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AS REEDIÇÕES SOB NOVO OLHAR Iniciemos nossa dialética
sobre a questão das reedições. O tema se divide em duas linhas, obviamente
uma contra e outra favorável a reapresentação de sambas de sucesso na Marquês
de Sapucaí. Antes de tratarmos
diretamente deste antagonismo, proponho uma reflexão sobre o novo e o velho. Se
recorrermos ao significado da palavra "velho" teremos a definição de
muito avançado em idade; antigo; que já não está em uso; fora de moda;
antiquado; muito usado e gasto. Uma definição um tanto quanto pejorativa senão
considerarmos a sabedoria em torno deste velho. Mas e o novo? Para muitos, o novo é o
velho que não desaparece e cuja existência questiona o signi-apresentação,
uma resposta às questões para as quais não foram obtidas saídas apropriadas. Na associação com as
escolas de samba o velho representa os desfiles que passam ao som de um samba
lento, sem muita profissionalização, técnica e impacto, comprometido somente
com a alegria carnavalesca. Mais ou menos por aí! O novo seriam as
"Escolas SA" do século XXI, com muito luxo, inovação, impacto,
capital e organização. Então,nessa lógica de produção o "Novo"
é o velho transfigurado. Na realidade, consumimos o velho alterado, onde o novo
é a reprodução do velho. No campo organizacional as
empresas transitam entre o velho e o atual para produzirem o novo, ou seja fazem
Benchmarking - um processo contínuo de comparação de seus serviços e
processos com os de organizações que são consideradas como as melhores, tendo
como objetivo a melhoria de sua própria organização. Essa remodelagem,
permite no caso das escolas, utilizarem uma fórmula de sucesso do passado -
adaptada às exigências do contexto atual e comparada às suas concorrentes -
para conseguirem um desempenho mais positivo na avenida. Se a base de comparação são
as agremiações de ponta as reedições ficam a cargo de grêmios que obtiveram
menor desempenho em seus desfiles nos últimos anos, mesmo que o samba seja da
própria escola que o reedita. É uma possibilidade de construir outros parâmetros
para mudar e apresentar o novo ou o velho remodelado. Melhor exemplo disto é o
desfile da Porto da Pedra, que reapresentou "Festa Profana" e utilizou
o conceito de alegoria humana apresentado por Paulo Barros nos dois últimos
carnavais da Unidos da Tijuca. O desfile da escola de São Gonçalo conseguiu
reunir alegria e modernidade, elementos que foram se distanciando ao longo da
história do carnaval das escolas de samba. Cabe a questão de ser contra
ou a favor? Creio que não. Se temos
reedições, é por que algo no passado precisava ser trazido à tona para
servir como base de alusão. Por outro lado, o uso excessivo, como o que está
acontecendo nos grupos de acesso, pode tolhir a construção de novos modelos,
mantendo-se somente no resgate do antigo. Porém, acredito que elas já
cumpriram seu papel e começam a sair de cena, no grupo especial já não devem
mais aparecer. Vamos pensar no processo em sua totalidade, não há novo
fragmentado, o velho e o novo se articulam na construção do futuro. As reedições devem estar
pautadas num planejamento sólido, que vise a reorganização de uma escola de
samba e nunca deve ser utilizada meramente como recurso para se manter num grupo
ou para alcançar determinado título. Se pensarmos assim, estrategicamente,
estaremos evitando que a crise se estabeleça futuramente. Não trata de ser contra ou a
favor e sim de lucidez no condicionamento do percurso histórico de uma agremiação,
de ter objetivos coerentes para o desenvolvimento dos G.R.E.S. e de promover a
produção de outras fórmulas para o carnaval. É necessário desvirtuar a atenção
do debate em contra ou favoráveis às reedições, para estratégicos ou não
estratégicos. Isto faz a diferença no resultado e no desempenho total de cada
escola de samba. Estamos no século XXI e
diariamente, construímos e reconstruímos nossa realidade, na busca de melhoria
constante e é assim que devemos gerir nosso futuro. O maior desafio agora é
interagir com o público que está na arquibancada e com o telespectadores, é
trazer a alegria de volta para a Marquês de Sapucaí. Alegria é um excelente
ponto para iniciarmos nossa conversa. Alessandro Ostelino |
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