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O BATISMO DE FOGO DA LESGA 10 de agosto de 2009, nº 25, ano II Após uma estreia um tanto quanto conturbada, a Liga das
Escolas de Samba do Grupo de Acesso - LESGA terá em As alterações até aqui promovidas no regulamento poderiam,
em sua maioria, terem sido evitadas. A diminuição do tempo de desfile foi para resolver um
problema que a própria LESGA criou, quando mudou o regulamento da Associação das
Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro – AESCRJ que previa decesso e
acesso de duas escolas, agravada pela virada de mesa de última hora. A ascensão de apenas uma escola do Grupo de elite da AESCRJ
também não é uma medida justa. Deveria a LESGA se empenhar para que o Grupo
Especial recebesse duas de suas escolas filiadas e não se igualar ao regulamento
desproporcional da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro -
LIESA. Mais uma vez a conta dos desmandos dos administradores do carnaval
carioca sobrou para as desprestigiadas escolas filiadas à AESCRJ. A alteração na data da apuração, por mais que os foliões
entendam prejudicial ao último dia de carnaval em que desfila o grupo de elite
da AESCRJ, é uma medida acertada, já que a divulgação da campeã no mesmo dia
que a do Grupo Especial ofusca a mídia em torno do resultado da LESGA. As demais alterações ainda não concretizadas dão conta de
que haverá limitação de alegorias, acoplamentos e de tripés. Acredito que as
escolas filiadas deveriam ter o livre arbítrio de adequarem sua parte plástica
à sua realidade financeira. Por lógico, com a redução do tempo de desfile, cada
agremiação poderá avaliar melhor a forma como desenvolverá o seu desfile, não
havendo necessidade de imposições externas na parte cênica de cada agremiação. Em relação aos enredos e sinopses divulgadas, tudo leva a
crer que mais uma vez teremos um carnaval de excelente nível nesse grupo,
cabendo, assim, a entidade a tornar possível que o desfile transcorra sem
maiores problemas operacionais e sem surpresas desagradáveis após a apuração. É bem verdade que grande parte dos enredos escolhidos não é
inédita, havendo, inclusive, reedições, mas ao que nos parece está se
desenhando uma ótima disputa para 2010. Da safra destaca-se o enredo e a sinopse de duas grandes
escolas tradicionais: Império Serrano e Estácio de Sá. Ambos os enredos
prometem levar o folião a um Rio antigo, boêmio. O Império passeia pelas ruas
do Rio, verdadeiros cartões postais que foram fundamentais para formação de
nosso povo, do carioca, da nossa diversidade cultural. E numa das veredas
dessas maravilhosas ruas cariocas que brotou o berço do samba carioca, que, por
sinal, é a auto-homenagem que a Estácio de Sá levará como enredo. Assim como as ruas cresceram desordenadamente na cidade
maravilhosa e o samba se distancia do seu berço, a São Clemente vê nesse mote o
ideal para que ela faça a releitura de um de seus mais famosos enredos já
levados para a Sapucaí, expondo os sintomas da inversão cultural do carnaval
carioca, que é acompanhado pelos olhares tolerantes dos gerentes do carnaval e
autoridades governamentais. O enredo da escola de Botafogo foi visto com muita
empolgação pelos amantes do carnaval que desejam que o carnaval seja entregue
ao povo. Até aí tudo bem, ele solta na frente. O inusitado é que o objetivo das
escolas que desfilam nesse grupo é chegar ao Grupo Especial, exatamente onde o
contrate é mais evidente. Aí é que a porca torce o rabo. Uma releitura mais suave pretende Rocinha, Santa Cruz, Império
da Tijuca, Cubango e Inocentes que trazem novas visões de enredos sobre as
guerreiras amazonas, a dança, a rainha africana Ginga, a loucura e a
preservação da água. O déjà vu,
entretanto, não significa que tais enredos estejam batidos, cabendo a cada uma
dessas escolas encontrarem a tônica necessária para um desfile com frescor. Um pouco mais presas à fonte original, o Paraíso do Tuiuti
aposta na reedição do enredo sobre a pesquisadora Eneida de Morais. E a Caprichosos, aproveitando que o vento não
a levou para outras bandas, buscou inspiração no enredo e samba sobre a sétima
arte, que, assim como a escola, já viveu momentos bem delicados e quase sucumbiu
na era Collor. Inspiração livre também teve a Renascer de Jacarepaguá. A escola
foi buscar na cidade imaginária de Tupinicópolis, construída pela genialidade
de Fernando Pinto para a Mocidade Independente de Padre Miguel de Aço, inclusive, que é o enredo de outra escola
ascendente, a Unidos de Padre Miguel. A escola que chegou com certo atraso ao Grupo de Acesso,
após duas décadas de ausência, tem a difícil tarefa de abrir o inchado desfile
em pleno horário de verão, conforme previsão do Decreto n. 6558/2009. Para
tanto, foi buscar no metal a força para vencer a empreitada, numa ousada
proposta muito bem delineada na magnífica sinopse. Enredos escolhidos, resta-nos torcer para que a LESGA passe em 2010 pelo seu batismo de fogo de forma a se purificar, expurgando os erros cometidos no carnaval passado, com o objetivo de se aproximar do propósito pelo qual foi criada: unir, projetar e preparar as suas escolas filiadas ao carnaval do Grupo Especial, procurando minimizar as abruptas diferenças existentes entre elas e as escolas da LIESA. |
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