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14 de fevereiro de 2012, nº 15, ano IV TENSÕES PRÉ-CARNAVAL A
virada do ano traz consigo uma gostosa sensação a todo sambista: "estamos
próximos do carnaval!". Venda de ingressos, ensaios técnicos, novo anúncio
da Fábrica do Samba e cobertura da mídia especializada avolumam-se durante
esses pouco mais de um mês e meio que separam o início do ano dos três dias de
momo. Em
mais um ano com a Ingresso Fácil vendendo os ingressos do carnaval paulistano,
os mesmos problemas dos anos anteriores se repetiram: venda de ingressos à meia
entrada apenas pela bilheteria do Anhembi, na qual "o sistema caiu" é
a justificativa padrão. No
primeiro dia de vendas, pessoas que chegaram no horário de abertura da
bilheteria foram embora pra casa já à noite (à noite no sentido de já escuro,
no horário de verão mesmo, por volta das 20hs), sem os ingressos. Pelo menos,
pôde-se deixar os nomes anotados num papel e retornar no dia seguinte para
pegar os ingressos, inclusive em meia entrada (importante pra quem foi
acompanhado de várias pessoas que iam pagar meia entrada, mas essas pessoas não
poderiam voltar depois. Pode-se pegar os ingressos meia para outras pessoas,
desde que estivesse lá no primeiro dia). Nos
demais dias, o problema foi menor -já que maior seria bem difícil de acontecer.
Nunca imaginaria que venda de ingressos seria caso de polícia! Quanto
ao preço, subiram de novo, como sobem todo ano -como o preço de todas as coisas
sobem todos os anos. Mantenho minha opinião de cima do muro: como grande
evento, os ingressos são baratos. Nenhum show com o mesmo público tem ingressos
nem pelo triplo do preço. Mas, como festa popular, para muitas pessoas, é um
dinheiro considerável. Ainda mais com o sacrifício quando não querem vender
meia entrada... Esse
ano, apesar de ter chovido menos e não se ter notícias de barracões alagados,
três pegaram fogo. Mancha Verde, Vila Maria e Mocidade Alegre, respectivamente,
sofreram com os incêndios, que destruíram parte dos trabalhos para o próximo
carnaval. No caso desta última, o fogo afetou a estrutura do Viaduto Pompeia,
onde eram feitos os carros. Não preciso me ater em explicar o estado dos
barracões em que nosso carnaval é produzido. Ratos e demais pragas urbanas são
fieis frequentadores de muitos deles... Após
essa onda de incêndios por vários barracões, finalmente o Sambista Imortal e
sua não menos sambística equipe de governo anunciaram um reforço milionário para
a concretização da Fábrica do Samba paulistana, além de lançar oficialmente o
empreendimento em seu canteiro de obras. Não sei ao certo se as autoridades
utilizaram isso como palanque para angariar votos dos sambistas - estamos em
ano eleitoral e o Sambista Imortal deve querer fazer um sucessor de sua
"tão aprovada" gestão. O fato é que a obra já foi reanunciada
inúmeras vezes e só ficarei convencido de sua execução quando os primeiros
chassis das escolas do grupo especial ocuparem os novos galpões e a primeira
festa de sambistas seja realizada no espaço. Sobre
os ensaios técnicos, apesar de não ter ido ao de muitas escolas, pude
acompanhar um bom número deles, tanto na concentração quanto nas arquibancadas
do lado da Olavo Fontoura (exceto o setor A, que não abre). Além
de ensaios técnicos com cara de ensaio técnico (comissão de frente, bateria,
casais, alas etc.) e alguns incidentes extraordinários, o que chama a atenção é
(parte
da) imprensa especializada e alguns sambistas de variadas escolas
que se influenciaram demais lendo Poliana. Poucos
ensaios são perfeitos, é natural que isso aconteça -são ensaios. E poucos
eventos, mesmo "eventos auxiliares" e de menor divulgação, como os
ensaios técnicos, são livres de ocorrências -já que são o encontro de várias
pessoas, sem identificação ou restrições. Depois
de ver vários ensaios bons e vários médios, ou até ruins, lia notícias sobre e,
bem, todos foram magníficos. Por vídeos, áudios e notícias – fica o meu
agradecimento ao pessoal do Blog
Bateria S.A. que além de gravações primorosas dos ensaios compartilhou meu
comentário dos sambas - é que eu consegui ver alguns bons que salvavam-se ao
tratar da parte boa e, ao chegar na ruim, ao invés de elogiar, pulavam-na.
Esses últimos eu nem critico, já que a não-perfeição é um tabu no mundo
carnavalesco paulistano. Notória
a reação ao fato que aconteceu na arquibancada do setor H, simultâneo ao
primeiro ensaio da Nenê e que só foi noticiado dias depois, por site não especializado.
A notícia foi linkada no Orkut, mas apagada pouco depois. Era um texto sim
tendencioso e problemático, mas o fato foi real. A notícia poderia ter sido
dada com mais qualidade e sem o evidente preconceito com escolas ligadas a
torcidas se fosse feita por sites especializados. Não
gosto desse tipo de comparação, mas, neste caso, é inevitável. A imprensa
especializada carioca é muito melhor que a paulistana. No dia seguinte aos
ensaios, vários diferentes sites mostram notícias longas e detalhadas do que
aconteceu, inclusive citando os defeitos e ocorrências fora do
"padrão". Não
noticio esses acontecimentos já que não sou jornalista. Não comento os ensaios
que eu vi, já que não vi todos e não reparei com atenção o suficiente a pegar
detalhes para uma notícia de qualidade. Esse espaço é uma coluna, onde escrevo
textos de opinião. Evento
bom e importante aos sambistas do estado de São Paulo é também o Carnaval de
Santos. Já há alguns anos chama a atenção por qualidade do espetáculo (além,
claro, da qualidade musical, que independe de orçamento ou localização). Esse
ano, mais uma vez, a prefeitura de lá disponibilizou um site com todas as
letras e áudios dos sambas, além de ficha técnica das escolas. Vale
muito a pena ouvir e tem muitas obras e intérpretes de altíssima qualidade. Os
preços dos ingressos também são lindos, o que faz de Santos uma ótima
alternativa à assistir aos desfiles cariocas pela TV. Enfim, como todo sambista, estou muito ansioso para sexta feira. Enquanto aguardo, sugiro a meus leitores que sigam o exemplo dos trabalhadores portugueses: "Aí, não nos calam!". Bom carnaval a todos! Ronaldo Figueira |
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