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O SAMBA-ENREDO CARIOCA NA ERA PRÉ-SAMBÓDROMO

O SAMBA-ENREDO CARIOCA NA ERA PRÉ-SAMBÓDROMO
A trajetória da trilha dos desfiles das escolas de samba dos primórdios até 1983

por Marco Maciel
webmaster do site SAMBARIO
Publicado originalmente na
revista virtual Freakium


Marco Maciel fundou o site SAMBARIO em maio de 2004

As primeiras formas do samba carioca foram geradas pela comunidade negra do Centro do Rio de Janeiro. A casa de tia Ciata, próxima à Praça Onze (local onde ocorriam os mais antigos desfiles), é considerada o local de nascimento do samba na capital carioca. Na residência, um centro de música - onde se tocava choro e se cantavam vários tipos de samba, especialmente o partido alto - e de candomblé, nasceu Pelo Telefone, o primeiro samba gravado (ano de 1917), de autoria de Donga e Mauro de Almeida. Naquela época, as rodas de samba eram vistas pela polícia mais como uma reunião criminosa, um ato de vagabundagem, do que uma manifestação cultural. Nos morros do centro da cidade, especialmente no bairro do Estácio, o samba começava a ganhar a forma que o tornaria conhecido em todo o país, distanciando-se cada vez mais de outros ritmos como o maxixe e a marcha.


Ismael Silva, o fundador da primeira escola de samba

A primeira escola de samba, na verdade, nunca foi uma escola de samba. Fundada por compositores do morro do Estácio como Ismael Silva e Bide em 12 de agosto de 1928, a Deixa Falar era apenas um bloco carnavalesco. Mas, por ter sido fundado por sambistas considerados professores daquele novo tipo de música, ganhou o título de escola de samba. Ismael, Bide e companhia, os criadores da Deixa Falar, difundiram o samba por vários bairros do Rio. No ano seguinte, Cartola e Carlos Cachaça transformariam o Bloco dos Arengueiros em Estação Primeira de Mangueira. O primeiro desfile oficial das escolas acontece em 1932, com quatro agremiações. A Mangueira vence com o enredo A Floresta. A Deixa Falar, que realiza um desfile desastroso como rancho, é extinta. Mesmo com a curta existência, deixa um eterno legado aos sambistas, espalhando sua arte pela cidade, dando início a uma nova forma de brincar o carnaval, lançando instrumentos como o surdo e a cuíca, indispensáveis na percussão da bateria. Em 1º de maio de 1934, o delegado de polícia Dulcídio Gonçalves sugere ao compositor Paulo Benjamin de Oliveira que mude o nome de sua escola Vai Como Pode. Nascia assim, a Portela.


Cartola, fundador da Mangueira, desfilando pela verde-e-rosa em 1978

Nos primeiros anos dos desfiles das escolas de samba, a trilha sonora não era exatamente um samba de enredo. O que era cantado na antiga Praça Onze eram sambas de quadra ou de terreiro, e apenas com a primeira parte pronta, o refrão. A segunda parte era feita na base do improviso, com os versos vindo de cabeça na hora. A improvisação passou a ser proibida a partir de 1946, e para o enredo da escola Prazer da Serrinha denominado Conferência de São Francisco, os compositores Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola fazem aquele que é considerado o primeiro samba-enredo da história, com a letra se enquadrando perfeitamente nas exigências do gênero:

Restabeleceu a paz universal
Depois da guerra mundial
A união entre as Américas do Sul, Norte e Central
Nunca existiu outra igual
Na vida internacional
Nosso Brasil sempre teve interferência
Nas grandes conferências
Da paz universal
Sendo o gigante da América Latina
Uruguai, Paraguai, Bolívia, Chile e Argentina

Porém, o presidente da Prazer da Serrinha, em cima da hora, trocou a obra de Silas e Décio por um samba de terreiro, o que ocasionou num desastre a apresentação da escola. A crise estabelecida originou, no ano seguinte, a criação de uma nova escola: o Império Serrano. Em 1949, morria Paulo Benjamin de Oliveira, o popular Paulo da Portela. Seu enterro foi acompanhado por uma multidão de 15 mil pessoas.


Paulo Benjamin de Oliveira, ou simplesmente Paulo da Portela

No mesmo ano, o Império Serrano apresentaria o enredo Exaltação a Tiradentes. Em uma época que, em função de divergências, dois desfiles oficiais ocorriam devido à existência de duas ligas das escolas de samba, a escola da Serrinha vencia o oficial - subvencionado pela Prefeitura - cantando este samba-enredo:

Joaquim José da Silva Xavier
Morreu a 21 de abril
Pela Independência do Brasil
Foi traído e não traiu jamais
A Inconfidência de Minas Gerais
Joaquim José da Silva Xavier
Era o nome de Tiradentes
Foi sacrificado pela nossa liberdade
Este grande herói
Pra sempre há de ser lembrado

Seis anos depois, Tiradentes seria o primeiro samba de enredo gravado por um artista popular: o cantor Roberto Silva. Nos primórdios, era este o formato da letra da trilha sonora dos desfiles: pequena e simplória, com a história sendo contada de forma direta, sem tanta poesia. Já nos anos 50, as letras foram tendo seus tamanhos elevados. A melodia se destacava pelo lirismo e a poesia já era mais marcante. Os refrões, tão característicos nos sambas de hoje, não apareciam com tanto destaque. Era mais comum a cabeça do samba ser formada por um "lalalaiá" - bastante usado pelo Império Serrano -, presente nos sambas-enredo até o início dos anos 80. Em 1953, é fundado, após a fusão de três escolas, o Acadêmicos do Salgueiro. O bloco das quatro grandes, que reinaria até a primeira metade da década de 70, estava completo: Mangueira, Portela, Império Serrano e Salgueiro.


A dança do minueto no Salgueiro em 1963: a história do negro também era representada

Ao longo dos anos, os locais de desfiles variavam entre a Praça Onze e as avenidas Presidente Vargas, Rio Branco e Antônio Carlos. Em 1960, o lendário carnavalesco Fernando Pamplona encontrava dificuldades para desenvolver o enredo Quilombo dos Palmares. O tema representava uma quebra de protocolo, já que os enredos, na ocasião, retratavam sempre fatos e personagens históricos, principalmente fazendo referências a monarcas. No desfile, os negros teriam que se fantasiar de escravos, ao invés de se apresentarem como reis, rainhas, duques, etc. "O povo das escolas de samba, desempregado ou mal pago em seus trabalhos, já era escravo o ano inteiro. Por que ser escravo também no carnaval?", questiona o jornalista Sérgio Cabral em seu livro As Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Apesar disso, Pamplona e sua equipe convenceram os sambistas e o Salgueiro desfilou com um dos primeiros enredos afro da história (a mesma escola já havia apresentado o tema Navio Negreiro, em 1957), conquistando o seu primeiro título (ainda assim, dividido com outras quatro escolas). A partir daí, muitos enredos evidenciando a cultura negra despontariam nos desfiles.

Os anos 60 são considerados os anos de ouro em termos de sambas-enredo, oriundas dessa época as maiores obras-primas do gênero. Em 1961, a escola Tupy de Brás de Pina subiria para o Primeiro Grupo com um samba intitulado Seca no Nordeste. Apesar do samba-enredo ter desfilado no obscuro Grupo de Acesso, a música acabou popularizada através de uma gravação do célebre intérprete Jamelão no ano seguinte ao desfile da Tupy. Artistas como Clara Nunes, Abílio Martins, Fagner e Mestre Marçal também o regravaram. O comentarista do site SAMBARIO, João Marcos, dá o seu parecer sobre Seca no Nordeste: "Um dos cinco melhores de todos os tempos na minha opinião. Basta ler os versos para se ter noção da beleza desta letra, que consegue passar sentimento como poucos sambas-enredo da história", elogia. Abaixo, um trecho de sua letra:

No auge do desespero
Uns se revoltam contra Deus
Outros rezam com fervor
Nosso gado está sedento, meu Senhor
Nos livrai dessa desgraça
O céu escurece
As nuvens parecem
Grandes rolos de fumaça
Chove no coração do Brasil
O lavrador
Retira seu chapéu
E olhando o firmamento
Suas lágrimas se unem
Com as lágrimas do céu
O gado muge de alegria
Parece entoar uma linda melodia


Jamelão, a voz da Mangueira

No Primeiro Grupo, a cada ano, o público que via os desfiles era agraciado com sambas de enredo de extrema qualidade. Letras quilométricas, melodias pesadas e o andamento lento da bateria eram mais do que comuns nos anos 60. A Mangueira apresenta os melhores sambas do Grupo Especial dos anos de 1961 (Rio Antigo) e 1962 (Casa Grande e Senzala), sempre cantados pelo já veterano José Bispo Clementino dos Santos, o Jamelão. Em 1963 e 1964, é a vez do Salgueiro desfilar com dois belos sambas (Chica da Silva e Chico Rei, respectivamente).

1964 também está marcado na história do carnaval pela presença no desfile de Aquarela Brasileira, samba de Silas de Oliveira para o enredo do Império Serrano, que homenageava o clássico Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. Por ironia do destino, minutos antes da entrada do Império na avenida Presidente Vargas, chegava a notícia da morte de Ary. O samba-enredo, considerado por muitos o melhor de todos os tempos, seria reeditado pelo Império 40 anos depois. Possui letra extensa, de variações melódicas complexas e letra rebuscada... e, mesmo assim, é quase tão popular quanto à canção de Ary Barroso, tendo um número incontável de regravações por sambistas e mestres da música popular brasileira. Eis o trecho final de Aquarela Brasileira:

Brasil, essas nossas verdes-matas
Cachoeiras e cascatas
De colorido sutil
E esse lindo céu azul de anil
Emolduram em aquarela o meu Brasil


Silas de Oliveira, o maior de todos os compositores de samba-enredo

A genialidade de Silas de Oliveira faria com que o compositor ganhasse o concurso de sambas-enredo do Império Serrano até o ano de 1969, enfileirando uma seqüência de sambas históricos. Em 1965, é o autor, ao lado de Dona Ivone Lara (primeira mulher a se consagrar no gênero) e Bacalhau, de outra obra-prima: Os Cinco Bailes da História do Rio. No ano seguinte, a Portela ganha com o enredo Memórias de um Sargento de Milícias, cujo samba foi o único que Paulinho da Viola fez para sua escola de coração. Em 1967, a Mangueira se sagra campeã com o clássico O Mundo Encantado de Monteiro Lobato (primeiro que fez sucesso nacional, graças a uma regravação da cantora Eliana Pitman). Neste ano, Martinho José Ferreira compõe seu primeiro samba para a Unidos de Vila Isabel, se imortalizando como Martinho da Vila. Em Carnaval das Ilusões, considerado o primeiro enredo imaginário, Martinho utilizou a seguinte cantiga como refrão principal:

Ciranda cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia-volta
Volta e meia vamos dar

Os jurados não aprovaram a inovação de Martinho, lhe concedendo notas baixas no quesito samba-enredo. Um desses jurados era o jovem Chico Buarque de Holanda. Com Carnaval das Ilusões, Martinho iniciava uma seqüência de triunfos nos concursos na Vila, introduzindo uma modernização no formato do samba-enredo, o que inclui melodias mais leves, de andamento mais rápido e letras menos caudalosas.


Martinho da Vila, um dos responsáveis pela modernização do samba-enredo 

É em 1968 que, pela primeira vez, os sambas das escolas do Rio são gravados e reunidos em um LP (nos primeiros anos, dois discos eram lançados - do Museu de Imagem e Som e da gravadora Codil, cada um contendo os sambas-enredo a serem apresentados pelas escolas do Grupo Especial), com qualidade da gravação precária, pois os registros eram feitos ao vivo, utilizando poucos instrumentos de bateria, apostando na voz do intérprete na primeira passada (praticamente à capela, acompanhado apenas por um tamborim e um pandeiro) e, na segunda, com a marca das carregadíssimas vozes das pastoras (tendo a bateria, bastante cadenciada, ao fundo). A Mangueira ganhou com o lindo Samba, Festa de um Povo. Neste mesmo ano, a recém fundada Unidos de Lucas canta um dos maiores primores de sambas-enredo em todos os tempos: Sublime Pergaminho. O samba, que conta a história do negro no Brasil, investe na poesia e no lirismo, dividindo a melodia em duas partes. Na primeira, entoada em tom triste, aparecem os infortúnios sofridos pelo negro desde a viagem nos navios negreiros até o auge da escravidão. E na segunda, em tom de celebração, a abolição é emocionantemente comemorada. A música foi eternizada por uma regravação de Martinho da Vila (autor de outro excelente samba-enredo em 68, Quatro Séculos de Modas e Costumes, para a Vila Isabel). Eis um trecho da letra, uma das melhores da história do carnaval.

Quando o navio negreiro
Transportava os negros africanos
Para o rincão brasileiro
Iludidos com quinquilharias
Os negros não sabiam
Ser apenas sedução
Para serem armazenados
E vendidos como escravos
Na mais cruel traição
Formavam irmandades
Em grande união
Daí nasceram os festejos
Que alimentavam os desejos da libertação
Era grande o suplício
Pagavam com sacrifício
A insubordinação
E de repente uma lei surgiu
Que os filhos dos escravos
Não seriam mais escravos do Brasil

1969 é considerado, com justiça, o ano da melhor safra de sambas-enredo de todos os tempos. Praticamente todas as obras possuem qualidade gigantesca. Com destaque maior aparecem Brasil, Flor Amorosa de Três Raças, talvez o samba mais poético e lírico de todos (empatando nesses aspectos com Primavera, cantado pela Mangueira em 1955) e o melhor da história da Imperatriz Leopoldinense; Yayá do Cais Dourado da Vila Isabel; Treze Naus, da Portela (que, no disco, ganha uma legendária atuação do saudoso intérprete Silvinho do Pandeiro e das pastoras portelenses); e Bahia de Todos os Deuses, do Salgueiro. Este último (reeditado pela Tradição em 2006) quebrou a escrita existente até então de que nunca um enredo em homenagem à Bahia ganharia o carnaval. O Salgueiro não só conquistou o campeonato como também lançou provavelmente o primeiro refrão de sucesso no gênero samba-enredo, fora o andamento rápido da melodia - incomum na época. Até hoje, o Brasil canta esse refrão:

Negra baiana
Tabuleiro de quindim
Todo dia ela está
Na Igreja do Bonfim
Na ladeira tem, tem capoeira
Zum, zum, zum, zum, zum, zum
Capoeira mata um
Zum, zum, zum, zum, zum, zum
Capoeira mata um

Na época do carnaval de 1969, a ditadura militar atingira o seu auge. Recém o Ato Inconstitucional número 5 havia sido promulgado, acabando com qualquer resquício de democracia no Brasil, acarretando a tirania e opressão dos militares contra quem se opusesse ao regime. E eis que entra em cena novamente Silas de Oliveira, juntamente com seu eterno parceiro Mano Décio da Viola mais Manuel Ferreira. Eles ganham o concurso de samba-enredo do Império Serrano, que apresentará na avenida o enredo Heróis da Liberdade. As autoridades militares não gostam dos seguintes versos:

Ao longe, soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim
Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou
Esta brisa que a juventude afaga
Esta chama que o ódio não apaga
Pelo universo é a revolução
Em sua legítima razão

O secretário de Segurança do então Estado da Guanabara, general França, e seus asseclas estavam particularmente preocupados com esse trecho porque a ditadura militar ainda não se recuperara do susto levado com a "passeata dos 100 mil", realizada em 1968 sob a liderança dos estudantes pela volta da democracia no país. Silas, Décio e Ferreira alegavam que a descrição nada tinha a ver com fatos recentes e que tudo fora retirado de livros de História do Brasil. Depois de muita conversa, os compositores tiveram de substituir a palavra "revolução" por "evolução", o que em nada prejudicou no entendimento da mensagem passada na letra. Heróis da Liberdade, pela emoção contida a cada verso - seja na poesia ou na melodia -, é, na minha humilde opinião, o melhor samba-enredo da história do carnaval. O comentarista do SAMBARIO, João Marcos, coloca que Heróis representa um daqueles momentos em que o homem chegou perto da perfeição divina. "Heróis da Liberdade, no gênero samba-enredo, é o equivalente à Mona Lisa na pintura ou à Nova Sinfonia de Beethoven na música clássica. Se os compositores atuais escutassem isso e fizessem uma autocrítica, ficariam envergonhados", afirma.

Um fato melancólico ocorreu ainda em 1969. Ismael Silva, fundador da dita primeira escola de samba Deixa Falar, fora ignorado pelo secretário de Turismo da Guanabara, Levi Neves, que sequer o recebeu quando Ismael o procurou para pedir um ingresso. Sem ser reconhecido, Ismael Silva não conseguiu assistir ao espetáculo que ajudou a criar quatro décadas antes por não ter dinheiro para comprar uma entrada. A década de 60 encerrou-se com o último título conquistado individualmente pela Portela (dividiria os de 1980 e 1984), que apresentou em 1970 o enredo Lendas e Mistérios da Amazônia (excelente samba, que seria reeditado em 2004 pela escola). Claro que não devemos desprezar também outras obras que despontaram neste ano, como os belíssimos Oropa, França e Bahia da Imperatriz e Glórias Gaúchas da Vila Isabel (o refrão usado por Martinho da Vila era o da cantiga Prenda Minha). Em 1970 que, pela primeira vez, foram registrados em disco os sambas do Grupo de Acesso (pela gravadora Caravelle, que também assumira, naquele mesmo ano, o disco do Grupo Especial em substituição à Codil).

Os anos 70 marcariam a transição dos sambas de letra extensa e poesia exagerada para obras com a quantidade de versos bem reduzida, aliada a melodias mais leves. Os refrões se tornariam, a partir daí, o ponto forte do samba-enredo, sendo vitais para o funcionamento do samba na avenida. Se em 1969, tivemos um avant-premiére salgueirense com o "zum zum zum, capoeira mata um", dois anos depois a mesma escola revolucionaria de vez o gênero com o samba escolhido para o enredo Festa para um Rei Negro. O compositor Zuzuca, pela primeira vez, deu prioridade ao refrão, o tornando um verdadeiro fenômeno. Quem nunca ouviu ou cantarolou os seguintes versos?

Olelê, olalá
Pega no ganzê
Pega no ganzá

A composição de Zuzuca reunia as características da música tradicional do carnaval (que desde o início da década de 60 se encontrava em decadência), sem quase nada do samba-enredo tradicional. Descoberto pelos veículos de comunicação bem antes do carnaval, a gravação de Festa para um Rei Negro passou a ser executada pelas emissoras de rádio e o seu autor foi convocado para cantá-lo na Discoteca do Chacrinha, o programa mais popular da televisão brasileira na ocasião. O samba do Salgueiro foi a música mais cantada no verão carioca de 1971, quando poucos a conheciam pelo nome verdadeiro, mais pela expressão "Pega no Ganzê".

A revista O Cruzeiro dedicou várias páginas às mudanças do samba-enredo, assinalando que as inovações eram sinais de que "as escolas de samba entraram definitivamente na era da comunicação de massa", e acrescentou que "o samba-enredo tradicional, longo e pesado, traz problemas quase insolúveis para a sua divulgação radiofônica em horários que não sejam exclusivamente dedicados ao samba". Dominguinhos do Estácio, um dos mais populares intérpretes de samba-enredo, diria seis anos depois que o gênero nunca mais seria recuperado. "O negócio agora é agüentar o refrão e jogar pra frente. Samba-enredo com poesia pura, sem apelação, não cola mais", afirmou. Mesmo com tais mudanças anunciadas, 1971 ainda apresentou algumas obras-primas, como Rapsódia de Saudades (o melhor samba da história da Mocidade), Lapa em Três Tempos (Portela, cujo refrão era o contagiante "Abre a janela, formosa mulher..."), O Misticismo da África ao Brasil (Império da Tijuca, cuja regravação pelo conjunto MPB-4 o tornou célebre) e Nordeste, seu Povo, seu Canto, sua Gente (Império Serrano, eternizado pela voz do lendário Roberto Ribeiro, considerado um dos melhores intérpretes de todos os tempos).


Roberto Ribeiro defendendo o Império Serrano no desfile de 1980

Em 1972, o efeito-ganzê contagiou as escolas. Praticamente todas as agremiações desfilaram naquele ano com sambas de letra curta, sem poesia e com refrões de efeito. O Império Serrano foi bem sucedido e, com o enredo Alô, Alô, Taí Carmem Miranda, voltou a vencer o carnaval depois de doze anos. O samba-enredo da escola era tenebroso, repleto de gírias como "que grilo é esse/vou embarcar nessa onda", apostando no pegajoso refrão "cai, cai, cai, cai, quem mandou escorregar/cai, cai, cai, cai, é melhor se levantar". O grande Silas de Oliveira, derrotado no concurso do Império, morreria no dia 20 de maio de 1972 desgostoso com o novo formato de samba-enredo. O Salgueiro novamente colocou Zuzuca em ação e levou para a Presidente Vargas um samba sustentado por refrões e que fazia uma polêmica exaltação à "madrinha" Mangueira. Mas o fenômeno do carnaval anterior não se repetiu. Eis o principal trecho:

Ô ô ô, oh meu Senhor
Foi Mangueira
Estação Primeira
Que me batizou
Tengo-Tengo
Santo Antônio, Chalé
Minha gente, é muito samba no pé

A safra de 1972 também apresenta suas obras-primas, como o inigualável Onde o Brasil Aprendeu a Liberdade (Vila Isabel), o curto e emocionante Ilu Ayê (Portela), o popular e marcante Martim Cererê (Imperatriz, presente na trilha sonora da novela global Bandeira Dois) e o vencedor do Estandarte de Ouro do jornal O Globo (a tradicional premiação estreava neste ano) Rio Grande do Sul na Festa do Preto Forro (Unidos de São Carlos, consagrado por uma regravação da então novata Beth Carvalho). No carnaval seguinte, destaque apenas para o belíssimo O Saber Poético da Literatura de Cordel, da novata Em Cima da Hora, e Lendas do Abaeté, da campeã Mangueira. A partir de 1973, os discos de sambas-enredo passaram a ser produzidos pela gravadora Top Tape, acarretando uma considerável melhora nos arranjos.

Desde 1959, desfilava no Grupo Especial uma agremiação até então pouco badalada no mundo carnavalesco. Costumava-se dizer que se tratava de uma bateria cercada por uma escola de samba. Era a Mocidade Independente de Padre Miguel, cujos ritmistas eram regidos pelo Mestre André, que os comandava com uma batuta de maestro. As notas recebidas no quesito pela Mocidade sempre eram dez, graças às envolventes paradinhas e às mudanças de andamento, que levavam o público nas arquibancadas ao delírio. Com o investimento do bicheiro Castor de Andrade, a escola passaria, a partir de 1974, a brigar pelo título. A Mocidade, por sinal, também caprichou no samba-enredo com o excelente Festa do Divino, cantado na avenida pelo estreante na escola Ney Vianna (que se identificaria como nunca com a agremiação de Padre Miguel) e pela consagrada Elza Soares. A Em Cima da Hora novamente desfilaria com um lindo samba: A Festa dos Deuses Afro-Brasileiros.

Também em 1974, a Portela causou polêmica ao ignorar a sua ala de compositores a fim de incumbir à dupla Jair Amorim e Evaldo Gouveia, consagrados autores de boleros, a missão de compor o samba portelense para o enredo O Mundo Melhor de Pixinguinha. Apesar da briga interna na escola, o que provocaria conseqüências graves anos mais tarde, Jair e Evaldo presenteou os bambas com o extraordinário e popular Pizidim. O Salgueiro, porém, voltaria a vencer o carnaval com o tema O Rei da França na Ilha da Assombração. Convém não esquecer também do Grupo de Acesso de 74, onde desfilaram dois sambas de pura beleza: Lendas e Festas das Yabás (União da Ilha, regravado por Elza Soares) e Essa Nega Fulô (Tupy de Brás de Pina). O bicampeonato salgueirense viria com O Segredo das Minas do Rei Salomão, consagrando definitivamente o então novato carnavalesco Joãosinho Trinta. Três sambas de enredo se destacaram em 1975: Macunaíma (Portela), Nos Confins de Vila Monte (União da Ilha) e A Festa do Círio de Nazaré (Unidos de São Carlos, reeditado pela Viradouro em 2004), dono do talvez mais emocionante refrão de todos os tempos:

Oh, Virgem Santa
Olhai por nós
Olhai por nós
Oh, Virgem Santa
Pois precisamos de paz

Naquela época, uma obscura escola de Nilópolis, município a 27 quilômetros da capital, chamava a atenção por apresentar enredos que exaltavam o regime militar. A Beija-Flor, que na época oscilava entre o Primeiro e o Segundo Grupo, desfilou por três anos consecutivos com temas como Educação para o Desenvolvimento (1973), Brasil Ano 2000 (1974) e O Grande Decênio (1975), que celebrava os dez anos do regime militar iniciado em 1964, cujo samba-enredo trazia versos inusitados como estes:

Lembrando PIS e PASEP
E também o FUNRURAL
Que ampara o homem do campo
Com segurança total
(...)
Lembraremos também
O MOBRAL, sua função
Que para tantos brasileiros
Abriu as portas da educação

Em 1976, a Beija-Flor, graças ao bicheiro Anísio Abrahão David, resolveu investir pesado a fim de conquistar seu primeiro campeonato. Vieram, do bicampeão Salgueiro, Joãosinho Trinta e o diretor de harmonia Laíla. O enredo Sonhar com Rei dá Leão, que contava a história do jogo do bicho, teve seu samba composto e puxado pelo estreante Luís Antônio Feliciano Marcondes. Por esse nome, ninguém conhece. Mas todos assimilarão sua identidade a seu popular apelido: Neguinho da Beija-Flor. O intérprete novato chamou a atenção por convidar o público a cantar o samba, através da introdução do grito de guerra na avenida com o marcante "Olha a Beija-Flor aí, gente!". Com um luxo nunca visto antes nos desfiles das escolas de samba, a Beija-Flor sobrou nas apresentações e conquistou seu primeiro campeonato.


Neguinho da Beija-Flor introduziu o grito de guerra na avenida

A safra de sambas-enredo de 1976 é extraordinária. Destacam-se o popularíssimo No Reino da Mãe de Ouro (Mangueira), Mãe Menininha do Gantois (Mocidade), A Lenda das Sereias - Rainha do Mar (Império Serrano, reeditado pela Inocentes de Belford Roxo em 2006, cuja regravação de Marisa Monte fez muito sucesso), Arte Negra na Legendária Bahia (Unidos de São Carlos, reeditada pela hoje Estácio em 2005) e Mar Baiano em Noite de Gala (Unidos de Lucas, reeditado de forma espetacular pela escola em 2005). Mas nenhum outro samba é superior ao esplendoroso Os Sertões. Sempre presente na lista dos melhores sambas de todos os tempos, a obra-prima da Em Cima da Hora, composta por Edeor de Paula, destaca-se não só pela primorosa letra como também pela triste e inspirada melodia. O comentarista do SAMBARIO, João Marcos, dá uma definição direta para Os Sertões: "O samba mais perfeito da história do carnaval carioca". Apesar da beleza inquestionável do samba-enredo, a Em Cima da Hora realizou um desfile infeliz e acabou rebaixada de grupo. Reza a lenda que, por mais incrível que possa parecer, o samba não rendeu na avenida. Eis sua letra na íntegra:

Marcado pela própria natureza
O Nordeste do meu Brasil
Oh, solitário sertão
De sofrimento e solidão
A terra e seca
Mal se pode cultivar
Morrem as plantas e foge o ar
A vida e triste nesse lugar
Sertanejo e forte
Supera miséria sem fim
Sertanejo homem forte
Dizia o poeta assim
Foi no século passado
No interior da Bahia
O homem revoltado com a sorte
Do mundo em que vivia
Ocultou-se no sertão
Espalhando a rebeldia
Se revoltando contra a lei
Que a sociedade oferecia
Os Jagunços lutaram
Ate o final
Defendendo Canudos
Naquela guerra fatal


Avenida Presidente Vargas, um dos palcos antecessores do Sambódromo, e seu asfalto colorido pela Beija-Flor em 1977

A Beija-Flor reinaria absoluta nos dois carnavais seguintes, levando os títulos de 1977 e 1978 com os enredos Vovó e o Rei da Saturnália na Corte Egipciana e A Criação do Mundo na Tradição Nagô. Enquanto isso, a União da Ilha do Governador começava, com a sua clássica fórmula do bom, bonito e barato, a cativar o público com seus desfiles e sambas alegres. Desde 1975 no Grupo Especial, venceu o Estandarte de Ouro em 77 com o belíssimo Domingo e, no ano seguinte, cantou O Amanhã, que se tornaria uma das canções mais conhecidas da música popular brasileira graças a uma regravação da cantora Simone (sendo reeditado pela Boi da Ilha em 2006). Dá perfeitamente para acompanhar a letra cantarolando:

A cigana leu o meu destino
Eu sonhei
Bola de cristal, jogo de búzios, cartomante
Eu sempre perguntei
O que será o amanhã?
Como vai ser o meu destino?
Já desfolhei o mal-me-quer
Primeiro amor de um menino
E vai chegando o amanhecer
Leio a mensagem zodiacal
E o realejo diz
Que eu serei feliz
Como será o amanhã
Responda quem puder
O que irá me acontecer
O meu destino será como Deus quiser

A partir do álbum de 1978, o formato da gravação da bateria nos discos de sambas-enredo seria o que predomina até hoje: com os tamborins em destaque. Até o disco de 1977, a bateria possuía um som bem mais distante e inexpressivo, onde se destacavam apenas os pandeiros, surdos (de forma discretíssima) e, é claro, os agogôs - tocados de uma maneira bem tradicional. O cavaco e a cuíca, obviamente, sempre estiveram presentes. O LP de 78 inaugurava no disco o balanço da bateria de escola de samba que hoje todos conhecem. Este mesmo ano marcou a estréia da Avenida Marquês de Sapucaí como palco dos desfiles. Os cariocas sonhavam, desde o início da década, com um lugar definitivo para a realização do espetáculo, não suportando mais a trabalheira provocada pelo monte e desmonte das arquibancadas de madeira, o que perturbou por vários meses em todos os anos a vida no Centro do Rio. Mais alguns sambas que se destacaram no fim da década de 70: Brasil, Berço dos Imigrantes (Império Serrano-1977), De Yorubá à Luz, a Aurora dos Deuses (Salgueiro-1978), Incrível, Fantástico, Extraordinário (Portela-1979) e O Que Será? (União da Ilha-1979). O mestre Ismael Silva falecia em 14 de março de 1978. A Mocidade, em 1979, quebrou a hegemonia da Beija-Flor ao vencer pela primeira vez o carnaval com o enredo O Descobrimento do Brasil.

Também era tradição os desfiles das escolas de Niterói. As duas principais agremiações da cidade, Acadêmicos do Cubango e Unidos do Viradouro, travavam envolventes disputas pelo título. Os sambas-enredo, principalmente da Cubango, eram formidáveis. Compositores como Flavinho Machado, Heraldo Faria e João Belém fizeram obras-primas de letras e melodias primorosas que só estão vindo à tona graças aos sites de internet, em função da dificuldade em encontrar, nos balaios, os discos dos sambas de Niterói. Afoxé (1979), Esse Nosso Mundo Mágico (1980) e Fruto do Amor Proibido (1981) são sambas que qualquer compositor gostaria de compor. Feliz foi a Cubango, que desfilou com tais obras. As duas escolas passariam a desfilar no Rio de Janeiro anos mais tarde, com a Viradouro tornando-se mais bem sucedida e a Cubango se mantendo no Segundo Grupo.

Em 1980, numa mágica safra de sambas, três escolas dividiram o título: Portela (Hoje tem Marmelada?), Beija-Flor (O Sol da Meia-Noite, uma Viagem ao País das Maravilhas) e Imperatriz (primeiro título, com o tema O Que que a Bahia tem). Fomos agraciados ainda, em 80, por sambas como Bom, Bonito e Barato (União da Ilha) e o clássico Sonho de um Sonho (Vila Isabel), outra obra-prima de Martinho da Vila, imortalizada pelos seguintes versos:

Sonhei que estava sonhando
Um sonho sonhado
Um sonho de um sonho
Magnetizado

A década de 80 chegava com o auge da discussão sobre a construção de um local definitivo para a realização dos desfiles. O formato do samba não seria tão apelativo como no começo dos anos 70, mas os sambas-enredo teriam, como característica, um estilo mais leve e descontraído. Em 1981, a Imperatriz conquistava seu primeiro título de maneira isolada com o enredo O Teu Cabelo não Nega (Só Dá Lalá), uma homenagem ao compositor Lamartine Babo. Mas o melhor samba do ano foi levado pela Portela: Das Maravilhas do Mar, Fez-se o Esplendor de uma Noite, obra com todo o estilo alegre do compositor David Corrêa, consagrado na Portela e que sabia mesclar como ninguém animação com lirismo em um samba-enredo. A obra portelense de 81 foi recentemente regravada por Maria Bethânia.

1982 é simbolizado por dois sambas. É Hoje (União da Ilha) é um dos clássicos mais conhecidos da nossa música e regravado por muitos artistas, mas nada como acompanhar na voz do legendário intérprete Aroldo Melodia (famoso pelo grito de guerra "Canta minha Ilha! Hahai! Segura a marimba!") os famosos versos abaixo:

É hoje o dia da alegria e a tristeza
Nem pode pensar em chegar
Diga espelho meu
Se há na avenida
Alguém mais feliz que eu

Já o samba-enredo Estandarte de Ouro e campeão daquele ano foi levado pelo Império Serrano. Seu título: Bumbum Paticumbum Prugurundum, inspirado na forma onomatopéica de como Ismael Silva representava, com a boca, o som da bateria, em entrevista concedida ao jornalista Sérgio Cabral. Já no distante início da década de 80, as novas mentes que comandavam o carnaval carioca eram duramente criticadas. Ainda que elas se resumam a apenas quatro versos da imensa letra da composição de Beto Sem Braço e Aluisio Machado, ela marcou de maneira a citarmos como exemplo até hoje o inconformismo de muita gente com o fato do sambista e as pessoas da comunidade terem ficado em segundo plano para enfatizar as alegorias luxuosas (as super-alegorias), artistas e turistas burgueses que sequer sabem cantar o refrão do samba e, sobretudo, o fato emergente na época, mas já evidente, de que as escolas de samba priorizavam os ganhos financeiros, nem que tivesse que desprezar o melhor samba cantado nas eliminatórias ou um enredo mais rico e qualificado (por isso que hoje proliferam os enredos patrocinados). Eram as Super Escolas de Samba S/A, do tipo que havia afastado para sempre o mangueirense Cartola (falecido em 1980) por aquilo parecer desfile militar segundo suas palavras. Era a primeira crítica pública do novo estilo das escolas de samba, imortalizada nos versos abaixo:

Super escolas de samba
Super alegorias
Escondendo gente bamba
Que covardia!

No disco do Grupo de Acesso de 1982, o rei do baião Luiz Gonzaga fazia uma participação especial no samba-enredo Lua Viajante, feito pela Unidos de Lucas em sua homenagem (e reeditado pela escola em 2006), num dueto histórico com o falecido intérprete Abílio Martins. Por fim, no último ano antes da inauguração da Passarela do Samba, a Beija-Flor voltaria a ser campeã com o enredo A Grande Constelação das Estrelas Negras. No Grupo Especial, destaque para os sambas Mãe Baiana Mãe (Império Serrano), A Ressurreição das Coroas (Portela), Como Era Verde o meu Xingu (Mocidade), Verde que te quero Rosa (Mangueira) e E Eles Verão a Deus (Unidos da Ponte). Porém, a grande obra-prima de 1983 foi cantada no Grupo de Acesso pela Unidos do Cabuçu. O enredo afro A Visita de Ony de Ifé a Obá de Oyó resultou num samba-enredo incrivelmente lindo, de melodia envolvente e emocionante. Ao meu ver, o melhor da história dos Grupos de Acesso.

TOP 20 - SAMBAS-ENREDO
Os vinte melhores sambas da era pré-Sambódromo, na opinião de Marco Maciel

1º Heróis da Liberdade (Império Serrano - 1969)
2º Aquarela Brasileira (Império Serrano - 1964)
3º Sublime Pergaminho (Unidos de Lucas - 1968)
4º Os Sertões (Em Cima da Hora - 1976)
5º Treze Naus (Portela - 1969)
6º Os Cinco Bailes da História do Rio (Império Serrano - 1965)
7º Ilu Ayê (Portela - 1972)
8º Bumbum Paticumbum Prugurundum (Império Serrano - 1982)
9º Chico Rei (Salgueiro - 1964)
10º Brasil, Flor Amorosa de Três Raças (Imperatriz - 1969)
11º A Festa do Círio de Nazaré (Unidos de São Carlos - 1975)
12º Rapsódia de Saudades (Mocidade - 1971)
13º A Visita de Ony de Ifé a Obá de Oyó (Unidos do Cabuçu - 1983)
14º Seca no Nordeste (Tupy de Brás de Pina - 1961)
15º Samba, Festa de um Povo (Mangueira - 1968)
16º Onde o Brasil Aprendeu a Liberdade (Vila Isabel - 1972)
17º O Mundo Melhor de Pixinguinha (Portela - 1974)
18º Macunaíma (Portela - 1975)
19º É Hoje (União da Ilha - 1982)
20º O Mundo Encantado de Monteiro Lobato (Mangueira - 1967)

FONTE BIBLIOGRÁFICA:
CABRAL, Sérgio. As Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Lumiar Editora, 1996.