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AGORA, GRITA PELO MUNDO AFORA. DISFARÇA E CHORA... UM GRANDE AMOR NASCEU! Não, não irei fazer um artigo sobre a queda do
samba que seria o melhor do ano. Falarei do MEU CD de
sambas-enredo de 2008. Sim, o meu CD, aquele que eu montei para
escutar os concorrentes que realmente têm alguma coisa.
Não é o CD montado para os jurados da LIESA, nem para o cordão
de puxa-sacos comprados por compositores que infestam as quadras.
Não é o CD que vai ser vendido pelos camelôs ou pelas grandes
cadeias de lojas, para meia dúzia de colecionadores que compram
todo ano independente da qualidade – um ritual que também
é repetido pelos fãs de Roberto Carlos. No MEU CD, se a “quadra” abraçou ou
não, é irrelevante. Se vai funcionar ou não para a turistada
na Sapucaí, tô nem aí. No MEU CD, o samba não precisa citar o
Ita ou o brinquedo assassino. Não precisa de fusão
estapafúrdia para agradar ninguém. Não tem interesses escusos.
No MEU CD, samba não fica de fora porque o presidente da escola
vai ter sua campanha política financiada por gente de outra
parceria. Para fazer parte dele, não precisa me colocar no
ônibus, pagar meu ingresso e minha cerveja na quadra. No MEU CD, você pode ser um famoso dono de
firmas. Por que não? Você pode ser o medalhão do passado,
que não ganha samba há décadas porque não tem dinheiro ou
perdeu influência... ou, então, porque seu estilo de compor
não está enquadrado na cartilha do carnaval moderno. Você,
também, pode ser o garoto talentoso que está começando agora. Para estar no MEU CD, basta ser o melhor da
disputa. Basta não repetir a melodia do ano anterior e... criar.
Não preciso de um “Aquarela Brasileira” ou um “Das
Maravilhas do Mar”, até porque eu já os tenho Eis o MEU CD. Se você é compositor de um dos
sambas, não sei se é motivo de orgulho – acredito que
você preferia estar no CD oficial. Pode ter certeza – eu
também preferia que o seu samba estivesse... 1 – Beija-Flor: Déo e cia.:
O quê, caboclo!? O quê!?... - Acabou de cair. Parece
que a comunidade prefere o “auto-plágio” do Cláudio
Russo. Agora a minha torcida é por JC Coelho e cia. e a
esperança se chama Laíla. Ele dificilmente erra em escolha de
samba. Entretanto, quando você está envolvido diretamente com
alguma coisa, as vezes é difícil ter uma visão mais crítica
da coisa. E, a verdade é que a Beija-Flor tem verdadeira
simbiose com sua comunidade. Laíla já não queria este samba,
com outra letra, para o carnaval de 2007, mas acatou a comunidade
e o samba venceu até Estandarte de Ouro. Parece que não é só
o samba que se repetiu – a situação é muito semelhante a
do ano passado. Será que Laíla segue o ditado do “um raio
não cai no mesmo lugar duas vezes”? Claudio Russo não
seguiu... 2 – Grande Rio: Mingau e
cia.: Água, berço da vida... - Apesar de inferior ao
sambas concorrentes da parceria nos anos anteriores, é o que
mais me agrada numa disputa equilibrada. Segue a linha adotada na
escola nos últimos anos. É um samba com trechos bonitos,
principalmente, o bom refrão do meio e o início da segunda
parte. Segundo fontes, deve perder, mas desta vez não será para
Márcio das Camisas... 3 – Mangueira: Índio da
Mangueira e cia.: Olha o frevo, olha o frevo, olha o
frevo!... - O menos badalado dos finalistas, é o que tem
mais cara de samba clássico da Mangueira. O refrão de cabeça
é arrasa-quarteirão. A obra, com Jamelão, iria ganhar um peso
absurdo, como o de 2006. Mas não teremos Jamelão no microfone
da escola e a escola tem outros bons concorrentes. Se der
Lequinho e cia., também não ficarei triste. 4 – Unidos da Tijuca: Lula e
Márcio Biju: 1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1... - Este samba,
inicialmente, foi tachado de trash nos fóruns de carnaval. O
pessoal quando escuta algo diferente, em vez de tentar entender,
rejeita de cara. Só que o samba foi começando a ganhar adeptos
e se tornou o mais comentado do ano. E, com a queda do mesmo, há
mais de um mês, a Unidos da Tijuca perdeu a oportunidade de
levar essa polêmica para o folião que não acompanha as
eliminatórias. É um samba que tem “diferencial” - uma
letra simples, com soluções ingênuas, porém eficazes, e
trechos melódicos ousados. E o mais importante – tem
inúmeros momentos que, mesmo não sendo oba-oba, grudam como
chiclete: “Pavãããããããããooooo....
Pavãããããããããão”, “1+1+1+1+ 5 – Viradouro: Gusttavo e
cia: ...eu sei, vou chorar: O samba do ano. Poético,
melódicamente rico. A sacada de ir colocando citações de
Cartola ao longo da letra foi brilhante. A letra, riquíssima.
Resultado: caiu de cara. Talvez seja difícil visualizar esse
samba num desfile em que a bateria vai vir fantasiada de
Jairzinho, furacão da Copa de 70 e que vai deixar os
instrumentos no chão e sair correndo de medo, no meio do
desfile. Mas, tenho fontes que asseguram que Paulo Barros queria
este samba.... 6 – Vila Isabel: Prof.
Newtão e cia: Então, unindo a razão... surgem rebeldias
– Samba, com letra simples, com melodia agressiva, ousada e
refrões fortíssimos. Um samba com pegada. Caiu antes da
semi-final. O vencedor foi uma fusão Frankenstein, estapafurdia
e que, com certeza, vai ser bastante alterada até a gravação
do CD para se tornar palatável e os puxa-sacos de plantão
dizerem que a diretoria da Vila fez o certo. Para os demais, é
fazer como um dos compositores do samba do MEU CD no dia da final
– usar nariz de palhaço. 7 – Salgueiro: Cezar Veneno
e cia.: Abram-alas, a corte vai passar... - Caiu logo no
início da disputa. Era um samba com gosto de nostalgia, de anos
80. O refrão do meio é espetacular. Talvez, algumas mudanças
no de cabeça pudessem fazer o samba ficar ainda mais forte.
Agora, o Salgueiro não tem muita opção. Espero que vença o de
Dudu Botelho e cia. O outro favorito, o de Luizinho Professor e
cia., é de uma pobreza lamentável. 8 – Portela: Sylvio Paulo e
Espanhol – O inverno, agora é quente – Este
verso, tão criticado por alguns portelenses, é o símbolo deste
samba, simples e leve. E pode significar, dentro de um contexto
maior, a própria inversão de valores nas escolas. Um samba
despretensioso, com um refrão de cabeça delicioso e variações
melódicas agradáveis. Caiu de cara. A safra portelense, tão
elogiada por alguns, é formada de sambas que não me empolgam. O
samba de David Correa e cia., dentre os que sobraram, é o que
sai um pouco do padrão, mas a letra não está do nível da
melodia e tem versos muito ruins, com o do “elemento
purificador do ar”. Os demais, são sambas corretos, bem
feitos, mas só isso. 9 – Imperatriz: D'Mendes e
cia.: É nesse trem que eu vou... - Samba classudo, que
lembra os grandes momentos da escola nos anos 90. Perfeito para a
voz de Preto Jóia. É interessante ser taxado de “oba-oba”
por muita gente – a solução para a parte do trem na
sinopse é brilhante e é transformado num refrão fortissimo.
Segundo pesquisa no Orkut, é o segundo preferido pelos
simpatizantes da escola. O preferido é Josimar e cia. Ao
contrário dos anos anteriores, quando eu via com olhos
simpáticos os sambas imperfeitos, porém estilosos, da parceria
de Josimar, o samba deste ano não me conquistou. Começa com o
refrão que lembra o samba da Xuxa e não é grande coisa. A
primeira parte e o refrão do meio são excelentes. Entretanto,
no começo da segunda parte, o samba fica dificil de cantar,
jogado numa oitava muito baixa, que só se recupera no
finalzinho. Outro samba cotado e muito bom é de Armenio e cia.,
que é superior ao de Josimar, mas que não tem cara de
Imperatriz. 10 – Porto da Pedra: David
de Souza e cia.: O maru cruzou o mar – Apesar
de estar longe da qualidade do samba de 2007, é o melhor de uma
safra deprimente na escola. A grande sacada dos compositores foi
evitar as expressões “obrigatórias” como azakusa,
kabuki e outras japoneisadas nos refrões. O verso destacado é
um exemplo – enquanto os outros sambas falam “Kasato-Maru”,
os compositores deste aqui falam apenas o “maru”, que
soa bem menos estranho. O refrão de cabeça é muito bom. Numa
reportagem sobre as firmas de samba-enredo publicada num jornal
este ano (e comentada por mim aqui no SAMBARIO), foi dito que o
samba de 2007 da Porto da Pedra seria da firma do Claudio Russo.
Se for, pelo menos um samba dele este ano é digno de elogio. Se
não for, parabéns aos compositores. 11 – Mocidade: Diego Nicolau
e cia.: Clareia, São Sebastião. Ao contrário do samba
de Igor Leal e cia., que torna-se cansativo depois de muitas
audições, o samba da parceria supra citada cresce com o tempo.
No início, não me chamou muito a atenção, talvez pela
gravação acelerada. Se a escola o escolher, tem de impor um
ritmo cadenciado, para não atrapalhar o canto porque a obra tem
versos longos, que na gravação concorrente passam um tanto
quanto atropelados, como em “Hossana, nasceu finalmente
o grande herdeiro”. O samba de Dico da Viola e cia.,
que também tem grande parcela da torcida a seu favor, não me
encanta e é o mais fraco dos três. 12 – São Clemente: Helinho
107 e cia. “Maria, a louca, arrasou no visual”
- Não é um grande samba, mas conta bem o enredo e não tem
grandes problemas técnicos. O samba da parceria Alemão do Taxi
e cia., que ganhou na escola o samba de 2007, tem um refrão
muito bom, até melhor que o do samba de Helinho, (“Clementiano
guerreiro apaixonado pelo Rio de Janeiro"), mas tem uma
letra mais confusa e as demais partes não estão no mesmo
nível. 13 – Império Serrano:
Valença e cia. No MEU CD não pode faltar Império Serrano,
ainda mais quando eu posso escutar um sambaço como este. Um
refrão de cabeça arrasa-quarteirão, uma letra emocional, mas
sem frescura, e o verso que é uma carteirada e resume o que tem
de ser o Império, mesmo com todas as crises: “Taí, é
simples assim, pra gostar de mim tem de respeitar a minha raiz!”.
E fica minha torcida para que Victor Cunha, intérprete do
concorrente, assuma o primeiro microfone da escola e cante este
samba na avenida. 14 – Santa Cruz: Melo e cia.
Samba mediano, mas eu já tenho seis versões do samba do
Fernando de Lima. Ninguém mereceria a sétima. Aliás, coloque o
concorrente do sujeito e cante a letra do ano passado. Você vai
rir no final da brincadeira – cabe certinho em 95% do tempo.
Pode ter certeza que quando você cantar “teeeeeeeeeeeeeeeeeeempo”,
no concorrente, o interprete cantará o “reeeeeeeeeeeeeeega”.
É muito engraçado. Agora, dou a sugestão de que façam os SEUS CDS.
Até porque o CD oficial de 2008 tem tudo para ser um desastre. Abraços a todos. João
Marcos |
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