A estréia
de Paulinho Mocidade como intérprete oficial não poderia
ter sido mais fogueira. Se o jovem sambista se saísse bem, seria
a consagração. Caso contrário, seria o desastre
total. Para sorte dele, da Mocidade Independente e do mundo do samba
ocorreu a primeira opção. A história
começou quando aconteceu a morte de Ney Vianna, em plena quadra
da escola, durante a final da escolha do samba-enredo para o carnaval
de 1990, em outubro de 1989. Vários nomes foram cogitados para
substituir o legendário Ney, inclusive muitos medalhões.
Na véspera da gravação do disco, o patrono da
Mocidade, Castor de Andrade, definiu Paulinho Mocidade como novo
intérprete da verde-e-branco. A notícia pegou muita gente
de surpresa, afinal Paulinho era um jovem e semi-desconhecido sambista,
restrito às rodas de samba realizadas na quadra da escola. Na
faixa da Mocidade, os produtores mixaram a voz de Ney Vianna em antigas
gravações no grito de guerra e em trechos do samba, em
detrimento à voz de Paulinho.
A consagração de Paulinho
Mocidade veio no desfile de 1990. Amparado por uma plêiade de
cantores de apoio, entre eles, os então iniciantes Wander Pires
e Nego Martins, a harmonia da escola foi conduzida de maneira correta.
O desfile, memorável, deu à agremiação o
campeonato e a certeza de que Paulinho Mocidade seria mantido no posto.
Em 1991, já demonstrando cancha, ajudou o desfile do
bicampeonato com o tema “Chuê, chuá, as águas
vão rolar”. No ano seguinte, com “Sonhar não
custa nada, ou quase nada”, samba de sua autoria, mais
tranqüilo e experiente, Paulinho deu um show de
interpretação e a Mocidade apresentou um lindo
espetáculo na avenida, mas perdeu o título para a
Estácio de Sá.
Paulinho Mocidade nunca foi unanimidade dentro
da própria escola e a nova diretoria empossada. logo após
o carnaval de 93, destituiu o puxador do cargo, abrindo passagem para o
jovem Wander Pires no desfile de 94. Nos dois carnavais seguintes,
Paulinho Mocidade conseguiu abrigo no morro do Borel e desfilou na
Unidos da Tijuca. Em 98, foi para o Morro da Formiga e defendeu o samba
“Elymar Superpopular”, na Império da Tijuca, pelo
Grupo de Acesso.
Com a transferência de Preto Jóia
para São Paulo, em 2000, Paulinho Mocidade, que estava afastado
do carnaval, recebeu um convite da diretoria da Imperatriz
Leopoldinense para interpretar o samba da escola. Na Imperatriz, foram
três carnavais e dois títulos (2000 e 2001). Em 2001,
além do tricampeonato pela agremiação de Ramos,
veio o reconhecimento de seu trabalho e da sua maturidade como
intérprete, ao receber o Estandarte de Ouro. Retornou a Padre
Miguel em 2003 e 2004.
No
carnaval de 2005, Paulinho defendeu no carnaval paulista a
Águia de Ouro. Em 2009, retornou ao microfone principal
da Imperatriz depois de sete anos. Mas foi dispensado pela diretoria
gresilense após o carnaval. Estreou no carnaval
porto-alegrense em 2010, puxando a Embaixadores do Ritmo, onde ficou
até 2012. Retornou ao Rio de Janeiro em 2013, onde
defendeu a Santa Cruz no Acesso por dois carnavais. Em 2015, retornou
às disputas de samba da Mocidade, onde chegou à final.
Fez uma participação na novela "Império" (2015)
como o intérprete da fictícia escola de samba
União de Santa Tereza. Para o Carnaval 2024, voltou a ganhar a disputa de
samba-enredo na verde-e-branco de Padre Miguel, depois de 32 anos.
Além do carnaval, Paulinho Mocidade tem
uma carreira de cantor e compositor de samba. Já lançou
dois discos e é autor de músicas gravadas por Mestre
Marçal, Dona Ivone Lara, Emílio Santiago, entre outros.
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Início: Mocidade Independente de Padre Miguel, no
final da década de 70.
Até 1989 – Mocidade (apoio de
Ney Vianna)
1990 a 1993 – Mocidade
1995 e 1996 – Unidos da Tijuca
1998 – Império da Tijuca
(Grupo A)
2000 a 2002 – Imperatriz Leopoldinense
2003 e 2004 – Mocidade
2005 -
Águia de Ouro (SP)
2009 - Imperatriz
Leopoldinense
2010 a 2012 -
Embaixadores do Ritmo (Porto Alegre, ao lado de Farelo)
2013 e 2014 -
Santa Cruz
Grito de guerra: (nome da escola)! Chegou a hoooraaa!
Cacos de empolgação: “em
cima agora”;
“que coisa linda”;
“quero ouvir... quero
ouvir... quero ouvir”.
Sambas-enredo de sua autoria: “Como era verde meu Xingu” (83,
com Adil, Dico da Viola e Tiãozinho da Mocidade); “Elis...
um trem chamado emoção” (89, com Cadinho e Dico da
Viola); “Sonhar não custa nada... ou quase nada”
(92, com Dico da Viola e Moleque Silveira); “Pede Caju que Dou... Pé de Caju que Dá!”
(2024, com Diego Nicolau, Marcelo Adnet, Richard Valença,
Orlando Ambrósio, Gigi da Estiva, Lico Monteiro e Cabeça
do Ajax)
Estandarte de Ouro: 2001
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