Uma das
figuras mais importantes da música popular brasileira,
por sua militância em divulgá-la no exterior e por seu
incentivo aos compositores e sambistas das classes mais
populares, que dificilmente conseguiam espaço na mídia
para divulgarem seus sambas. Jorge Goulart foi, também,
o primeiro cantor de rádio a puxar um samba no carnaval.
Jorge Goulart começou sua
carreira de cantor como crooner, em 1943, apresentando-se
em casas noturnas do Rio de Janeiro, os famosos
"dancings". Pertenceu ao “cast” das
rádios Tupi e Nacional. Dono de uma grande voz, foi
apelidado pelo apresentador e radialista César de
Alencar de Boca de Caçapa, pela sua incrível extensão
vocal e pela atitude que assumia ao interpretar. Atuou em
diversos filmes – as famosas “chanchadas”
da Atlântida, como “Aviso aos navegantes”
– e gravou incontáveis marchinhas carnavalescas,
juninas e natalinas, além de sambas, sambas-canções e
valsas. Gravou também para o público infantil e lançou
em disco os hinos compostos por Lamartine Babo para os
clubes de futebol do Rio de Janeiro.
Na década de 50, gravou o LP
“Brasil em ritmo de samba”, intrerpretando
entre outros “Brasil moreno”, de Ary Barroso e
Luiz Peixoto, “Canta Brasil”, de David Nasser e
Alcyr Pires Vermelho, “Isso aqui o que é?” e
“Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso. Numa
época em que a maioria dos sambistas de morro era vista
com certa indiferença, destacou-se como um dos grandes
divulgadores das músicas de sambistas de escolas de
samba, como Zé Kéti, Candeia, Silas de Oliveira e Elton
Medeiros. “Essa gente não tinha oportunidade no
rádio e nos discos”, declarou ele em entrevista. O
primeiro desses sambas a lhe render grande sucesso foi
“A voz o morro”, de Zé Kéti, gravado em 1955
– também tema do filme “Rio 40 Graus”, no
qual também participou.
Nas décadas de 50 e 60, junto
com sua companheira, a também cantora Nora Ney, Jorge
Goulart excursionou para a União Soviética, China e
países do Leste Europeu. Interpretou clássicos
absolutos do carnaval carioca, como “A cabeleira do
Zezé”, “Joga a chave, meu amor” e
“Ride, palhaço”, entre vários outros. Em
1965, para o carnaval do Quarto Centenário da cidade do
Rio de Janeiro, Silas de Oliveira, Dona Ivone Lara e
Bacalhau, compuseram para o Império Serrano o samba
“Cinco bailes da história do Rio”. Segundo o
cantor, “Silas fez um samba-enredo contando em cinco
partes o final do Império com o baile da Ilha Fiscal.
Era um samba difícil de cantar, a terceira parte era
muito alta, daí o Silas mandou me chamar. Era a primeira
vez que um cantor de rádio puxou uma escola de
samba.” E realmente, Jorge Goulart puxou a Império
Serrano não só naquele, mas também nos carnavais dos
três anos seguintes: “Glórias e graças da
Bahia”, “São Paulo, chapadão de
glórias” e “Pernambuco Leão do Norte”. O
cantor também conduziu as escolas Imperatriz
Leopoldinense em 1975 (“A morte da
porta-estandarte”), e a Unidos de Vila Isabel em
1977 (“Ai, que saudades que eu tenho”).
Pois este cantor, que
abrilhantaria a discografia de qualquer nação do mundo,
em 1983 sofreu o pior dos golpes para um homem de sua
profissão: devido a um câncer, Jorge Goulart teve suas
cordas vocais extirpadas e teve de reaprender a falar,
por meio do esôfago. Em 2003, sua velha companheira por
52 anos Nora Ney morreu, vítima de falência múltipla
de órgãos, após longo sofrimento. Em janeiro de 2004,
o jornal O Pasquim 21 publicou entrevista sua na qual
Jorge Goulart contou detalhes de sua vida e carreira.
Jorge
Goulart morreu em 17 de março de 2012, aos 86 anos,
vítima de insuficiência respiratória.
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Primeiro ano como intérprete: 1965
(Império Serrano).
1965 a 1968: Império Serrano
1975: Imperatriz Leopoldinense
1977: Unidos de Vila Isabel
DISCOGRAFIA:
Lançou dezenas de discos de 78 rpm,
compactos e LPs. Entre eles, destacam-se:
- A Volta/Paciência, coração (1945)
- Noites de junho/São João (1949)
- Miss Mangueira/Balzaquiana (1950)
- Ai! Gegê (1950)
- Brasil em ritmo de samba (1955)
- Em tempo de samba (1959)
- Jubileu de prata - Jorge Goulart e Nora
Ney (1977)
- Oh! As marchinhas – Emilinha Borba
e Jorge Goulart (1981)
- Amor, meu grande amor – Nora Ney
& Jorge Goulart (2000, em CD)
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