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Coluna do Ostelino

O MARKETING NO DESFILE DAS ESCOLAS DE SAMBA

Como forma de provocação, resgatei um de meus artigos sobre carnaval sob a ótica mercadológica e lhe dei um tratamento para atualizá-lo. Desta forma, meu propósito é incitar os leitores a participarem do debate em torno do tema. Portanto, a próxima abordagem partirá do retorno alcançado através desta discussão.

É inegável a idéia de que o carnaval carioca, em termos de dimensão, é considerado como a maior festa popular brasileira. Neste sentido, muitos olhares podem ser direcionados para esta tão complexa e ainda pouco explorada manifestação cultural.

Em sua trajetória histórica, o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro deixou de servir somente a cultura. As apresentações sofreram fortes modificações, se profissionalizaram e servem, atualmente, como um produto que é oferecido, principalmente às organizações, não limitando somente aos foliões e expectadores.

Existe a concepção de que o patrocínio de um enredo possa limitar a criatividade do carnavalesco. Assim, a liberdade da temática a ser trabalhada permanece mais importante do que a promoção de uma escola por parte de uma empresa, cidade ou estado. Porém, o marketing está se consagrando como elemento do carnaval. De licenciamento de marcas das agremiações a vitrine de divulgação de organizações, a festa carioca ganhou novos formatos e funções.

Um breve percurso no trajeto dos enredos nos permite afirmar que, as organizações têm alcançado resultados positivos com investimento desta natureza. Como exemplo mais próximo, temos o patrocínio de duas grandes escolas, a G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio, em 2003 e 2005, e a G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, no desfile de 2004.

A Grande Rio sob orientação do carnavalesco Joãosinho Trinta, trouxe pra avenida a Cia Vale do Rio Doce, que se beneficiou da apropriação da festa, garantindo uma imagem positiva pra empresa e bom relacionamento com seus clientes, muitos estiveram na avenida. O fato se repetiu novamente com o enredo sobre alimentação em 2005 e a escola conquistou, em ambos os desfiles, a 3ª colocação.

Em 2004, Minas Gerais também utilizou o carnaval como recurso de marketing. A Mangueira recebeu patrocínio da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais/Fiemg juntamente com empresas mineiras de turismo, que visaram divulgar promover a Estrada Real - alusão feita às vias que, pela sua antiguidade, importância e natureza oficial, eram propriedade da Coroa metropolitana, caminho que liga Diamantina (MG) a Parati (RJ). Para o carnaval de 2006, vários enredos surgem com patrocínios municipais, de empresas privadas, do Governo Federal e de alguns estados.

Os investimentos feitos pelas organizações através do carnaval, nos sugerem que não é somente uma associação do produto ou serviço aos aspectos culturais. Mas, uma nova estratégia encontrada pelo marketing em busca de espaços diferenciados para promoção de produtos, serviços e marcas. O "marketing carnavalesco" visa trazer inúmeros benefícios aos diversos públicos de uma instituição.

O carnaval do Rio de Janeiro, mais uma vez é o pioneiro em apresentar novas formas para nossa mais importante festa. Seguindo um rumo traçado pela lógica capitalista, a capital carioca apresenta anualmente suas escolas de samba para o mundo. Uma mistura de muita criatividade e inovação, um verdadeiro e complexo processo de comunicação. Onde, o marketing trilha novos rumos para a apresentação de um dos nossos mais importantes ícones nacionais, o carnaval.

Em meio a esta apropriação carnaval/marketing, cabe pensarmos em termos culturais e levantarmos também o que de negativo é sofrido neste processo. Ou seja, encontrarmos um ponto de convergência entre cultura e capitalismo.

Ostelino
ostelino@hotmail.com