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Edição nº 8 AS PRIMEIRAS OPINIÕES SOBRE OS SAMBAS DO GRUPO ESPECIAL - Os 12 sambas-enredo do grupo de elite do carnaval carioca já estão definidos, com todos à disposição para download na seção Sambas 2008. Arrisco-me a tecer uma opinião sobre cada um antes mesmo do lançamento do CD oficial, que deverá ocorrer na segunda quinzena de novembro. Este parecer será uma espécie de prévia do que escreverei para a seção dos comentários dos sambas de 2008, a ser inaugurada no SAMBARIO assim que o CD estiver nas lojas, com as versões nas vozes dos respectivos intérpretes oficiais de cada agremiação. Mas percebe-se que a safra é semelhante a do ano passado, com sambas em sua maioria qualificados, porém sem nenhuma obra-prima daquelas que serão eternizadas na história do carnaval. Pois é, né Vila Isabel e Viradouro? Beija-Flor - O estilo do samba da
agremiação de Nilópolis se assemelha ao dos anos anteriores.
De melodia pesada, o samba da parceria de Cláudio Russo repete a
fórmula de 2007 com a utilização de palavras um tanto incomuns
(Macapaba, Cunanis, Alistés, Maracás, Ibéria, Mairi,
Mazagão), porém adequadas ao enredo. Por mais que os
internautas reclamem que o samba é uma cópia fiel da obra do
ano passado - por sinal também de autoria de Cláudio Russo -, a
Beija-Flor escolheu acertadamente. Vale lembrar que a escola vem
conquistando seguidos estandartes de ouro de melhor samba, cujo
estilo vem ajudando nas conquistas dos campeonatos com a
comunidade nilopolitana abraçando estas obras. Uma vantagem com
relação aos carnavais passados da escola é que Neguinho da
Beija-Flor já estava familiarizado com este samba antes mesmo
dele ser confirmado. Assim, podemos esperar uma interpretação
mais solta e segura do intérprete no CD 2008, já que Neguinho
foi criticado nos últimos anos por suas atuações presas e
contidas demais nas gravações anteriores, exatamente por não
conhecer por completo, na ocasião, a letra e a melodia do
samba-enredo. Grande
Rio - Finalmente a melhor
obra da disputa foi escolhida pelos ares de Duque de Caxias. Os
dois melhores desfiles da história da Grande Rio foram embalados
por trilhas sonoras modestas, de autoria da parceria de Márcio
das Camisas. Agora, para 2008, a escola apresentará um
samba-enredo de boa qualidade. Embora o refrão central reúna
uma sucessão de clichês, ele dá o gancho para o seu melhor
momento que é a entrada da segunda parte, de belíssima melodia.
Certamente a obra se encaixará ao estilo de Wander Pires,
intérprete que se encontra em estupenda fase. Mangueira - Possui um estilo
marcheado, de fato até mais adequado ao enredo sobre o
centenário do frevo. A parceria de Lequinho, ganhador na
Estação Primeira também no ano passado, construiu uma obra
mais coloquial, com ausência de poesia em alguns momentos e o
reforço na repetição de palavras como "povo" e
"frevo", esta última no refrão principal. Como o
samba é de Lequinho, o famoso clichê "Sou Mangueira"
não poderia faltar... Ainda acho estranha a estrutura do refrão
central, com uma mudança melódica brusca a partir do verso
"E pelas ruas, vem Zé Pereira". Mas é apenas
questão de costume. No CD, a gravação deverá ser bem mais
cadenciada com relação à versão demo, e Luizito deverá dar
um grande acréscimo à obra (como fez em 2007). Unidos da Tijuca - Uma agradável
surpresa. O samba-enredo da Unidos da Tijuca é de uma leveza
contagiante, com melodia envolvente do primeiro ao último verso,
e dois refrões fortes de intenso agrado, além de ser
perfeitamente funcional para o desfile. Na minha opinião, um dos
melhores sambas do ano. Das 12 versões prévias que o SAMBARIO
possui das obras do Grupo Especial, é esta que mais gosto de
ouvir. Muito superior a qualquer 1+1+1+1+1 (credo, ainda bem que
ISSO não ganhou). Se Wantuir mantiver a média, será mais um
estandarte de ouro de melhor intérprete para ele colecionar... Viradouro - Os bambas, ao ouvirem
a obra vencedora da escola de Niterói, ficam carentes, pois
imaginam a poesia e o lirismo do sambaço da parceria de Gusttavo
Clarão substituindo este samba de PC Portugal e companhia, o
real ganhador da disputa. Para efeitos de comparação, o samba
de Clarão e cia. seria certamente um candidato a Estandarte de
Ouro e um dos melhores sambas da década. Já o de PC Portugal
até poderá fazer sucesso e ter bom funcionamento no desfile,
mas depois será apenas mais um samba-enredo dentre centenas que
passaram pela Sapucaí. Não é uma obra para se desprezar, com o
tempo o bamba e torcedor da Viradouro poderá abraçar bem o
samba-enredo, que tem até um bom apelo popular, com dois bons
refrões e um tom bastante animado (claro que peca em termos de
poesia em muitos momentos). Mas ah... bem que poderia ser o samba
do Clarão. E um corte tão prematuro, efetuado tão de fato pelo
presidente Marco Lira, com certeza implica uma provável
politicagem no ar. Não há outra hipótese... Tanto que Clarão
e Dominguinhos do Estácio já tiraram o corpo fora. E confesso:
ainda não consigo imaginar Nêgo cantando o samba da Viradouro
para 2008, já que o irmão mais novo de Neguinho da Beija-Flor
está acostumado a entoar obras mais classudas, muito diferente
do "mexa, remexa, sacode a cabeça". Espero
que os componentes não sacudam tanto a cabeça como pede o
samba, sob pena de ficarem tontos, com mal-estar, e prejudicarem
a evolução e a harmonia da escola... Vila
Isabel - Foi realizada uma fusão desnecessária entre
duas obras. Mesmo porque pegaram poucos versos do samba-enredo da
parceria de Dedé Aguiar e ainda assim quase todos tiveram
modificações na letra. O restante é formado pela obra de
André Diniz, que não sofreu praticamente nenhuma alteração.
Obviamente, seria mais fácil dar a vitória apenas à André,
Bocão e cia. Também deve ter havido alguma espécie de
politicagem. Apesar que o resultado final do samba não é ruim,
pois trata-se de uma boa obra com melodia valente. Menos mal que
o refrão central teve uma mudança melódica na parte "O
brasileiro tem o seu valor", então a parte mais trash
do samba de Dedé Aguiar, que quase não acreditei quando percebi
que ela estava presente na junção final. A gravação do samba
presente no SAMBARIO já é feita pelo intérprete oficial Tinga,
que deverá deixá-lo redondinho no CD. Ao invés de levarem
trabalho para construir esse "Frankenstein" - como
referido por muitos bambas na internet -, poderiam ter escolhido
o samba de Mart'nália e Jorge Agrião, muito diferenciado e
qualificado em termos melódicos, de balanço contagiante e uma
ousadia que valeria a pena apostar. Infelizmente preferiram o
feijão com arroz (com tempero em excesso), jogando fora outro
candidato a estandarte de ouro de melhor samba-enredo. Salgueiro - Após a porrada que
foi "Candaces" e seu lirismo afro, o Salgueiro volta a
escolher uma obra animada, com melodia toda em tom maior. Como o
enredo é otimista, mostrando as virtudes do Rio de Janeiro de
hoje, a escolha da Academia foi acertada, sendo esta obra da
parceria bicampeã de Dudu Botelho a mais adequada e qualificada
entre os demais finalistas. O samba tem a cara do Salgueiro
contemporâneo, com as obras tentando repetir a fórmula do
"explode coração" de 1993. Mesmo sendo um bom
samba-enredo, este não será tão marcante como
"Candaces", que até hoje está na memória de muita
gente. Não sei como Quinho conseguirá se adaptar ao estilo
melódico deste samba salgueirense de 2008, já que sua melodia
é toda "pra cima" e o intérprete não possui um agudo
tão potente. É esperar pelo CD... Portela - Para mim, o melhor
samba-enredo do Grupo Especial. A obra dos bicampeões Diogo
Nogueira, Ciraninho e Celsinho de Andrade (mais o reforço do
experiente Ari do Cavaco e de Júnior Scafura) traz consigo o
lirismo característico dos sambas portelenses. Todo o samba, do
primeiro ao último verso, é emocionante. Ao mesmo tempo em que
é lírico, o samba da Portela também consegue ser forte e
valente, predicados que garantem ainda mais a minha adoração
por esta obra. Quando o escutei pela primeira vez, na época em
que ainda era concorrente, já me apaixonei de cara e logo pensei
que não tinha como o samba-enredo da Portela não ser outro
(embora fosse muito boa também a obra da parceria de Wanderley
Monteiro). Não acho o Gilsinho aqueeeeele intérprete, mas
espero que ele consiga manter no CD o extraordinário nível de
Wantuir na versão demo presente no SAMBARIO. Imperatriz - Boa escolha da
Imperatriz Leopoldinense. A obra de Josimar e companhia era mais
recomendável, apesar do samba da parceria de Armênio Poesia
também ser excelente. Este samba já me remete às obras da
escola nos anos 90, naquela época de ouro da agremiação. A
melodia é toda envolvente, com o refrão central possuindo uma
ousada e qualificadíssima alteração melódica na sua
repetição, além de uma primorosa segunda parte. Claro que o
"Vem brincar nesse trem, amor" lembra o "Batam
palmas, ela já chegou" do medonho samba-enredo da
Caprichosos de 2004 em homenagem à Xuxa, mas esse detalhe passa
despercebido, já que todo o samba é muito bonito. E Preto Jóia
deve colocar todo o seu carisma na gravação do CD, dando aquele
sacode de sempre. Lembrando que, nas duas últimas vezes em que
participou do disco do Grupo Especial, o intérprete da
Imperatriz teve a melhor atuação dos dois respectivos álbuns
(gravações espetaculares das discutíveis obras da Tradição
em 2005 e da própria Imperatriz em 2007). Porto
da Pedra - A mais positiva surpresa do Grupo Especial.
Quando foi divulgada a sinopse (pobre) da escola, todos
imaginavam que ali sairia o boi-com-abóbora do ano. Mas, para
alegria geral, surge do enredo sobre o centenário da imigração
japonesa no Brasil um samba de melodia em tom menor, poético e
lírico em muitos momentos. Novamente de autoria da parceria de
David de Souza, que compôs para a Porto da Pedra o melhor samba
de sua história no ano passado, mais uma vez o Tigre de São
Gonçalo estará bem servido de obra. A Porto da Pedra começa a
enriquecer o seu acervo de sambas-enredo, então inexpressivo
até 2006. Tomara que Luizinho Andanças não seja novamente
prejudicado pelo aceleradíssimo andamento do samba no CD, como
foi em 2007. Mocidade - O samba-enredo da
Mocidade, como nos anos anteriores, é novamente bonito e prima
pela beleza melódica. O temor dos torcedores da escola de Padre
Miguel, porém, é que o samba seja pesado demais para uma escola
que irá abrir uma noite de desfile. O acho até mais arrojado em
relação aos sambas anteriores da Mocidade, que pecaram pela
falta de explosão, embora lindos melodicamente. Acredito que os
dois refrões deverão ter bom funcionamento na avenida, dando
impulsão às demais partes. Gosto muito da segunda, desde o
verso "Nas terras tropicais do meu Brasil"
(já considerando a alteração na letra realizada) e acredito
que a explosão venha a partir de "Eis o guerreiro
sebastiano...". Ao contrário de muitos, estou otimista
quanto a este samba. Tomara que Bruno Ribas mantenha no CD o tom
agudo utlizado por Wander Pires na gravação demo presente no
SAMBARIO. Lembrando que Bruno, surpreendentemente, gravou o samba
de 2007 da Mocidade num tom abaixo do esperado. Justamente Bruno
Ribas, que usa e abusa dos agudos principalmente nas gravações
de sambas concorrentes... São Clemente
- É uma obra leve, agradável, animada, bem característica da
agremiação da Zona Sul. Para tentar se manter no Grupo
Especial, a São Clemente, que terá a ingrata e kamikaze
função de ser a primeira a desfilar, tentará conquistar o
público (e, principalmente, os jurados) com este bom samba (nada
de excepcional), realmente o mais adequado para a difícil
missão que a popular São Cré-Cré tentará cumprir. O
intérprete Leonardo "tá bom a" Bessa vem em grande
fase e deverá manter o bom nível de David do Pandeiro na
gravação demo. Será a estréia de Bessa no Grupo Especial. Marco Maciel |
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