantar em alguns momentos. Só que na segunda metade, o canto caiu bastante e muitas alas passaram quase em silêncio ou cantando apenas o refrão. A bateria também não fez uma apresentação perfeita, especialmente após a entrada no recuo, onde levou alguns minutos até o acerto total, prejudicando a unidade da apresentação. Já o rendimento do samba foi satisfatório, mesmo com uma queda no fim.

Casal do Barroca Zona Sul foi um destaque da apresentação. (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Os quesitos plásticos foram a grande surpresa. As alegorias, relativamente grandiosas, eram bem acabadas e tiveram um bom efeito na avenida. O destaque principal fica para o carro abre-alas que era interessante. As fantasias, por outro lado, apesar de bem acabadas poderiam ter sido mais inspiradas ou criativas. Por vezes, dava a sensação de repetição de formas e cores. O enredo, apesar disso, foi bem desenvolvido e passou a mensagem com correção. Nesse cenário, apesar de ter todas as outras escolas pra passar e alguns erros graves como em comissão de frente e harmonia, o Barroca terminou a apresentação credenciado a permanecer no Grupo Especial, o que já seria um feito e tanto.


Segunda escola a se apresentar, a Tom Maior fez um desfile irregular, mas que reafirmou sua cara no Anhembi. Logo no início, a comissão de frente proporcionou bons momentos, mas falhou por não conseguir transmitir, claramente, sua mensagem, além disso, houve pedaços de algumas fantasias que caíram no chão, logo após o recuo da bateria. Já o casal mostrou que a experiência e a categoria seguem em dia, mas a falta de mais gingado e velocidade nos movimentos, prejudica a unidade da apresentação. Em evolução, existiram alguns descompassos que a leveza do desfile compensou. Com isso, mesmo com pequenos problemas, houve uma demonstração de que a escola está mesmo renovada em sua comunidade.

Nos quesitos plásticos, o carnavalesco André Marins reforçou, mais uma vez, que é muito talentoso. O carro abre-alas é, em minha opinião, um dos mais bonitos do ano e impactou de cara. Algumas fantasias e o quarto carro, certamente, não eram do mesmo nível de outros momentos da escola nos quesitos plásticos, mas, no conjunto, a apresentação foi bastante correta e de nível positivo. O ponto negativo é que o enredo poderia ter sido mais bem desenvolvido, especialmente na conexão de setores. Se com um enredo muito mais “complicado” em 2019, o desenvolvimento foi surpreendente é positivo, o mesmo não pode ser dito sobre 2020.

Fantástico abre-alas foi o ponto alto da apresentação da Tom Maior (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Nos quesitos musicais, a bateria de Mestre Carlão teve uma apresentação segura e sustentou com categoria o samba da escola que teve um ótimo início e caiu a medida do andamento da escola. No tocante ao canto da escola, senti uma comunidade que, dessa vez, foi irregular. Algumas alas cantavam com alegria e muita competência. Outras alas, no entanto, cantavam de maneira mais tímida, sem tanto entusiasmo ou cantando apenas os refrães. Pensando no geral, a Tom Maior não conseguiu ser a escola surpreendente de 2018 e 2019, mas terminou segura que demonstrou potencial de ter sua importância para o grupo.


Lutando pelo inédito título, a Dragões da Real entrou no Anhembi como grande favorita ao campeonato e o clima era diferente dos últimos anos em todos os sentidos. Para começar, a torcida da escola deu as caras em ótimo número, contrastando com os últimos anos onde quase não se via torcida da Tricolor. Outro ponto era o samba que, apesar de limitado, era muito animado e teve uma resposta positiva da comunidade e do público. A comissão de frente se recuperou de um desempenho complicado em 2019 e passou a mensagem com correção. Apesar disso, senti falta de uma qualidade maior na coreografia e, até, nas fantasias dos integrantes. O casal, mais uma vez, fez uma segura apresentação com destaque maior para porta-bandeira Evelyn que, apesar de jovem, mostrou que está definitivamente pronta. Em Evolução, os componentes começaram com um andamento muito veloz e chegaram a assustar por isso. No fim, houve uma desacelerada no passo, causando uma irregularidade no quesito.

Última alegoria da Dragões da Real fechou um desfile alegre e bastante competitivo (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Nos quesitos musicais, a harmonia, como de costume, foi em alto nível e comprovou muito do amor dos componentes pelo samba que foi satisfatoriamente cantado na pista, apesar de seus evidentes problemas técnicos. A Ritmo que Incendeia, bateria da escola, começou rendendo, mas a cada paradinha, alguns instrumentos sobravam e o conjunto se prejudicava. Além disso, senti que pelo andamento da escola, o início acabou sendo mais rápido que no fim, o que também causou problemas no ponto de sustentação. Na parte plástica, o enredo foi desenvolvido com correção e contou com várias sacadas inteligentes, como o “ataque de risos” representado pelo ótimo carro abre-alas. Falando em alegorias, o conjunto poderia ter sido melhor, especialmente por conta do carro do Chaplin, mas nada que desabonasse a escola. Em fantasias, tudo foi bem realizado e bem acabado, mesmo que faltasse um brilho especial.

O fim da apresentação foi marcado pela confusão monumental que foi a retirada dos carros da dispersão. Por conta de um problema com um poste da Avenida Olavo Fontoura, algumas alegorias tiveram problemas para sair do sambódromo e tudo isso atrasou a entrada da Mancha Verde em mais de uma hora. De qualquer forma e com a negativa da Liga/SP em punir o problema, a Tricolor terminou sua passagem pela pista credenciada, mais uma vez, para a briga pelo título.


Após um atraso gigantesco e de um início com o Anhembi com parte das luzes apagadas, a atual campeã Mancha Verde fez uma passagem bastante irregular pela pista do sambódromo. O enredo que partiu do versículo bíblico para mostrar que o homem poderia ser o responsável por um mundo melhor, não aconteceu na pista e nem foi, dessa vez, retratado com qualidade nos quesitos plásticos. Por vezes, existia dificuldade para entender o que cada carro e cada ala tinha como significado. Ademais, os carros, especialmente o segundo, tiveram alguns problemas de acabamento, especialmente nas laterais, o que é algo extremamente surpreendente pensando que o carnavalesco era o consagradíssimo Jorge Freitas.

O casal da Mancha Verde foi um dos destaques do ano na apresentação da escola. (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Nos quesitos musicais, o samba, apesar de bastante criticado no pré-Carnaval, rendeu muito bem na pista sendo cantado com garra e amor pelos componentes. Inclusive, um dos destaques da alviverde no desfile foi o quesito harmonia que, finalmente, se igualou a concorrentes como Dragões e Tatuapé, e foi firme e forte do começo ao fim. Sob a nova direção de Guma Sena, a Puro Balanço teve um desempenho de alto nível e mostrou que a mudança fez muito bem para a entidade.

Nos quesitos de dança, a comissão de frente, assim como o enredo, não se mostrou clara na pista e não impressionou. Em casal, Marcelo e Adriana foram muito bem, tendo, inclusive, o melhor ano da dupla na pista. Ela, muito mais rápida que em outros anos, arriscou giros mais ousados e brilhou. Ele, mais convencional, fez uma apresentação segura e correta. Em evolução, alguns pequenos descompassos, especialmente para a entrada da bateria no recuo, mas nada problemático. A apresentação, no conjunto, foi grandiosa e luxuosa e com alguns ótimos momentos como em harmonia, bateria e casal, mas pensando que dez escolas passariam pela pista e a Dragões, escola anterior, tinha ido melhor, era seguro dizer que a briga pelo título parecia longe do povo alviverde.


Quinta a passar pelo Anhembi, o Acadêmicos do Tatuapé fez, mais uma vez, uma apresentação competitiva e capaz de brigar pelo título. No que toca a parte plástica, o trabalho do Wagner Santos é bastante competente. Mesmo com falhas de acabamento em alegoriascertamente ocasionadas pelas fortes chuvas na semana do desfileos carros tinham bom efeito e contavam, com extrema correção, o enredo. Enredo que, aliás, foi bem desenvolvido, apesar das limitações. Senti, no entanto, uma repetição exagerada entre os setores um e três em termos de ideias e concepções plásticas.

Quinta alegoria que fechou um desfile competente do Tatuapé (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Na parte musical, talvez a melhor exibição da Qualidade Especial, bateria da escola, desde 2014. Segura e ousada em paradinhas, sustentou com muita competência o já conhecido ótimo canto da comunidade da Zona Leste. Harmonia, como já dito, foi um ponto forte da apresentação e reforçou o quão forte é o Tatuapé no quesito. A trilha-sonora não era das mais marcantes, mas foi muito melhor do que se imaginava. A obra passou muito bem graças a excepcional interpretação do carro de som liderado por Celsinho Mody que, novamente, se mostrou como um dos melhores do nosso Carnaval.

Já nos quesitos de dança, a comissão de frente, novamente clássica, não conseguiu o efeito planejado, especialmente pela falta de um melhor acabamento nas fantasias dos integrantes, o que prejudicou o grupo. O casal Diego e Jussara foi muito bem e bailou com segurança tendo uma grande atuação pela primeira vez na carreira, o que fez muito bem para a escola. Em evolução, houve um leve descompasso do meio para o fim, mas nada que atrapalhasse o todo e prováveis notas 10 no quesito. No conjunto, o Tatuapé pelos problemas plásticos e pelo samba, poderia não conquistar o campeonato, mas fez um desfile que, discretamente, colocou as credenciais da azul e branco na briga por mais um título.


A Império de Casa Verde foi a sexta escola a se apresentar na primeira noite e foi a principal prejudicada pelo atraso. Contando com carros recheados de efeitos de iluminação, o Tigre entrou com o dia totalmente claro e viu muito do charme preparado ir embora ainda no começo do desfile. As alegorias da Império foram consideradas bem bonitas na concentração, mas não aconteceram na pista, talvezcertamente, creio eupela falta da noite. O carro abre-alas é um dos grandes exemplos de como a luz do dia tirou muito de seu efeito. Apesar disso, não existiu o mesmo cuidado das alegorias no quesito fantasias. Em alguns momentos, houve quedas de pedaços pela pista e soluções, mais uma vez, óbvias por parte do carnavalesco Flávio Campello. Em enredo, o artista conseguiu um resultado melhor que seus últimos três carnavais, mas ainda, sim, abaixo do esperado. Muito sobre o Líbano foi contado com alguns clichês apenas pensando na fácil leitura.

Nos quesitos de dança, a Império, certamente, teve um destaque absoluto. Em 2020, no Grupo Especial, não existiu nenhum casal melhor que Rodrigo Antonio e Jéssica Gioz. De indumentária belíssima, a dupla brilhou, mesmo com uma leve garoa que caía durante a dança, e se afirmou com o desmanche do histórico casal da Mocidade Alegre e sem Pingo e Paulinha, do Vai-Vai, no grupo, como o principal casal da cidade. A comissão de frente liderada por André Almeida foi muito bem e conseguiu, mesmo com clichês, um ótimo efeito. Em evolução, após a passagem do segundo carro, houve um descompasso persistente, mas em meio a evoluções tão problemáticas, não é algo que tenha atrapalhado o conjunto.

Casal da Império foi o principal destaque do quesito no desfiles de 2020 (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Já nos quesitos musicais, senti a Império ainda abaixo das melhores comunidades da cidade em termos de canto. Houve, sim, uma evolução em relação a 2019, mas perto do que a escola já foi entre 2016 e 2018, o canto foi tímido. Em samba-enredo, a apresentação magnífica de Carlos Júnior minimizou muitos dos problemas melódicos e de letra da composição. Já no quesito bateria, a Barcelona do Samba teve, mais uma vez, um seguro desempenho, só tendo um prejuízo leve causado pelo som na entrada do recuo, o que causou, por alguns segundos, problemas no quesito. Por conta dos momentos irregulares em vários quesitos e pela falta de impacto no visual, a Império parecia completamente fora do páreo da briga pelo título, mas um retorno no desfile das campeãs não parecia descartado, dependendo do que viria na sequência.


Fechando o primeiro dia de desfiles, a X-9 Paulistana fez uma apresentação complicadíssima e se credenciou, pelo terceiro ano seguido, a briga contra o rebaixamento. Já sabendo que entraria pela manhã, a Xis apostou num conjunto plástico bastante colorido e recheado de elementos de fácil compreensão, o ponto problemático é que existia muitos, eu diria até que incontáveis, problemas de acabamento. Além disso, o segundo carro que representava a Festa do Divino era acoplado, originalmente, mas se soltou e causaria problemas de punição para a escola. As fantasias eram simplórias, algumas, por exemplo, só tinham costeiros e, por vezes, alguns pedaços caíram pelo chão, o que também causaria perda de ponto. No enredo, pela simplicidade e pela fácil leitura, mesmo com um fio condutor que não ficou tão claro, o resultado foi satisfatório.

Carro abre-alas da X-9 Paulistana. Desfile da escola foi problemático em vários quesitos (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Os quesitos musicais tiveram um belo desempenho da bateria Pulsação Nota 1000 que não foi acompanhado pelo canto da escola. Praticamente todas as alas tinham vários integrantes sem o canto afiado ou canto timidamente, o que não trazia empolgação, principalmente por estar fechando a primeira noite. O samba, por conta das escolhas da ala musical, teve um rendimento tímido e quase não brilhou, perdendo muito das variações melódicas que chamavam a atenção no lançamento da composição. Mas eram nos quesitos de dança que a coisa complicava bastante para a escola da Parada Inglesa.

A comissão de frente, mais uma vez liderada por Yaskara Manzini, não teve bom efeito e em alguns momentos, se mostrou desentrosada, especialmente na apresentação frente ao júri próximo ao setor H. O casal Marquinhos e Beatriz, montado às vésperas do Carnaval após o incidente com a porta-bandeira Lyssandra, não conseguiu um grande entrosamento e errou também. A porta-bandeira, inclusive, parecia muito nervosa em alguns momentos, chegando a andar rapidamente entre as cabines com cara de insatisfação. Já em evolução, a X-9 teve problemas em todos os setores. Buracos, andamento irregular e o problema do desacoplamento da alegoria culminaram numa passagem trágica do quesito. Por conta dos inúmeros problemas e do desempenho ruim em praticamente todos os quesitos, a rubro-verde terminou o desfile como uma seríssima candidata ao descenso.

Os desfiles de sábado

O Pérola Negra começou os trabalhos no Sábado e fez um desfile bastante complicado em vários quesitos e saiu da pista, como candidata séria ao rebaixamento. A Joia Rara contou, mais uma vez, com um trabalho de capricho e cuidado do bom carnavalesco Anselmo Brito, mas sentiu falta de um algo a mais que se espera de uma escola do Grupo Especial. O enredo foi desenvolvido com correção e passou a mensagem com clareza, mesmo com pontos a serem questionados em alguns setores. Gostei também das fantasias que mesmo com os problemas ocasionados pelas enchentes foram coloridas e com um tapete bem bonito de se ver. O problema é que por conta de serem bem trabalhadas, muitas delas deixaram pedaços na pista, especialmente no segundo e no quarto setor. As alegorias eram enxutas, mas bem pensadas. Havia bom gosto e, de certo modo, criatividade ali, mas faltou dinheiro para uma execução mais luxuosa.

Casal do Pérola foi um dos destaques de uma apresentação bastante irregular (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Na parte musical, a comunidade, mais uma vez, falhou feio no canto. Pouca gente passou mais sem cantar nesse ano que o Pérola Negra. Praticamente, todas as alas tiveram algum problema no canto ou um canto que não existiu em trecho nenhum. Nem o bom samba resistiu a uma escola tão apática e caiu drasticamente de desempenho ao longo da apresentação. Já a bateria, comandada pelo ótimo mestre Fernando Neninho foi o ponto de maior qualidade na apresentação, sustentando com muita categoria e brilhando com várias bossas e intervenções de alto nível.

Por fim, nos quesitos de dança, o casal competente formado por Arthur e Eliana fez uma apresentação bastante segura. Eliana, inclusive, foi uma das melhores porta-bandeiras do ano com um bailado marcante e característico pela sua altura. Já a Comissão de Frente, apesar de simpática, errou na execução da coreografia e também não disse, exatamente, a que veio, apenas passando pela pista. Tudo isso, no entanto, ficou pequeno perto dos inúmeros problemas de evolução. Com muitos buracos e uma enorme correria após a passagem do quarto carro, o desempenho no quesito foi desastroso, prejudicando bastante o conjunto. Diante dos problemas e das limitações financeiras, o Pérola saiu da pista se credenciando ao favoritismo na briga contra a queda.


Buscando a afirmação definitiva no grupo, o Colorado do Brás foi à segunda escola a desfilar no Sábado e conseguiu, de certo modo, uma notável evolução em relação a 2019. O desfile sobre Dom Sebastião foi simpático, mesmo em meio a uma plástica bastante questionável. As alegorias eram grandiosas, mas sentiam muita falta de uma melhor escolha de cores e formas. Por vezes, faltou bom gosto, no principal sentido da palavra. Em fantasias, a escola passou bem simplória e evitando problemas de peças caindo e, nesse sentido, foi feliz. Achei que poderia ter tido um cuidado maior na construção das vestimentas, mas tudo passou como entrou. Já em enredo, a ideia foi passada com correção, mas com pontos bastante curiosos como o último carro que tinha o grande homenageado de óculos escuros numa cadeira de praia. Insólito.

Nos quesitos de dança, a evolução da escola foi correta e tiveram, apenas, leves descompassos em alguns setores, principalmente na entrada da bateria no recuo, o que, em minha visão, não chegaria a prejudicar o quesito, principalmente pensando em outras agremiações e na comparação com o Pérola que acabara de passar. Já a Comissão de Frente, ao contrário do ano anterior, não conseguiu o mesmo impacto e foi apenas correta. O casal Ruhanan e Ana Paula foi muito bem, com destaque para a vestimenta que era belíssima. Ruhanan, inclusive, foi um destaque do ano entre os mestres-salas, o que mostra a evolução dele ao longo dos anos.

De linda indumentária, o casal do Colorado foi um ponto positivo da correta apresentação da escola (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Já os quesitos musicais foram bem ruins. O samba, apesar de uma segura interpretação de Chitão Martins, não era dos mais inspirados e não rendeu na pista, apesar da animação da arquibancada durante a passagem da escola. Em harmonia, apesar de uma imensa evolução se comparada ao ano anterior, muitos integrantes ainda passaram sem cantar o samba ou cantando apenas trechos como os dois refrães e o fim da segunda estrofe. Em bateria, a Ritmo Responsa também melhorou, mas ainda não brilhou. Segura e correta, a apresentação era interessante até as paradinhas que não foram boas e ainda comprometeram o desempenho ao longo na parada no recuo, já que até o acerto total, alguns bons minutos se passaram. Pelo conjunto da obra e pelos desfiles de outras escolas, o Colorado não parecia correr muitos riscos de rebaixamento e poderia comemorar a nítida evolução construída.


Lutando pelo título que não chega desde 2003, os Gaviões da Fiel pisaram no Anhembi prometendo arrebatamento e um show de Paulo Barros, carnavalesco consagrado no Rio e estreando em São Paulo, e cumpriram, de certo modo, com o combinado. Nos quesitos de dança, Paulo tentou criar uma comissão de frente impactante, alá Segredo (Unidos da Tijuca 2010), e conseguiria, se falhas não existissem. O problema é que elas aconteceram. Pensada para pegar fogo, as fantasias, por várias vezes, não acendiam e quando acendia, era apenas em alguns integrantes. Uma decepção. No casal, a estreante Gabi Mondjian não conseguiu ser a mesma porta-bandeira dos ensaios. Nervosa, ela errou em frente à cabine do setor H e não conseguiu fazer uma grande apresentação ao lado do mestre-sala Wagner. Em evolução, os Gaviões repetiram a empolgação do ano anterior, mas foram mais comedidos e não tiveram grandes percalços, exceto em pequenos momentos, onde leves claros eram perceptíveis.

Nos quesitos musicais, o samba, limitado tecnicamente, não conseguiu o arrebatamento da fantástica reedição, mas rendeu bem e foi, por vezes, bem cantadoinclusive pela arquibancada que sempre joga junto com a escola. Já a harmonia não foi perfeita. Por vezes, a escola só berrava o refrão e cantava de maneira mais tímida o restante do samba. Em outros momentos, só os dois refrães eram bem cantados. Foi oscilante. Em bateria, não há ressalvas. Mestre Ciro Castilho resgatou completamente a bateria Ritimão e a transformou, com sobras, numa das melhores da cidade e tendo, outra vez mais, um desempenho de alto nível.

O último carro dos Gaviões da Fiel fechou um desfile que entregou uma plástica de altíssimo nível. (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Por fim, nos quesitos plásticos, aí sim, um show de Paulo Barros e Paulo Menezes. As alegorias dos Gaviões foram as mais inspiradas do anoatrás apenas da Mocidade Alegree conseguiram grandes efeitos no público do Anhembi. O último carro que falava sobre o amor dos apaixonados pelo Corinthians e pelos Gaviões foi um dos mais legais do ano e conseguiu unir beleza e a criatividade já conhecida da dupla. As fantasias eram lindas e bem acabadas. O problema é que a escola teve inúmeras peças despencando pela pista, além de costeiros quebrados em várias alas, o que ocasionaria perda de pontos preciosos pensando na briga pelo título. Já o enredo, outrora criticado, foi de fácil leitura e com os setores bem pensados. Não existia uma história com um fio condutor, mas a retratação dos amores foi bem planejada e de bom resultado na pista. Pelo conjunto da obra, os Gaviões não terminavam o desfile como grandes favoritos ao campeonato como em 2019, mas se colocava, junto de Dragões e Tatuapé, com credenciais interessantes na briga pelo título.


Prometendo renascer na pista do Anhembi e mordida após o pior resultado de sua história, a Mocidade Alegre fez uma apresentação arrebatadora e lavou a alma de sua comunidade, de sua torcida e do sambista em geral. O enredo “Do canto das Yabás Renasce Uma Nova Morada” mostrou que a escola gosta de enredo afro e se sente bem assim. Com um desenvolvimento primoroso, Édson Pereira e Márcio Gonçalves só precisavam entregar uma plástica competitiva para cumprirem seu papel. Entregaram mais. Bem mais. Com o conjunto alegórico mais impressionante de sua história, a Morada passou muito bem visualmente. As alegorias eram lindíssimas. É difícil escolher o carro mais bonito do desfile, mas o carro da Iemanjá, que era o segundo, é dono de uma imagem eterna para a rubro-verde. Em fantasias, a escola, mais uma vez, brilhou. Com um belíssimo conjunto e com uma divisão cromática arrebatadora, nada, no que era relacionado a plástica, esteve abaixo do incrível.

Segundo carro era o mais bonito do ano em São Paulo. Mocidade terminou o desfile como favorita (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Na parte musical, o melhor samba do ano foi interpretado com brilhantismo por Igor Sorriso e o carro de som. Afastando-se dos problemas dos ensaios, o canto da comunidade acompanhou o impacto visual. Com muita força, a escola parecia se livrar de um fantasma a cada passada do verso “Nossa Morada Renascerá”. Era como se o componente tivesse passando uma borracha definitiva dos problemas de 2017 e, especialmente, 2019. A Ritmo Puro não teve a mais inspirada de suas apresentações, mas passou razoavelmente bem. Sem grandes ousadias no andamento, a bateria com correção os paradões sem atrapalhar, de maneira alguma, o conjunto da obra do desfile.

Já nos quesitos de dança, mais uma vez, um desempenho bem satisfatório. A Comissão de Frente, liderada por Jhean Alex e Renan Rodrigues, foi a mais brilhante do ano e conseguiu traduzir todo o início do enredo com perfeição. O casal de mestre-sala e porta-bandeira formado pelo estreante Uilian e a consagrada Karina teve um bom desempenho mesmo sem brilhar. Cumprindo o regulamento, a dupla era mais um quesito campeão num desfile que tiveram vários assim. Já a evolução, por conta do canto empolgado, teve pequenos percalços, especialmente em algumas invasões de alas e a uma leve demora na entrada da bateria no recuo. De qualquer forma, os problemas de 2019 no quesito, nem de longe, perturbaram a escola do Limão. Com um conjunto impactante e vários quesitos de escola campeã, a Mocidade ainda levantou o público em inúmeros momentos e deixou a pista como a maior favorita ao campeonato. Um desfile que fez a Morada, de fato, ressurgir.


Quinta escola a desfilar, o Águia de Ouro sonhava com o primeiro título e contava com a chegada de Sidnei França, carnavalesco consagrado na Mocidade Alegre, para conquistar o título. O desfile do povo da Pompeia foi bem diferente do que estávamos acostumados nos anos recentes. Solta, a escola cantou, como de costume, forte do início ao fim e mesmo com um samba que esteve longe de ser brilhante, a escola teve nos quesitos musicais muito de sua força. A bateria de Mestre Juca ousou e conquistou a arquibancada, que mesmo cansado de vibrar muito com Gaviões e Mocidade, também jogou junto com o Águia. Em relação à harmonia, como já mencionado, a escola cantou forte e sem cair em nenhum momento da apresentação. O samba, mesmo com os problemas técnicos, passou bem, muito pela ótima interpretação do trio de cantores (Tinga, Douglinhas e Darlan) e pelo canto firme dos componentes.

Nos quesitos plásticos, senti a escola com alguns problemas em fantasias. Existiram peças que caírampoucas, bom frisare alguns costeiros quebrados ao longo da passagem. Já as alegorias, essas sim, tinham graves problemas de acabamento, principalmente no terceiro e quinto carros e no tripé trazido pela escola no meio de uma ala. Já em enredo, a grata surpresa. Sidnei França é um especialista do quesito e mostrou que os prognósticos estavam errados. Desenvolveu uma mensagem com muita correção e apresentou com clareza tudo que queria. O quarto carro que mencionava Paulo Freire é uma das mais agradáveis surpresas do Carnaval.

Quarto carro do Águia de Ouro foi um destaque de um conjunto alegórico criativo e problemático (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Nos quesitos de dança, a Comissão de Frente comandada por Anderson Rodrigues foi interessante, especialmente na coreografia, mas seu elemento estava muito mal acabado e com falhas aparentes. Além disso, houve um descompasso já no fim da apresentação para a cabine do júri do setor H que era passível de penalidade. O casal João Carlos e Ana Reis foi muito bem e mostrou os motivos que os credenciam sempre a serem citados entre os melhores do quesito na cidade. A evolução teve dois graves descompassosum em frente ao terceiro carro e outro na frente do abre-alasque poderia prejudicar, mas foi constante e com uma desenvoltura que não era comum na escola. Pelo conjunto, o Águia parecia mais credenciado ao desfile das campeãs do que ao inédito título, mas foi uma apresentação agradável que reforçava como a escola e o seu carnavalesco tem enorme potencial.


Tentando manter a evolução com base no resultado do ano anterior, a Unidos de Vila Maria foi à sexta escola a desfilar no Sábado com o enredo sobre a China. Em termos visuais, a apresentação da Vila Mais Famosa foi bastante complicada. Não que faltasse acabamento ou grandiosidade nas alegorias, mas faltou o resto todo. Faltava bom gosto, faltou uma escolha de cores melhor, faltou uma concepção mais inspirada…, em resumo, faltou bastante coisa. Nas fantasias, as concepções foram menos “ousadas”, o que garantiu um efeito ligeiramente melhor, mas em termos de bom gosto, nada parecia fluir no aspecto visual. Nem mesmo o enredo, repleto de obviedades, era dos mais bem desenvolvidos. Senti a ausência de um algo além, de algum ponto que fugisse da obviedade. Não rolou.

Nos quesitos musicais, apesar de um esforço sobrenatural da ótima bateria de Mestre Moleza e do intérprete Wander Pires, o samba não conseguiu render. A comunidade cantou, timidamente é verdade, o samba, mas em nenhum momento houve qualquer interação feliz entre escola, público e a obra, o que transformou a apresentação numa arrastada passagem. Portanto, como já dito, a Cadência da Vila foi o destaque no módulo musical e garantiu mais um ano entre as melhores da cidade. Já a Harmonia, essa sim, poderia ter sido melhor, mas foi o suficiente para ficar a frente de escolas como Pérola, X-9, Colorado e Barroca.

Segunda alegoria da Vila Maria: Escola não foi bem nos quesitos plásticos. (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Já nos quesitos de dança, a evolução da escola, mais uma vez, foi uma das melhores do ano. Foi constante e quase sem deixar espaçamentos. Claro que, em alguns momentos, existiram problemas de andamento, mas nada grave ou problemático. A comissão de frente, apesar de ótima indumentária, não foi das mais inspiradas e também não conseguiu demonstrar exatamente o que queria contar, sem a ajuda de um roteiro. Por fim, o estreante casal Bruno e Tatiana não foi dos mais inspirados do ano. Ele, apesar do inegável talento, parecia muito apressado nos movimentos, enquanto ela, pelo peso da fantasia, parecia mais lenta. Foi uma apresentação que poderia ter sido melhor. No conjunto, a Vila Maria, novamente, fez um desfile para a parte final da tabela, mas foi bastante correta nos quesitos Harmonia e Evolução e, por conta disso, poderia, quem sabe, surpreender na apuração.


Para fechar os desfiles do Grupo Especial, o Rosas de Ouro. A azul e rosa fechou o Grupo Especial com muita alegria e superou até mesmo os problemas de acabamento que eram visíveis. Nos quesitos plásticos, a Roseira teve problemas. As fantasias eram bem pensadas em sua maioria e contavam, com correção, o enredo da escola. Apesar disso, houve, como em muitos desfiles, problemas de peças caindo e alguns costeiros que ficaram pelo caminho. O fantasia do segundo mestre-sala é um exemplo mais notório. As alegorias, por outro lado, foram os pontos de maior problema. Por vezes, foi nítido ver carros com acabamento problemático, especialmente nos segundo e quarto carros. Em relação ao enredo, o desenvolvimento foi interessante e mostrou com clareza, a mensagem da relação do homem com a modernidade.

O simpático robô da Roseira apareceu na Comissão de Frente; Desfile foi bem agradável e fechou bem o Carnaval de São Paulo (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Nos quesitos de dança, também existiram oscilações. Se a Comissão de Frente foi bem idealizada e criativa, pecando apenas no acabamento do elemento alegórico e das indumentárias, a evolução era problemática desde o início. Mesmo bem solta e empolgada pelo ótimo samba, a comunidade errou bastante no quesito e teve graves problemas, principalmente, após a entrada da bateria no recuo. Em frente aos terceiro e quarto carros, clarões apareceram e fatalmente poderiam prejudicar as notas na apuração. Já o casal de mestre-sala e porta-bandeira foi muito bem, com destaque para Isabel Casagrande que, mais uma vez, fez uma apresentação de muita elegância e graciosidade.

Nos quesitos musicais, o grande destaque da escola. Com um canto impressionantemente forte, a comunidade mostrou que se entregou ao lindo samba que cantou com extrema competência o enredo. Por vezes, era até natural ver uma empolgação tão grande que alguns componentes pulavam durante a apresentação. A trilha, como já era esperado, foi muito bem cantada e executada, deixando a pista como um das três melhores em termos de rendimento. Tudo isso foi sustentado por uma bateria de ótima noite. Com instrumentos muito bem afinados e naipes claros, os comandados de mestre Rafa deram um show e reafirmaram a evolução do quesito nos últimos anos. Por conta da irregularidade plástica, nem mesmo um show do chão de uma das mais tradicionais agremiações de São Paulo colocaria a Roseira na briga pelo título, mas foi um desfile muito gostoso de assistir e fechou com competência o Carnaval de São Paulo em 2020.

Grupo de Acesso

O nível do Grupo de Acesso prometia bastante apenas pela presença de Vai-Vai, principalmente, e Acadêmicos do Tucuruvi no grupo e conseguiu entregar. Com, pelo menos, quatro bons desfiles, o conjunto foi bastante satisfatório. Nem mesmo a não presença da Independente no julgamento atrapalhou a competitividade do grupo. Ao fim dos desfiles, Vai-Vai, Tucuruvi, Mocidade Unida da Mooca e Estrela do Terceiro Milênio dividiam o favoritismo dos especialistas.

A Independente Tricolor foi a primeira escola a desfilar. Sem participar da disputa, a escola passou apenas com um carro pela pista do Anhembi e várias fantasias que faziam alusão ao incêndio ocorrido em seu barracão no mês de Outubro. Foi um momento marcante para os presentes.

Segunda a adentrar a pista, a Estrela do Terceiro Milênio subiu o sarrafo e mostrou credenciais interessantes na briga pelo acesso. Com um bom conjunto visual e um enredo de fácil leitura, a coruja competiu bem no seu retorno ao grupo. Faltaram quesitos de chão e samba para que o desfile fosse ainda melhor, mas, de qualquer forma, estava no páreo.

A Nenê de Vila Matilde foi a terceira a desfilar e fez um dos mais tristes desfiles de toda a sua história. Com um conjunto plástico bem ruim e de pouco impacto, nem mesmo o forte chão resistiu. Por vezes, foi possível ver um canto mais tímido dos componentes. Além dos problemas plásticos, os quesitos comissão de frente e casal também não eram dos melhores. Era candidata a cair.

A Leandro de Itaquera foi a escola seguinte na pista do Anhembi e, ao lado da Nenê, foi mais uma a se credenciar pela briga contra o rebaixamento ao Acesso II. Com um visual problemático, nem mesmo o belíssimo samba se salvou. Além disso, quesitos como mestre-sala e porta-bandeira e bateria também não tiveram um grande desempenho. No conjunto da obra, foi melhor que a Nenê, mas o rebaixamento não estava descartado.

Lutando para confirmar o favoritismo do pré-Carnaval, a Mocidade Unida da Mooca fez um belo desfile plasticamente, mas escorregou nos quesitos de chão. Com uma harmonia tímida e uma evolução problemática, a rubro-verde se prejudicou na briga por uma vaga no Grupo Especial. Nem mesmo o ótimo enredo e samba credenciava totalmente a escola. No conjunto, poderia subir, mas teria que secar as principais concorrentes que não tinham desfilado.

O lindo abre-alas do Tucuruvi mostrou que a escola estava pronta para voltar para o grupo de elite. (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

O Acadêmicos do Tucuruvi, mais ou menos como o Águia de Ouro em 2018, fez um desfile de Grupo Especial no Acesso. Pontuando claramente que é um desfile menor, a escola teve vários quesitos de alto nível. Alegorias e fantasias eram grandiosas e bem acabadas. Ademais, os desempenhos de evolução e bateria também foram ótimos. Se ninguém se consolidava como favorita a vaga no Especial até então, o Zaca o fez.

Homenageando Carlinhos Brown, o Camisa Verde e Branco fez um ótimo desfile nos quesitos de chão, mas sentiu falta de uma plástica melhor para brigar pelo retorno a elite. Os quesitos de Comissão de Frente e casal também poderiam ter sido melhores, o que contrastou com uma ótima bateria e uma harmonia de altíssimo nível. No geral, o Trevo ficava a principio, apenas no meio da tabela.

O ótimo casal de mestre-sala e porta-bandeira do Vai-Vai mostrou que a escola possuía quesitos do nível exigido pelo Grupo Especial. (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Falando de seus noventa anos e fechando os desfiles, o Vai-Vai fez uma apresentação problemática em alegorias que foi compensada por um sacode daqueles que o Acesso nunca viu. Do primeiro ao último minuto, a Saracura levantou o público com uma apresentação muito forte nos quesitos de pista. Casal, Harmonia, Evolução e bateria se apresentaram em nível de Grupo Especial. Era bastante candidata ao acesso.

Com as apresentações encerradas, o favoritismo era dividido entre Tucuruvi, Vai-Vai, Mooca e Milênio. Existia, em minha visão, uma ligeira diferença entre as duas primeiras em relação às duas últimas, mas tudo parecia bem equilibrado, até pelos erros de todas em algum quesito. O rebaixamento, no entanto, parecia destinado para Nenê ou Leandro, com favoritismo para a escola da Vila Matilde. A Independente não seria julgada e o Camisa parecia seguro no meio da tabela. Mais uma vez, a apuração confirmou as expectativas, mas com algumas surpresas. O Vai-Vai e o Tucuruvi retornaram ao Grupo Especial com pontuação máxima, o que causou desconforto de muitos com algumas notasespecialmente as de alegoria da Saracurae foram seguidas por Estrela do Terceiro Milênio, Mocidade Unida da Mooca, Camisa Verde e Branco e Leandro de Itaquera. A sétima e última posição ficou com a Nenê de Vila Matilde que, pela primeira vez em sua história, foi rebaixada ao Grupo de Acesso II (terceira divisão do Carnaval Paulistano) atingindo o ápice da maior crise de sua história.

Falando em Grupo de Acesso II, o grupo ficou marcado pelas punições de Peruche e Imperador que foram alijadas, de antemão, da briga pelo retorno ao Acesso I. Sem elas pelo caminho, a briga ficou entre Morro de Casa Verde, Camisa 12 e Dom Bosco de Itaquera. Numa apuração equilibrada, a verde e rosa da Casa Verde conseguiu o retorno ao Acesso I onde não desfila desde 2016. Nesse grupo, o rebaixamento ficou por conta da Flor de Vila Dalila que dará lugar ao Brinco da Marquesa, campeã do Grupo Especial de Bairros organizado pela UESP, na passarela do Anhembi em 2021.

Repercussão e Apuração do Grupo Especial

A apuração

Ao fim da maratona de desfiles, era praticamente unânime, o favoritismo da Mocidade Alegre ao título. A escola do bairro do Limão venceu o tradicional troféu Nota 10, de melhor escola, entregue pelo Diário de São Paulo. No prêmio entregue pela SASP, a escola não venceu como melhor escola, mas venceu em três categorias (samba, alegorias e intérprete). Já no Estrela do Carnaval, do site Carnavalesco, os prêmios foram para samba-enredo e comissão de frente. As principais ameaças ao título da Morada eram os Gaviões da Fiel, vencedores do prêmio de melhor escola na SASP, a Dragões da Real e o Acadêmicos do Tatuapé. Correndo muito por fora, apareciam o Águia de Ouro com seu desfile técnico e a Mancha Verde, premiada pelo site Carnavalesco, com seu luxo imponente.

Abre-alas da Mocidade Alegre; Escola terminou como favorita da crítica especializada (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

A apuração, no entanto, já começou esquisita. Alegando quebra de decoro, um jurado do quesito Alegoria foi desconsiderado do julgamento antes mesmo da abertura das notas, ainda na tradicional reunião do sorteio dos quesitos, realizada na segunda-feira de Carnaval na sede da Liga. Além disso, a X-9 Paulistana, pelo desacoplamento de seu carro, perderia 0,5. A Dragões da Real, como já tinha sido dito pelo presidente da Liga ainda durante o desfile de sexta-feira, não levou nenhuma punição pelos problemas causados na dispersão e o consequente atraso para as demais apresentações de sexta.

Na leitura de notas, ainda no primeiro quesito, algumas surpresas. Ao contrário dos últimos dois anos, apenas três escolas (Águia, Mancha e Tatuapé) passaram ilesas e garantiram a pontuação máxima. Nos três quesitos seguintes (Comissão de Frente, Samba-Enredo e Harmonia), o equilíbrio se mantinha com apenas o Tatuapé passando com pontuação máxima, seguida, com apenas 0,1 de vantagem, por Dragões da Real, Mocidade Alegre, Rosas de Ouro, Vila Maria, Mancha Verde, Barroca Zona Sul e Águia de Ouro.

No quinto quesito, Evolução, algumas ligeiras mudanças. O Tatuapé, novamente, seguia com a pontuação máxima, mas as perseguidoras mais próximas passaram a ser Rosas de Ouro e Vila Maria, com Águia de Ouro e Mocidade Alegre logo atrás, no desempate, todas com apenas 0,1 a menos que a líder. A Dragões da Real e a Mancha Verde ficaram a 0,2 em sexto e sétimo lugares, ao fim desse quesito. O quesito mestre-sala e porta-bandeira provocou a penúltima reviravolta da apuração. Seguia a liderança do Tatuapé, mas apenas com Águia de Ouro e Mocidade Alegre a 0,1 e Dragões da Real e Mancha Verde a 0,2. Rosas de Ouro e Vila Maria perderam um décimo cada e se afastaram do pelotão inicial. Além da briga pelo título acirrada, chamava a atenção o fato dos Gaviões da Fiel, cotados por público e crítica a briga pelo título, estarem, ate então, na zona do rebaixamento.

No sétimo quesito enredo, tudo se manteve como estava no quesito anterior na parte de cima e de baixo da tabela. A liderança, com pontuação máxima, seguia com o Tatuapé, Águia e Mocidade estavam a 0,1 e Mancha e Dragões a 0,2. Nas últimas posições, os Gaviões da Fiel e o Pérola Negra começavam a se aproximar do rebaixamento. Só que o oitavo quesito e a falta do descarte mudou tudo. O quesito alegoria simplesmente bagunçou a apuração. A liderança saiu das mãos do Tatuapé e foi parar no Águia de Ouro, o segundo lugar passou a ser da Mancha Verde com 0,1 de diferença. Também 0,1 atrás, a Mocidade Alegre estava empatada com a ex-líder Tatuapé. O quinto lugar era da Dragões da Real que era seguida de perto por Roseira e Vila Maria. Na briga contra o rebaixamento, os Gaviões conseguiram pontos fundamentais e saíram da zona de descenso. Em seu lugar, ficou a X-9 que se uniu ao Pérola no fim do oitavo quesito.

O último quesito ratificou o inédito título do Águia de Ouro que terminou com 269,9. Em segundo lugar veio a Mancha Verde que terminou com 269,8. Na sequência vieram Mocidade Alegre, Acadêmicos do Tatuapé, Unidos de Vila Maria, Dragões da Real, Rosas de Ouro, Tom Maior, Império de Casa Verde, Barroca Zona Sul, Gaviões da Fiel, Colorado do Brás e as rebaixadas X-9 Paulistana e Pérola Negra. A nota curiosa é que a X-9 Paulistana, caso não tivesse perdido 0,5 antes da apuração, terminaria a apuração em décimo primeiro lugar, na frente dos Gaviões da Fiel e, por tabela, rebaixando o Colorado do Brás.

Inédito título do Águia de Ouro premia, mais uma vez, o não-erro e o pragmatismo. (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

A apuração equilibrada não afastou a sensação de pouca credibilidade do resultado oficial. Por mais que existissem bons quesitos e boas coisas no desfile da campeã Águia de Ouro, seu título foi construído pelo não julgamento de samba-enredo que tirou qualquer chance da Mocidade Alegre construir uma vantagem segura que lhe desse o título, mesmo com alguns percalços. Além disso, a pontuação da X-9 Paulistana que, de longe, fez o pior desfile ser idêntica a dos Gaviões da Fiel é outra demonstração de como a Liga encara quem ousa ou tenta o diferente na terra do pragmatismo. E assim, desse jeito, vamos destruindo os sopros de criatividade restantes no sambódromo do Anhembi.

Repercussão

Mais uma vez, a sensação de equilíbrio foi preponderante ao fim da apuração. O inédito título do Águia de Ouro causa, outra vez, a sensação de que a vez é das escolas que se prepararam para a conquista. A escola da Pompeia, dona da maior quadra da cidade e de uma comunidade apaixonada, já merecia conquistar o título, mas a pergunta que fica é: Deveria ser nesse ano? Isso vai mudar o Águia para o futuro? O que isso reflete no Carnaval de São Paulo?

A primeira pergunta tem uma óbvia resposta e ela é negativa. É ruim para o Carnaval de São Paulo e para o próprio Águia vencer nesse ano. Não pelo título em si, ele é maravilhoso e, repito, premia uma comunidade merecedora que é apaixonada pela escola e faz, sem nenhuma dúvida, o verso “nada se compara a esse amor” valer em qualquer apresentação que faça. O problema é que o Carnaval 2020 não fica marcado como o Carnaval do Águia. O Carnaval 2020 fica marcado pela impactante estreia de Paulo Barros no Anhembi e o renascimento e a reconexão da Mocidade Alegre com os desfiles que entram pra sua história. Só por isso, não é bom, por mais que o sabor da conquista esteja doce e seja eterno. A conquista do Águia terá, eternamente, a marca que sua conquista não representa o que foi o ano em São Paulo.

Título do Águia pode reforçar precedente perigoso para o Carnaval do Anhembi (Foto: Adriano Moraes/Recordar É Viver)

Mesmo assim, é muito importante que esse título possa mudar o perfil da comunidade da campeã. Nesse ano, estive em treze das catorze quadras do Grupo Especial e nada me assustou mais que o povo da Pompeia. Reitero que o amor deles pelo pavilhão é impressionante e é lindo de ver, mas a escola não sorri. Os componentes, simplesmente, pareciam estar ali desesperados pelo título e fazendo qualquer coisa para que ele viesse. Penso que Carnaval é estar feliz realizado e, acima de tudo, se sentindo bem por estar dentro dele. Tudo isso, infelizmente, eu não senti no ensaio que fui à linda quadra da Pompeia e ao longo dos últimos anos. Que o título mude isso. É fundamental!

Por fim, temo que o campeonato da azul e branco reforce a síndrome que parece se alastrar no Carnaval de São Paulo onde a pasta bem-feita e ensaio a exaustão signifique merecimento em resultado. São Paulo, ali na década de 90 e na metade dos anos 2000, chegou a ter ótimas safras de samba-enredo e enredo pela imensa criatividade que era impregnada no Carnaval. O próprio Águia de Ouro, por exemplo, fez um desfile inesquecível em 2007 sobre os artesões onde, apesar dos problemas plásticos, o samba e o desempenho da bateria ficaram para a história da escola. O quarto lugar foi muito comemorado não apenas pela posição, mas pela valorização de um grande desfile. Fica o meu questionamento: Esqueça as posições finais. Será que o Carnaval 2020, do jeito que foi, orgulha mais o componente da Pompeia que o Carnaval de 2007? Tenho a nítida impressão que não e isso, pra mim, só reforça o quanto um resultado como o desse ano pode ser perigoso e trazer, ainda mais, tempos sombrios para quem ama escola de samba e ama o Anhembi.

Curiosidades

  • Pelo 21º ano seguido, o Carnaval de São Paulo teve transmissão na íntegra pela TV Globo. A equipe de 2020 teve uma novidade em relação aos últimos anos. Chico Pinheiro seguiu comandando a narração, mas teve a repórter Michelle Barros, ao seu lado. Michelle era repórter do Carnaval nos últimos anos e entrou no lugar de Monalisa Perrone que deixou a TV Globo no fim de 2019. Os comentários seguiram por conta de Celso Viáfora, Alemão do Cavaco e Ailton Graça.
  • A transmissão do Grupo de Acesso e do desfile das campeãs ficou por conta do Youtube oficial da Liga/SP.
  • O desfile das campeãs foi realizado no Sábado, coincidindo com o desfile das campeãs do Rio de Janeiro. É a primeira vez desde 2002 que isso aconteceu.
  • O 11º lugar foi o pior resultado dos Gaviões da Fiel desde 2008, quando retornou, pela última vez até agora, do Grupo de Acesso.
  • O 9º lugar foi o pior resultado da Império de Casa Verde desde 2012 quando falou sobre a ótica. Essa colocação representa também, o terceiro pior desempenho do Tigre desde que virou escola de Grupo Especial.
  • É o quinto carnaval seguido que nenhuma escola do trio Mocidade Alegre, Rosas de Ouro e Vai-Vai vence o Carnaval de São Paulo. Isso é absolutamente INÉDITO na história. O máximo de espaçamento de títulos do trio tinha acontecido entre 74 e 77 no tetracampeonato do Camisa Verde e Branco e entre 2016 e 2019. Com o resultado de 2020, o recorde foi quebrado.
  • Esse é o décimo Carnaval sem campeonato para o Rosas de Ouro. Já é o segundo maior jejum da história da escola depois do primeiro título. Só perde para o período entre 1994 e 2010.
  • Esse é o sexto Carnaval sem campeonato para a Mocidade Alegre. O maior jejum da história da escola aconteceu entre 1980 e 2004, o segundo maior aconteceu entre 1973 e 1980. Se não vencer em 2021, igualará o segundo.
  • É a terceira vez em nove anos que a Dragões da Real ficou de fora do desfile das campeãs. Em 2012, a estreia da escola, ela ficou em sétimo. Em 2016 e 2020, ela ficou em sexto. Nos dois casos, perdeu o quinto lugar para a Unidos de Vila Maria.
  • O inédito título é, por motivos óbvios, a melhor posição da história do Águia de Ouro. A escola jamais havia ficado acima do terceiro lugar conquistado em 2013 e 2014.
  • O título do Águia também registra o primeiro título da carreira de Juca, mestre de bateria, Anderson Rodrigues, coreógrafo de comissão de frente, João Carlos e Ana Reis, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Tinga, em São Paulo, e Douglinhas Aguiar, intérpretes.
  • É o segundo título da carreira de Darlan Alves, cantor do Águia. Darlan, que estava desempregado até Dezembro, já tinha conquistado o campeonato em 2010 pelo Rosas de Ouro.
  • Sidnei França, carnavalesco, conquistou o quinto título de sua carreira e, além disso, pela primeira vez ficou na frente de sua ex-escola, a Mocidade Alegre. Em todos os outros três anos, tinha ficado atrás da Morada.
  • O quinto título de Sidnei faz com que ele empate com Jorge Freitas como o carnavalesco mais vencedor da cidade. Jorge venceu em 2002, 2003, 2010, 2016 e 2019. Sidnei, além de 2020, ainda venceu em 2009, 2012, 2013 e 2014. Sidnei também registra dois títulos como enredista em 2004 e 2007, os dois pela Mocidade Alegre.
  • A Mancha Verde foi, pela primeira vez, segunda colocada no Grupo Especial. A escola que era a atual campeã já tinha terminado em segundo no Grupo de Acesso em 2003, mas nunca no Grupo Especial.
  • A permanência do Colorado do Brás registra o terceiro ano seguido da escola na elite. Fato este que não acontecia desde os anos 80. A única vez que a escola participou do Especial por três anos seguidos foi em 86/87/88. Se permanecer em 2021, a escola quebrará esse recorde.
  • O Pérola Negra registrou o quarto rebaixamento em nove anos. As quedas foram em 2012, 2014, 2016 e 2020. A escola venceu o Acesso em 2013, 2015 e 2019. Só ficou no mesmo grupo entre 2017 e 2019.
  • Segundo rebaixamento da X-9 Paulistana em cinco anos. Antes disso, a escola tinha uma sequência de vinte e dois desfiles seguidos na elite entre 1995 e 2016.
  • Pela primeira vez, desconsiderando viradas de mesa, por dois anos seguidos, a escola que abre a sexta-feira permanece no Grupo Especial. São vinte e um anos nesse formato de dois dias e somente agora isso acontece com Colorado (2019) e Barroca (2020). Antes disso, em 2002 (Vila Maria) e 2003 (Barroca) já tinham permanecido abrindo os desfiles, mas a segunda só conseguiu isso através de uma virada de mesa.
  • Vai-Vai conquistou o título do Grupo de Acesso e vai abrir em 2021, pela primeira vez, um desfile no sambódromo do Anhembi.
  • O 3º lugar no Grupo de Acesso foi a melhor colocação da história do Estrela do Terceiro Milênio, repetindo o que aconteceu em 2013.
  • O 4º lugar no Grupo de Acesso é a melhor colocação da história da Mocidade Unida da Mooca.
  • O 7º lugar e o, consequente, rebaixamento é a pior colocação da história da Nenê de Vila Matilde. A escola jamais tinha ficado fora dos dois primeiros grupos do Carnaval Paulistano.
  • Unidos do Peruche e Nenê de Vila Matilde foram rebaixadas no Grupo Especial em 2009 e 2011 juntas e retornaram a elite também juntas em 2010, agora estarão juntas no Grupo de Acesso II. A Filial do Samba ficou em sexto lugar e não conseguiu a promoção ao Grupo de Acesso I.