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CARNAVAL MARQUETEIRO SIM, MAS COM GOSTO GENUINAMENTE CULTURAL! Mercadologia ou ciência do
consumidor? Tanto faz, estamos tratando de marketing. Uma prática
ou melhor filosofia que surgiu, principalmente como hoje
conhecemos, nos anos 50. Das grandes empresas para as escolas de
samba, esse foi o itinerário de uma prática voltada
especialmente para gestão e para o planejamento organizacional.
Seus ensinamentos podem ser encontrados nas obras de Kotler,
Peter Drucker, Marcos Cobra, Al Ries, dentre outros e exemplos de
sucesso ou fracasso se apresentam naturalmente na Marquês de
Sapucaí.
A técnica acabou mesmo sendo utilizada pelas agremiações carnavalescas. A atividade que trata particularmente do planejamento de produtos e marcas, mudou a percepção de produtores e gestores do maior espetáculo da terra - atributo cada vez mais utilizado como referencial. Ou seja, a cultura passou a ser entendida como produto e, a partir de então, são desenvolvidas estratégias mercadológicas que tratam do fazer cultural em todas suas instâncias. Praticamente, de uma maneira ou de outra, todos saboreiam o doce oferecido pelos resultados das ações mercadológicas. Da interessante história do jegue cearense ao merchandising dos produtos Nestlé, o marketing invadiu a passarela do samba e representa a viabilização de recursos de um desfile, bem como classifica as escolas como atuais e incrementadas. É praticamente impossível não vê-lo e impraticável expulsá-lo do mundo do carnaval, entretanto fica uma incógnita: quem apropria de quem? As agremiações, ao se apropriarem do marketing, encontram uma maneira viável e estratégica de trazer maiores recursos para seus desfiles. Entretanto, não se pode negar o nível que essas práticas têm atingido ao percorrerem o caminho inverso – o do marketing se apropriando das escolas de samba. Neste segundo caso, acabam a chegando aos extremos transformando os desfiles em canais publicitários alternativos. Diante disto, é preciso gerir melhor às ações de comunicação e marketing no meio cultural, na tentativa de encontrar um ponto comum que fortaleça a idéia de que cultura e lucro não são excludentes. Além de gerar grandes cifras, necessitamos também primar pela elaboração da essência cultural, afinal as relações que se estabelecem neste campo são produtoras do sujeito, de sua história e autonomia. É emergencial a difusão e o desenvolvimento da concepção de que cultura não pode ser sucateada e tratada exclusivamente como produto, mas como processo cultural. Afinal, assistimos e criticamos a uma manifestação artística popular ou a um produto cultural? Quais os desejos e necessidades que deverão ser atendidos? - Neste caso os dois, os de origem capitalista e os de origem cultural! Nosso reconhecimento para a competência dos que administram a complexa fábrica da ilusão, que se apropriam com cautela e conhecimento do marketing, que conseguem ultrapassar as barreiras que inviabilizam grandes projetos culturais. Saudemos os esplêndidos que não chegam aos extremos, que não se deixam apropriar, que não colocam seus valores numa banca e apagam sua história. Pois se não refletirmos em cima deste processo e conduzirmos essas atividades mercadológicas com responsabilidade poderemos estar descascando limão para chupar mais tarde. O carnaval é da elite e do povo, onde é traçada uma batalha histórica que lhe dá o aspecto mutante. Se não podemos fugir do capitalismo e da globalização, podemos tirar proveito de tudo isto e transformar nossa maior festa popular em algo bom para ambas as partes. Como já tido e repetido se nos dão um limão, por que não adicionar a ele gelo pinga e açúcar e transformá-lo num caipirinha?
As comunidades, representadas por suas escolas, devem olhar o
marketing de frente e perguntar: quem domina quem? Ostelino |
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