Coluna do Cláudio Carvalho
RETROSPECTIVA 2016
1º de janeiro de 2017, nº 42,
ano XIV
O
ano em que se comemorou o centenário do samba foi marcado pela surpreendente
vitória da Estação Primeira de Mangueira, escola vencedora do primeiro desfile
oficial, que chegou ao seu décimo nono título, encostando na cotadíssima
Portela, que “casou” bem com o estilo do carnavalesco Paulo Barros, se renovou
e deu a este um quê de sobriedade.
A
azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira sofreu um grande revés ao perder seu
presidente recém eleito, Marcos Falcon, assassinado na porta de seu comitê de
campanha para vereador. Falcon, a maior liderança da escola desde Natal, fez
com a Águia alçasse novamente vôos mais altos e voltasse a ser respeitada no
mundo do samba. Sua morte deixa uma grande lacuna, e o transforma numa espécie
de lenda urbana do carnaval.
A
Unidos da Tijuca, segunda colocada, completou o pódio, com as três escolas
presentes no primeiro desfile. Seu vizinho, Salgueiro, não soube fazer jus à
malandragem do enredo e se apresentou de forma morna, não correspondendo às expectativas
em torno de si. Beija-Flor e Imperatriz completaram o desfile das campeãs.
A
grande decepção de 2016 ficou por conta da Grande Rio. Com samba e enredo de
gostos pra lá de duvidosos, a escola trouxe um visual mais pobre que de
costume, e ficou de fora do sábado das campeãs, algo que não lhe acontecia
desde 2004. Diante do que apresentou, ficou de bom tamanho. Digamos até que
barato.
Oitava
colocada, a Vila Isabel superou inúmeras dificuldades para colocar seu carnaval
na avenida e merecia até mesmo uma colocação mais justa, quem sabe um sexto
lugar, na vaga da Imperatriz Leopoldinense, por exemplo. São Clemente, apesar
dos diversos problemas, veio a seguir. Mocidade e Ilha terminaram em décimo e
décimo primeiro, respectivamente, e deixaram seus componentes e torcedores
preocupados com o que o futuro lhes reserva. Há rumores de que a primeira vem
bem pra 2017, mas a segunda, por sua vez, tem muito com que se preocupar.
A
Estácio de Sá fez um desfile ousado para quem acabara de retornar ao Grupo Especial,
mas sofreu com a “síndrome da primeira escola” e acabou rebaixada. Em 2017,
dará lugar ao Paraíso do Tuiuti, campeão da Série A.
A
Caprichosos de Pilares, escola tradicional e irreverente, presente no desfile
principal entre 1998 e 2006, dentre outros anos, viveu o momento mais triste de
sua história quando o pessoal do barracão abandonou o trabalho na concentração
e o resultado foi um desfile pra esquecer. Vai visitar a Intendente Magalhães,
de onde foi promovida a Acadêmicos do Sossego, que desfilou com um belo samba
de Felipe Filósofo, mesmo autor do hino da Unidos do Viradouro, considerado por
público e mídia o melhor do ano.
Para
2017, Beija-Flor, Mangueira e Tijuca vêm forte na briga pelo título. Portela,
por tudo que passou, e Salgueiro, correm por fora. Imperatriz, Grande Rio e
Mocidade podem surpreender, ao passo que a São Clemente deve se manter mais uma
vez no grupo, sem sustos. A Vila, que ainda enfrenta sérios problemas
políticos, terá de mostrar a mesma superação de 2016, assim como a Ilha, que
ficou devendo, até porque a queda da Tuiuti não está nada garantida, como dizem
por aí.
Na
Série A, rumores dão conta de que Viradouro e Porto da Pedra são as grandes
favoritas, e que uma delas voltaria pra ficar no Grupo Especial. O Império Serrano,
de patrono evangélico, quem diria, também tem boas possibilidades de título, e
a Unidos de Padre Miguel, que há anos vem fazendo desfile pra subir, pode ser
finalmente a bola da vez.
Esse
é o panorama de momento, mas tudo pode mudar até o carnaval. A coluna deseja a
todos os sambistas um feliz 2017, e um belo desfile, apesar da crise reinante.
E que essa ideia maluca de “Rio-São Paulo do Samba” no meio do ano não vá pra
frente, pelo amor de Deus...