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Coluna do Cláudio Carvalho

CARNAVAL DAS CINZAS

22 de março de 2011, nº 27, ano VII

Acabou-se o carnaval mais maluco dos últimos tempos, em que tudo de mais estranho aconteceu. Chegou a hora, portanto, de fazermos a análise do resultado dos desfiles. Primeiramente, há de se dizer que o ano de 2011 não serve de parâmetro para muita coisa. O incêndio que vitimou Grande Rio, Portela e União da Ilha alterou decisivamente o panorama do Grupo Especial, sobretudo se levarmos em conta que a primeira das três escolas prejudicadas era favorita ao título.

A Portela, que mesmo sem incêndio faria um desfile pífio, vive momentos conturbados. A comunidade, junto à torcida Guerreiros da Águia e integrantes do sítio Portelaweb, pede com toda razão o afastamento do presidente Nilo Figueiredo. 

A Ilha, no entanto, fez um belíssimo desfile, que a credenciaria ao sábado das campeãs caso estivesse concorrendo. A escola parece haver se firmado no desfile principal, e se mantiver a atual estrutura, muito em breve estará brigando por títulos.

Passemos então a análise das escolas que foram avaliadas. A Beija-Flor soube se aproveitar da ausência da principal concorrente ao título, fez seu feijão com arroz e faturou mais um caneco. Azar da Tijuca, que amargou mais um vice. Verdade seja dita, o estilo Paulo Barros de fazer carnaval vem se tornando repetitivo, e muito pouco de samba se viu na escola do Borel esse ano. Marra do Laíla à parte, venceu o carnaval propriamente dito em detrimento ao espetáculo teatral.

Completando o grupo das campeãs, tivemos uma Mangueira riquíssima em chão, mas paupérrima em alegorias (alô, Ivo Meirelles), uma Vila sem o brilho dos últimos carnavais, um Salgueiro que literalmente jogou fora um campeonato que era seu e uma Imperatriz que entrou na festa no lugar da  Grande Rio.

Preocupante é a situação da Mocidade, que nem com apenas nove escolas concorrendo conseguiu ficar entre as seis primeiras. Já a Porto da Pedra fez um desfile correto, e com a ausência da Viradouro do especial por mais um ano, vai se firmando como principal escola de Niterói e São Gonçalo. A São Clemente mostrou que ainda não está preparada para criar raiz no primeiro grupo, onde dificilmente se manterá em 2012, ano em que caem duas escolas.

Falemos agora dos Grupos de Acesso. No A, venceu a Renascer, que já vinha batendo na trave faz tempo, e desbancou favoritas como Viradouro, Estácio e Cubango. O resultado foi justamente contestado e até agora não digerido pelas coirmãs. Mais abaixo na classificação, o Império Serrano novamente decepcionou. A escola parece parada no tempo, e dá a impressão de não ter assimilado ainda a queda em 2009. O momento é de se firmar no grupo atual para almejar alguma coisa mais adiante. Outra grande injustiça deste carnaval foi a má colocação da Império da Tijuca, que fez um grande desfile e foi merecidamente premiada com o Estandarte de Ouro de melhor escola. Dentre as rebaixadas, fica a nota triste pela queda da querida Caprichosos de Pilares, abandonada à própria sorte pelo mesmo Paulo de Almeida que afundou a Unidos da Ponte.

No Grupo B, felicidade pela volta da Paraíso do Tuiuti e tristeza pela queda da Lins Imperial. Em 2012 teremos na terça a presença da Unidos de Vila Santa Tereza, campeã do Grupo C, que voltará à Sapucaí depois de 18 anos. Triste também foi o rebaixamento da tradicional Vizinha Faladeira, que caminha a passos largos para pendurar as baquetas novamente. Uma escola que vem tendo ascensão meteórica é a Império da Praça Seca, que desde quando foi fundada só fez vencer campeonatos e subir de grupo. Caso mantenha a atual tendência, a escola presidida pelo mestre-sala do Império Serrano irá para o Sambódromo três anos após a sua fundação, o que constitui um recorde. Por fim, a vitória da Unidos de Lucas no Grupo E. O Galo de Ouro mostrou que está vivo e cantou forte na Intendente Magalhães, para a felicidade do mundo do samba, que temia pelo fim de uma das suas mais tradicionais agremiações.

O carnaval 2011 entra pra história como aquele onde tudo que podia acontecer de ruim aconteceu: incêndio, estouro de tempo, chuva... Pra mim, particularmente, foi o pior dos últimos anos, sobretudo porque fui assaltado e peguei uma gripe braba no sábado de carnaval. Torçamos para que o mundo não acabe em 2012, e para que tenhamos um carnaval mais competitivo e menos trágico no próximo ano, porque o de 2011, sinceramente, é para esquecer. Eu que o diga!

Cláudio Carvalho
clau25rj@hotmail.com