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DÉCADENCE AVEC ÉLÉGANCE 1º de julho de 2008, nº 09, ano I Com o sorteio do Grupo Especial, o carnaval da Liesa mostra a
sua cara para o desfile de 2009. Mais uma vez a Liesa separou as
escolas por pares, para equilibrar forças, segundo dizem. Mas
será que é preciso? Qual o critério para a definição dos
pares? Por que não jogar todo mundo para sorteio e fazer uma
gestão a mais democrática possível? Será mesmo que o público
da Sapucaí que compra os ingressos deixaria de lotá-la por um
dia ser, em tese, mais forte que o outro? Não é bom para o
espetáculo que todas as escolas tenham condições de fazer um
grande espetáculo? Não é um contra-senso pensar que das 12
escolas especiais, umas são mais especiais que as outras? Se
não é o resultado do ano anterior, se não são as cores, o
bairro, qual o critério de nivelamento de uma escola do grupo
especial? Não
tenho resposta para tais indagações e acredito que poucos
argumentos possam ser convincentes nesse antiquado modo de ver as
coisas. Até quando vamos conviver com falta de objetividade de
um produto construído, durante os anos, pela vontade popular. Se
houve o enxugamento e lipoaspiração das escolas que estavam
acomodadas, qual a razão para a discriminação entre escolas do
Grupo Especial? Será que necessitamos de mais enxugamento? Será
que poderíamos conviver com apenas um dia de desfile? Será que
como os bois de Parintins, a Sapucaí poderia ficar restrita a
algumas privilegiadas que poderiam desfilar uma, duas ou três
noites?
O
grande mico do carnaval 2009 já começa pelo patrocínio. O tão
esperado ano da França no Brasil só não vai passar em brancas
nuvens pela esperteza e competência da Grande Rio, que se
aproveitou da crise da Mangueira, para assegurar o investimento
externo necessário para finalmente conquistar o tão sonhado
título.
A
Prefeitura não deu maiores explicações, mas o certo é que o
patrocínio da França não veio e, sem ele, o sorteio dos
desfiles foi morno, já que a disputa pelo patrocínio poderia
alterar aquilo que o regulamento teima em fixar: a posição da
primeira escola a abrir o desfile em cada dia.
Em
mais um ano, a campeã do Acesso, atualmente o Império Serrano,
é penalizada antes mesmo de desfilar, tendo de abrir o carnaval
competitivo da Liesa. Para reverter o histórico, o Império tem
um trunfo poderoso nas mãos (reeditar um de seus belíssimos
sambas clássicos). Mas a Estácio o fez e mesmo assim foi a
lanterninha em 2007. Mas será que a Estácio mereceu? Será
mesmo que o tititi da Estácio se equivale a sambas antológicos
da discografia do grande Império Serrano? Mesmo sem o
patrocínio da França, que não veio, se eu fosse o Império
não perderia a grana extra da Liesa e reeditava sem medo de ser
feliz. Cada um usa as armas que tem, e, de certo, as do Império
são seus belíssimos sambas antológicos.
Já a
décima primeira colocada no Especial é a grande privilegiada do
desfile. Nesse ano a tarefa caiu no colo da Porto da Pedra. Sem
nenhum esforço de sorte ou falta dela, a escola de São Gonçalo
já garantiu, ao que tudo indica, mais um ano no Grupo Especial.
Hoje em dia ser a primeira a desfilar na segunda, sem ir a
sorteio, é um prêmio para aquela escola que quase deixou o
grupo no ano anterior. No mais, o Tigre fechou com o carnavalesco
Max Lopes e terá todas as condições para apresentar um bom
espetáculo. Ficamos no aguardo de notícias.
A
Liesa deveria rever o regulamento para os próximos anos. E se
não dá para sortear todas as posições, que deixe a abertura
de segunda vaga, a ser definida no sorteio, e preencha as duas
primeiras posições de domingo, que são as menos estimadas
pelas escolas.
Se a
Grande Rio levou a melhor na escolha do patrocínio, o mesmo não
se pode dizer em relação ao sorteio de sua ordem de
apresentação. Com um bom patrocínio, uma boa sinopse, um
enredo de qualidade e apropriado para o ano da França no Brasil,
que não terá, pelo visto, concorrentes, a escola terá a
difícil tarefa de lutar pelo inédito campeonato sendo a segunda
a desfilar no domingo.
Nem
tudo está perdido, é claro. Se o Salgueiro conseguiu ser vice
em 2008, com muito menos "atrativos" externos,
não seria uma tarefa impossível, a Grande Rio vencer o revés
provocado pela sua falta de sorte no sorteio. Mas depender de
todas as escolas que virão após o seu desfile, torna realmente
o sonho pouco provável.
A Vila
Isabel tem um belo enredo, bem entrosado, um carnavalesco
competente e dificilmente a leitura de seu desfile será
complicada como aconteceu em 2007 e 2008. Logo não chega a ser
tão ruim a posição sorteada. Vale lembrar que o último
campeonato da Vila saiu de domingo.
A
Mocidade, para mim, tem a mais árdua tarefa de 2009. Isso porque
ela vem no meio do desfile das escolas que vem apresentando bons
resultados dentro e fora da Marquês de Sapucaí. Um carnavalesco
pouco conhecido dos cariocas e um anunciado enredo sobre o Chile,
que soa bastante estranho para uma escola à frente de seu tempo,
como ficou conhecida a Mocidade, são fatores a serem
considerados negativamente nesse período pré-carnaval. Como
diria um velho amigo, "vamos aguardar os
acontecimentos".
A
Beija-flor promete e deve dar um banho na Marquês de Sapucaí.
Apesar de viver uma das melhores fases de sua trajetória, desde
que implementou uma comissão de carnaval, capitaneada pelo
excelente Laíla, a Beija resolveu mexer na forma de enredo que
vinha lhe consagrando. Pelo visto, a mudança tem a intenção
não só de contagiar a comunidade, mas também o público do
desfile, que anda um pouco borocochô na atual década.
E a
grande surpresa do sorteio foi a coragem da Unidos da Tijuca.
Dessa vez a escola não amarelou. Manteve-se na honrosa tarefa de
encerrar o domingo, como originariamente sorteado. Muitos vão
dizer que a escola não "chama público". Não
acredito. Quem observa, nos últimos anos, os ensaios da escola
sabe que a Tijuca conquistou a simpatia do público carioca. E
quanto ao público da Sapucaí, desde que Paulo Barros trouxe
elementos cênicos ao espetáculo, a escola atraiu uma mídia em
torno de si, que se sustentou até mesmo com a saída de sua
estrela. Aliás, será que ele volta? Será que o céu é o
limite para a escola do Borel em 2009?
O
Salgueiro finalmente caiu na segunda-feira. Já estava ficando
chato ver o Salgueiro no domingo. Aliás, o Salgueiro nos
próximos 5 anos deveria já ter cadeira cativa na segunda para
compensar o excesso de domingos que a escola traz em sua
trajetória. E não poderia ser melhor, desfilar na segunda,
após a conquista do vice-campeonato. Falam em enredo, ou seria
tema, sobre o tambor. Será um apelo aos deuses do carnaval?
Será necessário algum sacrifício? De qualquer sorte, foi bom
Renato Lage desfilar na segunda, assim tanto ele pode dar uma
força moral ao Império no domingo, como Márcia pode ver o
Salgueiro passar na segunda.
Se o
Salgueiro quebrou a sina de desfilar no domingo, o mesmo não se
diga da Imperatriz, que mais uma vez vem na segunda-feira. Para
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