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Editorial Sambario
Edição nº 95 - 28/08/2022

HOMENAGEADOS QUE NÃO COMPARECERAM NOS DESFILES

Homenagear personalidades é algo bem tradicional no Carnaval. As mesmas quando vivas receberem as glórias e serem aplaudidas na avenida é ainda mais corriqueiro. Entretanto, já aconteceram várias ocasiões em que os artistas que inspiraram os enredos não compareceram no desfile. Não é justo mencionar, por exemplo, Carlos Drummond de Andrade (Mangueira 1987) e Milton Gonçalves (Santa Cruz 2022), que, debilitados, faleceriam poucos meses depois de serem cantados na Sapucaí.

Confira a relação dos "ingratos" que não desfrutaram das homenagens. Inclusive ocorreram casos de desentendimento destes com as escolas momentos antes da apresentação começar. Agradecimentos a Gerson Brisolara e Túlio Rabelo pela ajuda na montagem da lista.

PELÉ (Beija-Flor 1983, Caprichosos 1998 e Barroca 2003) - Edson Arantes do Nascimento não foi exatamente o único homenageado por Beija e Caprichosos. Nas duas escolas cariocas, integrava um seleto grupo de personalidades negras que haviam virado enredo. Na agremiação paulistana, se tornou o fio condutor em De Três Corações a Coroação, Quem Sou Eu?. Porém, Pelé não compareceu em nenhuma ocasião. Contudo, o Rei do Futebol já frequentou a Sapucaí em alguns anos, como em 1980, quando presenciou Garrincha num triste estado no cortejo mangueirense daquela temporada.

CHICO ANYSIO (Caprichosos 1984 e Arranco 1997) - O humorista inspirou dois enredos quando vivo, um deles na inauguração do Sambódromo: A visita da nobreza do riso à Chico Rei num palco nem sempre iluminado, cantou a Caprichosos de Pilares. A outra ocasião ocorreu no Acesso, pelo Arranco, com Chico Anysio, 50 anos de humor. Porém, Chico não desfrutou das glórias carnavalescas na Sapucaí. O artista faleceria em 2012, recebendo a homenagem póstuma do Paraíso do Tuiuti em 2013: Ao Mestre do Riso com Carinho: As Caras do Brasil.



FERNANDO PAMPLONA (Salgueiro 1986 e Cubango 1994) - No Carnaval do Salgueiro em 1986, Pamplona estava na cabine da Manchete comentando o desfile em que a Academia do Samba lhe prestou um tributo. O título era Tem que se tirar da cabeça aquilo que não se tem no bolso - Tributo a Fernando Pamplona. Avesso a homenagens, deixou claro na transmissão: "Vou prevenir a vocês que qualquer engano na minha narrativa ou qualquer hesitação nessa homenagem que não pedi e até fui contra, será por conta da emoção natural porque o Salgueiro continua e será sempre a minha escola". Oito anos depois, o grande carnavalesco se ausentou do desfile do Cubango que trouxe Ao mestre com carinho (Homenagem a Fernando Pamplona), por ter participado da transmissão da Manchete do Carnaval de Manaus em 1994. Naquele ano, a finada emissora de Adolpho Bloch ampliou sua cobertura às escolas da capital amazonense. Morto em 2013, seria homenageado pela São Clemente dois anos depois, com A incrível história do homem que só tinha medo da Matinta Perera, da Tocandira e da Onça Pé de Boi.



ÂNGELA MARIA (Rosas de Ouro 1994) - A Sapoti foi o tema da Roseira no Anhembi em 1994. A cantora chegou a comparecer no Sambódromo paulistano. No entanto, um desentendimento com a direção da escola fez com que ela cancelasse a sua participação no desfile de última hora. Ângela Maria, em entrevista para a Globo no momento do início da apresentação da Rosas de Ouro, alegou ter pedido uma retratação ao presidente da escola, Eduardo Basílio, para que retirasse a acusação de que ela teria cobrado para aparecer na pista. "Será que ele sofre de amnésia? Será que ele não se lembra que, durante esses dois meses, ele só fez me atacar sem eu fazer nada? Me pus à disposição dele e da escola durante dois meses e ele não teve a dignidade de me convidar pra um evento, um ensaio, pra nada?", protestou a Sapoti, cujo célebre apelido batizava o enredo.

ZECA PAGODINHO (Morro da Casa Verde 2002) - O sambista foi tema em São Paulo com o título de O Morro Canta Zeca Pagodinho, o Poeta de Xerém. No entanto, consta que Zeca Pagodinho teria comparecido ao Anhembi na hora da apresentação do Morro e desistido após ver a qualidade das alegorias da agremiação. "Eu nunca prometi que ele viria. Ele não gosta de escola de samba", declarou na ocasião Dona Guga, presidente da escola, que colocou um sósia do artista no lugar do próprio. A escola seria rebaixada na apuração. Contudo, Zeca deve comparecer no tributo que a Grande Rio lhe fará no ano que vem na Sapucaí.


RONALDO FENÔMENO (Tradição 2003) - Tema da Tradição com o título O Brasil É Penta, R É 9 - O Fenômeno Iluminado, tanto a qualidade plástica (foto acima) quanto a musical da escola de Campinho naquela temporada não devem ter inspirado Ronaldo a comparecer na Sapucaí. Até porque o Fenômeno ficou impossibilitado por conta dos compromissos do Real Madrid, clube que defendia na época. Em contrapartida, Ronaldo desfrutou no Anhembi da homenagem da Gaviões em 2014: R9 – O Voo Real do Fenômeno.

RONALDINHO GAÚCHO (Estado Maior da Restinga 2003) - Por mais que Ronaldinho Gaúcho estivesse em Porto Alegre no Carnaval, para participar do desfile em que seria homenageado pela Tinga, o craque, na época no Paris Saint-Germain (iria para o Barcelona poucos meses depois), não foi visto na avenida Augusto de Carvalho. Aliás, 2003 foi o último ano em que as escolas da capital gaúcha passaram por ali, se transferindo para o Porto Seco a partir da temporada seguinte. Assim, desfilaram no enredo Vida e arte de um pequeno ser que cresceu nas glórias de um gramado para o mundo: Ronaldinho Gaúcho sua mãe Dona Miguelina e os irmãos Assis e Deise. O então atleta Paulo César Tinga também participou e, ao ser questionado sobre a vinda ou não do craque e amigo, desconversou. Mas o pentacampeão mundial no ano anterior não compareceu, de acordo com o jornalista Gerson Brisolara, que cobre há anos o Carnaval de Porto Alegre. O samba-enredo da Tinga em homenagem a Ronaldinho apresenta versos curiosos, como "tira o dedo do pudim/o videogame é a sua distração".


LULA (Beija-Flor 2003 e Gaviões da Fiel 2012) - "A esperança venceu o medo". O grito de Neguinho da Beija-Flor até hoje remete os sambistas ao então presidente da República que recém havia tomado posse no começo daquele ano de 2003. O petista não foi exatamente o fio condutor do tema, mas seria representado numa das alegorias nilopolitanas em O povo conta a sua história: "saco vazio não pára em pé". A mão que faz a guerra, faz a paz. Se não esteve de corpo presente, Lula despontou em uma escultura que veio com a mão decepada (foto acima). Mesmo assim, o problema não impediu o título da escola. O político também não deu as caras no Anhembi, quando a Gaviões da Fiel cantou Verás que o filho fiel não foge à luta - Lula, o retrato de uma nação em 2012, por estar se recuperando de um câncer na laringe na época.

GILBERTO GIL (Vizinha Faladeira 2005) - Tema da Vizinha de 2005 em 2222 Gil, o Expresso da Cultura do Brasil, Gilberto Gil não compareceu à Sapucaí para sair na escola que estava no Grupo de Acesso na ocasião. Na oportunidade, o músico era ministro da Cultura do governo Lula. Entretanto, 13 anos depois, marcaria presença na apresentação do Vai-Vai em 2018, que trouxe para o Anhembi Sambar com Fé Eu Vou.

MARTINHO DA VILA (União do Parque Curicica 2015) - A escola que estava no Acesso em 2015 realizou uma tripla homenagem em Os 3 Tenores... do Samba. Então, Martinho da Vila, Monarco e Arlindo Cruz receberam o tributo da Curicica. Se o portelense e o imperiano marcaram presença na apresentação, em contrapartida, Martinho não compareceu.



CARLINHOS BROWN (Camisa Verde e Branco 2020) - O músico não prestigiou o desfile do Camisa no Grupo de Acesso do Anhembi em 2020, que trouxe Ajayô: Carlinhos Brown, candomblés, tambores e batuques ancestrais. Em compensação, desfilou na Mocidade em 2022 na Sapucaí. Brown assinou o samba-enredo da verde-e-branco de Padre Miguel, que levou o Estandarte de Ouro e o Troféu Sambario neste ano.