Coluna do Ewerton Fintelman
por Ewerton Fintelman
Um quesito
Um segmento
Uma preservação de raízes
A Orquestra do samba...
Falamos da Bateria,
conhecido como o “coração” da escola. Causa arrepios
em certas horas; dá uma injeção de alegria nos componentes na
hora da bossa. Incomparavelmente, a orquestra do samba.
Assim como já é feito com o Samba-enredo, teremos nesse espaço
a chance de discutir opiniões, avaliar, expor e interagir em
tudo que se chame percussão num desfile de escola de samba.
Aqui no próprio Sambario, temos um espaço, que explica o
básico de cada instrumento usado nas baterias de escolas de
samba. Mas, como é dito nos ditos populares, temos ali um
“boi com abóbora”. Aqui neste espaço, vamos discutir
peculiaridades, inovações e outras discussões sobre o que
acontece, o que aconteceu, e o que acontecia no mundo das
baterias das escolas de samba.
Bom, deixemos de papo e vamos ao que interessa.
Para iniciar, vamos fazer um pré-comentário do que as escolas
de samba andam batucando por aí.
Para 2008, tenho visto que as escolas estão tentando inovar sem
ser prejudicada. No que tenho ouvido nos ensaios técnicos da
Sapucaí, a que melhor se saiu até agora, tecnicamente foi a da
Beija-Flor.
Embora tenha aberto a temporada de ensaios sem tentar fazer
bossas e convenções, por motivos que desconheço, a bateria da
Beija-Flor mostrou que tem cadência. O que eu mais destaco nela,
é a distribuição dos instrumentos, que influenciam muito na
hora de termos o conjunto do som. Os instrumentos são bem
distribuídos, e o naipe de frigideiras, que ficam no meio da
bateria, dão um realce a mais na bateria. Dão uma identidade
única, assim como o agogô, no Império Serrano.
Dos ensaios técnicos já realizado, temos os seguintes
parâmetros:
BEIJA-FLOR – Como eu disse, foi,
tecnicamente, a que melhor passou até agora, porém, estamos no
século XXI. Se o ensaio fosse o desfile, a bateria da Beija-Flor
perderia no mínimo um ponto pelo fato de não ter feito nenhuma
bossa. Os jurados que temos hoje, certamente alegariam a falta de
criatividade, o que é lamentável. Uma bateria não se faz com
bossas.
MOCIDADE – Como sempre, a bateria da verde
e branco de Padre Miguel, passa preservando suas raízes. Mais
uma vez a bateria não faz breques nem na cabeça, nem na quebra
do segundo refrão, mas realizando bossas inéditas na entrada do
primeiro refrão e no refrão do meio. A bateria só apresenta
deficiência na sintonia da marcação com os surdos de resposta,
que eu creio ser um problema na afinação. Destaque para o
desenho de tamborins. Muito criativo e apresenta total sintonia
com o samba.
VILA ISABEL – Bateria passou tecnicamente
correta. Não cometeu erros gritantes ao ponto de terem
destaques. Só ressalto que o problema da Vila, na minha opinião
são os instrumentos. Fico me perguntando se o problema é a
afinação, ou é a qualidade negativa dos instrumentos da
ArtCelsior, que na minha opinião, não formam um conjunto bom.
SALGUEIRO – A Furiosa do Salgueiro passou
correta, até o meio do ensaio, quando não mais a ouvi. Possui
instrumentos de qualidade, afinação perfeita, ritmistas
competentes. Valorizando mais as caixas, a bateria do Salgueiro
terá capacidade de brigar pelo 10.
PORTELA – Não estive presente no ensaio,
ouvi apenas gravações, portanto vou comentar apenas o
superficial. A bateria vem cadenciada, não sei se a bateria
corrigiu a afinação nos surdos de marcação, que em 2007
estavam erradas. Pelo que ouvi na gravação, tecnicamente
correta, não sei se cometeu erros, pois não a ouvi na íntegra.
SÃO CLEMENTE – Como foi no mesmo dia da
Portela, não a ouvi. Pela gravação, nota-se ousadia. Em minha
concepção, boas ousadias, mas que não sei se agradará o
júri. Prefiro não comentar afinação, pois é uma gravação.
MANGUEIRA – Sempre muito comentada por
todos, a inédita bateria da Mangueira passou mal, em minha
opinião. Tamborins sobressaiam-se demais, ao ponto de ocultar as
caixas na hora em que o desenho era em formato carreteiro. O
surdo mór, de afinação impecável, foi o destaque. Basta
reposicionar os tamborins, e eu creio que boa parte dos problemas
da bateria da Mangueira (que será futuramente muito mencionada
nessa coluna) se acabarão.
Esse é o parâmetro dos ensaios até agora. Creio que até lá,
muitas águas vão rolar até o desfile, e espero que as baterias
se superem, e que todas briguem pelo 10.
Bom, pra você que gostou da primeira edição e tem sugestões,
pedidos, reclamações e etc, mande e-mail para etho_vp@globo.com. Estamos num período de montagem da
coluna, qualquer opinião é bem-vinda.
E para você que é ritmista, diretor ou membro de qualquer
bateria, etc, abro aqui também um espaço para pedidos, abertura
de vagas em baterias, etc. Basta nos mandar um e-mail.
Na próxima edição, estarei avaliando as baterias que passaram
no desfile de 2007, e com certeza, fazendo observações do que
tenho ouvido nos ensaios das quadras.
Um forte abraço e até a próxima.
Ewerton
Fintelmann
etho_vp@globo.com