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Editorial
 
Edição nº 92 - 24/04/2022

ANÁLISES - SÉRIE OURO E GRUPO ESPECIAL 2022 NA SAPUCAÍ


Confira as opiniões de Marco Maciel para os desfiles da Série Ouro e do Grupo Especial, em texto e vídeo.

SÉRIE OURO - QUARTA-FEIRA



Em Cima da Hora
- Briga pra não cair.
- Leitura fácil, fantasias simples, mas simpáticas.
- Animada comissão do trem.
- Problema na manobra das três alegorias, um buraco abriu na frente do segundo módulo.
- Samba clássico passou correto, porém morno.
- Depois do desfile, aconteceu a tragédia com a menina Raquel, de 11 anos, ao subir na alegoria da Em Cima da Hora já fora da área da Sapucaí.

Cubango
- Pixulé destaque, samba excelente, pulsando na avenida.
- Parada arrojada da bateria, apenas com atabaque.
- Problemas nas iluminações das alegorias.
- Belíssimas fantasias, refletem a qualidade do carnavalesco João Vitor Araújo.
- Desfile valente, muito além do que era comentado a respeito dos boatos pessimistas pré-desfiles. Deve conseguir boa colocação.

Unidos da Ponte
- Samba contestado numa levada pra cima, animada. Ótimo desempenho do jovem Charles Silva.
- Queda da porta-bandeira na frente da primeira cabine de jurados. Algumas alas presentes no roteiro não teriam passado, o que pode acarretar problemas no enredo.
- Bom nível plástico, preocupação com um cavaquinho desafinado. Membros crucificados no abre-alas, gerou polêmica. Homenagem ao Paulo Gustavo no último carro pode parecer algo forçado.
- Escola confiante a ponto do presidente falar em subir. Mas teve problemas graves em evolução no fim do desfile, dificuldade do abre-alas cruzar o portão. Um buraco grande abriu e a escola estourou o cronômetro em um minuto. Perderá um décimo.

Porto da Pedra
- Demora pra autorizar a entrada, em virtude da perícia policial após o acidente com a menina Raquel, fez a escola esquentar com quase a sua discografia inteira.
- Andamento muito acelerado da bateria, diferente do ensaio técnico. Atrapalhou o desempenho do samba. Mas a escola ainda assim cantou bem. Pitty di Menezes destaque.
- Bonita comissão que mostrou Mãe Stella de Oxóssi de arco e flecha, mais os flecheiros.
- Abre-alas imponente, mas com problemas de iluminação. Demais alegorias não acompanharam o nível. Conjunto de fantasias irregular.
- Corre por fora na luta pra subir.

União da Ilha
- Melhor desfile desde 2014, a escola tem aquela vantagem de preparar seu Carnaval na Cidade do Samba.
- Samba-enredo criticado funcionou bem, Ito Melodia com o carisma e a categoria de sempre. Bateria num grande desempenho, arrojo na parada marcada pelo sino.
- Comissão de frente marcante, a melhor da noite, representando o escravo Zacarias e ele se deparando com a imagem de Nossa Senhora. Que na transformação se torna Oxum, numa forma de reforçar o sincretismo religioso no enredo. Efeitos dignos de comissões do Grupo Especial.
- Como é bom ver um abre-alas luxuoso depois de aturarmos aquele ônibus de 2020. Conjunto alegórico impecável, principalmente o último carro com a imagem da Santa.
- Disparado o melhor desfile da noite. Esperado, já que vem de uma escola que passou uma década inteira no Grupo Especial. Pareceu de outra turma com relação aos demais.
- Um único porém é a evolução lenta e a corrida no fim. Bateria entrou no recuo com 42 minutos.
- Trabalho póstumo do Severo Luzardo, recentemente falecido. Cahê Rodrigues é o outro carnavalesco.
- Subiu o sarrafo lá em cima, desafiando outras favoritas da chave.

Bangu
- Thiago Brito com a cara pintada de castor e um cabelo grisalho foi hilário.
- Porta-bandeira por um momento chegou a bailar sozinha. O mestre-sala apareceu depois caracterizado pelo homenageado Castor de Andrade, que também compôs a comissão de frente. Algo ousado!
- Comissão de frente das antigas, coreografia simples sem elemento cenográfico. Intenção de identificar os animais do jogo do bicho na comissão não foi das melhores, mal dava pra reconhecer.
- Na metade do desfile, a escola ficou toda parada, evidenciando uma evolução com percalços. Muito por conta do contingente pequeno. Parecia descompromissada e pouco se importando com questões de cronometragem. Tanto que estourou em três minutos o tempo, fechando com 58.
- Samba limitado, como esperado, se arrastou e tornou a apresentação até monótona.
- Plástica teve problemas, alegorias modestas, algumas fantasias não estavam carnavalizadas.
- Deve brigar pra não cair. Desfile mais fraco da noite.

Sossego
- Entrou com o dia totalmente claro, por volta das seis e meia da manhã. Alias, foi um desfile que acabou adequado pro amanhecer, talvez já planejando algum atraso.
- Plástica agradável, destaque pro abre-alas.
- Samba foi correto, é difícil de ser cantado num desfile por ter muitos versos truncados.
- Deve ficar numa posição intermediária, livre de qualquer risco.

SÉRIE OURO - QUINTA-FEIRA



Lins Imperial
- Um desfile muito maduro e grandioso pra uma escola que não desfilava na Sapucaí desde 2011 e no segundo grupo desde 2008.
- Visual que prioriza cores fortes, como o rosa. Fantasias até pesadas, mas de fácil leitura que tornaram a apresentação leve e divertida pra homenagear o grande Mussum.
- Samba funcional, alegre, bem de acordo com a proposta da escola.
- Desfile muito simpático, muito fiel à vida do eterno Trapalhão. Deve manter a Lins no grupo com tranquilidade, se colocando no meio de tabela.
- Escola estava tão grande que por muito pouco não estourou o tempo, o portão foi fechado faltando 10 segundos pra virar 56 minutos. Adrenalina, tensão e alívio.

Inocentes
- A escola imaginava entrar à meia-noite pra honrar o enredo dos tambores silenciosos, festividade de Pernambuco. No entanto, a escola começou a esquentar por volta de 22h25.
- Samba muito forte, um dos bons da ótima safra do Acesso, sendo premiado com o Estandarte de Ouro do grupo. Bem defendido pelo trio de intérpretes, marcando a apresentação valente da Inocentes. Dava pra notar bem as vozes de Temtem, Andanças e Leléu. Após um belo início, o desempenho do samba-enredo teve uma queda ao longo do desfile.
- Dificuldade nas manobras dos carros, tanto pra entrar na pista quanto pra seguir em linha reta no desfile. Abre-alas teria quebrado na saída, abrindo claros. Deve provocar descontos na evolução.
- Plástica eficiente da Inocentes, mais um grande trabalho de um jovem carnavalesco oriundo do Carnaval Virtual da LIESV, que é Lucas Milato. Deve ficar na primeira parte da tabela.

Estácio
- Reedição da homenagem ao Flamengo depois de 27 anos. Medalha de Ouro do mestre Chuvisco colocando o andamento bem pra cima pro famoso samba, muito bem cantado.
- Falta de carnavalização em muitos elementos. Conjuntos de fantasias e alegorias irregulares. Reflexo da falta de aporte financeiro do próprio Flamengo. Seis escolas do Especial ajudaram a Estácio a formar seu desfile, numa espécie de mutirão.
- Desfile até descontraído, porém fora de qualquer disputa. Se a intenção era um sacode, passou longe disso. Bizarrices como Adílio num tripé de bonecos lol e sósias de jogadores como destaques no último carro. Tendência é de colocação intermediária.

Santa Cruz
- Milton Gonçalves lamentavelmente não pode estar presente na homenagem, pois sofreu um AVC que lhe deixou com sequelas há dois anos. O ator se sentiu mal durante uma feijoada do Salgueiro em fevereiro de 2020.
- Um dos sambas do ano, teve um bom início mas foi cansando ao longo da apresentação. Uma falha no sistema de som na Sapucaí ainda atrapalhou a escola. Comissão sem elemento alegórico. Bateria com belas bossas, marcações de timbau. 
- Visualmente, apenas correta, sem muito impacto. Problemas de evolução, buraco abrindo na frente do último carro, em frente a um módulo de jurados.
- A escultura de Milton Gonçalves na alegoria final veio alada em alusão à seu personagem em "O Bem Amado", Zelão das Asas. A música que embalava o personagem era "Meu Pai Oxalá", orixá que o representou no desfile.
- Desfile pra meio de tabela.

UPM
- Candidatissima, apesar dos erros. Escola grandiosa com um abre-alas imenso e luxuoso que teve dificuldades pra entrar na pista. A UPM exibiu um pede passagem com o Boi Vermelho, algo que faz alusão à carnavais passados.
- A Unidos de Padre Miguel apresentava a plástica mais bonita do grupo, no entanto a escola cometeu erros similares aos que vêm custando o acesso à escola há anos. A dificuldade de manobra do segundo carro causou uma cratera que comprometeu a evolução. É lamentável como a UPM bate na trave sempre por um ou outro detalhe.
- Ótimo funcionamento do samba, grande atuação de Guto e Diego Nicolau.
- Evolução é o quesito que pode tirar o título do Boi Vermelho. Visualmente irretocável. Briga com União da Ilha e Império Serrano deve ser nota a nota.

Vigário Geral
- Andamento bem pra frente do ótimo samba. Bossas de timbau e paradas arrojadas, ainda que a bateria tenha vindo excessivamente acelerada, diferente do ensaio técnico. Mas o samba foi envolvente o desfile inteiro.
- Tem Tem Jr, um dos melhores intérpretes da nova geração, se destacou mais uma vez.
- Comissão forte, sem elemento cenográfico, homenageando negros mortos brutalmente.
- Desfile valente, visual correto. Alguns clarões em evolução. Mas dá pra se manter no grupo com tranquilidade.

Império da Tijuca
- Cantando o que eu considero o melhor samba-enredo do grupo, o primeiro Império do Samba colocou muita valentia na bela obra, com andamento pra frente e grande condução de Daniel Silva. A passagem do hino foi deliciosa o desfile inteiro, numa levada que ouviria por mais horas.
- Grande tributo a Candeia e ao Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo. Visual eficiente do carnavalesco Guilherme Estêvão, mais um nome revelado pelo Carnaval Virtual. Comissão emocionante, com direito a troca de figurinos e o bailar da bandeira do Quilombo. Um pequeno pede passagem veio na sequência com um sósia de Candeia na cadeira de rodas.
- Pode não ter sido a escola mais suntuosa, mas se tornou uma postulante ao acesso por se garantir em vários quesitos, sobretudo os de chão. Talvez a evolução mais tranquila da Série Ouro. Corre por fora, não foi esteticamente superior a Ilha, Padre Miguel e Império, mas pode surpreender na briga pelo Especial.

Império Serrano
- Recebida aos gritos de "É campeã", foi chegada a hora do Império confirmar ou não o favoritismo atribuído à escola desde quando Sandro Avelar assumiu a presidência em 2020 e começou a montar a super equipe imperiana, encabeçada por Leandro Vieira.
- Desempenho impressionante do samba, com Nêgo e Igor Vianna. A bateria do Império, agora com Mestre Vitinho, dando seu show de sempre.
- Uma falha clamorosa na Comissão de Frente. Durante a exibição pela TV, o drone do besouro, que era pra voar, não decolou e foi carregado pelo ator que fazia o personagem Besouro Mangangá. Ele teria funcionado em outros módulos de jurados. Mas é algo que pode comprometer o Império em seu objetivo.
- Visual irretocável de Leandro Vieira, possivelmente um dos desfiles mais luxuosos do Império em sua história.
- O Império Serrano foi definitivamente resgatado. Em nada lembra a escola lastimável de 2020.

PROJEÇÕES (por ordem de entrada das escolas)
Favoritas: União da Ilha, Unidos de Padre Miguel e Império Serrano
Correm por fora: Porto da Pedra e Império da Tijuca
Meio de tabela: Cubango, Sossego, Lins Imperial, Inocentes, Estácio, Santa Cruz e Vigário Geral
Briga pra não cair: Em Cima da Hora, Unidos da Ponte e Unidos de Bangu

GRUPO ESPECIAL - SEXTA-FEIRA



Imperatriz
- Escola luxuosa, grande, comissão de frente com um elemento cenográfico gigantesco, emulando o trem da alegria de Lamartine Babo, além da aparição também de Dalva de Oliveira, que receberam Arlindo Rodrigues no céu.
- Desfile com a cara de Rosa Magalhães, uma suntuosidade que Arlindo Rodrigues assinaria também. Diversas alas com adereços de mão. Zé Katimba no tripé representando Fernando Pamplona. Tuninho Professor encarnando Luizinho, homenageando no último carro. Um manequim de Arlindo no ateliê na alegoria foi outro momento emocionante.
- Samba-enredo funcionou bem, ótima sintonia entre Bruno Ribas e Arthur Franco. Escola cantou muito. Algumas derrapadas em evolução, escola ficou parada por alguns momentos, mas cumpriu o tempo tranquilamente.
- Uma apresentação que, até brinquei, se fosse nos anos 90 seria campeã. Mas como a escola vem do Acesso e abre o desfile, pode no máximo ambicionar uma volta às Campeãs. Numa outra circunstância, certamente brigaria por uma colocação lá em cima.

Mangueira
- Marquinho Art Samba, do alto do carro de som apoiado, encarnou Jamelão. Com um figurino similar ao velho intérprete: chapéu, roupas coloridas e elásticos nas mãos.
- Comissão de frente impactante, com ilusionismo nas trocas de roupa característico do dito casal "É Segredo" da Tijuca-2010. Os três homenageados deixando seu legado para o futuro. Muito bem executado, ponto forte do desfile. Ganhou o Estandarte de Ouro com justiça.
- A suntuosidade de sempre de Leandro Vieira na cabeça, com caricaturas de Lan no pede passagem e no abre-alas. O rosa proliferou na primeira metade. Um resumo das vidas de Cartola, Jamelão e Delegado em três setores.
- Casal no meio do desfile, em frente à bateria, ao invés de vir atrás da comissão, foi um toque nostálgico.
- Fantasias melhores que as alegorias, que foram caindo de qualidade ao longo da apresentação.
- Samba criticado infelizmente não rendeu, se arrastando antes da metade do desfile. Passagem até sonolenta.
- Marquinho Art Samba passou mal na reta final do desfile, chegou a ter falta de ar, foi atendido pelos médicos sem camisa. Ainda assim cantou o samba até o final. 
- Desfile abaixo do padrão Leandro Vieira na Mangueira. Se classificar pras Campeãs, é muito lucro!

Salgueiro
- Criticado samba teve bom desempenho. O contestado refrão "Salgueirô Salgueirô" foi muito bem cantado. Furiosa bateria matou o samba no peito.
- Microfone do Emerson Dias mais alto que o de Quinho. Ótima performance de Emerson. Quinho, na prática, foi um apoio de luxo.
- Escola suntuosa, fantasias pesadas ao estilo Alex de Souza. Boa qualidade nas alegorias, apesar da do funk ter destoado um pouco.
- Se deparou com os velhos problemas de evolução. Por muito pouco, não estourou o tempo, encerrando no limite dos 70 minutos.
- Enredo um tanto complexo, de difícil leitura. Muitos assuntos misturados, não formavam uma unidade. Briga no máximo por Campeãs.

São Clemente
- Deu tudo errado! Muitos problemas de evolução no enredo em homenagem ao saudoso Paulo Gustavo.
- Abre-alas teve dificuldades para entrar na pista, ficando presa a primeira parte no Setor 1. O carro foi acoplado minutos depois, ficando um claro no início onde não há módulo de jurados. Comissão só chegou na dispersão com 45 minutos.
- Bateria de mestre Caliquinho com boas bossas e até um paradão.
- Problemas no tripé da comissão de frente que apagou e o elemento ficou um tempo parado no mesmo lugar. Os integrantes por alguns minutos não interagiram com o tripé, que trouxe Déa Lúcia, mãe de Paulo Gustavo.
- Samba limitado se arrastou. Visual não comprometeu. Acabou sendo um desfile frio. E o desenvolvimento do enredo se mostrou confuso. Impressão de que faltou conteúdo pra um enredo do Grupo Especial. Ala de botox (!) em homenagem ao viúvo Thales Bretas porque é dermatologista?
- Escola correu, mas conseguiu passar dentro do tempo regulamentar.
- Favoritíssimo ao rebaixamento.

Viradouro
- Uma cabeça que me remeteu ao título de 1997, do enredo das trevas com o histórico abre alas daquele ano. A ala toda preta do bailar nas trevas de 1919, em plena gripe espanhola, não deixa de ser uma homenagem a Joãosinho Trinta.
- Ciça acelerou mais o andamento pro samba carta. Tudo bem que o samba exige uma levada pra frente. Mas achei que a obra caiu de rendimento com relação ao ensaio técnico. Me lembrou o ritmo que o mestre imprimia na escola nos anos 2000, no auge das metralhadoras que resultavam em ritmos frenéticos. Por volta de 32 minutos do desfile, um paradão foi feito e, na retomada, a bateria cadenciou um pouco e o samba ficou mais agradável.
- Problema com o sapato do mestre-sala Julinho na apresentação no primeiro modulo.
- Visual impactante, suntuosidade nas alegorias e nas fantasias. No entanto, esperava mais da comunicação com o público. O samba carta não conseguiu ter o efeito do ensaboa de 2020. Pra mim não arrebatou. Acho difícil levar o bi, mas a vaga nas Campeãs é certa!

Beija-Flor
- Neguinho com a velha categoria ao entoar o bom samba da escola, de exaltação a grandes pensadores negros.
- Comissão realizou sua coreografia toda dentro do elemento cenográfico.
- Abre-alas imponente, um beija-flor muito bem feito, diferentemente do de bico murcho do último desfile. O carro mais bonito da noite. Visualmente, um grande trabalho de Alexandre Louzada e equipe.
- Alguns clarões, devido à dificuldade em colocar os destaques em alguns carros. Deverá perder décimos preciosos em evolução.
- Algumas alas coreografadas, confesso que elas não me agradam.
- Belo desfile, mas talvez tenha faltado um algo a mais pra considerarmos favorita ao título, como as derrapadas em evolução. Ficou um senso comum de que a campeã sairia na segunda noite.

GRUPO ESPECIAL - SÁBADO



Tuiuti
- Tripé da comissão imenso, sem muita utilidade na coreografia, maior que o abre-alas, que apresentou uma rampa, algo que é a cara de Paulo Barros. O carnavalesco sempre busca o diferenciado. A ala que cercava o carro fazia os caminhos de Orunmilá, num movimento de vai-e-volta na rampa do AA.
- Celsinho e Grazzi Brasil dando umas derrapadas no carro de som. Grazzi com uns floreios na voz estilo Shakira. Celsinho dando umas semitonadas. Voz do Ciganerey muitas vezes se sobressaía.
- Bateria Supersom espetacular. Cadência correta, tornando a levada agradável. Grande atuação dos comandados de Mestre Marcão, bossas empolgantes. Repique-mor aparecendo o tempo todo, sobretudo na marcação do paradão. Uma das melhores atuações de bateria da temporada.
- A escola parou por volta de 40 minutos. Alguns clarões se abriram na reta final do desfile. O quarto carro empacou na entrada da pista.
- O enredo homenageou figuras negras que eram comparadas a orixás e se situavam no meio das alas. A fórmula foi repetida o desfile inteiro. Alegorias de qualidade duvidosa. Boas fantasias. Alusões ao Pantera Negra fizeram meu amigo Theo Valter definir o desfile como "afro-Marvel".
- A correria intensa pro Tuiuti encerrar seu desfile não surtiu efeito. A escola estourou em dois minutos o tempo regulamentar, concluindo em 72 minutos. Perderá dois décimos na apuração.
- Desfile problemático, só se salvou a bateria e o samba, apesar da atuação irregular do carro de som. Deu esperança à São Clemente pra escapar. Deve ser uma disputa décimo a décimo pra fuga do descenso.
- Ainda há uma possibilidade de genitália desnuda após a fantasia da princesa da escola rasgar. Caso se confirme, a Tuiuti pode perder mais meio ponto nas obrigatoriedades.
- Sem contar que, assim como em 2017, uma alegoria teria imprensado uma componente na grade, dessa vez na dispersão. A ex-chacrete Alba Regina foi levada pro hospital, mas recebeu alta ainda na madrugada.
- Candidatissima também ao rebaixamento.

Portela
- Uma atuação impecável de Gilsinho, que junto com a categoria da Tabajara, fez o samba, um dos mais contestados da safra, ter um desempenho brilhante na pista. A cadência elegante de sempre.
- Uma escola imponente, visual de impacto. Belíssimas fantasias, bem ornamentadas. Estilo bem clássico. Porém o abre-alas desacoplou e teve algumas dificuldade de manobra. Como a escola não levou o número máximo de alegorias, não será despontuada. Outros carros também tiveram problemas pra seguir no desfile.
- O Globo do carro da savana foi danificado ao cruzar o viaduto e foi pra pista todo arrebentado, com o isopor partido ao meio. Uma lástima, já que as alegorias se mostravam impecáveis.
- Deve ser despontuada em alegorias e evolução, tirando as chances de título. Uma pena! Desfile muito agradável, samba e bateria também fluindo bem. Briga pelas Campeãs.

Mocidade
- Abre-alas com muita dificuldade pra entrar na pista, por conta do acoplamento, bem como o segundo carro, com destaques sendo colocados já com o desfile em andamento. Um buraco foi aberto em frente à cabine dupla. Ou seja, mais uma evolução dramática que abalou outra considerada candidata ao título.
- O primeiro carro, de tantos problemas na manobra, acabou desacoplado em vários tripés antes de chegar na dispersão. Ou seja, ultrapassou o número limite de alegorias e deverá ser punida nas obrigatoriedades.
- Tirando os problemas, o aclamado samba funcionou muito bem, tendo Wander Pires um excelente carro de som à disposição, já que se mostrou bastante rouco. Bateria Não Existe Mais Quente sem comentários. Que andamento magistral! Ajudando a Mocidade a faturar o Estandarte de melhor samba-enredo.
- Comissão tentou repetir o efeito do Aladdin campeão de 2017, através do drone-flecha. Mas, como diria Milton Cunha, achei meio chinfrim.
- Mas foram tantos problemas que, de uma potencial candidata ao título, até a vaga nas Campeãs ficou inviável. Ficar no Grupo Especial acaba sendo de bom tamanho.

Unidos da Tijuca
- A surpresa do ano! De postulante ao descenso em 2020, a Tijuca, de quem poucos falavam em termos de disputa no pelotão de cima, por um momento chegou a despontar como candidata ao título.
- Mestre Casagrande botou o andamento da Pura Cadência mais pra frente, imprimindo mais valentia ao aclamado samba. Que veio no ensaio técnico mais cadenciado e teve queda de rendimento.
- A jovem Wic Tavares mostrou muita segurança e personalidade, estreando como cantora oficial ao lado de seu pai, Wantuir. Deve faturar os principais prêmios de Revelação do ano. O Estandarte da categoria já foi confirmado. A menina vai longe mesmo! Parece que é intérprete de escola grande há décadas.
- Comissão se destacou, mostrando o nascimento e a morte do Kauê, o curumim. Pra no fim reforçar a mensagem de Terra indígena do Brasil.
- Uma cabeça bem colorida da Tijuca. Bem tropicalista, numa divisão arrojada de cores, mas que causou um excelente efeito e impacto. Paleta que apareceu durante toda a apresentação. Alegorias e fantasias numa coesão. Não a mais luxuosa, nem a melhor estética, mas dando gosto de ver. Evolução tranquila, praticamente sem erros, o que pode ser decisivo na terça.
- O Pavão brincou no Borel, como diz o refrão, e na Sapucaí.
- O amor tinha tudo pra vencer. E quem sabe voltar a ganhar depois de oito temporadas. Até vir a Grande Rio...

Grande Rio
- O tabu tem tudo pra ser quebrado. Desde 1997, quando a Viradouro venceu pela primeira vez, não temos uma campeã inédita no Rio de Janeiro. Duque de Caxias pode enfim soltar o grito entalado há anos.
- Uma catarse. O samba, pra mim o melhor do ano, foi arrebatador na avenida. Com uma cadência louvável da Invocada, comandada por Fafá, e suas super bossas. Mais um craque como Evandro Malandro na condução.
- Plasticamente, podemos dizer o mesmo. Um bom gosto em todos os aspectos. Um visual simplesmente perfeito desenvolvido por Bora e Haddad. A comissão com o ator encarnando Exu como se tivesse incorporando. O casal colocando uma dança africana no meio da coreografia. Uma energia positiva, uma atmosfera singular.
- Pra não dizer que não tivemos poréns, um dos carros passou apagado na frente de um dos módulos. Um único erro que parece quase nada diante do festival de equívocos que prejudicou praticamente todas as consideradas favoritas.
- Uma hora o som do microfone do Evandro Malandro sumiu, e o apoio que assumiu o samba deu umas desafinadas, parecia nervoso. Foi por algumas passadas. Tomara que não acarrete descontos em harmonia, por exemplo.
- Evolução sem percalços por parte da Grande Rio. Foi o quesito que lhe tirou o campeonato em 2020, no desempate, por pura ordem de leitura de quesitos. Como não errou nada na evolução, onde quase todas falharam, o inédito campeonato deve finalmente cair no colo da Tricolor de Caxias.
- Um momento pra história dos desfiles das escolas de samba. Uma das apresentações do século. Laroye Exu!

Vila Isabel
- A Vila recebeu a ingrata missão de vir depois do sacode da Grande Rio. Mas tendo como trunfo a homenagem a Martinho da Vila, que dispensa comentários.
- Senti que a Swingueira começou com um andamento bem pra frente, mas com o tempo foi cadenciando mais. Tinga e seu excelente carro de som tiraram onda com o sambaço, outro dos grandes da safra.
- Um enredo biográfico sobre Zé Ferreira muito bem contado, num visual com o requinte característico de Edson Pereira. Martinho numa vibe Fafá de Belém em Imperatriz-2013 e Ivete Sangalo em Grande Rio-2017. Aparecendo no tripé da comissão e no fim do desfile, no chão.
- Desfile emocionante, na minha opinião é quem pode rivalizar com a Grande Rio, ainda que fique um pouco atrás. Por tudo o que significa Martinho receber flores em vida da escola que tanto representa.
- O arrastão do povo seguindo a Vila, cantando que a vida vai melhorar, eu imaginava desde quando o samba foi lançado na disputa no fim de 2020. Período em que também ocorreu o sorteio da ordem dos desfiles, que colocou a Vila fechando o Grupo Especial. Na oportunidade, era remota a esperança que acontecesse algo em 2021, o que de fato não foi possível. A longa espera valeu a pena!
- O Carnaval voltou. O mundo renasceu. E a vida vai melhorar!

PROJEÇÕES (por ordem de entrada das escolas)
Favoritas: Grande Rio e Vila Isabel
Briga pelas Campeãs: Imperatriz, Viradouro, Beija-Flor, Portela e Unidos da Tijuca
Meio de tabela: Mangueira, Salgueiro e Mocidade
Briga pra não cair: São Clemente e Tuiuti