PRINCIPAL    EQUIPE    LIVRO DE VISITAS    LINKS    ARQUIVO DE ATUALIZAÇÕES    ARQUIVO DE COLUNAS    CONTATO

Coluna do João Marcos

PIOR DO QUE ESTÁ, NÃO FICA...

18 de outubro de 2010, nº 41, ano V 

... Ou será que fica? Bom, a safra de 2011 se desenha um desastre absurdo, uma das piores de todos os tempos. Se ano passado, os sucessos de crítica e as notas 10 de Vila Isabel e Imperatriz fizeram possível a presença de algumas obras mais ousadas e trabalhadas nas Eliminatórias, as escolhas dos hinos oficiais vêm se mostrando terrivelmente conservadoras, quando não viciadas pelos fatores extra-sambas que todos nós conhecemos muito bem. E o que nos resta? Montar o nosso CDzinho de concorrentes e torcer para que os jurados comecem a dar as notas que os sambas realmente merecem - enquanto os caras ficarem dando 9,9 pra samba ruim e os títulos forem decididos em quesitos plásticos, nada vai mudar. Então, vamos lá: 


Os melhores concorrentes de 2011, segundo João Marcos

Como este CD está sendo lançado um pouquinho mais tarde do que de costume, resolvi omitir alguns sambas que já venceram, são muito bons e mereceriam estar no CD, como o da Beija-Flor de Nilópolis. 

Outra modificação é que resolvi começar o CD com os sambas do Acesso e depois os de São Paulo – colocar os do Especial do Rio no fim, dando mais destaque para os sambas dos outros desfiles é uma pequena punição para as escolhas terríveis. Pensei até em colocar São Paulo, mas elas também são mestras em escolhas equivocadas, muitas vezes absurdas. O Acesso, pelo menos tem o meu Império Serrano, né? 

Agradecimentos pela capa a Oswaldo Júnior. 

          01. Império Serrano – Aluisio Machado e Cia. 

O grande mestre se uniu à parceria campeã do ano passado e fez um samba com a alma imperiana, com toques ousadíssimos e um refrãozaço. Tem tudo para ser o melhor do acesso e dar mais um Estandarte de Ouro para a escola. 

                02. Alegria da Zona Sul – Meiners e Cia.

          03. Alegria da Zona Sul – Thiago de Xangô e Cia. 

A Alegria da Zona Sul talvez tenha feito uma das escolhas mais decepcionantes do ano. Com seu enredo afro, a escola atraiu um grande número de compositores que capricharam. O samba escolhido, de Alexandre Alegria e Cia., não chega a ser ruim, mas é... comum. É aquele samba que não faz a diferença. E o pior é que a escola tinha opções de sambas diferenciados. Além dos dois selecionados, ainda tínhamos um cantado pelo Bruno Ribas que também era muito bom. Nenhum dos três chegou à final – é aquela estratégia que todo mundo conhece, tirar os sambas bons para existir uma unanimidade para o samba escolhido. 

          04. Viradouro – Jeferson Lima e Cia. 

O autor de “Mar de Fiéis” traz mais um grande samba, agora na escola de Niterói. A disputa, no entanto, é tensa, com boatos rolando por todos os lados. Espero que a sensibilidade artística do presidente faça a escolha apontar para o samba que realmente merece. 

Demais disputas do acesso: Rocinha e Cubango já escolheram. Caprichosos, Estácio e Império da Tijuca têm safras fracas, sem nenhum samba que se destaque. Inocentes, dificilmente deixará de ter uma catástrofe como samba. Na Renascer, os boatos apontam a vitória da parceria de Jayme Cesar e Cia.. A surpresa pode vir de Santa Cruz, onde o samba de Leo do Tamborim e Cia. vem fazendo frente a Fernando de Lima e Cia., que não conseguiu acertar a mão e fez uma de suas piores obras para a escola. 

                05. Vai-Vai – Zeca e Cia.

                06. Vai-Vai - Zé Carlinhos e Cia.

                07. Gaviões da Fiel – Grego e Cia.

          08. Vila Maria – Panda e Cia. 

O Vai-Vai tem um enredo estupendo e foi servido com dois sambas que estavam entre os melhores do ano em todo o Brasil. Zé Carlinhos, infelizmente, resolveu retirar o seu no meio da disputa, o que deve ser lamentado, pois era o melhor samba, com sua força emocionante e ousadias melódicas. O de Zeca e Cia. foi o campeão, é excepcional e merece ser ouvido por todos. 

Nos Gaviões, a final foi o costumeiro show de horrores dos últimos anos. É mais fácil um corintiano vencer na Mangueira do que na escola. Pior para Grego, que perde injustamente mais uma vez. A Vila Maria, também, tinha opções entre ótimas (como este samba do Panda) e razoáveis. Escolheu um samba fraco, como já é tradicional na escola. 

A Mancha Verde, como já há alguns anos, vem com um ótimo samba. O samba da X9 também é muito bom, unindo ousadia melódica e leveza – é da turma que ganhou na Mangueira. A Nenê, por sua vez, optou por um samba de Santaninha e Cláudio Russo, ou seja, tem partes boas e outras, nem tanto, dando claramente para perceber quem fez o quê no samba. A Império de Casa Verde fez mais uma fusão. A Mocidade Alegre e a Pérola Negra escolheram o mesmo samba dos últimos anos. As demais escolas fizeram escolhas sem muito destaque. 

         09. Grande Rio – Ney do Pagode e Cia. 

Comecemos o Especial do Rio de Janeiro. A Tijuca escolheu o samba que todos sabiam que escolheria. Não havia grandes opções. A Grande Rio, por sua vez, optou por Edispuma e Cia.. A safra tinha boas alternativas, dentre ela a que tinha o verso “Te Relho a Bunda”, de Emerson Dias e Cia., que talvez fosse o melhor da safra caxiense. Para o CD, no entanto, escolhi este, que tem um clima anos 80 e, como foi mal gravado, não chamou muita atenção dos internautas.

               10. Beija-Flor de Nilópolis – Erasmo e Cia.

Não era o melhor da disputa, mas foi tão comentado por tantas razões que acho válido sua inclusão no CD. Mais do que o fato de ter sido feito por astros da música brasileira, o samba trouxe de volta uma estrutura de samba-enredo que não se via desde os anos 70, chutando a sinopse e apostando em uma letra curta e fácil de memorizar. Muito interessante.

Na Vila, a escolha voltou ao padrão dos últimos anos, e o samba, apesar da melodia agradável, tem tudo para ser bastante canetado pelos jurados por apresentar os mesmos pontos que fizeram a escola perder pontos até 2009. Mas é uma opção válida como outra qualquer, até porque a safra era fraca. Tecnicamente, o melhor era o de Zimmermann e Cia., que pelo menos tinha mais do que 1/3 do enredo na letra. O de Raoni, neto de Martinho, também chamava a atenção pela ousadia e por um espírito de “Vila dos anos 90”, que a escola tenta apagar de todas as formas.

               11. Salgueiro – Fernando Baster e Cia.

O melhor da disputa, para mim, era o de Moisés Santiago e Cia.. O que ganhou e o do Rodrigo Raposo também são interessantes. Eu coloquei o samba de Fernando Baster e Cia. no CD para chamar a atenção para a obra, que passou completamente despercebida nas Eliminatórias, não conta o enredo muito bem, mas é bem leve e divertido, com bons refrões e a competência de Preto Jóia cantando. É a típica marchinha salgueirense de que todo mundo fala mal, mas tem seu valor quando bem feita.

               12. Mangueira – Tantinho e Cia.

Muita gente elogia as eliminatórias “Ivo-Mangueirenses”, mas esta é a prova cabal de como está tudo errado. Um samba de Tantinho, um dos maiores sambistas vivos do Brasil, que vem resgatando as obras dos compositores mangueirenses, que vem recebendo prêmios e mais prêmios pelos seus CDs... não consegue ficar nem entre os 20 finalistas do concurso. Escutem e julguem.

Mocidade terá final justamente hoje, após a entrega da coluna. Não tem lá grandes opções e deve dar o samba para a parceria que venceu ano passado.

Na Imperatriz, a safra foi o resultado direto do enredo ruim e mal desenvolvido. Os torcedores de internet já elegeram os seus preferidos: o de Me Leva e Cia., e o de Zé Katimba e Cia. Além disso, tem o do Josimar e Cia., bastante comentado. Nenhum deles é lá essas coisas. Então, indico uma quarta opção, a obra de Tuninho e Cia., cantado por Alexandre D’Mendes, que não é nada do outro mundo, mas é interessante. Não tem qualidade suficiente para estar no meu CD, mas tem qualidade para vencer a disputa em Ramos e merece a atenção do leitor.

    13.  Portela – David Correa e Cia.

Talvez a mais bela melodia do ano, como é de se esperar do mestre de “Das Maravilhas do Mar...”. David Correa mostrou que pode fazer um samba de altíssimo nível, mas que tem dificuldade de se adequar às exigências impostas às letras atuais pelo padrão estabelecido pelos escritórios. Inclusive, quem ouviu o samba de outro compositor campeoníssimo da Portela, o Carlinhos Madureira (autor de “Adelaide, a Pomba da Paz”), deve ter o mesmo problema - quando eles tentaram fazer resumo de sinopse, a coisa não fluiu, não é a deles.

David, no entanto, conseguiu simplificar a letra e, a partir da segunda parte, apostou no inconfundível gingado de seus sambas, suas variações melódicas delicadas. Parece que voltamos aos bons tempos dos sambas-enredo. Quer algo mais bonito que o verso do “marinheiro, marinheiro”, ou a entrada do refrão de cabeça? Nem passou perto da final, como já era de se esperar nos concursos atuais.

O samba da Porto da Pedra já estava escolhido desde 2007. Na Ilha, a safra é trágica - o melhorzinho, que era o do Barbieri e Cia., já caiu, e todos esperam mais uma vitória do intérprete Ito Melodia e do filho de Márcio André, diretor da escola, seja em fusão ou não.

14. São Clemente – Medrado e Cia.

Pelo histórico da escola, já era de se esperar que um samba de Eduardo Medrado não fosse muito longe. E é uma pena, porque apesar das experimentações, o samba tinha um potencial de avenida muito grande, com seu excepcional refrão de cabeça, um dos mais empolgantes dos últimos anos.

Enfim, eis o link:

http://www.4shared.com/file/vCOQv_wV/jm_2011.html

Abraços a todos!

João Marcos
joaomarcos876@yahoo.com.br