Às vezes é bom a emoção nos deixar levar - Quando foi anunciado que Erasmo Carlos concorreria com samba na Beija-Flor pra homenagear Roberto Carlos, logo surgiu uma grande expectativa quanto à obra que o eterno Tremendão - junto com Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle - apresentaria à escola. Para a agradável surpresa de muitos, a parceria de Erasmo nos proporcionou um samba interessante, diferenciado e completamente distinto dos padrões atuais. Em tempos de sambas-enredo com melodias genéricas e aceleradas, pensávamos que nunca mais apareceria um samba todo chiclete, daqueles que você decora numa única audição. Até que o popular "beija beija" de Erasmo Carlos quebrou tal paradigma. O compositor se desprendeu do conservadorismo que abrange e assola as disputas, construindo um samba de forte apelo, com passagens melódicas belíssimas principalmente na primeira parte e uma segunda mais animada. Os refrões possuem problemas técnicos, sendo simples demais e pobres poeticamente. Porém, a coloquialidade dos estribilhos parece ser o charme de ambos, sendo os trechos que mais grudam no ouvido, sobretudo na constante repetição do "beija beija beija beija", trash até o talo, mas eficiente. A palavra "amor" também está espalhada por seis vezes durante toda a letra. É um samba alegre, sincero, que serve não só como uma linda homenagem de um verdadeiro "amigo de fé e irmão camarada" como também para abalar um pouco a quadradice e a mesmice dos sambas que concorrem atualmente com reais chances de vitória. Muitos não gostaram do samba do Erasmo, se deixando levar por sua pobreza técnica. Mas a audição da obra é tão deliciosa e viciante que você percebe que, de vez em quando, é necessário deixar a razão de lado. Muito obrigado, Tremendão!

A propósito... - O povo que criticou o samba de Erasmo é o mesmo que suplica por obras diferenciadas e sem o famigerado esquema primeira-refrão-segunda-refrão, além da limitação da melodia, pasteurizada até dizer chega. Aí quando surge algo diferente e agradável pra tentar barrar o império das firmas... Clique aqui para acessar à última coluna de João Marcos e tenha acesso à irresistível versão remixada do "beija beija beija beija" com bateria ao vivo.

Resposta de Ivo Meirelles - Quando questionado por este colunista sobre a polêmica regra da ocultação dos nomes dos compositores na disputa de samba-enredo da Mangueira, eis a resposta do presidente da Estação Primeira (D): "Cada um acha o que deve achar... Respeito o teu modo de pensar, respeite o meu!". Não está mais aqui quem falou...

Carnaval virtual gerando frutos no "real" - Recentemente, Eugênio Leal escreveu no SRZD-Carnavalesco uma coluna exaltando a folia virtual como fonte exportadora de talentos para o dito "carnaval real", citando o exemplo de Marcus Ferreira, novo carnavalesco da Estácio de Sá que iniciou a carreira na LIESV e atualmente desenha para a Virtuafolia. Curiosamente, não só as ligas virtuais vêm gerando profissionais para os barracões como também enredos utilizados na Marquês de Sapucaí parecem inspirados em temas similares usados antes nos desfiles da internet. Pode ser até pouco provável que as escolas tenham diretamente captado as ideias através do carnaval virtual, mas que existem coincidências em alguns casos, existem... Principalmente no caso da União da Ilha. Em 2006, a SESV Pavão de Osasco desfilou com um enredo sobre Dom Quixote de la Mancha. A agremiação insulana faria o mesmo em seu retorno ao Grupo Especial. No ano seguinte, a GRESV Imperatriz Paulista foi vencedora do carnaval LIESViano homenageando Júlio Verne. A União venceria o Grupo de Acesso em 2009 com um tema similar. Para 2011, a azul, vermelho e branco da Ilha do Governador abrirá a segunda noite dos desfiles na Sapucaí com "O Mistério da Vida", sobre Charles Darwin à bordo do Beagle e a evolução das espécies. O mesmo tema foi utilizado pela SRESV Império do Progresso em 2008. E não é só na União da Ilha que ocorre esse tipo de "coincidência"... Ano passado, a GRESV Ociosos de Gericinó, filiada à Virtuafolia, apresentou uma sinopse sobre os sites de carnaval na internet que simulava uma conversa via MSN. Meses depois, a Portela viria com um texto nos mesmos moldes para apresentar seu tema. Por fim, a GRESV Bambas Sambario desenvolveu para a LIESV um enredo sobre os anos 90. Eis então que a Santa Cruz idealizou "Paz e Amor, o Sonho não Acabou...", cuja sinopse cita os principais elementos... dos anos 60. A estrutura é semelhante, só muda a década... Claro que nunca saberemos as inspirações originais desses enredos, se são realmente meras coincidências como a tendência parece apontar. Mas que o carnaval virtual mostra o seu valor e ganha mais prestígio a cada ano, isso é inegável. Que LIESV e Virtuafolia continuem caprichando. Os internautas bambas merecem!