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Editorial Sambario

Edição nº 43 - 14/10/2011

Botando a mão no fogo 2012 - Parte 2 - Quem acompanhou a primeira parte da minha série de avaliações dos finalistas dos Grupos Especial e Acesso percebeu que acertei meus cinco palpites racionais na parte "Quem deve ganhar". Cravei os vencedores de Mangueira, Renascer de Jacarepaguá, Salgueiro, Império Serrano e Paraíso do Tuiuti, embora eu preferisse outras obras na Renascer e no Tuiuti. Para as finais deste final-de-semana, no entanto, a missão será mais complicada. A grande maioria das disputas está acirradíssima. Excetuando Unidos da Tijuca e Vila Isabel, cujo veredicto há tempos é conhecido, o restante das decisões é imprevisível, numa sucessão de safras niveladas em termos de qualidade. A Beija-Flor levará para sua final dois sambaços com "S" maiúsculo. A Portela apresentará um samba-enredo nostálgico para disputar com outros dois bons hinos. A Imperatriz não terá um samba tão forte como nos anos anteriores.

Até a madrugada de segunda para terça, quando Imperatriz e Beija-Flor escolherem suas obras, conheceremos todos os sambas-enredo do Grupo Especial. E veremos quantos palpites acertarei dessa vez. Este Editorial também inclui a avaliação dos finalistas da Cubango, a única escola do Acesso que definirá seu hino neste fim-de-semana.



BEIJA-FLOR
- Na minha modesta opinião, uma das mais acirradas disputas dos últimos tempos. São dois sambas fora-de-série postulantes à vitória, os de J. Velloso e parceiros e o dos atuais bicampeões Samir Trindade e cia. Qualquer uma das obras se sairia muito bem na voz de Neguinho. O hino de Samir tem o lirismo semelhante ao samba de 2011 em homenagem a Roberto Carlos. Destaco o refrão principal e o trecho "Valeu João" na segunda parte. Merecem elogios também as variações melódicas arrojadas. Já a parceria de J. Velloso é, indiretamente, encabeçada por Cláudio Russo, o que não é segredo pra mais ninguém. Vencedor na Renascer, Russo apenas não assina a obra. Na primeira audição, percebe-se na hora as características marcantes do compositor em suas obras anteriores para a escola nilopolitana: samba pesado, refrões valentes ("Vem viajar meu Maranhão" é melodicamente idêntico a "O meu valor me faz brilhar" de 2008, também de Russo), trechos primorosos em termos de melodia, com destaque absoluto para o fantástico começo da segunda parte ("Ê rainha, o bumba-meu-boi vem de lá"). Pessoalmente, aprecio mais o concorrente de J. Velloso. Mas o belo samba de Samir também vem muito forte. Como apenas estes dois disputarão a final na próxima segunda-feira, e Laíla estará por trás da decisão, arrisco tudo no meu palpite: fusão na cabeça! Não acho a melhor saída, creio que seja desnecessário, mas acredito que a junção seja o veredicto final a ser confirmado na madrugada de segunda pra terça.
MINHA PREFERÊNCIA: J. Velloso e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Fusão entre J. Velloso e cia. e Samir Trindade e cia.



UNIDOS DA TIJUCA - Para homenagear Luiz Gonzaga, o Pavão mantém a linha de sambas de melodia leve, como esperado. Naturalmente, a parceria de Júlio Alves, Totonho e Dudu é mais uma vez favorita para levar a vitória. O samba é fiel à linha dos anteriores, feito sob medida para o estilo de Paulo Barros e apresenta bons momentos melódicos. Acredito que Josemar Manfredini e cia. seja a maior concorrente dos multicampeões Júlio e Totonho, trazendo para a disputa um samba valente e pra cima, com destaque para a explosão do fim da segunda parte. Já Márcio Paiva e parceiros apostam numa obra um pouco mais pesada. Por fim, há a parceria de Pernambuco encabeçada por Belo Xis. Azarão da final, o samba é longo e se arrasta em alguns momentos, como na segunda. O bom refrão central é a melhor parte.
MINHA PREFERÊNCIA: Júlio Alves e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Júlio Alves e cia.



VILA ISABEL - Para mim, o melhor samba-enredo do ano será levado pela escola de Noel. Uma galáctica parceria formada por André Diniz, Arlindo Cruz e Evandro Bocão proporcionou uma obra-prima aos bambas. Emocionante, sem refrão central, poético e com uma segunda parte primorosa, a vitória já é considerada certa. O curioso é que o samba-enredo apresenta contracantos, assim como a versão original do samba de 2010 composto por Martinho da Vila. Após uma primeira avaliação da escola, aquele samba que se tornaria vencedor passou por mudanças em que os contracantos caíram, por recomendação do próprio André Diniz, que dois anos depois os inseriria em seu concorrente. Outro ótimo hino é o da parceria de Mart'nália, que esbanja valentia, passando bastante sentimento, e ousa trazendo um canto de louvor entre o bom refrão principal e a primeira parte (Lê lê lê lê lê lê...). Apesar de eu achar que este trecho arrasta um pouco a obra, ainda assim é de excelente audição. O hino de Rafael Zimmermann e parceiros também é envolvente, com destaque para o refrão central. Por fim, Rafael Tinguinha e cia novamente figura numa final na Vila. É o mais fraco dos quatro, e traz um trecho controverso: "Sem Angola não haveria negros". Não precisa forçar a barra também...
MINHA PREFERÊNCIA: André Diniz e cia.
QUEM DEVE GANHAR: André Diniz e cia.



IMPERATRIZ - Atual bicampeã do Estandarte de Ouro no quesito samba-enredo, não acredito que brigará pelo tri. A safra, na minha opinião, é inferior a dos anos anteriores na escola. Acredito que Me Leva e parceiros, atuais campeões, tenha o samba mais coeso, que melhor se aproxima do estilo das obras que a Imperatriz vem cantando nos últimos carnavais. O samba da parceria de Jéferson Lima é forte, envolvente, de bons refrões e possui uma excelente segunda parte, podendo também ser uma boa opção. Outro hino interessante é o de Di Andrade e cia, que apresenta bons trechos melódicos, apesar dos refrões não terem tanta força. Marquinho Lessa e parceiros ousam num bom refrão principal, encabeçado por um "ôôôôô", mas nas demais partes o samba tem tendência de arrastamento. A obra de Josimar e cia. não me chamou muito a atenção, a não ser por inserir a palavra "gresilense" no seu último verso, algo bastante incomum.
MINHA PREFERÊNCIA: Me Leva e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Me Leva e cia.



MOCIDADE - A safra está bem nivelada em Padre Miguel. Com o excesso de desconto de notas no quesito nos últimos desfiles, a escola aposentou o estilo "arrasta-povo" para voltar a investir no lirismo. Particularmente, aposto no samba de Jorginho Medeiros e parceria. Dos cinco semifinalistas, é o samba-enredo que melhor me tocou, que mais passa emoção. É também bastante agradável a levada do samba de Beto Corrêa e parceiros. Leve e de bom nível, reúne boas condições de sustentar um bom desfile. Já a parceria de Diego Nicolau aposta numa boa obra, dolente em suas duas partes, com destaque para o fim da segunda. Marcelo do Rap e parceiros apresentam uma obra mais densa e pesada, mas que pode apresentar tendências de arrastamento. Domenil e cia. está na disputa com um samba-enredo valente e lírico, embora a meu ver o refrão principal destoe um pouco do restante da composição. O canto na quadra será fundamental para sabermos quem levará a vitória.
MINHA PREFERÊNCIA: Jorginho Medeiros e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Jorginho Medeiros e cia.



PORTO DA PEDRA - Para o merchandising-enredo ou samba-merchandising oriundo dos lados de São Gonçalo para exaltar o iogurte, naturalmente não há uma safra interessante na escola. A "ovelha negra" da disputa é o hino de Vadinho, Cici Maravilha e cia. De boa melodia com variações qualificadas, se remetendo em alguns momentos ao belo samba-enredo de 2011, é o melhor dos finalistas. Já a obra da parceria de Dadinho e Waldeir Melodia é mais funcional, e também talvez seja o de maior agrado ao patrocinador devido ao forçado trocadilho: "Porto da Pedra dá o nome". O samba de Miguelzinho e parceiros não me chamou muito a atenção e o de Jorge Remédio e cia. me pareceu longo e reto.
MINHA PREFERÊNCIA: Vadinho e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Dadinho e cia.



SÃO CLEMENTE - A escola da Zona Sul deverá colocar em ação sua irreverência, optando por um samba pra cima para abrir a noite de segunda. O samba de Rodrigo Índio e cia. aposta na comunicação com o público, tendo como ponto alto a ousadia do início da primeira na parada após o verso "Atenção, terceiro sinal/Silêncio geral". Já a obra de Eugênio Leal é mais dolente e possui bastante força. Mas dos três finalistas, certamente o que centraliza mais atenções é o de Ricardo Góes e parceiros. Além do refrão inusitado "Tem bububu no bobobó", ainda há um trocadilho proposital na segunda: "Puxa, aqui Paris é avenida". O samba tem boas variações melódicas, mas creio que seja a zebra da final. Naturalmente a São Clemente deverá ir no feijão-com-arroz.
MINHA PREFERÊNCIA: Eugênio Leal e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Rodrigo Índio e cia.



GRANDE RIO - Para falar sobre superação, a agremiação de Duque de Caxias deverá contar com um samba bem envolvente. A safra também é bem equilibrada por lá. O forte samba de Beto Mascarenhas e cia. é uma boa opção. Já o hino de Márcio das Camisas e cia. apresenta características mais funcionais, assim como o da parceria de Edispuma, que acredito que tenha mais força pelos dois bons refrões. É bem interessante a estrutura da obra de Paulo Onça e Chico da Silva. Com a ausência de um refrão central, possuindo um estribilho principal, uma parte única extensa e um refrão final, o samba lembra obras antigas, sendo bem diferente dos padrões atuais. Por isso, deve ficar de fora da briga.
MINHA PREFERÊNCIA: Paulo Onça e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Edispuma e cia.



PORTELA - Um dos melhores sambas do ano despontou em Madureira: o de Wanderley Monteiro e parceiros. Com três refrões (sendo o principal um primor) e numa levada irresistível, com a cara da Bahia e se remetendo a sambas antigos, ganhou a torcida da maioria dos bambas, incluindo a deste escriba. Obviamente, por fugir dos padrões atuais, talvez não seja o favorito da disputa. Até porque os outros dois finalistas também possuem balanço e boa qualidade. O de Diogo Nogueira, Ciraninho e parceiros tem como ponto forte o gingado refrão central. E o da parceria de Neyzinho do Cavaco é uma obra densa e coesa. Qualquer um dos três hinos representariam muito bem a Portela. Mas não nego que o desejo do meu coração de sambista é que "Madureira suba o Pelô".
MINHA PREFERÊNCIA: Wanderley Monteiro e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Neyzinho do Cavaco e cia.



UNIÃO DA ILHA - Naturalmente, a escola não mudará seu estilo leve e animado para falar de Londres. Um dos favoritos é a obra da parceria de Carlinhos Fuzil, de bons refrões e as demais partes envolventes. O samba de Marquinhos do Banjo e cia. também pode ser opção, embora eu o considere menos forte. Ainda há o samba-enredo de Vinícius do Cavaco e parceiros, que acredito que seja figurante na decisão. Por fim, está na final um dos mais comentados concorrentes da temporada nas redes sociais: o da parceria de Fábio Sol e seu refrão trash inglesado e viciante: "Minha Ilha I Love You/(...)/Red, White and Blue". Isso sem contar o último verso: "Seremos os 'Olimpicampeões'". É um samba sem chances de vitória, mas sua audição é agradável.
MINHA PREFERÊNCIA: Carlinhos Fuzil e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Carlinhos Fuzil e cia.



CUBANGO - O samba da parceria de Sardinha e cia. me parece reunir as melhores condições de vitória. Funcional e pra cima, com dois refrões fortes, é o favorito. Mas gosto mais do de Flavinho Machado e parceiros. Mais classudo, aposta em vários trechos em menor, embora o refrão principal destoe um pouco. O hino de Beto Gama e parceiros creio que tenha tendência de arrastamento em alguns trechos, mas tem um refrão central agradável. Ainda há o samba de Juliana dos Santos e cia, que apenas deverá fazer número na disputa.
MINHA PREFERÊNCIA: Flavinho Machado e cia.
QUEM DEVE GANHAR: Sardinha e cia.

Na sexta-feira que vem, será publicada a terceira e última parte dos palpites para os finalistas das cinco escolas restantes do Grupo A: Estácio de Sá, Império da Tijuca, Inocentes de Belford Roxo, Santa Cruz e Viradouro. Até lá!

Marco Maciel