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RESPEITEM QUEM PODE CHEGAR ONDE A GENTE CHEGOU
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. Editorial anterior: Alguns Concorrentes pra 2022 que ficarão na memória Gostaríamos
de estar aqui falando dos bastidores dos desfiles das escolas de
samba, depois de um ano sem Carnaval. Infelizmente essa não
é a pauta do momento.
Mais uma vez, as entidades responsáveis pela maior festa popular do país estão sob ataque. Mas dessa vez a artilharia não vem dos detratores de sempre, ou seja, fanáticos religiosos e falsos moralistas que dizem que o "dinheiro do Carnaval devia ser usado em saúde e educação". Vindo desta gente, que justifica seu preconceito com um argumento falso (todos nós sabemos que o Carnaval gera lucro) não se pode esperar outra coisa. O que nos deixa estarrecidos é o que vimos e ouvimos nos últimos dias. O avanço da variante Ômicron e o cancelamento do Carnaval de rua pelo prefeito Eduardo Paes geraram um pedido de adiamento do Carnaval, como um todo, por parte do vereador Tarcísio Motta, do PSOL, e dos dirigentes de blocos de rua, sobretudo da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro (Sebastiana). Até aí, tudo bem! É importante a discussão sobre os rumos da festa em tempos de pandemia, sobretudo quando o que está em jogo é a saúde dos foliões, sejam eles dos blocos ou das escolas de samba. O que nos surpreende, e até choca, são expressões como "verdadeiro Carnaval", em referência aos blocos, e "Carnaval da elite", em referência às escolas de samba. Em seus 90 anos de história, o desfile das agremiações sempre sofreu perseguição dos setores mais reacionários da sociedade. A gestão do ex-prefeito Marcelo Crivella foi terrível para o Carnaval da Sapucaí e da Intendente Magalhães, e acreditava-se que era possível encontrar interlocução e apoio no campo progressiva. Os acontecimentos recentes provam o contrário, pelo menos no que diz respeito à parte desse campo. Recebemos pedradas de onde se esperavam afagos. O respeitável infectologista Roberto Medronho, um dos fundadores do bloco Simpatia é Quase Amor e autor das expressões supracitadas, desfiou todo seu rosário de preconceito com o desfile das escolas em live da qual participou no último sábado. Não é isso que se espera de um cidadão dito progressista e, sobretudo, de um homem da ciência. A decisão sobre o cancelamento ou não dos desfiles do Grupo Especial, da Série Ouro e dos demais grupos de acesso não pode e não deve ser politizada nem à esquerda nem à direita, mas, ao ouvirmos a fala do doutor Medronho, já não temos mais certeza nenhuma acerca disso. Devido à gigantesca pressão da opinião pública (e agora também de quem imaginávamos aliados), que centraliza nos festejos momescos um único alvo tal qual um bode expiatório, decisões precipitadas podem ser tomadas pelas autoridades nos próximos dias. Onde a cepa se originou, na África do Sul, a Ômicron já está praticamente dissipada. Sendo que ela foi comunicada ao mundo no fim de novembro. O Brasil evidentemente possui população maior, de dimensões continentais. Ainda assim é provável que a variante esteja controlada nas vésperas do Carnaval. E nota-se que ela é bem menos nociva e agressiva, já que, embora o número de casos atualmente seja elevado, são poucos os óbitos. Na cidade do Rio de Janeiro, não houve nenhuma morte por Covid-19 na primeira semana de 2022. A alta nas contaminações não impede shows com grande lotação, tampouco impede futuros festivais de música, além de outras festividades. Os estádios de futebol não devem criar restrições para receber os torcedores. E não enxergamos nenhuma crítica de detratores a respeito destes eventos. Pelo contrário! Será que a Covid-19 e a variante Ômicron só gostam de samba-enredo? Chega de ódio seletivo! O que pedimos, ou melhor, exigimos, é RESPEITO às escolas de samba. Respeito a essas entidades carnavalescas centenárias, de matriz africana, instaladas, quase todas, em subúrbios e comunidades de baixa renda. Respeito aos componentes destas agremiações, que, em sua grande maioria, vivem com menos de um salário mínimo por mês. Respeito pelas cabeças brancas dos baluartes, reservas culturais e morais da verdadeira música popular brasileira. Pior do que um inimigo declarado, é um "amigo" que tem uma "simpatia pitoresca" (usamos aqui uma expressão cirúrgica do professor Luiz Antônio Simas) pelas escolas de samba e não tarda em difamar seu Carnaval. Independente da decisão acerca da realização ou não do desfile, que fique claro: RESPEITEM QUEM PODE CHEGAR ONDE A GENTE CHEGOU! Só assim, poderemos saber até que ponto "é na luta que a gente se encontra". O sambista tem no DNA a resistência! Desde quando era perseguido pela polícia nos tempos da Tia Ciata por sua arte ser considerada vadiagem. E sempre superando os preconceitos e as adversidades ao longo das décadas. Venceremos mais essa! SITE SAMBARIO
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