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ERROS E ACERTOS EM 2009 É chegada ao fim mais uma edição
da folia momesca, e, portanto, está na hora de fazermos um balanço acerca dos
desfiles que foram realizados na Marquês de Sapucaí. Para tal, valho-me de
minha tão polêmica coluna de dezembro, onde apontei as favoritas ao título e ao
rebaixamento. Cabe ressaltar que, à despeito de apenas dois acertos nas
colocações definitivas (Beija-Flor e Mocidade), fui feliz ao apontar as
candidatas ao desfile das campeãs, as frequentadoras da “zona do limbo” e as
que brigaram nas últimas posições. As
exceções ficaram por conta de Tijuca e Portela. Na coluna que segue, faço um
recorte do texto sobre as “previsões” e acrescento ao mesmo as colocações de
cada escola e minhas apostas. Logo após, encontram-se os comentários sobre o
resultado da apuração e sua concordância ou não com os palpites. Confiram: 1. Salgueiro (4): A vermelho e branca parece que reencontrou seu caminho. Vem com um
samba de gosto duvidoso, mas que deve pegar. Ao que me consta, o trabalho de
barracão está sendo bem feito e as fantasias estão belíssimas. Pule de dez
entre as campeãs. Comentário: Tudo que eu falei se concretrizou na avenida.
Quando visitei o barracão do Salgueiro, após escrever as “previsões”, tive a
convicção de que a escola era favorita. Fiquei maravilhado com o que vi lá.
Achei que o samba pudesse atrapalhar um pouco, mas não foi o que se viu. O
Salgueiro fez um grande desfile, no qual soube valorizar a essência de uma
escola de samba. A vermelho e branca está de parabéns e, queiram os incomodados
ou não, o carnaval carioca agradece! 2. Beija-Flor (2): Acho muito difícil que a escola de Nilópolis seja campeã com
Neguinho combalido à frente do microfone principal. Além do mais, o enredo é
fraco e o samba destoa em qualidade daqueles de anos recentes. Um vice-campeonato
seria a saída honrosa da Beija-Flor dos holofotes e, sinceramente falando, o
carnaval iria agradecer e muito. Comentário: Eu disse que a Beija-Flor ia ser vice, e ela
foi vice. Na verdade, o segundo lugar foi mais do que uma saída honrosa, já que
a Portela perdeu a chance de ultrapassar a escola nilopolitana na última nota
do último quesito. Banho de roupa, não dá. Menos ainda quando se inunda a
passarela, de modo que prejudica uma co-irmã. Neguinho contrariou minhas
previsões, e deu um show na avenida. Tanto que votei nele como personalidade do
carnaval. 3. Portela (8): A fraqueza da atual dupla de carnavalescos ficou evidente na
apresentação dos protótipos de fantasias. Além disso, o samba é de qualidade
duvidosa, e tenho notícias de atraso no barracão. Prenúncio de um carnaval
chocho da azul e branco de Oswaldo Cruz. Como há dez anos atrás, a escola deve
decepcionar após um grande desfile. Comentários: Pior do que errar uma previsão é errar a
previsão de sua escola de coração. Influenciado por comentários invejosos e
ressentidos de componentes de uma vizinha da Portela, apontei a escola como
candidata ao fracasso. Ledo engano. A Portela não veio tão bonita quanto ano
passado, mas conseguiu se superar em quesitos chave. Parabéns aos garotos da
harmonia, e sobretudo, ao presidente Nilo Figueiredo, que soube reconduzir a
escola à sua posição cimeira, de onde ela nunca deveria ter saído. O trabalho
está sendo feito, e se a lógica de ascender um degrau a cada ano se mantiver,
2011 promete festa 4. Vila Isabel (6): Vive um bom momento, tanto internamente como nos bastidores. Está com
uma quadra novinha, cheirando à tinta, em cuja bilheteria entram rios de
dinheiro a cada ensaio. Se não cometer a série de erros de 2008, está garantida
entre as seis. Comentário: Por um momento, cheguei a pensar que a Vila
seria campeã, mas não se ganha carnaval batendo palminha ou dando tchauzinho,
como bem disse o Renato Lage. A escola estava quase perfeita, a não ser por
esse detalhe. Sua presença no desfile das campeãs, como não poderia deixar de
ser, foi sacramentada, mas o resultado acabou sendo frustrante para a
comunidade. Que o alerta do carnavalesco salgueirense sirva de lição! 5. Grande Rio (3): A escola que não ganha carnaval vai nadar e morrer na praia mais uma
vez. Perderá para si mesma, como num passado recente. Seu poderio político e
financeiro, porém, fará com que continue no topo por algum tempo ainda. Infelizmente,
diga-se de passagem. Comentário: Fui execrado por esse comentário, mas não
retiro uma vírgula do que disse. Pelo contrário. A cada ano, a Grande Rio me
faz crer ainda mais que a opinião que tenho acerca dela é correta. Em 2009, não
foi diferente. Dessa vez, porém, os jurados foram mais justos e a puseram numa
colocação mediana, longe da briga. Não poderia ser diferente. 6. Mangueira (1): A escola tem tudo para dar a volta por cima, pois contratou um ótimo
carnavalesco e escolheu um samba bom, que foi abraçado pela comunidade. Além
disso, um eventual título da Mangueira serviria para apagar a má impressão do
ano passado e provar que a instituição está acima de qualquer suspeita. No frigir
dos ovos, o desfile iria ganhar um novo gás com outra campeã que não a
Beija-Flor. Por tudo isso, a verde e rosa é minha favorita. Comentário: Confesso que exagerei na dose, mas a boa
posição da Mangueira não chegou a me surpreender. A escola veio pobre em
alegorias (Szaniecki teve de cortar 80% do projeto inicial), mas superou todos
os entreveros com garra e muito samba no pé. O samba funcionou de acordo com o
previsto, tanto que votei no Luizito como melhor intérprete no Prêmio Sambario.
Coube ao Salgueiro, entretanto, a missão de dar um novo gás ao desfile do Grupo
Especial. 7. Imperatriz (9): Está mais do que provado que autohomenagem não dá certo na avenida.
Praticamente todas as escolas já fizeram isso e se deram mal, exceto a
Mocidade, em 1990. Pra piorar, o samba é fraco e dificilmente conseguirá
sustentar um desfile de qualidade. A volta no sábado das campeãs desse ano soou
mais como homenagem a Luizinho Drummond, e não esconde o fato de que a
Imperatriz, hoje, é um arremedo da escola do início da década. Autohomenagem, de fato, só deu certo pra Mocidade mesmo. O
samba realmente não funcionou, e pra piorar, o puxador ainda estava rouco. Acrescente-se
a isso o desfile com uma alegoria digna de Grupo B e todos entenderão porque a
Imperatriz está a anos-luz de distância daquela escola de início dos anos 8. Viradouro (7): Escola que parece estar reencontrando seu rumo após guerra nos
bastidores da política. Ainda vai levar um tempo para que ela volte ao convívio
das ditas grandes do carnaval. O tão criticado samba é, a meu ver, um dos
melhores do ano, e promete ser um sacode na avenida. Insuficiente, porém, para
garantir mais um desfile no mesmo ano. Comentário: Falei alguma mentira? A única diferença entre
a previsão e os fatos foi que a escola ficou em oitavo, e não 9. Unidos da Tijuca
(5): O feijão com arroz de sempre, e
em 2009 temperado com um belíssimo samba. A escola do Borel encontrou seu jeito
de fazer carnaval, e vem calando a boca dos críticos (eu, inclusive) ano após
ano. Outra que tem vaga cativa no sábado. Comentário: No ano em que eu finalmente resolvo apostar na
Tijuca, ela me prega essa peça. Sinceramente, não sei mais o que dizer sobre a
turma do Borel. Como se não bastasse o rebaixamento no ano em que homenagearam
meu time, agora eles cismaram de queimar minha língua. Brincadeira à parte, a
colocação foi merecida, já que a escola fez um desfile muito aquém de anos
anteriores. Resta saber se manterá a atual tendência ou se voltará ao passado
recente no próximo carnaval. Eu é que não arrisco apostar em mais nada! 10. Porto da Pedra
(12): Escola que vem freqüentando a
bacia das almas desde 2006 e que vem esse ano com o samba mais fraco do Grupo
Especial. Apesar das “forças ocultas” que a mantém na maior festa do carnaval.
Parece que chegou a hora da comunidade gonçalense desfilar no Acesso. Comentário: A Porto da Pedra é a minha Tijuca da vez. No
dia em que eu deixar de subestimá-la, pode ser que ela caia. Na atual
conjuntura, porém, acho difícil que isso aconteça. A Tradição está no rumo de sua
casa, a Intendente Magalhães, mas parece que fez escola enquanto esteve no
Grupo Especial. 11. Mocidade (11): A verde e branca de Padre Miguel até deu uma melhorada em relação aos
anos anteriores, quando vinha em queda livre, mas apostar em um carnavalesco
inexperiente é de um risco incalculável. Ademais, o clima político da escola
continua nebuloso, e o samba, a despeito do enredo, não é animador.
Infelizmente, a Mocidade parece não haver aprendido a lição dos últimos anos. Comentário: As previsões acerca do pífio desempenho do
carnavalesco se confirmaram, e o infeliz foi até atropelado pelo abre-alas da
escola na concentração. O samba não rendeu mesmo, e me arrancou diversos
bocejos no setor 13. O desfile da Mocidade foi uma sequência de equívocos, mas
o pior de tudo é que isso não foi surpresa pra ninguém, nem mesmo pra seus
torcedores. Lamentável! 12. Império Serrano
(10): Tempos felizes na Serrinha! O
Império parece ter entrado de vez na era do profissionalismo. A prova disso foi
vista no último ensaio técnico da escola, em que todas as alas compareceram
uniformizadas. Tal coisa era inimaginável há um tempo atrás. No mais, o samba
fala por si só, e a bateria dispensa comentários. A tarefa de abrir o desfile é
ingrata, mas a proteção do povo das águas se fará presente para que a escola
passe longe do rebaixamento. Comentário: O Império sonhou com uma volta no sábado das
campeãs e acordou com vaga no sábado de carnaval de 2010. Apenas a boa vontade
de um departamento de carnaval amador, um samba (re)reeditado e uma boa
performance da bateria não garantem mais ninguém no Grupo Especial atualmente. Muito
menos quando se desfila com alegorias abaixo do nível da crítica. Não quero discutir
se a Mocidade foi melhor ou pior, embora eu tenha minha opinião formada a
respeito. O que quero dizer apenas é que não se pode prometer o que não se
poderá cumprir, e nesse aspecto, a diretoria do Império errou feio e merece o
rebaixamento. O Carnaval 2009 tornou-se inesquecível não apenas pelas vitórias de Salgueiro e Ilha, mas também pela confirmação do retorno da Portela ao convívio entre as grandes escolas. Para mim, entretanto, ele jamais deixará de ser lembrado por ter sido o Carnaval em que me apaixonei por uma jovem componente da ala das baianas da Caprichosos de Pilares. Em meio àquele desfile de baixa qualidade, ela foi uma das poucas que conseguiu se salvar, e vê-la rodopiando com seu gracejo na concentração não foi apenas um colírio para meus olhos, mas também um estímulo para eu frequentar os ensaios da escola, a fim de encontrar minha musa novamente. Caprichosos 2010 promete! Pelo menos para mim... Cláudio Carvalho |
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