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PAULO BARROS E A ESSÊNCIA DO CARNAVAL 1º de março de 2010, nº 37, ano V Terminado o carnaval, o Rio de Janeiro viu a Unidos da Tijuca
campeã e a consagração definitiva do trabalho de Paulo Barros. E quando alguém
chega ao topo, começam as críticas – nada mais normal. O problema é que muitas
delas têm motivos pouco nobres, objetivando atacar aquele que tirou os outros
carnavalescos da zona de conforto. Sim, Paulo Barros mexeu com muitos egos. Para quem não
quer mudança nas estruturas é fácil dizer que ele só faz espetáculo, que faz
Broadway, faz arte moderna, faz tudo menos um desfile de escolas de samba. É
fácil demais. Difícil é fugir do convencional. Num carnaval Não é que eu não tenha restrições ao seu estilo: acho seus
enredos desconexos demais. Dentro da linha de carnaval do Barros, gosto mais da
forma como o Luiz Carlos Bruno delimita os temas, com mais unidade, o que dá
mais sensação de que uma história está sendo contada. Paulo Barros faz um
carnaval aberto, que junta máfia, babilônia e Batman na mesma embalagem.
Facilita para criar alegorias de impacto, porém falta um elemento cultural mais
definido. Agora, acusá-lo de não fazer desfile de escola de samba,
de violentar a essência do carnaval, é uma covardia. Os desfiles das escolas de
samba já perderam sua essência há muito tempo. Para falar a verdade, eu nem
cheguei a ver um desfile de escola de samba autêntico, como imaginado em seus
primórdios. O que é apresentado hoje, e chamado de tradicional, é o resultado
do trabalho de Fernando Pamplona e seus pupilos, que trouxeram elementos de
cenografia e da cultura acadêmica para os desfiles. Depois de o modelo ter sido estabelecido, veio Joãozinho
Trinta, hoje reverenciado e figura de grande influência para os novos
carnavalescos, mudar tudo ao assumir, sem medo, que fazia “ópera popular”.
Mudou ao verticalizar as alegorias, pensando no espectador. Mudou ao colocar
toda a escola submetida a uma determinada visão. A reação? “Super Escola de Samba S.A. / Super Alegorias
/ Escondendo gente bamba / Que covardia”... Sinceramente, essas sacudidas são boas. A pior coisa do
carnaval é essa busca por padronização, muito presente na cabeça dos dirigentes
das escolas. Erram estupidamente. Um raio no cai no mesmo lugar duas vezes. O
diferente pode ser o diferencial. Para mim, o ideal seria uma escola apostar na
irreverência, outra no tradicional, outra no futurismo, outra no academicismo -
cada uma desfilar de uma forma diferente. Nada é mais chato do que saber que,
seja de quem for o desfile, vem a Comissão de Frente, que vai fazer um
teatrinho, depois vem Mestre Sala e Porta Bandeira, depois vem uma ala
qualquer, depois uma alegoria... todas fazem tudo igual. O regulamento limita a
criatividade. A essência de uma escola de samba não é a estrutura como
ela se apresenta ou a forma como é construída uma alegoria. A essência é a
integração de um determinado trabalho artístico com aquilo que sua escola
representa – é ver na avenida a cara de determinada comunidade. E Paulo Barros
e Unidos da Tijuca conseguiram isso, o que é uma exceção atualmente. Que se
dane a formatação do desfile. Acho que, com exceção de certos elementos, como
baianas e mestre sala e porta bandeira, as escolas deveriam ter liberdade total
em sua montagem. Quer começar com uma alegoria? Ótimo. Quer vir sem alegorias,
só com painéis, ou sem alegoria nenhuma? Maravilha. Quer desfilar de costas?
Sensacional. A expectativa para cada desfile seria diferente. Mas seria
desafiador demais - é mais fácil estabelecer um modelinho básico e pronto. Paulo Barros, mesmo sem mexer nessa estrutura de desfile,
quebrou um pouco o padrão estabelecido e, por isso, tornou-se o “Cristo” da
hora. E o que ele fez? Para falar a verdade, nem tanta coisa assim. Coreografia,
as escolas de samba já possuíam. Temas, em vez de enredos? Já era algo bastante
comum. Referências de arte moderna e cultura pop? Idem. O que Paulo Barros fez
foi RADICALIZAR, levar esses elementos às ultimas conseqüências e, assim criou
um estilo próprio – quem vê uma escola dele na avenida , sabe que é dele. Quem
vê alguém o copiando, sente logo a fraude. Para quem estava acomodado, é um chute nos bagos. E o que farão
os carnavalescos? Uns, acreditarão que a questão é criticar o modelo Barros, defendendo
o desfile “tradicional”. Outros incorporarão elementos dos desfiles do Barros -
ficarão para trás. Os que quiserem fazer a diferença terão de buscar seus
estilos próprios, suas marcas visuais, encontrar formas de atrair a atenção do
público e inventar novas soluções. E o próprio Barros terá de se desafiar. Carnaval é um jogo
que, assim que você ganha, as regras mudam. E já mudaram de novo. Quais são as
novas? Ainda é segredo... ***** E cada vez mais me convenço que não existe samba
funcional. Samba funcional só existe quando o desfile todo funciona. O samba da
Tijuca foi o exemplo. Aliás, em matéria de notas, pelo menos este ano, o quesito
conseguiu diferenciar o que é bom e o que é ruim, com Vila Isabel fechando 50
pontos. A Imperatriz perdeu um décimo, mas creio que foi um pelo fato dos
intérpretes errarem a letra do samba em uma das passadas. Porto da Pedra foi o
samba mais canetado e o samba “funcional” da Portela também foi reprovado pelo
júri. Agora, é ver as justificativas e cobrar maior diferença
nas notas. Enquanto um jurado de alegorias dá menos de 9,5 fácil – teve até 9,0
este ano – dificilmente jurado de samba dá menos de 9,7. É por isso que o
visual costuma ser mais valorizado pelas escolas. A mudança só se dará se os
jurados de samba-enredo entenderem a força de suas canetas para o futuro do
gênero. ***** Foram rebaixadas a Lacta e a Garota, acusadas de não se
modernizarem com o carnaval dos novos tempos. Ontem eu tive um pesadelo: estava indo pela floresta escura e, de repente, isso aqui apareceu na minha frente:
Créditos pela
tirinha: Osvaldo Júnior ***** Parabéns para a São Clemente que, atualizando o enredo “O
Grande Decênio”, fez um enredo em homenagem ao programa da prefeitura do Rio de
Janeiro que intensificou a perseguição de camelôs, fez prender gente que urinou
em ruas onde 20 mil pessoas se aglomeravam para brincar carnaval sem banheiros
químicos por perto e aumentou a arrecadação multando imóveis em que
ares-condicionados pingavam nas ruas. Aliás, a apuração da LESGA foi um momento histórico.
Parabéns para todos os envolvidos. ***** Por fim, dica recebido pelo Orkut: “Depois de anos de luta, finalmente os blocos
carnavalescos de Cachoeiro de Itapemirim - ES lançam seu 1º CD de Sambas
Enredo. Antes de mais nada, quero esclarecer que se tratam de
BLOCOS, não ESCOLAS (...). Aqui o samba não tem glamour, é feito por gente simples
dos morros da periferia, não tem quadras, eliminatórias (muitas vezes o samba
sai antes da sinopse), feijoadas e compositores ou carnavalescos profissionais.
Os ensaios são na rua, sob luzes de gambiarras, com muita gente na calçada, nas
janelas, nas varandas para curtir o samba de seu bairro, de seus vizinhos,
parentes e amigos. A média de componentes é de 200 pessoas por bloco. No mais
é o povão lotando a arquibancada. A verba é curta e muitos pagam do próprio
bolso o desfile. Este ano houve mais investimento por parte da prefeitura
trazendo profissionais de Vitória para dar palestras e cursos. Depois desta apresentação, para os colecionadores de
plantão aí vai o endereço para baixar” LINK:
http://www.cachoeiro.es.gov.br/carnaval2010/index.html Abraços a todos! João Marcos
joaomarcos876@yahoo.com.br |
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