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Olhar Externo

DEPRESSÃO OU ESCULHAMBAÇÃO?
Limites ou a falta deles nas redes sociais do Carnaval

9 de novembro de 2012, nº 9, ano II

Não é de hoje que as redes sociais vêm se constituindo e se consolidando como um espaço dos mais profícuos para a discussão dos mais diversos assuntos: Politica, Esporte, Segurança Publica, aspectos relacionados ao nosso cotidiano... E porque não ao Carnaval? Os perfis de interpretes e carnavalescos fazem sucesso entre os aficionados pelo samba e é ali que volta e meia aparece uma revelação, um detalhe a mais sobre os desfiles, sobre o que as escolas preparam para o seu carnaval.

O caso mais emblemático do impacto das redes sociais talvez se traduza na disputa de samba do Salgueiro em 2009, quando uma das obras tomou de assalto os amantes das escolas de samba do Brasil todo, o famoso “Menina, quem foi teu mestre?” – Samba de Beto Simas e parceiros para o enredo “Tambor”, que, na opinião de muitos, só chegou à final pela pressão que fóruns de carnaval, ferramentas de redes sociais e o clamor cibernético causaram pelo hino, de melodia nostálgica e com variações melódicas puxadas pro “menor” – fato raro nos sambas-enredo da geração Y.

É bem natural também que nas redes sociais ocorram teorias e mais teorias sobre os desfiles, as conspirações sobre as disputas de samba, os desabafos de componentes e torcedores por conta das notas da apuração, sem contar as fotos, vídeos, depoimentos e dossiês sobre supostos erros e maracutaias nos resultados. Pois bem... Há algumas semanas uma nova abordagem no tratamento destinado às escolas de samba e suas comunidades vem causando certo rebuliço na comunidade carnavalesca internética.

As torcidas de escolas de samba têm por natureza perpetuar o clima de amizade conte as coirmãs... Mas é certo que muitos (repito, MUITOS) se deleitam quando a escola corre para não estourar o tempo, quando o integrante da comissão de frente erra, a bateria atravessa, ou esses deslizes típicos de desfile de escola de samba, que possam vir a custar os valiosos décimos que separam as campeãs da raspa do tacho ou do fundo do poço. Porém, o discurso oficial tem de seguir incólume: o rito carnavalesco tem por excelência privilegiar a união, a solidariedade para com a coirmã e o desejo de força para que tudo prospere no ano vindouro. É bonito, altruísta e politicamente correto. Faz com que o samba tenha esse aspecto polido perante tantas outras paixões como o futebol, onde é recorrente vermos agressões e mortes pelos estádios-coliseus.

Pois bem, mas há quem não pense assim, e agora, há também quem, além disso, resolve escancarar toda a zoação que existe no mundo do carnaval, sempre naquelas rodinhas, nas internas, sem exposição. A Página do Facebook intitulada “Sambistas da Depressão” tem como fundamento “tirar um sarro” aparentemente indiscriminado a todas as escolas de samba (aparentemente, já que é notório que Inocentes de Belford Roxo, Porto da Pedra e Grande Rio estão entre os alvos prediletos). E vale tudo, até carnaval virtual já entrou na dança nas mãos dos criadores da pagina. Quem tem um pouco de relação com o ambiente folião consegue perceber que muitos dos memes postados na pagina tem frases recorrentes dessas rodinhas, mas que nunca forma explanados na forma como são através do “Sambistas”.

O certo nessa historia toda é que a polêmica está instaurada. Enquanto escrevo essa coluna, vejo que os criadores da página emitiram um comunicado onde estão vetando e deixando de veicular posts sobre o carnaval capixaba, uma vez que os integrantes das escolas de lá reagiram com bastante reprovação às “brincadeiras” dos donos da página. Uma das reclamantes inclusive descreve que “curtia” a página até que a escola dela foi citada. E é aí que pretendo entrar no centro da discussão.

O torcedor da Beija-Flor, na sua rodinha particular, adora alfinetar o carnaval da Tijuca ou da Mangueira, mas é certo que se dói com alguma critica ao seu pavilhão ou a sua agremiação, no mais belo exemplo de que a “pimenta no (...) dos outros é refresco” – (parênteses – um dos comentários em determinado posto do Sambistas da Depressão usou uma escola como sinônimo do que aqui, se traduz em reticencias). A maioria dos comentários que infernizam os donos da página tem como pano de fundo a própria paixão do torcedor em questão, mas quem garante que o mesmo se doeu quando a atingida foi outra bandeira? 

Questionar se a página pegou pesado demais no seu intuito de alfinetar as escolas de samba, ou se tal atitude dá a quem escreve direito ou não de ser chamado de “sambista” fica a critério das rodas de discussão e das próprias redes sociais, mas quem, em maior ou menor grau, ficam latentes os casos de hipocrisia daqueles que adoram provocar mas não aturam provocações... isso é um fato... E eu confesso que já espero um meme dos “Sambistas da Depressão” sobre esse post, como” Escreve em site de carnaval... Mas não sabe tocar um pandeiro” – faz parte do jogo.

Sambem muito!!!

OBS: Quero agradecer publicamente aos e-mails e mensagens enviados por Douglinhas e Edilson Casal (Nego), respectivamente interprete e presidente do GRES Pérola Negra, que foi o assunto da coluna anterior. Foram mensagens muito respeitosas e que mostram, mais uma vez, que a agremiação tem uma postura de muita cordialidade e tem ciência de sua importância para o carnaval paulistano, e tenho a certeza de que será mais um belo carnaval da escola. Muito obrigado pela audiência, e em nome dos dois, quero cumprimentar toda a Comunidade da Pérola e convida-los a, sempre que puderem, acompanhar este humilde colunista.