PRINCIPAL EQUIPE LIVRO DE VISITAS LINKS ARQUIVO DE ATUALIZAÇÕES ARQUIVO DE COLUNAS CONTATO |
||
Castigo pela ousadia - O
sol quase raiando na já manhã de segunda-feira de
carnaval. A Mangueira fechava com emoção a primeira noite
de desfiles do Grupo Especial. A bateria Surdo Um realizava um
espetáculo. Sua inigualável paradinha (ou
paradão) de 20 segundos, só com o impressionante canto
verde-e-rosa sustentando o samba-enredo, era um dos mais emocionantes
momentos dos últimos anos na Sapucaí. Aquilo sim um
carnaval de verdade! A
emoção do componente estava ali, registrada, pro mundo
ver. Ao mesmo tempo, veio-me um temor, com um quê de certeza. Os
jurados iam canetar. Claro, os julgadores hoje em dia não
perdoam ousadia. Só estão ali para
avaliações técnicas, premiar a quadradice... e o
resto que vá pras favas. Nesse ano, as baterias procuraram
brincar mais, capricharam nas bossas, nas paradinhas, sem medo de ser
feliz... e da temida caneta dos jurados. Quarta-feira de Cinzas. Jorge
Perlingeiro lê as notas do quinto e último módulo
do quesito. Julgador: Luiz D'Anunciação, 85 anos,
também conhecido como Mestre Pinduca. A Mangueira, premiada
justamente com o Estandarte de Ouro de melhor bateria (assim como no
Prêmio Sambario), já havia perdido alguns décimos,
na mesma proporção das demais oito
agremiações avaliadas. Porém, Perlingeiro anunciou
a nota do cidadão: nove. Nove ponto o quê? Nove ponto nada
mesmo! O homem tirou um ponto inteiro do Surdo Um. Na certa,
quando a LIESA divulgar as justificativas, lá estarão
queixas contra o paradão, que foi tempo demais, que foi
bagunçado, que a escola só cantou, que ouviu um segundo
surdo além do característico surdo de primeira, e mais
blá
blá blá prolixo. É isso que emperra a alegria do
nosso carnaval atualmente. Quando enfim presenciamos uma escola
encantar a
Sapucaí com seu canto, impressionar pela sua alegria, pelo samba
na ponta da língua (o que hoje é raro), aparecem jurados
como D'Anunciação para promover novamente a quadradice e
a burocracia das apresentações, provavelmente privando o
folião
de assistir a espetáculos como esse num futuro próximo,
impondo um castigo pela ousadia. O consolo é que o nove de
Pinduca foi descartado no resultado final. Mas talvez nunca mais
a bateria mangueirense nos proporcione esse momento. Com tantos
descontos no quesito para as demais escolas, será que as bossas
contidas novamente darão as cartas? Se em 2012 não
acompanharmos baterias tão vibrantes como neste ano, não
se esqueçam do culpado...
A propósito... - Consta no Manual do Julgador da LIESA algum item que obriga o jurado a dar nota 9,7 para a escola oriunda do Acesso, no caso a São Clemente? Desafiando o sistema - Foi a bateria do Salgueiro quem veio fantasiada de oficiais do BOPE. Mas quem merecia estampar a "caveira", ainda que metaforicamente, é Ivo Meirelles (D). O presidente da Mangueira, em discurso lido de forma arrepiante por Milton Gonçalves antes do desfile, exaltou o fato de apresentar enredos não-patrocinados, desafiando assim o atual "sistema" que reina nas escolas de samba. Preterindo temas burocráticos oferecidos por empresas e prefeituras em prol de uma homenagem ao centenário de Nelson Cavaquinho, Ivo resgatou a alegria dos desfiles verde-e-rosa. Com relação a 2010, melhorou três colocações, chegando a um festejado terceiro lugar. O impressionante canto mangueirense contagiou a todos no fechamento da primeira noite. Muito se deve às felizes escolhas do samba-enredo. Tanto nesse ano como no anterior, a Estação Primeira foi premiada com cinco notas 10 no quesito. Aliás, em 2011, só a Mangueira foi 50 em samba. Justiça para o melhor samba-enredo do Grupo Especial de 2011 (que me perdoem o Estandarte de Ouro e os gresilenses). E os dois sambas escolhidos por Ivo não estavam entre os mais cotados nas respectivas disputas. O anúncio do samba atual, composto por uma parceria paulista com condições financeiras e prestígio inferiores a muitas concorrentes, deixou todos na quadra estupefatos. Mas o tempo provaria que Ivo tinha razão. O samba-enredo foi o que mais encantou a Marquês de Sapucaí nas duas noites de gala do carnaval. Mas agir contra o "sistema", amigo, pode dar margem a vários problemas. Vamos ver até quando Ivo irá resistir... O resgate de um intérprete
- Wander Pires (E) andava rejeitado. O talentoso intérprete nos
últimos carnavais mais havia protagonizado infortúnios do
que êxitos. Na Grande Rio, chegou na Sapucaí com o
desfile em andamento. Na Mocidade e Viradouro, foi dispensado
após divergências internas. Além de tudo, foi preso
por falta de pagamento de pensão alimentícia, autuado
após a gravação da vinheta da Viradouro para a
Rede Globo. Quando a fase de inferno astral parecia não ter fim,
eis que a redenção apareceu... longe da Marquês de
Sapucaí. Foi contratado pela paulistana Vai-Vai e pela
porto-alegrense Estado Maior da Restinga. Desfilou pela escola do Bixiga
no Anhembi na sexta-feira e na noite seguinte defendeu a Tinga no Porto
Seco. Numa única tarde de Terça-Feira Gorda, veio a dupla
consagração: campeão nas duas. Uma bela volta por
cima de um intérprete fora-de-série, dono de um estilo
imitado por muitos, e que muito tem a oferecer ainda no carnaval.
Parabéns, Wander! A propósito... - Assim como brinquei nos comentários dos sambas do Especial de 2011, o humorista Hélio De La Peña também não parou de fazer graça com as inúmeras citações ao Egito nos desfiles. Mas ainda faz muita falta especialistas de fato em carnaval na transmissão da Globo. Haroldo Costa, com direito a um mísero comentário por escola e obrigado a dividir a famigerada Esquina do Samba com celebridades, acaba sacrificado. Já passou da hora de colocar uma equipe mais crítica nos desfiles. Maria Augusta faz falta! Quem quer ver Salvador, Band? - Existe algo mais melancólico para o amante de escola de samba do que, durante a transmissão de um desfile, aparecer no GC "A seguir, Chiclete com Banana ao vivo de Salvador"? Pois foi esse fardo que o telespectador ansioso pelos desfiles do Grupo de Acesso (ganho pela Renascer de Jacarepaguá, à direita) precisou segurar para acompanhar a transmissão da Rede Bandeirantes. As apresentações das escolas não eram exibidas integralmente, e sim interrompidas antes do final para a Band poder exibir intermináveis flashes de Salvador e Recife. Aí quando a emissora voltava para a Marquês de Sapucaí, a escola seguinte já estava na metade do desfile. A péssima cobertura gerou críticas por parte do presidente da LESGA, Reginaldo Gomes, que prometeu rever o acordo com a Bandeirantes para 2012. Quem perderá com isso é a própria empresa dos Saad, pois foi o Acesso do Rio quem proporcionou a única ocasião em que o "Band Folia" foi vice-líder em audiência. "Qual o quesito, pô?" - O momento impagável foi protagonizado pelo jornalista Anderson Baltar na Rádio Papo de Samba, durante a "tortuosa" cobertura da apuração da LESGA na Quarta-Feira de Cinzas. A Liga que administra os Grupos A e B ainda tem muito o que aprender em termos de organização, pois além de não ter produzido nenhuma planilha com as notas para a imprensa, seu locutor Miro Ribeiro ainda comprometeu com uma atrapalhada leitura, em ritmo acelerado, sem tempo para os repórteres se situarem na contagem das notas, e ainda omitindo o nome do julgador e do quesito em muitos casos, o que levou nosso amigo Baltar à loucura. O ocorrido na apuração do Grupo C no dia seguinte também foi de se lamentar. Após a Favo de Acari ser considerada campeã, fora constatado que suas últimas notas haviam sido lidas equivocadamente e que elas seriam destinadas à Unidos de Vila Santa Tereza. Resultado: o título e o acesso à Sapucaí em 2012 foi transferido de Acari para Santa Tereza. Mais organização no ano que vem e canja de galinha certamente não fazem mal a ninguém! Muito pelo contrário...
A propósito... - Por que
a Unidos da Ponte fez questão de omitir que seu belo
samba-enredo "Orixás" se tratava da reedição de
uma obra derrotada no enredo "Oferendas" de 1984, tentando vender a
ideia de que fora um samba encomendado?
Prêmio Sambario 2011 - A seguir as imagens dos melhores do carnaval, eleitos pela equipe do site dos sambas-enredo! Créditos: O Dia na Folia, Terra, BOL e SRZD-Carnavalesco. Escola - Vila Isabel
Samba-enredo - Mangueira Enredo e Bateria - Mangueira Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira - Geovana e Marquinhos (Unidos da Tijuca) Comissão de frente - Unidos da Tijuca Ala - Azul da Cor do Mar (São Clemente) Ala das Baianas - Mocidade Alegoria - King Kong no Relógio da Central (Salgueiro) Intérprete - Neguinho da Beija-Flor (Beija-Flor) Personalidade - Beth Carvalho Rainha de Bateria - Renata Santos (Mangueira) Escola e Enredo (Grupo A) - Império da Tijuca Samba-enredo (Grupo A) - Império Serrano Intérprete (Grupo A) - Leandro Santos (Estácio de Sá) Samba-enredo (Grupo B) - Tradição Escola e Samba-Enredo (São Paulo) - Vai-Vai Intérprete (São Paulo) - Royce do Cavaco (Nenê de Vila Matilde) Parabéns
à Beija-Flor de Nilópolis, que recuperou seu
título trazendo o Rei Roberto Carlos (acima) triunfalmente
à
Sapucaí. Congratulações, União da Ilha do
Governador, por arrebentar no Estandarte de Ouro! Bem-vinda, Renascer
de Jacarepaguá, ao Grupo Especial! Saudamos a volta do
Paraíso do Tuiuti ao Grupo A após exaltar Caetano Veloso.
Um salve também para a Unidos de Vila Santa Tereza, que regressa
à Marquês de Sapucaí de onde estava ausente desde
1995. Até 2012!
|
Tweets by @sitesambario Tweets by @sambariosite |