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PIOR DO QUE
ESTÁ, NÃO FICA... 18
de outubro de 2010, nº 41, ano V ... Ou
será que
fica? Bom, a safra de 2011 se desenha um desastre absurdo, uma
das piores de todos os tempos. Se ano passado, os sucessos de
crítica e as notas 10 de Vila Isabel e Imperatriz fizeram
possível a presença de algumas obras mais ousadas
e trabalhadas
nas Eliminatórias, as escolhas dos hinos oficiais
vêm se
mostrando terrivelmente conservadoras, quando não viciadas
pelos
fatores extra-sambas que todos nós conhecemos muito bem. E o
que
nos resta? Montar o nosso CDzinho de concorrentes e torcer para
que os jurados comecem a dar as notas que os sambas realmente
merecem - enquanto os caras ficarem dando 9,9 pra samba ruim e os
títulos forem decididos em quesitos plásticos,
nada vai mudar.
Então, vamos lá:
Como este CD
está sendo lançado um pouquinho mais tarde do que
de costume,
resolvi omitir alguns sambas que já venceram, são
muito bons e
mereceriam estar no CD, como o da Beija-Flor de Nilópolis. Outra
modificação é que resolvi
começar o CD com os sambas do
Acesso e depois os de São Paulo – colocar os do
Especial do
Rio no fim, dando mais destaque para os sambas dos outros
desfiles é uma pequena punição para as
escolhas terríveis.
Pensei até Agradecimentos
pela capa a Oswaldo Júnior.
01. Império
Serrano – Aluisio Machado e Cia. O grande
mestre
se uniu à parceria campeã do ano passado e fez um
samba com a
alma imperiana, com toques ousadíssimos e um
refrãozaço. Tem
tudo para ser o melhor do acesso e dar mais um Estandarte de Ouro
para a escola.
02. Alegria da Zona Sul –
Meiners e Cia.
03. Alegria da Zona Sul – Thiago de
Xangô e Cia. A Alegria da
Zona
Sul talvez tenha feito uma das escolhas mais decepcionantes do
ano. Com seu enredo afro, a escola atraiu um grande número
de
compositores que capricharam. O samba escolhido, de Alexandre
Alegria e Cia., não chega a ser ruim, mas é...
comum. É aquele
samba que não faz a diferença. E o pior
é que a escola tinha
opções de sambas diferenciados. Além
dos dois selecionados,
ainda tínhamos um cantado pelo Bruno Ribas que
também era muito
bom. Nenhum dos três chegou à final –
é aquela
estratégia que todo mundo conhece, tirar os sambas bons para
existir uma unanimidade para o samba escolhido.
04. Viradouro
– Jeferson Lima e Cia. O autor de
“Mar
de Fiéis” traz mais um grande samba, agora na
escola de
Niterói. A disputa, no entanto, é tensa, com
boatos rolando por
todos os lados. Espero que a sensibilidade artística do
presidente faça a escolha apontar para o samba que realmente
merece. Demais
disputas
do acesso: Rocinha e Cubango já escolheram. Caprichosos,
Estácio e Império da Tijuca têm safras
fracas, sem nenhum
samba que se destaque. Inocentes, dificilmente deixará de
ter
uma catástrofe como samba. Na Renascer, os boatos apontam a
vitória da parceria de Jayme Cesar e Cia.. A surpresa pode
vir
de Santa Cruz, onde o samba de Leo do Tamborim e Cia. vem fazendo
frente a Fernando de Lima e Cia., que não conseguiu acertar
a
mão e fez uma de suas piores obras para a escola.
05. Vai-Vai
– Zeca e Cia.
06. Vai-Vai -
Zé Carlinhos e Cia.
07. Gaviões
da Fiel – Grego e Cia.
08. Vila Maria
– Panda e Cia. O Vai-Vai tem
um
enredo estupendo e foi servido com dois sambas que estavam entre
os melhores do ano em todo o Brasil. Zé Carlinhos,
infelizmente,
resolveu retirar o seu no meio da disputa, o que deve ser
lamentado, pois era o melhor samba, com sua força
emocionante e
ousadias melódicas. O de Zeca e Cia. foi o
campeão, é
excepcional e merece ser ouvido por todos. Nos
Gaviões, a
final foi o costumeiro show de horrores dos últimos anos.
É
mais fácil um corintiano vencer na Mangueira do que na
escola.
Pior para Grego, que perde injustamente mais uma vez. A Vila
Maria, também, tinha opções entre
ótimas (como este samba do
Panda) e razoáveis. Escolheu um samba fraco, como
já é
tradicional na escola. A Mancha
Verde,
como já há alguns anos, vem com um
ótimo samba. O samba da X9
também é muito bom, unindo ousadia
melódica e leveza – é
da turma que ganhou na Mangueira. A Nenê, por sua vez, optou
por
um samba de Santaninha e Cláudio Russo, ou seja, tem partes
boas
e outras, nem tanto, dando claramente para perceber quem fez o
quê no samba. A Império de Casa Verde fez mais uma
fusão. A
Mocidade Alegre e a Pérola Negra escolheram o mesmo samba
dos
últimos anos. As demais escolas fizeram escolhas sem muito
destaque.
09. Grande Rio
– Ney do Pagode e Cia. Comecemos o
Especial do Rio de Janeiro. A Tijuca escolheu o samba que todos
sabiam que escolheria. Não havia grandes
opções. A Grande Rio,
por sua vez, optou por Edispuma e Cia.. A safra tinha boas
alternativas, dentre ela a que tinha o verso “Te Relho a
Bunda”, de Emerson Dias e Cia., que talvez fosse o melhor da
safra caxiense. Para o CD, no entanto, escolhi este, que tem um
clima anos 80 e, como foi mal gravado, não chamou muita
atenção dos internautas.
10. Beija-Flor de
Nilópolis – Erasmo e Cia. Não
era o melhor
da disputa, mas foi tão comentado por tantas
razões que acho
válido sua inclusão no CD. Mais do que o fato de
ter sido feito
por astros da música brasileira, o samba trouxe de volta uma
estrutura de samba-enredo que não se via desde os anos 70,
chutando a sinopse e apostando em uma letra curta e fácil de
memorizar. Muito interessante. Na Vila, a
escolha voltou ao padrão dos últimos anos, e o
samba, apesar da
melodia agradável, tem tudo para ser bastante canetado pelos
jurados por apresentar os mesmos pontos que fizeram a escola
perder pontos até 2009. Mas é uma
opção válida como outra
qualquer, até porque a safra era fraca. Tecnicamente, o
melhor
era o de Zimmermann e Cia., que pelo menos tinha mais do que 1/3
do enredo na letra. O de Raoni, neto de Martinho, também
chamava
a atenção pela ousadia e por um
espírito de “Vila dos
anos
11. Salgueiro
– Fernando Baster e Cia. O melhor da
disputa, para mim, era o de Moisés Santiago e Cia.. O que
ganhou
e o do Rodrigo Raposo também são interessantes.
Eu coloquei o
samba de Fernando Baster e Cia. no CD para chamar a
atenção
para a obra, que passou completamente despercebida nas
Eliminatórias, não conta o enredo muito bem, mas
é bem leve e
divertido, com bons refrões e a competência de
Preto Jóia
cantando. É a típica marchinha salgueirense de
que todo mundo
fala mal, mas tem seu valor quando bem feita.
12. Mangueira
– Tantinho e Cia. Muita gente
elogia as eliminatórias
“Ivo-Mangueirenses”, mas esta
é a prova cabal de como está tudo errado. Um
samba de Tantinho,
um dos maiores sambistas vivos do Brasil, que vem resgatando as
obras dos compositores mangueirenses, que vem recebendo
prêmios
e mais prêmios pelos seus CDs... não consegue
ficar nem entre
os 20 finalistas do concurso. Escutem e julguem. Mocidade
terá
final justamente hoje, após a entrega da coluna.
Não tem lá
grandes opções e deve dar o samba para a parceria
que venceu
ano passado. Na
Imperatriz, a
safra foi o resultado direto do enredo ruim e mal desenvolvido.
Os torcedores de internet já elegeram os seus preferidos: o
de
Me Leva e Cia., e o de Zé Katimba e Cia. Além
disso, tem o do
Josimar e Cia., bastante comentado. Nenhum deles é
lá essas
coisas. Então, indico uma quarta
opção, a obra de Tuninho e
Cia., cantado por Alexandre D’Mendes, que não
é nada do
outro mundo, mas é interessante. Não tem
qualidade suficiente
para estar no meu CD, mas tem qualidade para vencer a disputa em
Ramos e merece a atenção do leitor.
13.
Portela
– David Correa e Cia. Talvez a mais
bela melodia do ano, como é de se esperar do mestre de
“Das
Maravilhas do Mar...”. David Correa mostrou que pode fazer
um samba de altíssimo nível, mas que tem
dificuldade de se
adequar às exigências impostas às
letras atuais pelo padrão
estabelecido pelos escritórios. Inclusive, quem ouviu o
samba de
outro compositor campeoníssimo da Portela, o Carlinhos
Madureira
(autor de “Adelaide, a Pomba da Paz”), deve ter o
mesmo
problema - quando eles tentaram fazer resumo de sinopse, a coisa
não fluiu, não é a deles. David, no
entanto, conseguiu simplificar a letra e, a partir da segunda
parte, apostou no inconfundível gingado de seus sambas, suas
variações melódicas delicadas. Parece
que voltamos aos bons
tempos dos sambas-enredo. Quer algo mais bonito que o verso do
“marinheiro, marinheiro”, ou a entrada do
refrão de
cabeça? Nem passou perto da final, como já era de
se esperar
nos concursos atuais. O samba da
Porto
da Pedra já estava escolhido desde 2007. Na Ilha, a safra
é
trágica - o melhorzinho, que era o do Barbieri e Cia.,
já caiu,
e todos esperam mais uma vitória do intérprete
Ito Melodia e do
filho de Márcio André, diretor da escola, seja em
fusão ou
não. 14.
São Clemente – Medrado e Cia. Pelo
histórico
da escola, já era de se esperar que um samba de Eduardo
Medrado
não fosse muito longe. E é uma pena, porque
apesar das
experimentações, o samba tinha um potencial de
avenida muito
grande, com seu excepcional refrão de cabeça, um
dos mais
empolgantes dos últimos anos. Enfim, eis o
link: http://www.4shared.com/file/vCOQv_wV/jm_2011.html Abraços
a todos! João
Marcos |
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