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Edição nº 23 - 4/3/2009 Mais um carnaval se passou... - ...com o Salgueiro quebrando o tabu de 16 anos de forma incontestável, Beija-Flor do guerreiro Neguinho quase perdendo o vice-campeonato para a Portela (deve-se muito à jurada Beatriz Badejo e aquele derradeiro 9,8 que dificilmente será digerido pelos portelenses), Vila Isabel casando de forma muito bem sucedida os distintos estilos de Alex de Souza e Paulo Barros, Grande Rio enfim numa colocação mais de acordo com a qualidade de suas apresentações, o canto da Mangueira superando todas as adversidades, o desfile da Imperatriz marcado pelo desastroso carro em alusão ao enredo "Liberdade, Liberdade", os atabaques da Viradouro chamando mais a atenção do que o enredo confuso, a vertiginosa queda de qualidade da Unidos da Tijuca, Porto da Pedra mais uma vez se mantendo entre as grandes, o pior desfile da história da Mocidade e o injusto rebaixamento do Império Serrano (até da bateria imperiana tiraram décimo... sem comentários!). No dito carnaval da crise, foi nitidamente notado um espetáculo visualmente inferior aos anteriores, com alguns barracões às pressas faltando apenas horas para o desfile. O que deve gerar discursos positivos de saudosistas: de que carnaval se ganha no canto e na empolgação, e não com luxo e alegorias gigantes e hiperacopladas. Isso pode ter valido para a Mangueira, que contrariou as previsões de todos e conseguiu voltar no Sábado das Campeãs, e também para a União da Ilha. No Acesso, finalmente chegou a vez da alegria atravessar o mar com o retorno da azul, vermelho e branco insulana ao Grupo Especial, definido após uma polêmica apuração que colocou a Estácio, considerada favorita, numa inexplicável quinta colocação que motivou os dirigentes da escola a contestarem o resultado até na Justiça - o que não deve dar em nada. O simpático "Sapucão" (acima), alheio a qualquer dissabor carnavalesco, talvez tenha sido o folião do ano. Com direito a "entrevista" pra TV e até à própria credencial. Um show à parte! LESGA, chegou pra ficar???- Os equívocos da nova liga foram ainda mais flagrantes em seu primeiro desfile. É até natural, já que a entidade debutara naquele momento. Após a promessa não-cumprida da distribuição nacional do CD com os sambas-enredo do Grupo A - pra variar, ficou restrito às quadras das escolas no Rio -, o desfile acaba por se atrasar em 40 minutos, em virtude de engarrafamentos nas vias da cidade naquele horário. Ao término das apresentações, já com sol forte na Marquês de Sapucaí, Inocentes de Belford Roxo e Caprichosos de Pilares - justamente as escolas da alta cúpula da nova liga - não desfilam bem e teoricamente tornam-se as maiores candidatas ao rebaixamento. O que se confirmou na confusa apuração em que o resultado oficial só fora divulgado quase uma hora depois. Precavida, a LESGA, em cima do laço, aos 45 minutos do segundo tempo, anuncia que nenhuma agremiação cairá para o Grupo B (também chamado Grupo Rio de Janeiro 1 ou qualquer outra nomenclatura extravagante). Isso a minutos da leitura das notas do primeiro jurado. A decisão teria sido tomada no dia 18 de fevereiro, segundo o pronunciamento, com a medida servindo para não prejudicar as escolas do Grupo A, que não teriam recebido as subvenções da Prefeitura. Ora, então por que não divulgaram essa mudança no regulamento já no dia 18??? Porque os mandachuvas Reginaldo Gomes e Paulo de Almeida não cogitavam a hipótese de exatamente as suas agremiações estarem na reta após o término dos desfiles? Se não for este o motivo, a coincidência é simplesmente incrível... Cara ou coroa? - Para piorar a situação, no Grupo B deu empate na primeira colocação. Cubango e Unidos de Padre Miguel subirão para o Grupo A, conforme lhe são de direito? Não é o que pensa o presidente da LESGA, Reginaldo Gomes (E). Com essa inexplicável restrição às agremiações oriundas de grupos inferiores inspirada na LIESA, ficou decidido que somente uma escola subiria do B para o A. Tá! Só que empatou no Grupo B! A decisão será tomada no cara ou coroa mesmo? O trabalho de um ano inteiro e todos os cuidados para que os desfiles de Cubango e Padre Miguel atingissem a perfeição necessária para a obtenção do acesso serão resumidos ao lançamento de uma mísera moedinha? Pra quê? Para a manutenção desse regime que pretere escolas tradicionais, tão amadas pelo público, mas que têm que amargar o rebaixamento de escolas oriundas do Acesso, obrigadas a abrir o desfile do grupo só para ficar adepta às canetadas dos julgadores? Pobre Império Serrano... Já nem quero ver o que acontecerá com a União da Ilha ano que vem... E a AESCRJ exige que duas subam do B para o A, como sempre deveria ser. Aí está a solução! Mantendo a ética e o bom senso, basta a LESGA subir Cubango e Unidos de Padre Miguel... e rebaixar Inocentes e Caprichosos. Pronto! Os senhores Reginaldo Gomes e Paulo de Almeida têm que reconhecer que suas agremiações não fizeram por merecer a permanência no Segundo Grupo em 2010. Não só eu, como também a Prefeitura e a Riotur compartilhamos da mesma opinião. Legey: aprenda com Paulo Stein - Pelo menos em algo a LESGA foi bem sucedida: sua excelente transmissão dos desfiles do Grupo A. Uma pena que continuou na CNT, emissora de baixo alcance cujo sinal é inexistente em muitas localidades. Mas é muito gratificante, num tempo em que temos que aturar os Datenas da vida falando asneiras sem parar, ouvirmos novamente o excelente locutor Paulo Stein (D) coordenando os trabalhos. Ele manteve o mesmíssimo pique da saudosa TV Manchete, com um modo suave de narrar, falando apenas quando necessário, valorizando o samba-enredo ao deixá-lo tocar por até três passadas seguidas sem interrupção e, sobretudo, dando uma aula - e, ao mesmo tempo, uma senhora cutucada - à turma da TV Globo (leia-se Aloysio Legey) no início da transmissão, ao enfatizar que o esquenta das escolas deve ser sempre prestigiado, como de fato foi em toda a cobertura com a exibição na íntegra do samba cantado no esquenta, o discurso do presidente, o grito de guerra do intérprete e a primeira arrancada do samba-enredo. Nada mais agradável para quem gosta de fato de carnaval. Porém, em contrapartida, na Globo mais uma vez o telespectador dos desfiles do Grupo Especial foi obrigado a aturar, ao invés dos esquentas, um turbilhão de entrevistas dispensáveis com (centenas de) repórteres despreparados, intervalos comerciais, camarotes e Esquina do Samba (cara, qual a utilidade daquilo?). Aloysio Legey precisaria se reciclar e ouvir os conselhos de Paulo Stein e de mais gente remanescente da antiga TV Manchete sobre como fazer uma verdadeira transmissão de carnaval! A propósito... - Interessante a ideia da LESGA/CNT de promover o intervalo comercial na transmissão três passadas após a arrancada do samba. É a melhor maneira de mostrar a transição de um desfile para o outro. Por isso foi possível mostrar todos os esquentas na íntegra. Pena que a Globo prefira entrevistinhas que não acrescentam nada, artistas falando bobagens nos camarotes e na tal Esquina do Samba, com o excelente compositor Gusttavo Clarão e seu conjunto pagando mico... Só se for agora??? - O falatório de Jorge Perlingeiro em seu Carnaval do Povão não deixou saudades. Com Paulo Stein e companhia, enfim ouvimos a bateria e o samba-enredo com a perfeição pedida. A Globo poderia aprender também que apenas três repórteres já são suficientes para uma cobertura bacana, como fez a LESGA/CNT, e não uma centena deles batendo cabeça com entrevistas que não acrescentam absolutamente nada. Entre os repórteres da LESGA/CNT, estava o experiente jornalista Ronaldo Rosas, ex-apresentador do Jornal da Manchete. Atenção, mulheres! - Dica de Max Lopes: laquê disfarça celulite. A transmissão da LESGA/CNT também é cultura! Justiça seja feita! - Paulo Stein, pela magnifíca transmissão, faturou um prêmio Sambanet especial. Com total merecimento! A Rádio Tupi também foi justamente contemplada, graças à utilíssima webcam que nos permitiu acompanhar online os desfiles de carnaval, principalmente do Grupo B. Porém, podiam valorizar um pouco mais o samba, com seus comentaristas falando menos... mas tudo bem! E a câmera caiu... - ...como vocês podem observar no vídeo acima, durante o desfile da Mangueira. Realmente eu não estava maluco, não fora apenas impressão, tampouco ilusão de ótica. Tanto que motivou pronunciamento por parte do locutor Cléber Machado sobre o acidente, coisa rara em termos de Padrão Globo de Qualidade. Outra sugestão para a Globo - Dar mais espaço para Maria Augusta (E)! É sempre bom acompanharmos críticas mais realistas, defeitos apontados, o que deixa a transmissão mais dinâmica, envolvente, sem essa de que tudo está ótimo, maravilhoso, fantástico... (né, Chiquinho Spinoza?) Pelo fato do desfile em 2009, visualmente, ser inferior aos anos anteriores, a língua da carnavalesca estava mais afiada. Sobre Dudu Nobre, menos mal que o sambista deixou de lado o famigerado metrônomo (o que torrou a paciência de todos em 2008). Ele ainda motivou um dos pontos altos da transmissão global ao reforçar uma antiga piada dos internautas bambas: de que a Grande Rio, pelo excesso de celebridades que traz à Sapucaí, é a Unidos do Projac. Quanto a Haroldo Costa, certamente merece o respeito de todos, mas é inegável de que é necessário fazer um grande esforço para se entender o que ele fala. Já a apresentadora Glenda Koslowski me pareceu um pouco insegura na primeira noite, melhorando consideravelmente na segunda. Realizou uma transmissão agradável, cometendo bem menos gafes que Maria Beltrão, devendo assim continuar nos próximos carnavais. Já
Cléber Machado... - ...manteve o mesmo nível das
transmissões anteriores. Porém, será mais lembrado em 2009
pela frustrada tentativa de explicar ao telespectador quando
ocorreriam as apurações de São Paulo e Rio: Outras
gafes I - Começo do desfile da Porto da Pedra. O
repórter da TV Globo, André Luiz Azevedo, o mesmo que um dia
levou o antológico esporro de Jamelão ("Qual a
emoção de desfilar pela Mangueira?", "A
mesma do ano passado"), encara outra saia justa com um
componente fantasiado de Leonardo da Vinci. Outras gafes II - Uma das repórteres da Globo, no início da apresentação da Portela, fala da porta-bandeira Daniele Nascimento. "Ela, que é filha de Vilma Nascimento e neta de... neta de... hã... bem, ela promete fazer bonito na avenida!". Pobre Natal da Portela lá no céu... Outras gafes III - Na LESGA/CNT, ao entrevistar diretor de harmonia da Inocentes de Belford Roxo, a repórter por duas vezes se refere à escola como Inocentes da Baixada, nomenclatura que a agremiação possuiu até o carnaval de 2004. O diretor corrige a jornalista indiretamente na resposta: "Bem, a Inocentes de Belford Roxo...". Outras gafes IV - No desfile das campeãs de São Paulo, colocaram a apresentadora Silvia Poppovic como comentarista de carnaval. Por isso, foram inevitáveis pérolas como essa: "A comissão de frente do Imperador do Ipiranga está linda porque... está linda porque... porque ela está bonita!". Outras gafes V - Comercial da Band anunciando a transmissão do Sábado das Campeãs. São anunciados os desfiles de Grande Rio, Vila Isabel, Portela, Beija-Flor e Salgueiro. Pera lá! Cadê a Mangueira? E como se não bastasse, os comentários seriam de um certo Nilton Cunha. Irmão gêmeo de Milton Cunha? Falando sério agora: descaso ou amadorismo mesmo? Creio
que seja descaso... - ...pois escalar mais uma vez o
insuportável José Luiz Datena para a cobertura do Sábado das
Campeãs é uma violação ao bom senso, um atentado ao
telespectador. Além do homem falar pelos cotovelos, e aos
berros, ainda nos brinda com essa: Conclusão - Melhor a Bandeirantes continuar cobrindo apenas o carnaval de Salvador mesmo... E já que teremos que "engolir" Paulo Vianna na Mocidade... - ...melhor fechar esse editorial especial de carnaval com coisa boa: as imagens dos contemplados com o nosso simbólico Prêmio Sambario. Deliciem-se com os melhores momentos da folia em 2009. Até 2010, galera!
Créditos das imagens: Allexandre Valle (compositor da União de Jacarepaguá), BOL, Carnaval em Destaque, Carnavalesco, fotógrafo Diego Mendes, Marcelo Guireli, O Dia na Folia, Rota do Samba, Terra, Tradição do Samba (fotógrafo Ricardo Almeida) e UOL. Marco Maciel |
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