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É TUDO JAPONÊS
Qual o melhor
samba do ano? Difícil apontar, né? Ano passado já foi
complicado, este ano será ainda mais. Sabe a razão? "É
tudo japonês." Sim, todos seguem o mesmo padrão, a mesma
construção, as mesmas soluções. São os sambas das mesmas
parcerias de sempre. Nenhuma idéia nova. Nenhum estreante, com
nova mentalidade, foi campeão. Na Beija-Flor, deu Tom Tom, que
já tinha vencido na escola em 2002. Mingau ganhou pela sexta vez
na Grande Rio. Tri de Moisés, no Salgueiro, Nogueira, na
Portela, David, na Porto da Pedra, Josimar, na Imperatriz.
Septuagésima quinta vitória de André Diniz, na Vila Isabel.
Enfim, aquele mais-do-mesmo de sempre. Este ano será a cópia
piorada da safra do ano passado que, por sua vez, foi a cópia
piorada do ano anterior. A garotada de E se as escolhas
fossem diferentes? Em comunidades de Orkut, fóruns de carnaval e
etc, milhares de sambistas choram por sambas derrotados. E aí eu
me pergunto, o que motiva este choro todo? No Salgueiro, até deu
para entender - a final foi complicada, com vazamento da escolha
semanas antes da final; parceria protestando; presidente mandando
insatisfeitos sairem pela porta; e PRINCIPALMENTE, um samba
diferente, o de Beto Mussa, que poderia fazer alguma diferença,
que poderia provocar alguma reação. Um samba que não é uma
obra-prima, mas que fugia do padrão e, só por isso, já merecia
atenção. E aí, não sei se devemos parabenizar a diretoria do
Salgueiro por ter deixado a obra chegar à final, ou se devemos
amalidiçoa-la por quinze gerações por ter plantado a semente
da esperança no coração dos foliões, mesmo quando toda a
escola já tinha chegado à conclusão que este tipo de samba
estaria "ultrapassado". O samba de Medrado, na Vila,
também merecia um choro, mas a diretoria da escola foi mais
"malandra" e derrubou logo o samba para não complicar. Mas, e nas demais
escolas, faria diferença se outros sambas vencessem? Falo isso,
principalmente, depois da final da Mocidade. Sinceramente, não
vejo grande diferença entre o que venceu e os que perderam. São
do mesmíssimo nível. Qualquer um que ganhasse, estaria bom.
Nenhum deles traria nada de novo, nenhum deles fugiria do
padrão. Um era mais animado; o outro, mais intelectualizado, com
joguinho de palavras; o outro, contava melhor o enredo. Na
essência, tudo a mesma coisa. Poderia se fazer uma fusão,
colocar um pedaço de um samba no outro, e daria no mesmo. Ganhar
A ou B ou Z é indiferente - a não ser para os próprios
compositores e seus amigos. Diria mais - é irrelevante. Pense
bem, pegue a Grande Rio, p.ex. - se o de Márcio das Camisas
vencesse, o que mudaria a não ser quem assina? Um tiraria 10,
9,9, 10 e 10. O Outro, 10, 10, 10 e 9,9. Por isso, eu não
entendo muito o chororô que estou vendo por aí. Ganhar seis ou
meia-dúzia não faz qualquer diferença. E, como é tudo a mesma
coisa, qualquer um pode ganhar, desde que faça aquele
investimento básico de 30 mil reais. A diferença de uma
vitória vai ser o número de ônibus e balõezinhos. E tem de
ser mesmo, porque a diferença entre os sambas, em geral, é esta
mesmo. ***** Este artigo é
uma resposta ao amigo Daniel Lorca, que mandou o seguinte email: Eu fui ao site
O dia na Folia e leio o seguinte: "Restou
alguma mágoa da disputa de samba? Alberto
Mussa - Fiquei triste com duas coisas: não tivemos apoio da
Velha-Guarda e da Ala das Baianas. Não recebemos desses setores
tradicionais um voto sequer. São pessoas veteranas, que se
formaram na escola dos sambas-enredos tradicionais, e não
reconheceram nosso trabalho. Mas o que me deixou, a mim e a meus
parceiros, magoado foi à declaração de Renato Lage de que
nosso estilo de fazer samba não serve para o desfile. Com isso,
ele praticamente nos alijou das disputas na escola, pelo menos
enquanto ele estiver lá " (Alberto Mussa, um dos
autores do samba no seu CD. O meu favorito era o do Aranha e
depois esse). É lógico que
muita gente vai falar que eles perderam a disputa, etc., mas a
pergunta que fica é a seguinte: Será que as escolas de samba
hoje são de samba ou concurso para estrangeiro ouvir e não
brasileiro escutar? Outra questão: Por que nós não escutamos
mais nos tempos de hoje que uma parceria que venceu sem gastar
nada e apenas pelo próprio talento? Daniel, as
razões - a) entre dois sambas do mesmo nível, que seguem o
mesmo padrão, a diferença é quem gasta mais mesmo; b) quantas
parcerias tem talento o suficiente para romper isso e fazer o que
Beto Mussa fez ? E ele investiu bastante... c) quando algo
diferente é efetivamente feito, que escola tem peito para romper
os padrões e bancar o samba na avenida? ***** Comentário no
site SZRD - Carnavalesco, feito pela internauta Mariza, sobre a
escolha no Salgueiro: "Agora, aconselho à diretoria
encomendar uma torcida para a Marquês de Sapucaí, como foi
feito na quadra, para dar uma impressão de que o samba é bom,
animado, que tá todo mundo vibrando pelo Salgueiro (...)" ***** Sobre uma
afirmação feita na coluna anterior, de que o samba de Aranha e
cia foi cortado por ser do pessoal da Ilha, segue a resposta: Caro João, Como admirador
de seu trabalho, não pude deixar de ler sua última coluna, a
respeito dos "Melhores Sambas de Enredo em 2009 - Segundo
João Marcos". Preferências
à parte, gostaria de retificar uma informação sobre o corte do
samba 29, "do pessoal da Ilha", como você cita. Em
nenhum momento o corte do samba ocorreu por ser composto por
pessoas de outra escola (sua fonte está furada). Foi cortado
porque os julgadores entenderam não ser o melhor para a escola.
Democraticamente. Se os compositores de outras escolas não
fossem tratados com o mesmo carinho que os do Salgueiro, a turma
da Vila (Leonel e cia) não teria ganho três anos seguidos
(2002, 2003 e 2004) e a turma da Imperatriz (Waltinho Honorato,
que hoje é diretor do Império Serrano, e cia.) não teria ganho
em 2005 - além da junção de 2006, que misturou a turma da Vila
com a turma da Imperatriz e alguns compositores do Salgueiro. E interessante
ressaltar esse precedente para que a história sobre o corte do
samba do pessoal da Ilha (que tinha o compositor Walkir,
salgueirense de fato) não vire uma verdade absoluta. No mais,
parabéns pela coluna. Atenciosamente, Paulo Cesar
Barros Diretor
Cultural G.R.E.S.
Acadêmicos do Salgueiro "Nem
melhor, nem pior. Apenas uma escola diferente" ***** Morreu Luiz
Carlos da Vila, o mais brilhante discípulo de Candeia e autor de
"Os dourados anos de Carlos Machado" (1979) e de
"Kizomba, Festa da Raça" (1988), trilhas sonoras de
dois dos cinco títulos da história da escola, contando grupo
principal e os de acesso. Ocorreu-me que a
morte de Luiz Carlos pode ter um significado parecido com a de
Silas de Oliveira. Silas morreu pouco após ser derrotado no
Império, em 1972, e sua morte marca o fim dos sambas-lençois
dos anos 60. E a morte de Luiz Carlos da Vila, logo após perder
mais uma final na Vila, num contexto de escolhas como a deste
ano, marca o que? ***** Em Este tipo de
documento é de grande importância para qualquer escola de
samba. Sinto falta do lançamento de CDs com sambas mais antigos
das agremiações, sambas concorrentes que marcaram, sambas de
quadra, etc. Por isso, tenho
de louvar a iniciativa da Protegidos da Princesa, de
Florianópolis, que resolveu lançar um CD resgatando uma parte
da história da escola. O CD, que abre com o samba de 2009, traz
grandes sambas-enredos, alguns bastante antigos, todos na voz do
ótimo intérprete Alan. Dentre os destaques do CD, estão
regravações das obras de 1983 (elevado à hino da escola) e de
2002, que fizeram parte de uma coletânea de sambas de
Florianópolis que divulguei ano passado. Tem um de 1986, do
mestre David Correa, que se parece um pouco com "Skindô
Skindô", principalmente nos refrões, mas é bem
interessante. Como aperitivo, segue o samba de 2009 da escola, sobre Beto Carreiro. Comparem com Lins Imperial 1993 e Império Serrano 1997. Nada de "Vi Dinossauro..." e outras bizarrices. E tem escola de lá que ainda acha que precisa de escritório do Rio para ter samba bom... Para descontrair, já que eu
falei de japonês, piada retirada do site Ora Pois
(http://www2.orapois.com/) Em algum lugar de Nova York
havia um restaunte requintado, muito badalado. O local estava cheio de gente e
havia um judeu que estava meio incomodado com um chinês, que estava algumas
mesas à frente dele. Meio aborrecido, ele resolve se levantar e vai em direção
da mesa dele. "Soc"! Ele dá um soco
no meio do nariz do chinês e diz ofegante: - Isso é por Peal Harbor! O chinês, meio estarrecido com o
acontecimento, fala com ele: - Mas foram os japoneses que
fizeram isso! O judeu diz: - Não importa, chinês, japonês é
tudo a mesma coisa! O judeu resolve voltar para a
sua mesa como se nada tivesse acontecido. Minutos depois o chinês pensativo,
aborrecido, resolve ir em direção a mesa do judeu. "Soc! " Ele dá o troco
no judeu e diz: - Isso é pelo Titanic! O judeu, meio confuso com a
situação, pergunta melindrosamente ao chinês: - Mas eu nem estava lá! O chinês responde com uma feição
meio sarcástica: - Não importa, Goldemberg,
iceberg é tudo a mesma coisa! João
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