SAMBARIO - O site dos sambas-enredo

Carlinhos Emoção (ou Carlinhos Cantor) foi a voz marcante da escola de samba Vizinha Faladeira no ressurgimento da agremiação para o carnaval, ocorrido na década de 90.

Carlinhos começou sua trajetória carnavalesca nos blocos de rua, no início dos anos 70. Com 17 para 18 anos de idade começou a cantar samba, segundo ele mesmo, “por acaso”. Nessa época, o garoto já gostava de escrever algumas letras musicais e compôs seu primeiro samba para o bloco Fala Meu Louro, do bairro de Santo Cristo, na Zona Portuária, onde frequentava com os amigos. Em um ensaio, incentivado por amigos, subiu ao palco para cantar seu primeiro samba. A partir de então, passou a compor e apresentar seus sambas nos ensaios do bloco. No ano seguinte, tornou-se um dos intérpretes do Fala, ficando por muitos anos nesta condição. “Meu agradecimento eterno a Eunice, presidente do Fala Meu Louro, que me deu a primeira grande oportunidade e que me ajudou a deslanchar no mundo artístico”, afirma Carlinhos.

Em 1979, um amigo seu da União da Ilha o convidou para cantar na quadra da azul, vermelho e branco. No primeiro ensaio Carlinhos ficou assustado pela diferença de público – bem maior do que a do Fala Meu Louro – mas arriscou e seguiu em frente. Subiu ao palco, se apresentou e adorou a experiência. Chegou a ser segunda voz na escola entre 1981 a 1995 apoiando nesse período Aroldo Melodia, Quinho e Maurício Cem.

Foi então que ressurgiu a Vizinha Faladeira (cuja sede, a exemplo do Fala Meu Louro, também fica na Zona Portuária), sendo resgatada de volta ao samba e com a organização que já tinha o conhecia desde criança, foi convidado a cantar samba na agremiação.

Carlinhos estreou como microfone número 1 em 1995, quando a Vizinha Faladeira desfilou no grupo de Acesso (hoje Série A), organizado pela já extinta Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso – Liesga, na Sapucaí. Naquele ano se apresentou com o nome Carlinhos Cantor e interpretou “O Relicário do Samba” (dos compositores Carlos Pessoa, Ageu Coisa Boa, Arthur e Ticarlos), enredo do então desconhecido carnavalesco Paulo Barros. A escola chegou em 6º lugar e se manteve no Acesso.

Carlinhos considera que seu desfile mais marcante foi “Elba, o sucesso é você”, que a Vizinha apresentou em 1996, pelo Grupo A. O intérprete trabalhou no carnaval até 2002, sua última apresentação na Sapucaí. A esta altura já tinha trocado o nome artístico para Carlinhos Emoção, devido ao seu grito de guerra (ai, que emoção!). Logo após o desfile resolveu dar uma pausa por motivos particulares.

O sambista já passou também pelo Paraíso do Tuiuti (não mencionou o ano) e foi apoio de Quinho no histórico desfile “Festa profana” da União da Ilha, em 1989. Carlinhos também disputou samba na Império Serrano e na Império da Tijuca.

Há dez anos Carlinhos Emoção não pisa em um palco, mas garante que os convites sempre aparecem. O músico diz que deseja voltar, mas acredita ainda não estar preparado. “Tenho tido convites de amigos e venho pensando seriamente em aceitar”, afirma. O estilo de Carlinhos é mais empolgação, lembrando um pouco Quinho, talvez pela convivência de anos com o intérprete, nos tempos de União da Ilha.

Quando não está envolvido com carnaval, Carlinhos deixa de ser Emoção e surge Carlos Evaldo, cidadão e trabalhador carioca que exerce a atividade de portuário, profissão que iniciou em 1977 (como estivador) e segue até hoje.