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ESCOLA DE SAMBA É PURO MITO Aristóteles que não me ouça – não
pode mesmo ouvir, pois venho contradizer sua teoria filosófica
de que o homem é um ser racional. Não, não é mesmo. Digo
mais, em se tratando de escola de samba a coisa desanda
totalmente e é positivo que assim seja, num belo tom de amém. A falta de razão
é poética, romântica e brilhante. A razão é cartesiana,
capitalista e coesa. Bom mesmo é se perder na dança, nos
devaneios, loucuras e desejos. Chegar assim na conclusão que ser
bamba é ser irracional. Volto à grande questão, a do mito, das
“coisas” (precisava de uma palavra mais adequada, mas
não achei) que o ser humano cria e, criação tem de sobra nas
escolas de samba. Osho afirmou que
“o homem é um animal que cria mitos; e a vida será
absolutamente maçante se não houver mitos em torno dela”.
Creio que isto explica boa parte do porquê amamos tanto as
agremiações, suas quadras, barracões, ícones e desfiles. Os
racionalistas insistem em construir teorias que promovam o
abandono de mitos. Quem nunca se deparou com um “normal”
metido a dono da razão com a pretensão de desmistificar nossas
escolas de samba? É justamente a
tentativa de racionalizar demais as agremiações que implica na
tortura da paixão. Daí vem os lamentos e segue uma lista
interminável de reclamações – “as escolas não são
como antes”, “hoje em dia não se tem o mesmo sabor dos
carnavais passados”, “antigamente era assim...”. As raízes da
emoção são podadas e junto delas os mitos asfixiados. Se
matarmos os mitos, mataremos a emoção e não há razão em
viver uma vida vazia de emoções. Perde-se o sentido, a
angústia se apropria da alma, sem o mito não há templo,
crença, não há atmosfera ou espírito, não há samba e nem
Marquês de Sapucaí. Não, não busque
razão no amor que você sente por um desfile, samba ou escola Alessandro
Ostelino |
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