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Coluna do Cláudio Carvalho

RESUMO DA ÓPERA

21 de fevereiro de 2010, nº 24, ano VI

Lá se foi mais um carnaval, e com ele a alegria de muitos foliões Brasil afora. O grande destaque desse ano, como não poderia deixar de ser, vai para o título da Unidos da Tijuca após 74 anos de jejum. Título merecido, diga-se de passagem. Paulo Barros, que vinha batendo na trave faz tempo, parece ter encontrado finalmente o equilíbrio entre luxo e criatividade. Ele acertou na veia, como bem disse Renato Lage. Destaque para a Comissão de Frente e para a alegoria dos Jardins Suspensos, verdadeiras cerejas no bolo.

Com relação a Grande Rio, era óbvio que a escola faria um grande desfile em termos plásticos, já que é a mais rica do carnaval atualmente. A questão é que, por ser uma escola montada, ela padece de chão. Dificilmente ganhará, mas continuará arrebatando boas colocações, como apostei e de fato aconteceu.

A Beija-Flor despencou mais uma posição do ano passado pra cá. Pensei que ela fosse repetir a colocação de 2009, mas acabou ultrapassada pela Grande Rio e inverteu a ordem por mim prevista. De toda forma, me parece justo. A escola escolheu mal seu enredo, não vive bom momento interno e Laíla está desgastado na comissão de carnaval. A fila andou para a Beija.

A Vila Isabel teve problemas com o samba, conforme previsto aqui, e ainda sofreu com a falha do sistema de som da Sapucaí durante sua apresentação. As críticas do presidente Moisés são bastante pertinentes, haja vista ao fato de que não cabe num espetáculo da magnitude do desfile principal um vacilo dessa natureza. Engraçado é que na hora que a Beija-Flor desfila, o som é sempre perfeito...

Em quinto lugar ficou o Salgueiro, exatamente como previ. Sabia que a escola não iria brigar por muita coisa com samba e enredo fracos. Ademais, o desfile foi um fracasso em termos de alegoria e evolução. Sábado das campeãs ficou de bom tamanho pra vermelho e branca.

A Mangueira surpreendeu e cavou sua vaga no G6 ao apagar das luzes. Tal hipótese havia sido levantada por mim quando falei do clamor popular para que a verde e rosa fosse incluída no desfile das campeãs. Verdade seja dita, a escola desfilou com garra, mas cometeu equívocos graves e estava medonha plasticamente. Até agora não entendi nem engoli sua boa colocação.

A Mocidade superou as adversidades financeiras e fez seu melhor desfile desde 2003. Mesmo sendo a primeira escola de segunda, levantou o público. Merecia estar no sábado das campeãs na vaga da Mangueira.

Apesar do belo samba e da boa performance da bateria, a Imperatriz fez um desfile frio e evoluiu mal, daí sua posição ruim. Outro destaque negativo ficou por conta das alegorias, que  praticamente sumiram na avenida. Esperava mais da escola de Ramos.

A grande decepção de 2010, entretanto, foi a Portela e suas alegorias dignas do Grupo Rio de Janeiro I. Nilo e companhia mostraram como jogar fora um carnaval  e transformar uma escola favorita ao título em candidata ao rebaixamento. Não fosse a Portela uma escola de fundamento,hoje estaria no Acesso. A bem da verdade, é o que merecia sua diretoria em 2005 e esse ano.

A Porto da Pedra mostrou mais uma vez sua "força" e se manteve no GE a despeito do desfile confuso, dos buracos causados por problemas com alegorias e da correria no final.Todo ano é a mesma coisa. Em 2010, entretanto, uma vizinha sua fez pior papel e "furou a fila" do acesso.

A grande injustiçada do carnaval foi a União da Ilha, que fez desfile para voltar no sábado das campeãs e acabou em penúltimo, abaixo inclusive de sua afilhada gonçalense. De positivo nisso tudo, apenas o fato de a escola que subiu não ter caído, o que muito provavelmente não se repetirá em 2011.

Por fim, a Viradouro. A escola pagou o preço de nunca haver montado uma base sólida dentro de casa durante os áureos tempos, e sofreu também pelo isolamento político na Liga. A gordura que ainda havia foi torrada rapidamente em seu melancólico desfile.

A queda da escola de Niterói, entretanto, fortalece ainda mais um Grupo de Acesso que já conta com Estácio e Império. Essas duas decepcionaram mais uma vez, e abriram caminho para a São Clemente subir. Outra escola que não tem motivo pra comemorar é a Cubango, que investiu bastante em seu desfile e acabou em nono lugar.

2010 foi de fato um ano de muitas surpresas, no qual escolas favoritas caíram do cavalo e outras pouco cotadas surpreenderam. Fica o alerta para as primeiras e também para as demais. Que não se deixem contagiar pela soberba ou creiam que carnaval se ganha pelo nome. Não penso que quem tem raiz seja batata, mas valer-se apenas dela é um erro fatal nos dias de hoje.

Cláudio Carvalho
clau25rj@hotmail.com