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Edição nº 53 - 28/02/2014 30 Anos de Sapucaí - 30 Momentos - Os tamborins estão esquentados. Os sambas todos na ponta da língua. A dita TPC (tensão pré-carnaval) atinge o seu ápice, à medida em que se aproxima a hora do início da apoteose. Os últimos ajustes são feitos nos barracões. Chegou o momento que todos os foliões aguardam ansiosamente há mais de um ano. E o Carnaval de 2014 é especial. Marca as três décadas da Passarela do Samba, inaugurada num distante março, mesmo mês em que as principais escolas adentrarão a pista a partir da madrugada de sábado. Eu particularmente me considero um contemporâneo do querido palco de ilusões, pois completei 30 anos no último dia 6, momento em que o Sambódromo recebia os retoques derradeiros para os desfiles do mês seguinte. Pra celebrar este Carnaval especial, eis trinta momentos inesquecíveis que a Marquês de Sapucaí presenciou, um de cada ano. Aproveito antes para sugerir a série de colunas fabulosas do meu amigo e jornalista Fred Sabino no site Ouro de Tolo, Sambódromo em 30 Atos, em que ele recorda com detalhes e precisão todos os desfiles na Sapucaí desde 1984. Toda segunda-feira, tem um texto novo na página. Leitura mais do que obrigatória!
1984:
A Apoteose da Mangueira -
Não é novidade pra muitos que o primeiro desfile da
história
da Sapucaí recebera o boicote da Rede Globo por não
concordar
em transmitir o espetáculo em duas noites. Tampouco que a
então novata Rede Manchete obteve a exclusividade e deixou a
Vênus Platinada a ver navios em termos de audiência. Que
foi o
único Carnaval com duas campeãs, uma no domingo (Portela)
e
outra na segunda (Mangueira, a supercampeã) já é
um fato
manjado. Pode parecer clichê eu optar pela volta da verde-e-rosa
na novíssima Praça da Apoteose ainda exalando cimento
fresco e
recomeçar o desfile no sentido contrário, atraindo todo
mundo
para a pista. Mas é inevitável. Foi um acontecimento
único na
história recente do Carnaval e, para muitos, o maior momento que
a Marquês de Sapucaí presenciou. 1985: Bumbum de
Fora pra Chuchu - Uma Nova República iniciava, um
novo
horizonte se abria. Após Cazuza entoar "Pro Dia Nascer
Feliz" num Rock in Rio esfuziante no mesmo dia em que o povo
celebrava a vitória indireta de Tancredo Neves, a Caprichosos de
Pilares virou o traseiro para os já decadentes censores e cantou
pra Deus e o mundo que "tem bumbum de fora pra chuchu",
pedindo a volta das eleições diretas e bradando que "tem
muita gente no lugar errado" sem receio algum. Num ano
marcado pelo inovador Carnaval futurista de Fernando Pinto, que
fez a Mocidade alcançar sua segunda estrela maior, a Caprichosos
também marcou época e deixou seu recado.
1986: A Beija-Flor contra a
chuvarada - Era ano de
Copa do Mundo. A Beija-Flor homenagearia o futebol com o enredo
"O Mundo é uma Bola". No instante em que a
agremiação nilopolitana iniciou sua
apresentação, um dilúvio
inundou a Sapucaí, na maior chuvarada em desfiles que se tem
notícia. A forte precipitação, porém,
serviu para
inflamar ainda mais os componentes que, com muita garra,
sustentaram um espetáculo inesquecível. A pista inundada
não
foi qualquer empecilho, muito pelo contrário. Joãosinho
Trinta,
extasiado, celebrava o toró. "É uma dádiva dos
deuses",
festejava o carnavalesco. 1987: Eis aqui a
grande Tupinicópolis - Um ano marcado pelo nivelamento
muito pra
cima das escolas. Nenhuma se sobressaiu sobre as outras e várias
agremiações foram postulantes ao título,
conquistado pela
Mangueira de forma contestada por muitos. Vale destacar a
originalidade de Fernando Pinto e sua "Tupinicópolis", a
utópica metrópole indígena que exaltava a "Boate
Saci e o
Shopping Boitatá" e fechava o Carnaval daquele ano já com
o dia claro, alfinetando a inflação vigente afirmando que
um
guarani valia mais do que 500 cruzados. Era a despedida do
carnavalesco, que morreria num acidente de carro no novembro
seguinte.
1988: E a Vila Kizombou - Era ano do Centenário da Abolição da Escravatura. Algumas escolas desfilaram com sambas marcantes referentes ou que faziam menções ao tema, como Mangueira, Portela e Beija-Flor. Mas ninguém superou a Unidos de Vila Isabel. A escola de Noel proporcionaria uma verdadeira Kizomba na Sapucaí. Não foi apenas uma festa da raça negra, sinônimo do termo, mas uma celebração que emocionou a todos. Num chão de dimensões poucas vezes vistas, a azul-e-branco realizou um desfile irrepreensível, apesar da crise financeira que passava e por estar sem quadra na época. O que faltava de plástica, sobrava de garra e energia, reconhecida na leitura das notas. Para muitos, o maior desfile da história da Passarela do Samba. Um momento cuja singularidade foi tão acentuada que uma enchente no sábado seguinte impediu o Desfile das Campeãs daquele ano e, consequentemente, a repetição do épico espetáculo. 1989: O
Cristo Mendigo é eternizado - Meu amigo e compositor
Aloísio Villar certa vez disse: "A Imperatriz fez o melhor
desfile do ano. A Beija-Flor, da história". Impulsionada
pelo samba antológico "Liberdade, Liberdade", a verde-e-branco
da Leopoldina ergueria o caneco numa disputa nota a nota com a
Beija-Flor de Joãosinho Trinta, cujo desempate sendo definido no
descarte de notas nove. Mesmo com a atuação
impecável da
Imperatriz, o vice nilopolitano com o antólogico "Ratos e
Urubus, Larguem Minha Fantasia" é até hoje um dos
resultados mais comentados e contestados entre os simpatizantes.
Ninguém imaginava que a censura da Igreja Católica ao
abre-alas
do Cristo Mendigo proporcionaria talvez a foto mais famosa da
história dos Carnavais da Sapucaí, uma imagem
inesquecível
até para quem é mais leigo no assunto. A lona preta com a
faixa
"Mesmo Proibido, Olhai por Nós" até hoje causa um
impacto impressionante. A
lona fora arrancada por componentes no Sábado das Campeãs
ao
longo do desfile, que também revelou protestos contra o julgador
João Máximo pelo desconto no samba-enredo, por ele
não ter
entendido o refrão principal.
1990: Vira Virou - O começo do reinado "high-tech" de Renato Lage na Mocidade. Ao lado de Lílian Rabello, o carnavalesco recém-chegado promovia uma revolução estética no Carnaval Carioca. O impactante abre-alas de neon e luzes verdes era a tônica do que a verde-e-branco de Padre Miguel nos ofereceria durante toda a década de 90. O enredo que contava a história e a "virada" da Mocidade proporcionaria lindas homenagens a saudosos baluartes da agremiação, como Mestre André, Arlindo Rodrigues, Fernando Pinto e Ney Vianna. 1991: A exuberância da
banana d'água - A
Mocidade conquistaria o merecido bicampeonato com um fantástico
desfile sobre as águas acompanhado de um samba vibrante. Por
falar em água, um banho é o momento marcante do ano, com
a
modelo Melissa Benson atraindo todos os holofotes para si na
apresentação da Imperatriz, ao se banhar praticamente nua
em
pelo na alegoria da banana d'água. Depois daquele Carnaval,
nunca mais se ouviria falar dela.
1992: O fogo consome o sonho da Viradouro
- No ano
em que a Paulicéia Desvairada e o trem do caipira da
Estácio de
Sá impediram o tricampeonato considerado certo da Mocidade, um
acontecimento triste deve ser destacado. Em seu segundo ano no
Grupo Especial, a Unidos do Viradouro, que já havia chamado
atenção positivamente no ano anterior, fazia um belo
desfile
sobre os ciganos, se credenciando às primeiras
colocações,
até as chamas consumirem de forma meteórica e chocante
uma
alegoria sobre a Rússia. Em pleno desfile, dois caminhões
de
bombeiros passaram ao lado das alas em evolução para
deter o
fogo. Ao mesmo tempo em que o carro se encontrava completamente
carbonizado, o então presidente da LIESA, Capitão
Guimarães,
exclamava com toda a frieza que a escola seria penalizada pelo
estouro do tempo. Apesar do desastre, a Viradouro terminaria a
apuração em nono lugar, sem correr riscos de rebaixamento. 1993: O Ita faz os
corações explodirem - O
Acadêmicos do Salgueiro não imaginava, mas a partir do
samba-enredo
"Peguei um Ita no Norte", iniciava uma nova era no
gênero. A Academia então fugia da sua
característica de
enredos densos, muitos de temática afro, que geravam
sambas de melodias primorosas. Optou por uma obra cuja tônica
era a animação, cujo desempenho no desfile foi
esplendoroso,
com a alegria dos componentes transferida para os espectadores.
Um vídeo gravado por um turista coreano mostra como o samba
contagiou e fez os foliões explodirem de felicidade. Foi o ano
em que a empolgação bastou para que a taça fosse
entregue à
vermelho-e-branco da Tijuca.
1995: Deixem a Portela passar
- "Pode
preparar o seu confete, que nesse ano na avenida tem Manchete".
Só o jingle da saudosa Rede Manchete naquele Carnaval já
seria
motivo para registros. Mas o sacode portelense com seu "Gosto
que me Enrosco" é inesquecível, além de marcar
pelas pazes
de João Nogueira e Paulinho da Viola com a Águia de
Madureira.
Entrando no amanhecer da primeira noite, a Portela fez um desfile
alegre, excelente plasticamente, além de apresentar um carro de
som histórico, com Rixxa tendo como auxiliares Carlinhos de
Pilares, Celino Dias e Rogerinho. Até hoje a derrota para a
Imperatriz por apenas meio ponto não é digerida pelos
portelenses. 1996: O combalido
Império emociona - O Império
Serrano há muitos anos sofria com problemas financeiros e vinha
de duas passagens seguidas pelo Acesso, além de amargar as
últimas colocações nos dois anos anteriores. O
baluarte
imperiano Jorginho do Império puxou a escola sem receber
salários. O torcedor da escola também lamentava a recente
perda
da voz de Roberto Ribeiro, atropelado por um carro um mês antes.
O enredo "Verás que um Filho teu Não Foge da Luta",
que contava a luta contra a fome, trazia como homenageado o
sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Mesmo já bastante
debilitado pelo vírus HIV, ele compareceu ao desfile,
emocionando os espectadores. Apesar dos visíveis problemas
estéticos, o Império mostrou muita garra em seu desfile
e,
embalado por um samba magnífico, obteve uma honrosa sexta
posição. 1999: Os bambas descem do
céu - Um Carnaval
inesquecível, com direito ao espetacular desfile da Unidos da
Tijuca no Acesso e seu antológico samba "O Dono da Terra",
a grande apresentação da Mocidade sobre Heitor
Villa-Lobos,
Quinho esquentando no Salgueiro com "Erguei as Mãos" e
as vaias para a campeã Imperatriz no Sábado das
Campeãs, que
se acentuaram com uma pane no sistema de som. Mas nada supera
aquela Comissão de Frente mangueirense trazida por Carlinhos de
Jesus. Para o enredo "O Século do Samba", o
coreógrafo "ressuscitou" baluartes do naipe de Cartola,
Carlos Cachaça, Clara Nunes, Noel Rosa, Candeia, Nelson
Cavaquinho, Ismael Silva, Carmen Miranda, Tia Ciata, Pixinguinha,
Natal da Portela, Clementina de Jesus e Sinhô. Máscaras de
látex (semelhantes às do filme "Uma Babá Quase
Perfeita")
reproduziam perfeitamente as respectivas feições. Os
integrantes da comissão, encarnados nos saudosos sambistas,
interagiam perfeitamente com os espectadores, imitando fielmente
os trejeitos de cada um. A Mangueira teria problemas no restante
do desfile, não se classificando para o Sábado das
Campeãs,
mas pouco importava. Aquela comissão já estava na
história. 2001: O homem pode voar
- O primeiro
Carnaval do novo milênio é simbolizado pelo homem voador,
que
deixou os presentes na Sapucaí boquiabertos. Como integrante da
comissão de frente da Grande Rio, o dublê de astronauta
norte-americano
Eric Scott, treinado pela Nasa, sobrevoou a Passarela, através
de um dispositivo movido à propulsão de nitrogênio.
Ele
voltaria no ano seguinte e em 2010, porém sem causar o mesmo
impacto. Também chamou atenção a Globo
transmitir a
íntegra do desfile da Tradição, que trazia Silvio
Santos como
enredo. Foi um festival de SBT na Vênus Platinada, com direito
até a entrevista com Lombardi, isso dias depois do Vasco ser
campeão brasileiro estampando a emissora do Baú na
camisa, numa
clara provocação de Eurico Miranda. O jogo do
título, é claro,
foi exibido pela Globo. 2002: Nove ponto... nove -
A Mangueira fez
história falando do Nordeste com um samba inesquecível,
enquanto a Beija-Flor estava determinada a interromper a série
de três vices consecutivos tendo a aviação como
enredo. As
duas agremiações assumiram a dianteira na
apuração,
disputando o título nota a nota, com a verde-e-rosa sempre em
ligeira vantagem. A adrenalina atingiu seu auge na leitura das
notas do último julgador, Mário Jorge Bruno, no quesito
Bateria.
Um 9,8 ou menos do lado da Mangueira, acompanhado de um 10 da
Beija-Flor, faria a taça parar em Nilópólis. A
nota máxima
ecoa a favor da azul-e-branco da Baixada. Na hora da nota
mangueirense, tensão no ar. Jorge Perlingeiro anuncia: "NOVE
PONTO...". O torcedor da Manga prende a respiração. A
esperança do nilopolitano resplandece. Um milésimo de
segundo
que parece milênios. Até que Perlingeiro completa: NOVE.
Era a
única nota além do dez que servia para a verde-e-rosa,
que
assim festejou seu último título até então. 2004: Desponta Paulo Barros
- Os contratempos do
desfile recém-citado fariam a Unidos da Tijuca realizar um giro
de 180 não só na sua trajetória como também
na história
recente do Carnaval Carioca. O carnavalesco Paulo Barros, que
vinha de bons trabalhos no Grupo de Acesso, debutava no Especial
e, de imediato, apresentaria ao mundo o seu estilo de fazer
Carnaval: um espetáculo mais teatral, impulsionado por alas
coreografadas. Admirado por muitos, contestado pelos mais
conservadores, Paulo Barros assombrou os foliões com a alegoria
do DNA, em que 127 componentes pintados de azul formavam uma
pirâmide humana, cujos movimentos proporcionaram um efeito
visual avassalador. A agremiação, então nunca
cotada entre as
favoritas e que vinha de colocações pífias nos
anos anteriores,
festejou um glorioso vice-campeonato. 2004 também foi o Carnaval
das reedições, com direito ao clássico "Aquarela
Brasileira" arrepiando os bambas e fazendo o Império
Serrano rasgar o chão da Sapucaí. Os crônicos
problemas
estéticos tirariam a verde-e-branco da Serrinha do desfile de
sábado.
2007: O constrangimento de
Beth Carvalho - A
Mangueira se ajeitava para o desfile. Na alegoria com integrantes
da Velha Guarda, uma ilustre torcedora da escola se preparava
para subir no carro. De repente, uma revolta tomou conta do
ambiente. Com gritos e xingamentos, a senhora ornamentada era
impiedosamente expulsa da alegoria. A imagem da fúria estampada
na face do diretor Raymundo de Castro, que agitava seu chapéu
fazendo ríspidos gestos para que a pessoa se retirasse, era
transmitida ao vivo. Ainda possessa, a excluída, já com
os
microfones lhe direcionados, balbuciava: "eles não deixaram
eu subir". Até desabar em choro. A pessoa em questão
trata-se
de Beth Carvalho. Acusada de não colaborar com a escola no
período pré-carnaval e também por não ser
considerada
baluarte com 40 anos de desfiles pela Mangueira, a consagrada
sambista não só foi impedida de sair no carro
alegórico como
também sua exclusão foi bastante celebrada mais tarde por
Raymundo, desfilante na escola desde 1958 e que protagonizou a
insólita cena. Ele perderia a eleição de
presidente da verde-e-rosa
para Chiquinho da Mangueira em 2013. Já Beth recebeu um pedido
de desculpas por parte de Ivo Meirelles, quando este assumiu a
agremiação, com a cantora participando das faixas de 2011
e
2012 no CD. 2009: A
superação de Neguinho - O mundo do samba
ficou apreensivo, às vésperas daquele Carnaval, com o
estado de
saúde de Neguinho da Beija-Flor. Diagnosticado com câncer
no
intestino, era grande a possibilidade do cantor desfalcar a
azul-e-branco
de Nilópolis pela primeira vez desde 1976. Tanto que, na
gravação do samba-enredo no CD, antes do grito de guerra
o
intérprete pronunciou "agradeço a Deus e àqueles
que
rezaram e continuam orando pela minha recuperação".
Efeito
das sucessivas sessões de quimioterapia, Neguinho apareceu
debilitado, de cabeça raspada e com uma tunica branca. Mas as
chances de recuperação na época eram elevadas e
seu sorriso e
alto astral característicos estavam mais fortes do que nunca.
Tanto que, minutos antes de começar a apresentação
da Beija-Flor,
ele se casou em plena concentração da Sapucaí com
Elaine Reis,
sob os holofotes da imprensa e com Roberto Carlos como ilustre
espectador. Na avenida, nem parecia que Neguinho estava
descontado: cantou o samba nilopolitano com a categoria de sempre,
emocionando os presentes. Como todos sabem, Neguinho se curaria,
para a felicidade de todos.
2010: É segredo,
não conto a ninguém - A Unidos
da Tijuca vinha desacreditada, após Paulo Barros fazer a escola
bater na trave por diversas vezes na disputa pelo título em
meados da década passada. Depois de dois anos na Viradouro e um
na Vila Isabel, o carnavalesco retornava ao Pavão para
desenvolver o enredo "É Segredo", sugerido por um
jovem estudante. No Carnaval anterior, um constrangedor nono
lugar para a agremiação. No entanto, Paulo Barros
recuperou a
autoestima da Unidos da Tijuca ao inovar mais uma vez, com a
inesquecível Comissão de Frente em que, em truques de
ilusionismo, trocava as cores das roupas das componentes,
causando um alvoroço entre os espectadores. Com a
apresentação
que manteve o excelente nível até o fim, a
agremiação
conseguiria enfim quebrar o jejum que se perdurava desde 1936, ao
conquistar o troféu distante da Tijuca há mais de sete
décadas. 2012: A Manga
descompromissada - Motivada pelo sucesso do paradão da
bateria,
em que o Surdo Um silenciou os instrumentos durante uma passada
inteira do samba de 2011 - levando o público ao delírio
-, a
Mangueira resolveu repetir a dose, mas de maneira exacerbada.
Aproveitando sucessivos problemas no sistema de som da Sapucaí,
a escola realizou diversos paradões, com direito até a
revezamento de cantores no desfile: Dudu Nobre e Alcione chegaram
a puxar sozinhos trechos do samba. Os intérpretes mangueirenses
apareceram ora no carro de som, ora num tripé. Outra
inovação
foi a apresentação do casal de mestre-sala e
porta-bandeira
Marcella Alves e Raphael no meio da bateria, num expediente
inédito. Foi uma apresentação no mínimo
curiosa, com o
número elevado de paradões fazendo o samba voltar
atravessado
algumas vezes, prejudicando a harmonia e impedindo a Mangueira de
voltar nas Campeãs. Mas emocionou quem estava presente na
Sapucaí.
2013: Festa no
arraial é pra lá de bom - Talvez o último
samba-enredo que
tocara o público no Sambódromo, de maneira a embalar a
escola
diretamente para o título, fosse Mangueira 2002. Até
despontar
a "festa no arraial" da Vila Isabel, que fecharia os
desfiles do ano passado. A expectativa para a execução da
obra,
de autoria de um verdadeiro dream-team de compositores, era
imensa. E Martinho da Vila, André Diniz, Arlindo Cruz, Tunico da
Vila e Leonel acertaram a mão como poucos. Quase que o velho
Martinho José Ferreira não permitira sua assinatura no
samba-enredo.
Só cedeu após ver a palavra "partilhar" na letra,
já
que só topava entrar na parceria se o samba citasse a reforma
agrária. Seu filho Tunico conta todo o processo de
composição
e sobre como foi difícil dobrar o velho Zé Ferreira neste
link.
Com um desempenho arrepiante, o já clássico samba tornou
a
leitura das notas uma mera formalidade para a confirmação
do
título para a Vila.
E que venham os próximos 30 Carnavais. O primeiro a partir desta sexta-feira. Um Feliz Carnaval da Família Sambario para todos os amantes do samba! Marco
Maciel |
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