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UMA ESCOLHA 14 de outubro de 2010, nº 40, ano V Na verdade, não deixou de ser. As eliminatórias da Mangueira são a coisa mais bizarra do mundo, com direito a parcerias que são identificadas por equações matemáticas. Porém, a vitória dos paulistas foi extremamente interessante por diversas razões. A primeira é que os caras são bons mesmo e são responsáveis por alguns sambas de qualidade do carnaval de São Paulo. Além disso, foi um troco em alto estilo – a parceria dos compositores da Mangueira ganhou na Gaviões da Fiel no ano do centenário do Corinthians; agora, os paulistas vão lá e vencem quando a Mangueira escolhe um enredo que se volta às suas raízes... um samba de ex-compositores da Gaviões – ironia maior, impossível. O anúncio foi um dos momentos mais interessantes das Eliminatórias do Rio. A quadra lotada se calou enquanto meia dúzia comemorava a vitória improvável. A comunidade foi calada? Depende - de que comunidade estamos falando? A comunidade dos ônibus, com mais de mil pessoas de várias localidades? Ou o pessoal do “alguém importante”? Isto é comunidade, é a vontade do morro? Foi anunciado o campeão, que era o melhor da final e, diante da safra péssima que se anuncia, é um dos candidatos a samba do ano. A repercussão não poderia ser mais negativa nos fóruns de carnaval, no Orkut. Evidentemente, todo mundo tem direito a ter uma opinião, tem direito a gostar ou não de alguma coisa. Mas parece que há um movimento orquestrado para bloquear o significado da vitória dos paulistas. Sinceramente, escutem o samba da Mangueira; agora o da São Clemente, os favoritos de Porto da Pedra, Ilha, Vila Isabel e da maioria das escolas. Vai dizer que o da Mangueira é ruim, colocando nesta perspectiva? E agora pega os sambas que são considerados os destaque da safra, tipo o do Salgueiro, o do Samir na Beija-Flor e o do Me Leva, na Imperatriz – são superiores ao da Mangueira ou, pelo menos, tão desproporcionalmente superiores a ponto de justificar a diferença de tratamento? Ou será que tem gente que elogia samba por causa do nome do compositor e pelos interesses indiretos? Será que a garotada que lê e vê a opinião de x ou y, muitas vezes representantes de determinados escritórios em outras escolas, não está sendo levada a pensar que o samba é ruim por causa disso? Até as manchetes dos jornais tiveram conotação negativa. Paulistofobia? Talvez, e é engraçado: os sambistas do Rio saem invadindo o carnaval de outras cidades e, infelizmente, as escolas dessas cidades acham que isto é uma honra, escolhem qualquer porcaria que os caras fazem em 15 minutos, requentando qualquer coisa genérica; contratam intérpretes que mal aprendem o samba e vão para o desfile soltar cacos e faturar metade da subvenção. E se acham dirigentes inteligentes, acham que estão profissionalizando suas escolas. E agora, como vocês, vocês aí de São Paulo, que estão vendo esse massacre ao samba paulista da Mangueira, estão se sentindo? E vocês, dos carnavais de outras cidades, o que acham dessa história toda? Será que acendeu a luz? Não vou defender os compositores paulistas, não, não tem mocinho nessa história. Só quero mostrar que o samba não é um lixo, que a escolha foi interessante por mexer com o ‘status quo’ e que a reação negativa tem menos a ver com a qualidade da obra do que com o “não mexa com meus amigos”. E para terminar o texto, nada melhor do que citar uma reportagem do Jornal Extra, que afirma que o tráfico não quer o presidente Ivo Meirelles na Mangueira em 2012 e que Fernandinho Beira-Mar não está satisfeito com os rumos de sua escola. Para mim, isto foi a cereja no bolo. ***** Aproveito para dividir com os amigos um samba que venci este ano, em parceria com os amigos João Pinho e Imperial. O samba é para a Imperatriz da Zona Norte, de Cruz Alta (Rio Grande do Sul). Apesar de não ser o primeiro samba que venci, é o primeiro que venci e assino. E quero mostrar aos amigos (e também para os inimigos, evidente) por ser um samba bem diferente, que foge bastante aos padrões. É impressionante imaginar que uma escola de Cruz Alta, campeoníssima na cidade, escolha um samba assim, enquanto as grandes escolas do Rio e São Paulo não chegam nem perto de ter coragem semelhante. Então, está aí meu momento “vidraça”: Samba Imperatriz - Cruz Alta, RS Imperatriz da Zona Norte 2011 – Cruz Alta, RS Enredo: A fé vai nos guiar... Compositores: João Pinho, Imperial e João Marcos Vem do céu A fé que inspira o caminhar Pra poder agradecer, adorar É romaria e procissão... Crença e devoção Templo dos deuses, coroa sagrada É paz infinita e tão desejada Os anjos guiam por um bom caminho Ó padroeira desse meu Brasil - menino Estende seu manto que te faz tão bela Nossa senhora, minha prece é tão singela VEM CHEGANDO O CAVALEIRO, TENHO FÉ NA SUA LANÇA SALVE A SUA BANDA, SALVE A SUA BANDA É SÃO JORGE GUERREIRO... QUEM ELE É? OGUNHE! ELE É OGUM É MUITO AXÉ Na adoração a aldeia vai cantar, rei tupã vai consagrar a oração Desse chão, que tem raça e tem cor Olorum... o deus negro criador, a esperança semeou Brilhou no céu a estrela de Davi Eu vi da vida energia então fluir Seguindo os passos dessa peregrinação O meu Deus é mensageiro traz renovação Vou me libertar e o meu karma eternizar Com fé eu vou, acreditando no meu ideal Vermelho e branco coloriu o carnaval Profeta do samba, sou Imperatriz Meu pavilhão é mais feliz SE O SAMBA TEM PATENTE... TEM RAIZ A FÉ LEVA ESSA GENTE PARA VER IMPERATRIZ SALVE A IMPERATRIZ, SALVE A IMPERATRIZ SALVE A IMPERATRIZ, SALVE A IMPERATRIZ http://www.4shared.com/audio/nykZw4la/Imperatriz_Oficial.html Abraços a todos! João Marcos |
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