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O
QUE ACONTECEU EM 2008 12 de dezembro de 2008, nº 19, ano I Apesar de as escolas
de samba terem sido elevadas a patrimônio cultural carioca por decreto
municipal, o carnaval de 2008 começou com grande expectativa. Isso porque em
abril de 2007, após o resultado dos desfiles daquele ano, no qual se sagrou mais
uma vez vencedora a Beija-Flor, foram detidos pela Polícia Federal
o presidente da LIESA, à época, Ailton Guimarães Jorge e o presidente da
Beija-Flor, Anísio Abraão David, durante a Operação Hurricane.
Um policial disse no
programa Fantástico da Rede Globo que ligações telefônicas indicariam o
pagamento de propinas a jurados no desfile de 2007. Uma CPI, então, foi
instaurada na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, mas nada se provou. Mesmo assim, o Capitão Guimarães
se afastou da presidência da LIESA e Jorge Castanheira assumiu a presidência da
entidade, ficando responsável pelo comando do carnaval de 2008. Mordida, pelas suspeitas de
fraude, a Beija-flor consolidou sua supremacia e conquistou mais um campeonato.
O tema sobre Macapá, destacou o equinócio e inovou no
abre-alas ao apresentar uma espécie vermelha de beija flor encontrada na
cidade homenageada, tão arrasador quanto o desfile da escola. Em sentido
oposto, a Mangueira não conseguiu superar a mídia negativa em torno dos
bastidores da escola que redundou numa péssima apresentação que lhe valeu o 10º
lugar na colocação oficial. O calvário da escola começou no
desfile do carnaval 2007, no melancólico episódio envolvendo a participação de
Beth Carvalho naquele desfile. Da mesma forma que a diretoria não soube
administrar aquele constrangedor episódio, também se deixou seduzir pelo patrocínio
de Recife e deixou descontente boa parte da mídia e dos admiradores da escola
que queriam ver na avenida o centenário de Cartola. Somaram-se aos equívocos da
escola, a mídia negativa provocada por problemas envolvendo setores da escola e
até uma suposta influência do tráfico. Depois do fiasco desfile, terminara de
forma infeliz o bem sucedido casamento entre Max Lopes e a Mangueira. Se a Mangueira pagou pelos erros
de administração, o Salgueiro foi compensado pela má avaliação dos jurados de
2007 e conquistou um surpreendente vice-campeonato ao exaltar as belezas da
Cidade Maravilhosa, sem ter sido, como em 2007, brilhante. Se a pretensão era causar
arrepios, Paulo Barros, na Viradouro, acabou por protagonizar a polêmica do ano:
o carro Holocausto, por determinação judicial, não foi levado à avenida, mas a
pista de esqui, baratas, componentes “degolados” representaram o mau gosto do
desfile, que ainda arrematou um honroso sétimo lugar para a Viradouro, mas não
foi o suficiente para sustentar a permanência do carnavalesco na escola, mesmo após ter sido confirmado para 2009. Quem arrepiou mesmo foi a Portela,
que despertou da incomoda letargia e apresentou um desfile “moderno”, a começar
pelo designer da famosa águia, que lhe valeu o 4º lugar,
sua melhor colocação desde 1998. A Unidos da Tijuca manteve a
fórmula de desfiles que a consagrou, que funcionou, mesmo desgastado, e
garantiu-lhe o quinto lugar ao versar sobre o hobby das coleções. A Imperatriz ensaiou a volta pro
cima, favorecida pela competência da carnavalesca Rosa Magalhães, que vinha de
uma bem-sucedida produção da festa dos jogos pan-americanos realizados no Rio
em A Grande Rio falou do gás natural,
mais uma vez fez referência à Amazônia, e, mais uma vez, pintou no sábado das
campeãs, ao conseguir um surpreendente terceiro lugar na classificação. Com o mote do bicentenário da
vinda da corte brasileira para o Brasil, a Mocidade e a São Clemente receberam
ajuda financeira da Prefeitura para abrir os desfiles do Grupo Especial,
respectivamente no domingo e na segunda. A Mocidade foi feliz ao trazer como
mote o desaparecimento do monarca português Dom Sebastião
e fez um desfile bem superior aos anos anteriores. A volta da São Clemente
rendeu à escola luxo, uma grande entrada régia, regada por
cisnes, Dona Maria, "a Louca" e o tapa-sexo invisível da
modelo Viviane Castro, que custaram 0,5 ponto à escola, que, mesmo não sendo o
responsável, contribuiu para mais um de sues rebaixamentos. A Porto da Pedra contou a história
da imigração japonesa no Brasil, que completava 100 anos, sem grandes
atrativos, e mais uma vez lutando para não deixar o Grupo Especial. As escolas do Grupo de Acesso A
desfilaram para uma platéia que a cada ano se supera em número na avenida. O
sucesso talvez tenha sido o causador da criação da LESGA, a nova entidade
criada em 2008, que organizará os desfiles do Grupo em 2009. Abrir os desfiles do Grupo A
trouxe para a Estácio de Sá momentos não previstos. Vinda do Grupo Especial, a
escola apresentou erros ao desvendar todos os segredos das artes da
adivinhação. Pior sorte teve a Cubango, que deixou a desejar na homenagem a
Mercedes Baptista e foi rebaixada. Com grana extra da Prefeitura do
Rio, algumas escolas do grupo comemoraram os 200 anos da chegada da Família
Real Portuguesa ao Brasil. O enredo da Lins Imperial, sob a ótica infantil de
Dom Pedro I, teve um final catastrófico. Problemas na quarta alegoria fizeram a
escola ultrapassar o tempo máximo de desfile e perder pontos, contribuindo para
o seu rebaixamento. Não repetindo o sucesso do ano anterior, o Império da
Tijuca trocou de enredo para receber o “extra” da Prefeitura, e falou sobre a
criação do Jardim Botânico, cujo maior destaque foi a bateria de Mestre
Capoeira. A Renascer teve na comissão de frente um dos pontos altos de seu
desfile, alcançando um inédito quarto lugar.
A Santa Cruz misturou Itaguaí com a Família Real,
num confuso enredo, que lhe rendeu um desfile correto. A Caprichosos
exaltou Itaboraí
no qual o grande destaque foi a comissão de frente indígena comandada por Jaime
Aroxa e a performance do puxador Zé Paulo, que superava o acidente do qual foi vítima em dezembro. A reedição do samba É hoje, apesar
da expectativa, não fez o sucesso almejado no desfile da União da Ilha. 2008 para a
Rocinha foi igual ao ano que passou, pelo menos em termos das alas das baianas,
que mais uma vez penalizou a escola por não ter apresentado o número mínimo
exigido no regulamento. Impecável em termos de alegoria e fantasias, a escola presidida por Maurício
Mattos, que se ausentou do desfile, ficou com o vice-campeonato. O grande
momento do carnaval 2008 de todos os grupos talvez tenha sido o desfile do Império Serrano, que fechou a
noite de desfiles do Grupo A, com chave de ouro e
sagrou-se campeão. O enredo batido em homenagem a Carmem Miranda teve
alegorias e fantasias simplórias, mas contou com a força da comunidade e da
bateria, que esquentou a chuvosa madrugada de domingo. Nos demais grupos, tivemos o
destaque da Unidos de Padre Miguel, no Grupo B, que injustamente foi preterida
pelas apresentações da Inocentes de Belford Roxo e Paraíso do Tuiuti. A Unidos
do Jacarezinho, que conquistou, com notas máximas, o Grupo C e assegurou a volta
à Sapucaí, juntamente com a tradicional Arrastão de Cascadura e a emergente
Corações Unidos do Amarelinho. Sossego, Cosmos e Manguinhos, do Grupo D, conseguiram
almejar mais uma subida na espinhosa escalada rumo à Sapucaí, da mesma forma que Imperial, Mocidade
Unida de Jacarepaguá, Delírio, do Grupo E, que de quebra promoveu tardiamente a
Unidos do Sacramento. Com pesar acompanhamos o
rebaixamento de escolas tradicionais como Unidos de Lucas e Vizinha Faladeira
(do B), Em Cima da Hora e Leão de Nova Iguaçu (do C), Villa Rica e Vaz Lobo (do
D) e a suspensão do carismático Canarinho das Laranjeiras (do E). De igual
modo, ainda não foi desta vez que vimos o renascimento da Tradição e do Arranco
(do B), da Ponte e da Cabuçu (do C), do Engenho da Rainha (do D). Mas triste mesmo foram
as perdas para o samba: Jamelão, Aroldo Melodia, Darcy da Mangueira, Luiz
Carlos da Vila, Jorge Melodia, Mestre Louro, Mestre Coé, Gibi, Dercy Gonçalves,
Zezé Gonzaga. E que venham dias
melhores. Que 2009 e traga para todos os sambistas mais alegrias e
consagrações. Para todos os amigos,
desejo um feliz natal e próspero ano novo, especialmente para o pessoal do
Espaço Aberto, já que, depois de alguns anos postando mensagens de final de ano
no site Galeria do Samba, esse é o primeiro Natal e Ano Novo que o farei
indiretamente. Para Marquinho e os
leitores do Sambario, vai aqui o meu agradecimento por esse primeiro ano de
convívio. Explode champanhe |
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