Editorial Sambario

Edição
nº 33 - 19/2/2010
Prêmio Sambario 2010 - Mais
uma vez, o site SAMBARIO tem a honra de divulgar a lista com os
melhores do carnaval carioca, como aconteceu no ano passado. A
novidade é que acrescentamos também três itens referentes ao
Carnaval de São Paulo, em que os melhores no quesitos
"Escola", "Samba-Enredo" e
"Intérprete" no Anhembi foram contemplados com a
premiação simbólica do site dos sambas-enredo. Votaram no
Prêmio Sambario os seguintes colunistas: Bruno Guedes, Cláudio
Carvalho, Denise, Ewerton Fintelman, João Marcos, Luiz Carlos
Rosa, Marcelo Guireli, Rodrigo Raposa e Weinny Eirado, além do
webmaster Marco Maciel. A seguir, a lista dos vencedores do
Prêmio Sambario 2010.
Escola - Unidos da Tijuca
Samba-enredo - Vila Isabel
Enredo - Vila Isabel
Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira - Geovana e Marquinhos
(Unidos da Tijuca)
Comissão de frente - Unidos da Tijuca
Bateria - Grande Rio
Ala - Protagonistas do Espetáculo (Grande Rio)
Ala das Baianas - Grande Rio
Alegoria - Jardins Suspensos da Babilônia (Unidos da Tijuca)
Intérprete - Ito Melodia (União da Ilha)
Personalidade - Paulo Barros (Unidos da Tijuca)
Rainha de Bateria - Paola Oliveira (Grande Rio)

Paola Oliveira é eleita a melhor Rainha de Bateria pelo site SAMBARIO
Escola (Grupo A) - Renascer de Jacarepaguá
Samba-enredo (Grupo A) - Império Serrano
Enredo (Grupo A) - Império Serrano
Intérprete (Grupo A) - Anderson Paz (Paraíso do Tuiuti)
Samba-enredo (Grupo B ou RJ-I) - Sereno de Campo Grande

Antônio Carlos canta o melhor samba-enredo do Grupo B: o da Sereno de Campo Grande
Escola (São Paulo) - Mocidade Alegre
Samba-enredo (São Paulo) - Pérola Negra
Intérprete (São Paulo) - Gilsinho (Vai-Vai)
A vitória da criatividade -
Enfim, chegou a vez de Paulo Barros (E). Com um desfile que aliou
não só a sua genialidade como também riquezas em
alegorias
(algo que vinha faltando nos últimos carnavais em que assinou
sozinho), a Unidos da Tijuca despontou de forma unânime como
destaque absoluta do carnaval, foi aclamada como favorita por
todos os veículos de imprensa e reconhecida pelo júri
da LIESA, que concedeu a graça ao Pavão depois de 74 anos
sem
conquistar o título principal do carnaval carioca. Lembro-me dos
dias que antecederam o carnaval 2004, quando muitos desdenharam o
refrão
principal do samba tijucano daquele ano ("Sonhei amor e vou
lutar, para meu sonho ser real, é a Tijuca campeã do carnaval"),
apontando o dito sonho como uma utopia até então. Parafraseando
o título do enredo de 1936, se até há algum tempo falar em
campeonato pelos arredores do morro do Borel parecia um
"sonho delirante", em 2010 esse sonho torna-se
realidade. Ah, e naquele mesmo 2004, um certo Paulo Barros
estreava na escola e arrepiaria o mundo com sua inesquecível
alegoria do DNA. O mesmo Paulo Barros que, logo após a
confirmação do título tijucano, bradaria resignado aos
repórteres: "Depois dizem que eu não faço carnaval".
Claro que faz, Paulo! E um carnaval que todos aprenderam a
apreciar! Até os mais conservadores quanto à
questão das alas coreografadas. Como no samba de 2004, a
Unidos da Tijuca tornou o seu sonho real. E Paulo Barros é
tão
genial que até calou a boca daqueles que não acreditaram
no que
o refrão do hino de seis anos atrás profetizava, ainda de
forma
indireta. Afinal, se aqueles críticos achavam que aquilo era
ilusão... eis que o dito ilusionismo proporcionou uma das
melhores comissões de frente de todos os tempos, que ainda
proporcionarão elogios durante muitos carnavais. Agora é
aguardar 2011
para saber o que mais Paulo Barros aprontará!
Resumo dos desfiles -
Fora o encanto da Unidos da
Tijuca capitaneado por sua antológica comissão de frente
(D), tivemos a competência da Grande Rio e o fim do
gigantismo que tanto a incomodou; o luxo de sempre da
Beija-Flor, mas com tropeços em enredo decisivos para deixar a
escola longe do campeonato; a falha no carro de som que
cessou boa parte da "energia da Vila Isabel", de cuja
plástica esperava-se mais; um Salgueiro mais pragmático,
muito
aquém do sacode de 2009; a emoção contagiante da
Mangueira e
sua bateria enclausurada pelos censores, num momento ímpar de
criatividade; a alegria da Mocidade e a famosa identidade de
Padre Miguel ressurgindo, para o alívio de todos; o
mar de fiéis da Imperatriz ainda precisando lidar com problemas
de harmonia e evolução; a decepção da
Portela, apresentando
à Sapucaí um dos piores enredos que o carnaval já
presenciou;
a Porto da Pedra mostrando simpatia com a história da moda e seu
tigre repleto de piercings; a União da Ilha abrindo os desfiles
em grande estilo e assegurando a permanência na elite do
carnaval; e, por fim, a Viradouro... bem, a Viradouro foi aquilo que a
gente viu...
A propósito... - Há quem diga que Júlia Lira, a jovem rainha
de bateria de apenas sete anos e filha do presidente da Viradouro
Marco Lira, tenha chorado no colo da mãe não em virtude do
susto com os holofotes em cima dela... e sim de tristeza após
observar a feiúra da escola.
Cadê os esquentas, titia Globo? -
O anúncio de mudanças no
estilo de transmissão dos desfiles pela Vênus Platinada
causou
expectativa junto aos amantes de carnaval. Um dos pontos
noticiados era o retorno da cobertura integral dos esquentas das
escolas, com o momento da arrancada do samba-enredo de cada
escola sendo apresentado. E o que se viu? Apenas os esquentas de
Viradouro com Wander Pires e do Salgueiro com Quinho. E os
demais? Foram preteridos ou pelas tradicionais entrevistas
inúteis na concentração e no Setor 1... ou pelo
blá-blá-blá
prolixo da turma da Esquina do Samba. Ah, e quando que a Globo
vai perder a mania de começar a mostrar o desfile só a
partir da
comissão de frente na parte central da pista? E se a emissora
não deixou o cacau ser show na Rosas de Ouro, também
não permitiu que a Grande Rio explodisse o camarote
número 1... Pelo menos Glenda
Koslowski evoluiu muito com relação ao ano passado e
Luís
Roberto, com seu jeito mais manso e discreto, agradou muito mais
do que o sempre falante e filosófico Cléber Machado, o
bambambam das discussões pontuais e estruturais. Assim, deu pra
curtir melhor os
sambas do que em outros anos. Outro destaque da cobertura foi
o repórter Flávio Fachel, que sempre de forma
didática,
informava o telespectador das curiosidades dos desfiles no meio
da pista. Nota 10 para ele!
O desfile da Lesga na Band
- Já a transmissão do
Acesso foi bastante agradável. O samba, certamente, foi bem
valorizado e a equipe montada pela Bandeirantes também aprovou,
sendo formada pelo âncora Sérgio Costa
(discretíssimo, o
que é bom para desfile de escolas de samba) e pelos
comentaristas
Ivo Meirelles, Miro Ribeiro (antes de receber objetos na cuca na
polêmica apuração da Lesga) e Adriane Galisteu (que
até fez
umas análises pertinentes, embora reparasse mais nas passistas
"sem meia"...). Sobre o resultado do Grupo de Acesso, o
que posso dizer a respeito da oitava colocação para o
belíssimo desfile da Renascer de Jacarepaguá, por
exemplo? Ou
da décima posição da Rocinha? Por essas e outras
que a Lesga
está próxima do fim... A São Clemente (E) levou a
melhor, ainda
que sua apresentação não fosse digna de ganhar a
apuração de
ponta a ponta, conforme salientou na transmissão da Band o nosso
ex-colunista Fábio Fabato, que também observou um
nível
parelho entre várias agremiações na luta pelo
título. E,
nesse sábado, o clima de enterro dos ossos se acentuará
de
vez... José Luiz Datena irá narrar o Desfile das
Campeãs na
Sapucaí. Será que Fabato conseguirá falar alguma
coisa? Veremos...
Últimas carnavalescas - Lamentamos o terceiro rebaixamento
consecutivo da Unidos de Lucas, que até 2008 desfilava na
Marquês de Sapucaí. Em 2011, amargará o último grupo (Grupo E
ou RJ4). Em compensação, a Em Cima da Hora foi a campeã do
Grupo E (RJ3) e segue a sua luta para voltar ao status de escola
grande que nunca deveria ter perdido. Parabenizamos também a
Independente de São João de Meriti e Difícil é o Nome pelo
retorno à Passarela do Samba e à Alegria da Zona Sul, campeã
do Grupo B (RJ1) que fará parte do Grupo A em 2011. Ah, e um
recado ao Alex de Oliveira: como carnavalesco, és um ótimo
Rei Momo... Que o digam Portela e Jacarezinho!
Olha a peroba aí, gente! - Para encerrar, ao acompanhar o meu editorial anterior em que listei os 10 merchandisings mais caras-de-pau do
carnaval, os internautas Daniel Sales e Valdo Parente, ambos de
Manaus, trouxeram o registro do samba-enredo da escola manauara
Balaku Blaku, que em 2010 trouxe um enredo sobre a evolução da
escrita à Internet. Confira um trecho da "brilhante"
letra do samba:
Graham Bell fez o telefone e claro
revolucionou
Não existem fronteiras e nem barreiras pra falar
de amor
Mande e-mail ou scrap, me dê um oi...
Vivo pensando em você, quero te ver depois
Depois dessa, dizer o quê?
Marco Maciel
sambariobr@yahoo.com.br
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