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Edição nº 90 - 19/04/2022 O BEM SEMPRE VENCE!
![]() Zapeando na semana anterior, tive o desprazer de presenciar uma matéria criticando o Carnaval fora de época, trazendo dados de uma pesquisa que 76% do público seria contrário à festa. Populares e infectologistas foram consultados e, naturalmente, de acordo com a linha editorial da emissora (que vocês já devem imaginar qual é), propagaram uma pregação do apocalipse. Leia-se possível aumento de casos e outras sandices. Ora, o mesmo que malha os desfiles em abril provavelmente não deve perder seu time de coração no estádio lotado, cantando junto com a torcida. Ou vibrou no palco do Lollapalooza em meio à multidão e ajudou a esgotar os ingressos do Rock in Rio. Será que o novo (ou não tão novo assim) Coronavírus só aprecia samba? Se sim, tem bom gosto! Está encravada na mente do brasileiro a vergonha de ser nascido em seu país, uma justificativa do massacre ao que era pra ser motivo de orgulho. O estrangeiro que se fascina com o ziriguidum da mulata e o bailar do casal deve ficar embasbacado com a repulsa de boa parte dos tupiniquins ao maior espetáculo audiovisual do planeta. Síndrome de vira-lata que só aumenta com a adesão em massa, nos últimos anos, às festas nem tão badaladas por aqui até há pouco tempo, como Halloween e Saint Patrick. Enquanto isso, o Carnaval é o responsável pela tragédia ambiental em Petrópolis, a guerra entre Rússia e Ucrânia... "Tanta gente morrendo e vocês pensando nisso", "Deus se vingou por causa da comissão da Gaviões da Fiel", etc. A pandemia, que se Deus quiser está próxima de se tornar uma endemia nos meses a seguir, foi mais um duro enfrentamento que as escolas já estão habituadas há quase um século. O samba que surgiu na casa de Tia Ciata, o diferente do maxixe, aquele que na onomatopeia significava "bumbum paticumbum prugurundum" segundo Ismael Silva a Sérgio Cabral (pai), gerou resistência por parte da polícia, que considerava "vadiagem" sua simples prática na primeira metade do Século XX. Passado o pioneiro preconceito, foi a vez da contravenção que sustentava as agremiações mais poderosas ser o alvo na década de 70. O jogo do bicho perdeu força ao longo dos anos, então a munição se direcionou contra as subvenções às agremiações. E tome discurso de menos para o Carnaval e mais para creches (sem contar saúde, educação e segurança), fortalecido pela demagogia de um fundamentalista neopentecostal que se aventurou na prefeitura do Rio de Janeiro, felizmente defenestrado sob o axé de Zé Pilintra. Poderão aparecer mais ondas de ataque à cultura, é uma tendência entre muitos ditos "cidadãos de bem". Mas sempre seremos mais fortes! Dissipadas as deltas, gamas, ômicrons e quaisquer outras variantes maléficas, que nos legaram o cancelamento do ano passado e o adiamento em janeiro, a espera enfim acabou! Os mais de 700 dias de jejum na Sapucaí serão finalizados quando a Em Cima da Hora iniciar seu esquenta com "Os Sertões", seguido do clássico "33, Destino Dom Pedro II". Que seja o primeiro e último Carnaval em abril, pra que em 2023 a normalidade prevaleça de vez. Contra tudo e contra todos, "arte negra em contra-ataque" pra "cantarolar porque o mundo renasceu" com a pista tomada pelo povo no amanhecer apoteótico de domingo. Não sem antes a declaração definitiva: "Carnaval te amo, na vida és tudo pra mim!". A vida vai melhorar! E o amor vai vencer! Pois o bem é maior. |
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