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O CARNAVAL QUE QUASE NINGUÉM VÊ – PARTE 1
24 de outubro de
2015, nº 13, ano IVPorto Alegre O
Olhar Externo, mesmo apesar desse longo inverno sem
publicações, procurou dar aos leitores uma voz, sobretudo
àqueles que não residem no berço do samba, que
é o Rio de Janeiro, sobre como é visto o carnaval carioca
e paulistano por gente que ama o carnaval, mas considera fazer parte da
festa um tanto quanto inacessível, seja por questões
profissionais, financeiras e afins. A partir de agora, em
matérias intercaladas, o Olhar Externo tentará fazer o
caminho inverso. Mostrar ao Brasil o Carnaval como é celebrado
em diversas partes do país é um desafio interessante, e
pretendemos dar esse conhecimento a você, leitor, através
de grandes desfiles que aconteceram em cidades distintas do nosso
Brasil. E mostrar também como há (muitas) qualidades no
Carnaval das Escolas de Samba fora do eixo Rio-São Paulo.
Começaremos com Porto Alegre, capital gaúcha que tem uma historia de desfiles que deriva dos agrupamentos de samba da década de 1930, e tem como marco fundamental do surgimento das escolas de samba, na acepção da palavra com o surgimento da Praiana, 30 anos depois, exatamente em 1960, e desfilando conforme o que se era visto na capital carioca. Daí as outras agremiações foram surgindo e já incorporando esses elementos. Mas vale lembrar que o concurso em si existe desde 1956. Quanto a títulos, há uma divina dama de 20 estrelas no céu porto-alegrense: trata-se da Bambas da Orgia, que vem sendo seguida de perto pela Imperadores do Samba, com 18. Além disso, a Imperadores é a atual bicampeã do Carnaval. Bambas é azul. Imperadores é vermelho. Qualquer semelhança entre o duelo que divide a cidade, uns dizem que sim, outros que não, é mera coincidência. Se você gosta de ensaios técnicos, saiba que em POA (apelido carinhoso) eles existem desde 1977, com caráter oficial pela Prefeitura e levam o nome de Muamba, que durante muito tempo foi um meio de arrecadação de fundos para o desfile oficial. Quanto aos desfiles marcantes, a Bambas abre o nosso baú por conta de uma verdadeira catarse que a escola causou no ano de 1998. Num enredo sobre o ouro. Se notarem, nesse vídeo de seis minutos apenas, as arquibancadas cantam em um volume impressionante e é possível perceber também integrantes de outras escolas, e outras torcidas cantando junto com a Bambas. Um espetáculo de espontaneidade, com interpretação memorável de Carlos Medina. Em 1999, talvez o desfile que foi o divisor de águas do Carnaval de Porto Alegre, segundo muitos amigos conhecedores de carnaval que lá residem. O Estado Maior da Restinga investe pesado na profissionalização de seus segmentos artísticos, traz da Beija-Flor de Nilópolis nada mais, nada menos do que Laíla e Shangai e provocam uma revolução estética e organizacional nos desfiles. Mais que apenas reforço financeiro, a escola se modela tal e qual os desígnios de Laíla, cadencia sua bateria, utiliza variação de materiais nunca antes vistos ou explorados em Porto Alegre e se sagra campeã com um samba de característica tradicional, interpretado por Paulinho Durão. Nesse vídeo de 35 minutos, é possível perceber os narradores da RBS simplesmente estupefatos com o que estão vendo e vaticinando que as escolas que quisessem entrar para chegar à taça... teriam que se espelhar na Tinga. 2011 reserva uma verdadeira pérola da história dos sambas de enredo do carnaval gaúcho, quiçá brasileiro. A Imperatriz Dona Leopoldina, campeã em 2010, vinda de um ano onde aconteceu de tudo, até assalto ao barracão, veio com uma obra de arte no que diz respeito ao seu hino oficial: o enredo sobre Foz do Iguaçu é algo de sensacional em letra e melodia, que vale a pena a transcrição do samba, e peço que acompanhem a leitura com o vídeo em anexo, que mostra o primor de melodia depositado na obra, que, à época, por não ser dos grandes centros, pouca gente comentou. A interpretação é de Renan Ludwig. Dona Leopoldina caminha pelo Paraíso Foz do Iguaçu: Destino do Mundo! Autores: Vinicius Maroni, Vinicius Brito, Canalli e Saimon VEM PRA TRIBO IMPERATRIZ PINTAR O CORPO COM AS CORES DO MEU PAVILHÃO A NOITE É DE SAMBA NA ALDEIA E A LUA QUE CLAREIA ENFEITIÇA O CORAÇÃO Tinha que ser o amor A regar essa flor A foz do paraíso Onde uma índia chorou Quando um dia tentaram Traçar seu destino Então um guerreiro surgiu Pelo curso do rio para a libertar O Deus em forma de serpente O pajé valente Dá forma a este lugar (ÔOO) DESÁGUA… (ÔOO) DESÁGUA… QUE A FORÇA DESTA QUEDA LAVA A ALMA O SOM DA FAUNA VAI TE LEVAR PRA VER O SOL BRILHAR De lá onde o arco-íris despontou Enchendo os olhos de Dumont Foz do Iguaçu, a fina flor Desabrochou O turismo sem fronteiras São três marcos, três bandeiras Elo da amizade O comércio sem barreiras Tempera o paladar CANTA IMPERATRIZ! COMUNIDADE É ENERGIA A LEOPOLDINA É A USINA QUE FAZ TUA ESTRELA BRILHAR CANTA IMPERATRIZ, SUPERAÇÃO É TUA SINA! E A NOSSA ESTRELA VAI ILUMINAR Em 2013, mais uma vez a Restinga, agora em busca do tricampeonato, nos brinda com uma grande obra do multicampeão André Diniz, em parceria com o também interprete da Tinga, Wander Pires. O samba versa sobre superação e é uma ode à propria escola, sobretudo na sua segunda parte. Ouso dizer que André Diniz, embora Isabelense de coração, ainda não conseguiu imprimir em seus sambas para a Unidos de Vila Isabel, um discurso tão apaixonado como essa composição para a Tinga. Eis o trecho: TINGA TEU POVO TE AMA, TE ACLAMA ESSA É A TUA HISTÓRIA... TENS A CHAMA DA VITÓRIA! A FORÇA DE UMA ESCOLA QUE NUNCA IRÁ SE CURVAR QUE NÃO SE RENDE, QUE VAI LUTAR! [...] A NOSSA COMUNIDADE É GENTE HUMILDE LUTA PARA VENCER NA VIDA RAÇA, DIGNIDADE, VERDADE QUE DESFILA AVENIDA O SORRISO DE UMA CRIANÇA QUE ESTAMPA A FORÇA DE UM CISNE ALTANEIRO EM VERMELHO, VERDE E BRANCO O AMOR É TINGUERREIRO No proximo O CARNAVAL QUE QUASE NINGUÉM VÊ, vamos passear sobre o carnaval da região norte do Brasil. Conheceremos Manaus. Até lá!! Victor
Raphael
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