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Coluna do Alessandro Ostelino

ESCOLA DE SAMBA: FONTE DE RELAÇÕES SOCIAIS

O agigantamento dos desfiles das escolas de samba e a supervalorização do campeonato acabaram sendo fonte principal das atenções dos olhares da imprensa, de patrocinadores e de admiradores das agremiações. O luxo da Beija-Flor, a organização mangueirense e a ascensão contínua da Grande Rio, são exemplos de como excessivamente estão em foco a imponência, o capital e a carnavalização de temas mercadológicos. Sem lamentos e sem tom saudosista, o carnaval das escolas de samba percorreu sua trajetória e recebeu fortes influências de transformações sociais, causando também seus reflexos na sociedade e nas mudanças de valores.

Apesar de todo esse cenário que estamos inseridos, existe um campo rico de análise e possibilidades, verdadeiras fontes construtoras de relações sociais, fato que merece destaque. Desde as disputas de sambas até o “consumo” dos desfiles, são estabelecidas uma série de relações entre as entidades representativas, veículos de comunicação e especialmente amantes da festa. Aparentemente, a internet parece ter se tornado o principal meio de interação entre torcedores e produtores, com informações, pontos de vista e construção de novos projetos. O virtual propicia o debate, a apuração de fatos e o noticiário. Vai além ao possibilitar a relação face-a-face; o mais intenso e possível modo de troca com o outro que possuímos, onde o apreendemos e somos apreendidos na totalidade. Pode-se afirmar, com certo grau de certeza, que antes da internet tínhamos um público heterogêneo, pulverizado, sem identidade, pouco representado e impraticável de qualquer ação representativa. Atualmente, permanece ainda a pluralidade, o lugar físico momentaneamente pode ser substituído pelo virtual e o contato intensifica-se através das comunidades carnavalescas.

O encontro através das escolas de samba possibilita uma série de experimentações, revela talentos e potencializa possibilidades. Na mesma via permite a vivência simples e satisfatória de um estar descomprometido, por puro desejo e na busca de satisfazer necessidades subjetivas. Como por exemplo, apreciar a apresentação de uma bateria, tomar uma cerveja ao sabor de um papo sobre determinado samba ou desfile, estar em situações menos prováveis anteriormente. Assim, as escolas de samba expandem a característica própria que possuem de promotoras das relações sociais, ao permitir que as fronteiras sejam rompidas entre os sujeitos, bem como ao escancarar suas portas para o mundo. O público – torcedores das escolas de samba - não são mais sujeitos sozinhos, sentenciados a experimentos viver algo isoladamente. A concepção de comunidade sem barreiras, a intensificação das vivências de escola de samba em plenitude, compartilhando com outras pessoas os mesmo interesses, durante todos dos dias do ano constrói um novo histórico para nossas relações.

Diante de tudo aquilo que se possa aprender com agremiação carnavalesca, seja pelo viés cultural ou pelo organizacional, estamos num exercício diário de sermos atores da vivência social, da troca contínua e interrupta com nossos pares. Escola de samba não deve ser vista somente como produtora de desfile, mas principalmente como agente de agregação, de troca e movimento social contínuo. Afinal de contas, o que mais se aprende em qualquer esfera da vida é se relacionar e com nossas escolas não é diferente.

Alessandro Ostelino
ostelino@hotmail.com