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RESUMO DA ÓPERA 21 de fevereiro de 2010, nº 24, ano VI Lá se foi mais um
carnaval, e com ele a alegria de muitos foliões Brasil afora. O grande destaque
desse ano, como não poderia deixar de ser, vai para o título da Unidos da
Tijuca após 74 anos de jejum. Título merecido, diga-se de passagem. Paulo
Barros, que vinha batendo na trave faz tempo, parece ter encontrado finalmente
o equilíbrio entre luxo e criatividade. Ele acertou na veia, como bem disse
Renato Lage. Destaque para a Comissão de Frente e para a alegoria dos Jardins
Suspensos, verdadeiras cerejas no bolo. Com relação a Grande Rio,
era óbvio que a escola faria um grande desfile em termos plásticos, já que é a
mais rica do carnaval atualmente. A questão é que, por ser uma escola montada,
ela padece de chão. Dificilmente ganhará, mas continuará arrebatando boas
colocações, como apostei e de fato aconteceu. A Beija-Flor despencou
mais uma posição do ano passado pra cá. Pensei que ela fosse repetir a
colocação de 2009, mas acabou ultrapassada pela Grande Rio e inverteu a ordem
por mim prevista. De toda forma, me parece justo. A escola escolheu mal seu
enredo, não vive bom momento interno e Laíla está desgastado na comissão de
carnaval. A fila andou para a Beija. A Vila Isabel teve
problemas com o samba, conforme previsto aqui, e ainda sofreu com a falha do
sistema de som da Sapucaí durante sua apresentação. As críticas do presidente
Moisés são bastante pertinentes, haja vista ao fato de que não cabe num
espetáculo da magnitude do desfile principal um vacilo dessa natureza.
Engraçado é que na hora que a Beija-Flor desfila, o som é sempre perfeito... Em quinto lugar ficou o
Salgueiro, exatamente como previ. Sabia que a escola não iria brigar por muita
coisa com samba e enredo fracos. Ademais, o desfile foi um fracasso em termos
de alegoria e evolução. Sábado das campeãs ficou de bom tamanho pra vermelho e
branca. A Mangueira surpreendeu e
cavou sua vaga no G6 ao apagar das luzes. Tal hipótese havia sido levantada por
mim quando falei do clamor popular para que a verde e rosa fosse incluída no
desfile das campeãs. Verdade seja dita, a escola desfilou com garra, mas
cometeu equívocos graves e estava medonha plasticamente. Até agora não entendi
nem engoli sua boa colocação. A Mocidade superou as
adversidades financeiras e fez seu melhor desfile desde 2003. Mesmo sendo a
primeira escola de segunda, levantou o público. Merecia estar no sábado das
campeãs na vaga da Mangueira. Apesar do belo samba e da
boa performance da bateria, a Imperatriz fez um desfile frio e evoluiu mal, daí
sua posição ruim. Outro destaque negativo ficou por conta das alegorias,
que praticamente sumiram na avenida.
Esperava mais da escola de Ramos. A grande decepção de
2010, entretanto, foi a Portela e suas alegorias dignas do Grupo Rio de Janeiro
I. Nilo e companhia mostraram como jogar fora um carnaval e transformar uma escola favorita ao título
em candidata ao rebaixamento. Não fosse a Portela uma escola de fundamento,hoje
estaria no Acesso. A bem da verdade, é o que merecia sua diretoria em 2005 e
esse ano. A Porto da Pedra mostrou
mais uma vez sua "força" e se manteve no GE a despeito do desfile
confuso, dos buracos causados por problemas com alegorias e da correria no
final.Todo ano é a mesma coisa. Em 2010, entretanto, uma vizinha sua fez pior
papel e "furou a fila" do acesso. A grande injustiçada do
carnaval foi a União da Ilha, que fez desfile para voltar no sábado das campeãs
e acabou em penúltimo, abaixo inclusive de sua afilhada gonçalense. De positivo
nisso tudo, apenas o fato de a escola que subiu não ter caído, o que muito
provavelmente não se repetirá em 2011. Por fim, a Viradouro. A
escola pagou o preço de nunca haver montado uma base sólida dentro de casa
durante os áureos tempos, e sofreu também pelo isolamento político na Liga. A
gordura que ainda havia foi torrada rapidamente em seu melancólico desfile. A queda da escola de
Niterói, entretanto, fortalece ainda mais um Grupo de Acesso que já conta com
Estácio e Império. Essas duas decepcionaram mais uma vez, e abriram caminho
para a São Clemente subir. Outra escola que não tem motivo pra comemorar é a
Cubango, que investiu bastante em seu desfile e acabou em nono lugar. 2010 foi de fato um ano de muitas surpresas, no qual escolas favoritas caíram do cavalo e outras pouco cotadas surpreenderam. Fica o alerta para as primeiras e também para as demais. Que não se deixem contagiar pela soberba ou creiam que carnaval se ganha pelo nome. Não penso que quem tem raiz seja batata, mas valer-se apenas dela é um erro fatal nos dias de hoje. Cláudio Carvalho |
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