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Para homenagear o Salgueiro... um
samba diferente - Desde
quando a Viradouro amargou o descenso depois de 20 anos seguidos de
Grupo Especial, sua ala de compositores vem brindando o sambista com disputas empolgantes em sua
quadra. Obras num âmbito geral de excelente qualidade, anualmente
pelo menos umas três com potencial de representar à
altura a vermelho e branco de Niterói na Sapucaí.
Isso a partir de
2011, quando um lindo e poético samba sobre a
comunicação cruzou a Passarela. No ano seguinte, para
homenagear o centenário de Nelson Rodrigues, a
agremiação montou uma inteligente fusão, pegando
as melhores partes dos dois hinos vencedores, gerando um elogiado
resultado final, o que é raro em junções.
Para o Carnaval 2013, como de praxe, o enredo sobre o Acadêmicos do Salgueiro proporcionou uma nova bela safra de concorrentes. Entre os postulantes à honraria de adentrar o asfalto com a Viradouro, estava um que, ao mesmo tempo que me intrigou, me conquistou na primeira audição. Uma obra diferente, para exaltar uma escola diferente, nem melhor nem pior. Sem refrões, com um nostálgico "ôôô" também dentro do contexto, assim como o "lará lará" do antológico samba imperiano sobre Dona Ivone Lara (2012). Um "ôôô" com a original melodia de "Chica da Silva" (1963), uma ode às inesquecíveis obras-primas salgueirenses daquele período marcado pela consolidação da "africanidade" no Carnaval. Outros bons hinos também integraram o acirrado páreo. Mas nada me chamava mais atenção do que aquele samba moderno, curto, simples, tocante e... diferente. A síntese da ousadia. A mesma que observamos na Portela nos últimos dois anos. E na Viradouro, no hoje inchado Grupo de Acesso, rebatizado de Série Ouro pela novata LIERJ, cujo desfile será apresentado no Rio de Janeiro pela Rede Globo? Confesso ter ficado cético com a possibilidade daquela linda obra sair da quadra naquela madrugada de sábado pra domingo vitoriosa. O sol não brilharia em prol do pragmatismo? Para minha agradável surpresa, a escola não teve medo de arriscar. Decidiu levar um samba anos-luz dos padrões atuais, distante da estrutura quadrada reinante que pasteuriza o formato. Para efeitos de curiosidade, tentei fazer um exercício de memória a respeito do último samba sem refrões levados para um desfile. "Aquarela Brasileira" em 2004 não conta, afinal o samba foi feito 40 anos antes. Se não estou enganado, talvez o derradeiro sem estribilho algum a passar pela avenida tenha sido da Tradição, em 1988, ainda nos tempos da célebre dobradinha João Nogueira-Paulo César Pinheiro: "O Melhor da Raça, o Melhor do Carnaval". Gravado no LP oficial pelo próprio Nogueira, para se ter a ideia da raridade do expediente. Certo, o trecho "tira da cabeça o que do bolso não dá" é bisado. Mas se trata apenas de um verso repetido. Não é bem um refrão, e sim um estribilho, o que mantém minha tese de que uma obra inédita sem refrões voltará a Sapucaí depois de 25 anos, mantendo a brisa da ousadia que reina desde triunfos como o de Martinho para a Vila em 2010 (apesar da metamorfose sofrida), além das já referidas obras recentes portelenses. O Grupo de Acesso terá uma safra de sambas elogiada, com a maioria do gigantesco número de 19 escolas (reeditando a finada LIESGA em 1995) apresentando bons hinos, de um modo geral superiores a boa parte do que ouviremos no Grupo Especial, e que já estão recebendo banho de estúdio. Safra encabeçada pelo já histórico samba da Viradouro. Mais do que um lindo samba-enredo. Um samba diferente! Foto dos compositores campeões: Carnavalesco Marco Maciel
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