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4 de junho de 2011, nº 10, ano III OS RETORNOS DO CARNAVAL 2012 - SALUBÃ, NANÃ! No
livro Tenda dos Milagres, o doutor Francisco Antônio de Castro
Loureiro, diretor interino da Secretaria de Polícia, em 1904,
proíbe os desfiles de afoxés “por motivos
étnicos e sociais, em defesa das famílias, dos costumes,
da moral e do bem estar público, no combate ao crime, ao deboche
e à desordem”. Acontece que, mesmo com a
proibição, Pedro Archanjo, o Ojuobá do enredo da
Mocidade Alegre, organiza o desfile do Afoxé Filhos da Bahia,
num tema sobre Zumbi dos Palmares, numa demonstração de
resistência da cultura negra.
Em 2012, ressurgem as temáticas afro-brasileiras nos desfiles das escolas de samba paulistanas, sendo que o primeiro enredo desse tipo anunciado, o da Mocidade Alegre, tem como fonte de inspiração o livro de Jorge Amado com essa passagem bem simbólica. Os enredos que por convenção ficaram conhecidos como afro, apareceram pela primeira vez no carnaval de São Paulo por alcunha da Acadêmicos do Tatuapé no carnaval de 1972. O enredo da escola intitulado "Festa do Bonfim" trata das tradições afro-brasileiras da Bahia que nos chegam por meio da letra e do registro fonográfico de seu samba. Compositores: Mano Décio/ Nina Relembramos O orgulho de uma raça Nas festas de tradições Oh! Brasil Dos famosos carnavais Rezas e procissões Lindas noites dos santuários Com nossas crenças sem fim É linda a lavagem do adro Da milagrosa Bonfim Com ritmos tão distantes Como é Do afoxé e do candomblé As mucamas com seus santuários na areia Louvando a rainha do mar sereia Sambar, como eu sambei Na festa da penha vou sambar Ali que começamos Para em fevereiro acabar O de le, o de lá Abre a roda minha gente Que o capoeira vai jogar O de le, o de lá Quem não pode com mandinga Não carrega patuá http://www.sasp.com.br/conteudo/escola/7/samba/1972/samba.wma Fonte: SASP Por outro lado, a temática ganha real fôlego e representatividade com a ação de Geraldo Filme. Grande baluarte do nosso carnaval, enredista e compositor, Geraldo apresenta “Oração em tempo de festa – Mitologia afro-brasileira”, no carnaval de 1977. Durante sua presença no ex-cordão e escola Paulistano da Glória, o consagrado compositor nos brinda com dois sambas nessa temática. É a partir de sua iniciativa que ela se populariza entre as escolas paulistanas, tornando-se quase “tema obrigatório” durante a década de 1980. Que em 2012 e nos próximos anos, as escolas de samba, pelo menos as escolas de samba, manifestações culturais afro-brasileiras, possam valorizar a cultura afro-brasileira. Sobre a famosa “dança das cadeiras” só tenho a comentar a grande sorte da X-9 Paulistana pelo retorno de Royce do Cavaco, melhor interprete da atualidade, do retorno de Marco Aurélio Ruffin para a Tom Maior e de Mercadoria para a Rosas de Ouro. Enfim, o carnaval de 2012 é o carnaval dos retornos... Para encerrar, queria prestar a homenagem ao saudoso presidente Marquinho da Tom Maior que nos deixou por esses dias. Que a luz do nosso pai Oxalá o ilumine nessa nova jornada e os orixás abençoem a Tom Maior e sua nova diretoria no próximo carnaval. Ajayô! |
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