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23 de fevereiro de 2012, nº 16, ano IV LAMA
Pelo curto tempo que
você sumiuNota-se aparentemente que você subiu Mas o que eu soube a seu respeito Me entristeceu, ouvi dizer Que pra subir você desceu Você desceu Todo mundo quer subir A concepção da vida admite Ainda mais quando a subida Tem o céu como limite Por isso não adianta estar No mais alto degrau da fama Com a moral toda enterrada na lama O
carnaval de 2012 começou ótimo. Todas as escolas
dos grupos especial e de acesso fizeram bons desfiles. Mesmo as que
tinham pretensões de colocações
menores e que pecaram em pontos específicos e pontuais,
fizeram desfiles divertidos e interessantes.
A Mocidade sagrou-se campeã com um ótimo samba, bateria, carros, comunidade cantando forte. Império deu um show no chão, Tucuruvi deu um show no visual, Vai-Vai desfilou no limiar da perfeição, como de costume. Águia de Ouro fez um ótimo desfile, apesar da correria, X-9 se superou na realização do enredo patrocinado mais ou menos, fazendo um desfile agradável e divertido e melhorando a situação financeira de quem está perdendo a quadra. No acesso, a Nenê foi campeã incontestável. Tatuapé subiu com um chão e bateria invejáveis, empatada com a Leandro de Itaquera. Zona Leste representando forte bem no primeiro ano em que está totalmente fora da elite do carnaval. Mas nada disso merece ser lembrado. Acho que a atitude mais sensata seria enterrar 2012, esquecer que esse ano existiu. Os fatos da apuração do grupo especial, rasgo de notas (absurdas), vandalismo generalizado, queima de carro alegórico de escola co-irmã, tudo isso é motivo de entristecer qualquer sambista ou pessoa que valorize minimamente a arte e cultura popular. Qualquer resultado que sair dessa apuração lamentável é nojento. Como sambista, me sinto envergonhado e triste. Depois disso, as pessoas reclamando do júri roubado que deu nota baixa a suas escolas soam como urubus querendo arrancar lascas do corpo do falecido, o samba. Não comentarei os desfiles, nem farei mais uma edição do irreverente troféu Pomba do Rosas. A letra do samba de Clara Guerreira que iniciei a coluna traduz o que sinto hoje, após toda essa lama em que mergulharam o Carnaval de São Paulo. Festa esse ano mesmo, só lá no céu, no Palácio da Chica, pra onde foi o samba. Aqui, estamos todos de luto. Zona Leste somos nós! |
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