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15 de janeiro de 2010, nº 6, ano
I
Edição
Especial - Lançamento do CD e DVD da Superliga! No penúltimo
sábado do ano, o mais novo órgão administrador do carnaval
paulistano lançou o seu CD, na quadra do Unidos do Peruche. Nove
escolas filiadas à Superliga trouxeram seus intérpretes e casais
de mestre-sala e porta-bandeira para as apresentações. Uma
bateria foi formada por cinco ritmistas de cada escola, dirigida
por Mestre Tadeu, e foi chamada de “Superbateria”. Mais
uma vez, o SAMBARIO esteve presente, acompanhando de perto todas
as apresentações, com uma cobertura repleta de fotos para
ilustrar essa coluna. Peço desculpas pelo atraso na publicação
dessa edição especial. Todas as fotografias são exclusivas do
SAMBARIO e foram tiradas pelo jornalista Weinny Eirado.
Weinny
Eirado / SAMBARIO
Muitas pessoas compareceram a quadra do Unidos do Peruche. Foi uma grande festa promovida pela Superliga, que acabou quase 5h da manhã. Durante à tarde do mesmo dia, houve uma feijoada com a participação de representantes de todas as escolas.
Eram quase 2h da manhã quando Agnaldo
Amaral subiu ao palco para cantar o samba “Tô no Jogo, me
respeite”, do Camisa Verde e Branco. A volta do
intérprete campeão pela escola em 1990 não foi recebida com
grande exaltação pela quadra, diferente do que aconteceu com
Carlos Junior na apresentação da Império de Casa Verde. Alias,
o público presente não cantou o samba, e praticamente ignorou a
apresentação da escola da Barra Funda. Desta maneira, o Camisa
pode passar mais um ano de castigo no Acesso, assim como a
tradicional União da Ilha ficou por muito tempo no grupo
inferior do Rio. Mas abrir esse tipo de apresentação não é
fácil, pois encontra-se ainda um público muito frio. O samba da
eliminatória melhorou bastante em relação ao oficial,
principalmente pelo fato de estar sendo puxado por um dos maiores
intérpretes da historia do carnaval paulistano.
Weinny
Eirado / SAMBARIO Com uma abertura um pouco “trash”,
onde o intérprete insistia em atrasar ao máximo o verso seguinte
do samba de exaltação (bem ao estilo Wander Pires), a Dragões
da Real cravou 10 minutos de apresentação. O poema de
abertura também foi um pouco diferente do normal. Quando ele
gritava “é fogo”, sua equipe de apoio respondia “é
fogo!”, assim como um eco. Tal abertura causou muita
estranheza aos que não eram da Dragões. Já a apresentação
obteve alguma resposta da quadra, principalmente nos dois
refrões, que são muito fortes. Ambos retirados do samba de Dom
Marcos. É sem duvida um samba valente, que causará incômodo às
escolas que estão sendo consideradas as favoritas ao acesso.
Weinny
Eirado / SAMBARIO
Com um belo samba, a Dragões foi a segunda escola a se apresentar, comandada pela voz de Edmar Guia (de laranja). Pela primeira vez a quadra começou a
ferver, na casa da anfitriã Unidos do Peruche. Toninho
Penteado dividiu o posto com outros três intérpretes, assim como
o presidente havia dito em entrevista ao SAMBARIO: “É um
coro da comunidade. O Penteado se destaca como a voz guia, apenas”.
Bernadete, a veterana puxadora do carnaval, levantou a quadra com
a sua voz melodicamente harmônica no alusivo. Quanto ao samba,
a fusão se apresentou muito bem feita, explorando o ponto forte
de cada samba vencedor. Na gravação, o estreante Mestre Cal
mostra a força da “Rolo Compressor”, que, ao meu ver,
melhorou muito nas mãos do humilde diretor de bateria, que
corrige ao ser chamado de mestre: “Para ser mestre, falta
muito”. Os dois breques, são muito bons, com um destaque
para o da segunda parte, no segundo refrão. Após a
apresentação, coloco a Peruche como a favorita à segunda vaga
para o Grupo Especial, considerando a Nenê como a primeira
favorita.
Weinny
Eirado / SAMBARIO A primeira escola do Grupo Especial a se
apresentar, a tradicionalíssima Vai-Vai, teve a primeira
participação assistida por muitos bambas, e inclusive por mim,
de Gilsinho no microfone da escola. A escolha da mudança de
intérprete, que foi considerada por muitos como “sem sentido”,
passa a ser um pouco plausível, apesar de achar Carlão
superior. Muito bem, a escola se saiu de uma maneira incrível,
tendo uma quadra cantando o samba inteiro. É a partir do verso
“Ore Mãe África” que a quadra explodiu. O tema “Copa
do Mundo” agradará a muita gente, principalmente em ano de
realização desse evento. Até o apresentador do evento ficou
empolgado, e começou a brincar com o surdo em cima do palco,
atrás dos intérpretes. Tem condições de levantar a
arquibancada, mesmo sendo a escola que fechará o primeiro dia,
na manhã de sábado.
Weinny
Eirado / SAMBARIO
Essa sem dúvida foi a apresentação mais
forte da noite. A Gaviões da Fiel mostrou que virá
“mordendo o asfalto” em busca do título que não sai há
sete anos. Mesmo assim, considero o samba abaixo dos padrões dos
títulos da Gaviões, e lembro ainda que haviam três obras
superiores na eliminatória, principalmente a de Ernesto
Teixeira. Alias, uma das coisas que surpreendeu a todos foi a
ausência do cantor. Um dos membros da equipe de apoio foi quem
liderou a apresentação: Luciano. Sem dúvida, causou alguma
estranheza aos ouvidos de todos, pelo fato de a voz de Ernesto
ter cantado todos os sambas desde que a Gaviões virou escola.
Mesmo não sendo a voz do consagrado intérprete, Luciano deu
conta do recado e animou a quadra, fazendo explodir a nação
corintiana na quadra. Até Tatiane Minerato, a rainha dos Gaviões, esteve presente na apresentação.
Weinny
Eirado / SAMBARIO Mesmo não sendo a próxima a se apresentar
na ordem original, a Pérola Negra deu um show na sua
apresentação graças à forte animação de Douglinhas. A escola
fez a quadra pulsar com um samba que lembra muito o do ano
anterior: melodia desse samba é valente e para cima. O tema
“Vamos tirar o Brasil da gaveta”, ainda que difícil,
pode ser a fórmula para o Pérola chegar ao desfile das campeãs
pela primeira vez na sua história. Esperaremos o desfile, que
pela primeira vez acontecerá para a escola em plena luz do dia,
lembrado no primeiro verso do samba: “o céu clareou, a Vila
chegou”.
Weinny
Eirado / SAMBARIO
Weinny
Eirado / SAMBARIO Mais uma vez tive a oportunidade de
encontrar com Carlos Junior em uma cobertura, desta vez numa
apresentação do Império de Casa Verde. E mais uma vez,
o intérprete demonstrava um nervosismo, que percebi na hora em
que apertei a sua mão, que estava extremamente gelada. Falando
sobre o samba-enredo, lembro que critiquei a fusão dos sambas. Mas
admito um erro, após perceber o quanto o primeiro refrão é
forte: “pega na cabeça de qualquer um”. A quadra
ferveu na apresentação, sendo a segunda mais forte da noite.
Curioso que, pela ordem, o Império deveria se apresentar após a
Gaviões, porém, o último ensaio do ano em sua quadra fez com
que a escola se atrasasse, mas nada que atrapalhasse a incrível
apresentação. No final, um forte coro ecoou na quadra cantado
pelos componentes do Tigre Guerreiro, demonstrando todo o carinho
com o intérprete: “ôôô, o Carlão voltou... ôôô, o
Carlão voltou...”.
Weinny
Eirado / SAMBARIO Uma das mais esperadas da noite, a Mancha
Verde obteve uma apresentação impecável, sendo a última
vez em que a quadra cantou o samba com toda a força. Paulinho
Serdan, presidente da Superliga, assumiu a marcação da sua
escola de coração na hora da apresentação. A dupla Celsinho e
Vaguinho esteve numa apresentação sensacional, em plena
harmonia. O samba da Mancha é bem superior ao apresentado ano
passado, mais ainda está um pouco abaixo dos três primeiros
sambas da escola no Grupo Especial (2005, 2006, 2007). Tem
grandes condições de chegar ao desfile das campeãs, pela
primeira vez como agremiação sambística, e não como
desportiva (fato ocorrido em 2006 e 2007). Caju e Moleza,
diretores de bateria, entraram no meio da “Superbateria”
de Tadeu, a fim de colocar características alviverdes,
principalmente nos tamborins.
Weinny
Eirado / SAMBARIO Com uma quadra esvaziada, a Imperador do
Ipiranga foi a última escola a mostrar o seu samba no
Peruche, diferentemente do que irá acontecer em 2010, onde a
agremiação será a primeira a desfilar na sexta-feira, abrindo o
carnaval paulistano. Uma tarefa ingrata no Anhembi e também na
festa de lançamento. A quadra já estava bem esvaziada, e parte
da imprensa já tinha ido embora. Com pouca força da quadra,
Moises Santiago fechou as participações no palco peruchiano.
Tenho minhas dúvidas em relação à permanência da Imperador na
elite. No fim da apresentação, a bateria não parou e Mestre
Tadeu ainda a levou para fora da quadra, em um dos momentos mais
emocionantes da noite.
Weinny
Eirado / SAMBARIO ...
Uma semana antes,
a Liga das Escolas de Samba lançou o seu CD e DVD. Infelizmente,
não pude estar presente na festa, que aconteceu na quadra da
Unidos de Vila Maria. Treze escolas se apresentaram, nos mesmos
moldes de todos os anos. A grande diferença entre o CD e o DVD
dos órgãos são as qualidades dos produtos finais. Ambas
chegaram ao nível interessante de produção, porem a Liga saiu
na frente com o lançamento de uma revista juntos aos outros dois
produtos, que inclui tudo que um “leigo” deve saber
sobre o desfile de cada agremiação, e também contando com
muitas fotos. Uma iniciativa louvável foi o cuidado com os
turistas: existe uma página em inglês para cada escola. A ficha
técnica também ficou muito mais interessante: antigamente,
você lia “Intérprete: Clovis Pê”, “Diretor de
Bateria: Mestre Sombra”... na revista da Liga, você tem a
foto de cada um. Sem contar que o produto é graficamente
atrativo e alegre.
Cada órgão teve uma grande iniciativa ao lançar DVD’s com os clipes das escolas. Deixa o publico mais perto do carnaval. Porém, apesar de serem bem legais, os dois produtos não passam de vinhetas da Globo com o tempo aumentado (vinhetas antigas... essas ao vivo são bem mais interessantes). Minha sugestão para o próximo ano, seria gravar esse DVD ao vivo de cada quadra de cada escola. Ficaria muito mais interessante, e muito mais realístico. A Liga aparentemente possui uma produção muito mais elaborada, por ter efeitos de vídeos contínuos e um estúdio maior de gravação. Outra grande iniciativa da Liga: um making of que contava com a produção do CD. Desde a gravação da voz guia até cada instrumento. Mas o problema é que está muito mais cansativo do que o da Superliga. O tempo dos clipes está muito grande, e fica enjoativo assistir pessoas sorrindo e sambando por 6 ou 7 minutos. O da Superliga ficou mais “light”, com direito a apenas uma passada do samba. A assessoria de imprensa ficou responsável pela direção desse DVD. Ela esta de parabéns, pelo trabalho realizado, mesmo não tendo muitos recursos. E aliás, todos estão de parabéns. Mas fica a minha sugestão para o ano que vem: este material tem que ser ao vivo, para sentir a força da comunidade de cada escola. Nos moldes de um DVD de um show de um artista, e não apenas com os clipes em estúdio. ... RETROSPECTIVA
2009
Foram
seis colunas
escritas aqui, por mim... Mas não foi apenas isso. Foi a
abertura do carnaval paulistano para os internautas que não
tinham conhecimento do que os paulistanos faziam o ano inteiro
para levar para o Anhembi. Nesse espaço fiz
comparações entre
o carnaval carioca e o paulistano, exaltei a grandeza do samba
dessa cidade nos anos 2000, mostrei como é uma final de
samba-enredo e comentei os sambas de 2010 das escolas do Grupo
Especial e Acesso. Isso foi o que, você leitor, acompanhou. Mas
foi muito mais... Desde o primeiro convite do Mestre Maciel,
coisas curiosas aconteceram nos bastidores dessa coluna, como eu
perder de ‘uma maneira incomum’ o pen-drive em que
havia a primeira coluna referente ao samba paulistano. Isso
atrasou em 15 dias a primeira publicação. Também
houveram
coberturas que não deram certo, desde as “24 horas de
Samba”, no aniversario da Mocidade Alegre, onde as luzes se
apagaram,
deixando todo mundo no escuro por mais de três horas...
até mesmo
eu me machucar um dia antes do lançamento do CD da Liga,
graças
a uma mala de baquetas, em um dia de apresentação de
baterias
universitárias na Barroca Zona Sul. Outro fato curioso, foi a
entrevista com o grande compositor Wagner do Cavaco, que foi
registrada em uma fita de um gravador. Por coincidência ou
destino, um amigo apagou “sem-querer” para entrevistar
a presidente Solange, no dia da final do Samba-Enredo da
Mocidade. E eu falei antes: “Não vire a fita”...
Até
mesmo uma suspeita de gripe suína assustou a mim no meio do ano.
E até uma participação no programa
“No Mundo do Samba” de Raul Machado, na JustTV
aconteceu. Estive ao lado de dois nomes que muito estimo: Mestre
Juca da Águia de Ouro (que acabou por me dar uma carona, num
papo bem amimado sobre samba) e Mestre Tornado, com quem muito
conversei num evento de baterias universitárias.
Tiveram muitas pessoas que me procuram para parabenizar o trabalho do site... e algumas poucas para criticar. Umas delas, de maneira estúpida. Como Junior ABC, que insistiu em afirmar que possuía um diploma de faculdade federal, e que por isso era muito melhor do que eu... Ficou falando que eu não sabia quem era Karl Marx (?), e outras bobagens sem sentido algum. Entrou no meu orkut para falar que eu era “paga-pau” de carioca e não entendia nada de samba. Também houveram “agressões virtuais” do compositor Alemão da Cuíca, que ficou indignado com alguns comentários que eu havia feito em relação ao samba dele no Peruche, e por isso resolveu fazer gozações com o meu nome de origem norte-americana, em uma carta aberta à Liga (sendo que o Peruche é filiado a Superliga). Porém, de maneira civilizada, resolvemos esses problemas de uma forma bem simples: o direito de cada um ter a sua opinião sobre algo. Como aqui exercemos o jornalismo opinativo, acredito que eu tenha direito de me expressar da maneira que eu achar melhor, levando o meu ponto de vista nos comentários e a verdade nas informações. Em relação a isso, acredito que a minha opinião deva ser respeitada, por mais que quem a leia, às vezes, acabe por ter um ponto de vista diferente. Para isso existe o meu e-mail no fim da coluna: para debatermos. Não para fazer ofensas, criticarem minha capacidade jornalística e nem para me fazerem ameaças. Escrevo de maneira simples, da mesma maneira que me expresso verbalmente, para que todos possam entender o que estou dizendo. Mas não vou me estender nesse assunto. Acredito que o carnaval, assim como o samba, é pura alegria... e não pode ser manchado por alguns detalhes. Agradeço a todos aqueles que gostaram ou não do que escrevi aqui nesses quase oito meses de SAMBARIO. Também agradeço pelo carinho e por gastarem um pouco do seu tempo lendo sobre aquilo que temos em comum: o amor pelo samba. E samba, caros amigos, não tem fronteira: sejamos ricos, pobres, brancos, negros, paulistanos, cariocas, porto alegrenses ou estrangeiros... Samba é universal! É uma das poucas rivalidades desse mundo que não fazem mal a ninguém... Torçamos pelo Império Serrano ou Portela, Mocidade Alegre ou Vai-Vai, Mancha Verde ou Gaviões... Gostamos de uma coisa que nos une. Por isso, não estraguem essa parte da nossa cultura com fanatismos intolerantes. Estamos de mãos dadas por esse ideal... Somos sambistas, bambas, ritmistas, passistas, foliões... E não seres em guerra. Vamos aproveitar o maximo de que gostamos, sem estragar o espetáculo. Desejo a todos os leitores do SAMBARIO um
feliz inicio de ano! E que o nosso último carnaval da década
seja melhor do que o dos anos anteriores... Os ensaios técnicos
vêm aí... e estaremos lá! Weinny Eirado |
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