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OS SAMBAS CONCORRENTES DE 2019 16 de setembro de 2018, nº 44 Como todos sabem, as disputas de samba já
estão rolando pelas quadras das escolas do Grupo Especial. Além disso, duas
escolas (Paraíso do Tuiuti e Grande Rio) optaram por encomendar seus sambas,
uma (São Clemente) irá reeditar e outra (Império Serrano) terá um clássico da
MPB como trilha sonora do seu desfile. Esta coluna tem como objetivo analisar
as disputas e os favoritos do autor em cada agremiação, bem como avaliar as
escolhas daquelas que optaram por não realizar o concurso. Trata-se, portanto,
de uma iniciativa pioneira na mídia carnavalesca, que, espero, torne-se anual,
como os já conhecidos Guia do Carnaval e Apuração Paralela, também de minha
autoria. Nessa intenção, seguiremos a classificação das escolas em 2018, ou
seja, da campeã Beija-Flor até a recém-promovida Viradouro, passando pelas não
rebaixadas Grande Rio e Império Serrano. A intenção proposital é montar um CD
alternativo ao oficial. Vejamos, então: Beija-Flor: A escola de Nilópolis vai falar
de si mesma e de seus grandes carnavais na busca pelo bicampeonato e, no
concurso de sambas-enredo, destacam-se concorrentes como Júlio Assis (campeão
em 2018), Cláudio Russo, Serginho Aguiar e Gusttavo Clarão. O autor, no
entanto, destaca a obra de Jotaerre e parceiros, interpretada por
Nêgo, irmão de Neguinho da Beija-Flor, como aquela com mais “cara” da azul e
branca de Nilópolis, onde quase sempre vence de fato o melhor samba. Paraíso do Tuiuti: A escola de São
Cristóvão, grande surpresa em 2018, optou pela velha tática do “em time que
está ganhando, não se mexe”, e volta com um enredo político e um samba
encomendado a Cláudio Russo e Moacyr Luz. A obra, apesar da qualidade
indiscutível, deixa a desejar em relação a outras da dupla, inclusive a do ano
passado. Nunca é demais ressaltar que o expediente de encomenda de samba,
quando repetido, além de apelativo, pode acabar contribuindo para isso. Salgueiro: Na disputa da vermelha e branca,
nomes como os de Marcelo Motta e Xande de Pilares sempre se destacam, mas Gonzaga, que há anos vem correndo por
fora e que já foi pivô involuntário de polêmicas na disputa de samba-enredo,
desponta, na opinião do autor, com um belo samba, favorito para vencer o
concurso. Portela: A grande campeã do carnaval
carioca em todos os tempos traz aquela que seja, talvez, sua melhor safra de
concorrentes da história. São pelo menos dez obras em condições de vencer o
concurso. Bom seria se a escola pudesse desfilar a cada ano com uma delas. Mas
como isso é impossível, destaco os sambas de Toninho Nascimento, Samir Trindade
e, principalmente, Jorge do Batuke,
como favoritos. Mangueira: Na verde e rosa, que traz mais
um enredo polêmico da nova sensação do carnaval, Leandro Vieira, destaque para
os sambas de Lequinho, Deivid Domenico e Tantinho,
meu predileto. Mocidade: Unidos da Tijuca: A safra da escola do Borel
é admirável. “Efeito Laíla” ou não, é fato que a qualidade dos sambas melhorou
consideravelmente. Nesse sentido, cabe citar as obras de Josimar Manfredini,
Márcio André, Totonho e, principalmente,
Dudu Nobre como destaques. Imperatriz Leopoldinense: Após emplacar o
samba que se revelou uma triste profecia sobre o Museu Nacional (“O canto da cigarra em sinfonia relembrou
aqueles dias que não voltarão jamais”), a Rainha de Ramos apresenta uma
safra regular, com o samba de Flavinho e
parceiros como destaque. Menção também para Zé Katimba, Elymar Santos e Moisés Santiago. Vila Isabel: Pouco a comentar. O samba de André Diniz e parceiros sobra na turma. União da Ilha: A safra de tricolor
insulana, como em 2018, deixa bastante a desejar. O samba de Marquinhos do Banjo é um dos poucos que
se destacam nesse contexto. São Clemente: Não se sabe os motivos exatos
que levaram a escola a optar pela reedição do clássico “E o samba sambou...”,
de 1990. Rumores mal intencionados dão conta de que ela seria uma das “bolas da
vez” pra cair e, por isso, promete fazer um desfile épico com o samba que
melhor a representa. Boataria à parte, há de se dizer que não foi uma boa
escolha recorrer a um expediente ultrapassado nessas alturas do campeonato. Grande Rio: Após a queda e a virada de
mesa, a escola de Caxias traz uma espécie de “mea culpa”, assinada pelo trio
Russo-Luz-Diniz, dentre outros. É um samba interessante, apesar do expediente
polêmico, palavra muito usada no que se refere à Grande Rio ultimamente. Império Serrano: Em Viradouro: O autor parte do princípio de
que os enredos abstratos de Paulo Barros não costumam gerar grandes sambas. O
hino da Portela em 2016 talvez seja a exceção que confirme a regra. Ainda assim, tem coisa interessante, como as
obras de Felipe Filósofo, PC Portugal, Altay Veloso e Renan Gêmeo, a melhor delas. É importante ressaltar que todas essas
opiniões são de cunho estritamente pessoal, e que, em nenhuma hipótese,
refletem tendências a “dar uma mãozinha”
pra samba A ou B de escola X ou Y. Quem me conhece sabe que não tenho
necessidade nenhuma disso e que sou bastante sincero em relação ao que ouço.
Isto já me custou, inclusive, o afastamento de certas amizades do mundo do
samba. Paciência. Outra questão importante: esse texto, em
momento algum, reflete os bastidores dos concursos de samba enredo, nos quais
não tenho nenhum envolvimento ou interesse particular. É apenas, como eu disse,
uma questão de gosto pessoal. Para o bem das escolas e do samba-enredo,
esperamos apenas lisura na escolha das obras, independentemente de coincidirem
ou não com as citadas pelo autor neste texto, muitas das quais talvez até
eliminadas antes de sua publicação. Boa sorte a todos e que, de fato, vençam os
melhores! Cláudio
Carvalho
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